quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Os holandeses na Liga Europa: a magia acabou


A eliminação inquestionável para o Getafe deixou claro: a magia do Ajax acabou. Hora de voltar à rotina (BSR Agency)

Após as derrotas nos jogos de ida, a esperança dos clubes holandeses na Liga Europa era mais protocolar do que qualquer outra coisa. Diante do LASK Linz, na Áustria, as chances do AZ eram maiores - mas para isso, os próprios jogadores dos Alkmaarders sabiam: teriam de jogar melhor do que fizeram no 1 a 1 da semana passada. Já o desafio do Ajax era tremendo: diante de um Getafe motivado, capaz de fazer jogo duro até mesmo em Amsterdã, os Godenzonen voltariam a entrar em campo com um time desfalcado - e justamente de um nome decisivo, Hakim Ziyech, com dores renitentes na panturrilha.

Houve esforço? Sim. Houve até bom futebol? Numa hora ou noutra. Mas vieram as eliminações, de modo até previsível. Que deram a incômoda impressão de que a magia acabou. Após a temporada inesquecível que o Ajax fez em 2018/19, reabilitando até o futebol neerlandês como um todo, é hora de voltar à rotina habitual.

O AZ ficou desfocado, diante do destaque de Marko Raguz, o nome da classificação do LASK Linz (EPA)

LASK Linz-AUT 2x0 AZ (LASK 3x1 no placar agregado)

Mesmo com a defesa ainda vitimada por lesões (novamente, Teun Koopmeiners jogou recuado para a zaga), até que os visitantes de Alkmaar foram ofensivos, no frio do Linzer Stadion, em Linz. Já aos quatro minutos, Dani de Wit quase marcou, em desvio de cabeça. Aos 12', Calvin Stengs trouxe certo perigo, num chute de longe; e aos 20', Oussama Idrissi fez toda a jogada, mas seu cruzamento foi rápido demais para Stengs. Todavia, o organizado LASK voltava a mostrar perigo com Marko Raguz, o autor do gol em Alkmaar, na semana passada: aos 33', ele chutou à queima-roupa, forçando boa defesa do goleiro Marco Bizot. Mas o AZ melhorava, e até estava mais perto do gol. 

Só que, aos 42', veio o golpe inicial para eliminar os Alkmaarders da Liga Europa. Numa perda de bola de Koopmeiners, o LASK acelerou o contragolpe, e Reinhold Ranftl só parou ao ser derrubado na área por Idrissi. Pênalti, que Raguz converteu para o 1 a 0, ampliando a vantagem do time austríaco no placar agregado. A desvantagem súbita, pouco antes do intervalo, abateu bastante os visitantes holandeses. E ficou pior ainda, logo no início do segundo tempo: aos 50', James Holland lançou, a defesa do AZ rebateu, mas Raguz se consolidou como o nome do jogo, fazendo 2 a 0 num belo voleio. O time holandês estava batido. E nem a expulsão do zagueiro Philipp Wiesinger, aos 88', deu crença de que a desvantagem podia ser revertida. O cansaço de um time titular repetido jogo após jogo cobrou seu preço. Além do mais, o técnico Arne Slot reconheceu: "Criamos poucas chances".

Ajax 2x1 Getafe-ESP (Getafe 3x2 no placar agregado)

O Ajax podia ir para a decisão sem Hakim Ziyech, mas tinha uma volta válida (Quincy Promes, enfim recuperado de lesão na panturrilha) e uma novidade (pela primeira vez, o brasileiro Danilo, do time B, seria titular pela primeira vez), enquanto caberia a Carel Eiting tentar criar as jogadas. Tentativas de animar uma equipe baqueada por lesões - e, diga-se de passagem, por cair na Liga dos Campeões antes do que desejava. Tentativas frustradas já aos cinco minutos de bola rolando, na Johan Cruyff Arena: numa bola parada - lateral -, ela voou até a área, Jaime Mata a dominou, girou se livrando da marcação de Lisandro Martínez e tocou na saída de André Onana para fazer Getafe 1 a 0. Só não foi demais para o Ajax porque, num ataque rápido aos 10', Donny van de Beek cruzou para Danilo empatar. 

Ainda assim, por mais que o Getafe irritasse a torcida e os jogadores em Amsterdã, truncando o jogo até com simulações, também era verdade que as maiores chances de gol vinham do time da região metropolitana de Madri - como aos 36', quando Deyverson e Jaime Mata mandaram a bola na trave, em sequência. Pelo menos, era visível o esforço do Ajax em busca dos três gols faltantes. Jogadores como Eiting, Danilo e Van de Beek tentavam o gol, para evitar que a fragilidade defensiva fosse punida. Conseguiram uma vez, aos 63': Eiting cobrou falta, Matías Olivera desviou por acidente, e era a virada do Ajax. Só que ficou nisso. O Getafe, de novo, rondou mais o gol - em outra bola na trave, aos 76', de Nemanja Maksimovic, e em vários contra-ataques. E, mesmo perdendo, levou a vaga nas oitavas de final. Porque, se foi irritante em alguns momentos, também foi mais eficiente e mais intenso do que um Ajax cansado e repetitivo. Nos dois jogos.

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