Koeman teve poucos problemas a responder: a Holanda parece pronta, muito perto da vaga na Euro 2020 (Pro Shots) |
São as últimas datas FIFA deste 2019 para as seleções masculinas de futebol. São as últimas duas rodadas das eliminatórias da Euro 2020. E a Holanda (ou Países Baixos, como o governo do país passou a preferir) está em uma situação muito cômoda. Neste sábado, em Belfast, terá jogo duro contra a Irlanda do Norte, mas as possibilidades estão com a Laranja: um empate ou uma vitória dão a vaga para a participação no primeiro torneio grande desde a Copa de 2014. Mesmo se houver derrota para os norte-irlandeses, um triunfo contra a Estônia (na terça-feira, dia 19, em Amsterdã) traz grandes chances de vaga, até porque a Irlanda do Norte enfrentará a Alemanha fora de casa. E mesmo se tudo der errado e os holandeses ficarem de fora das duas primeiras posições do grupo C, ainda haverá a repescagem por uma vaga na Euro a que têm direito, como finalistas da Liga das Nações. A sensação é de que nada pode dar errado.
E isso foi expressado em tudo que circunda os treinamentos da Oranje, no centro da federação, em Zeist. Para se ter uma ideia, a tradicional entrevista coletiva do técnico Ronald Koeman só ocorreu na terça-feira, ao invés da segunda, quando os convocados habitualmente se reúnem. E nela, Koeman teve de falar mais de assuntos externos do que de suas expectativas para os jogos contra norte-irlandeses e estonianos. A começar pela polêmica cláusula de seu contrato com a federação holandesa: se o Barcelona (e só o Barcelona) chegar com oferta que Koeman julgue agradável, ele larga a Laranja logo após a Euro 2020, para realizar o sonho pessoal de treinar a equipe catalã. Assunto visivelmente desconfortável para o treinador: "Não saio antes da Euro, mas acho impressionante ter de falar do Barcelona, treinando a seleção dos Países Baixos".
O técnico ainda comentou sobre a preferência do badalado Sergiño Dest por defender a seleção dos Estados Unidos: "Não fiquei triste. Mas minha informação é de que, quando ele jogava no time B do Ajax, muitos desconfiavam dele. A evolução surpreendeu. Se alguém tem de receber críticas, seria Erwin van de Looi [técnico da seleção sub-21 da Holanda], mas acho injustiça com ele". Sobre um ganho para a seleção da Holanda - Mohamed Ihattaren, revelação do PSV, que seguirá defendendo a Holanda na idade adulta, mas ficou de fora da convocação: "Ele não estava garantido, e sabia disso". Sobre o goleiro Jeroen Zoet, barrado no PSV de modo polêmico: "O que aconteceu foi uma dor para ele. E ele me falou isso. Convocá-lo foi como dar um apoio a ele. Sempre foi meu goleiro reserva, mas depois vemos".
Brilhando no AZ, Boadu (à esquerda) e Stengs são as novidades da convocação (Eric Verhoeven/Soccrates) |
A única ponderação estrita de Koeman sobre a sua convocação foi elogiosa. E justamente elogiosa: grandes símbolos da boa temporada que o AZ faz, vice-líder do Campeonato Holandês e perto da classificação na Liga Europa, Myron Boadu e Calvin Stengs ganharam a primeira convocação para a seleção adulta. E entraram pela porta da frente, com as saudações do treinador: "As coisas transcorreram rápido com os garotos. Por outro lado, eles já conhecem muita gente, das seleções de base. Chegaram com um sorriso no rosto, e espero que continuam assim". Boadu, em especial, mereceu destaque: Boadu já disputará posição. Eu disse antes que ainda era cedo para ele, mas aí Malen e Memphis se machucaram, e depois Bergwijn. Aí, você precisa olhar além. Nesta altura da temporada, os jogadores sentem algumas dores".
Por sinal, são essas dores que podem dificultar mais o trabalho de Koeman na escalação. Grande nome do ataque da seleção, Memphis Depay já chegou do Lyon com lesão na coxa, sofrida contra o Benfica, na Liga dos Campeões - e passou a semana treinando à parte. No decorrer dos trabalhos em Zeist, Georginio Wijnaldum (grande nome na vitória contra Belarus) sentiu os efeitos de uma gripe, e teve de ficar apenas nos trabalhos internos de academia. Koeman já indicava isso ainda em território holandês, e confirmou na entrevista coletiva desta sexta, em Belfast: só decidirá a escalação de ambos na manhã do dia do jogo: "'Gini' só fez meio treino, Memphis só partes. Trata-se de uma decisão sobre a forma física do jogador. Não é simples".
Em caso de Memphis Depay ficar ausente, as possibilidades se abrem: jogar Boadu aos leões? Dar chance a Wout Weghorst, enfim convocado após as boas atuações no Wolfsburg? Experimentar Luuk de Jong, decisivo na virada difícil sobre os norte-irlandeses em Roterdã? Ou colocar Ryan Babel no meio da área? Enfim, é a única dúvida que perturba a seleção da Holanda. Além da desconfiança que cresceu um pouco, após atuações apenas razoáveis contra Irlanda do Norte e Belarus. De resto, a vaga na Euro está perto. Perto demais para falhas atrapalharem. Seria a coroação da recuperação que o futebol dos Países Baixos vive, há mais ou menos um ano. Algo pode dar errado?
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