O Getafe de Deyverson mandou no jogo, na bola e no clima. E superou um Ajax enfraquecido, perto da eliminação (ANP) |
A segunda fase da Liga Europa já estava obviamente marcada, havia muito tempo. Assim, o azar era dos clubes holandeses que a disputam. Afinal de contas, AZ e Ajax já vinham em queda havia um tempo. O time de Amsterdã, sofrendo com lesões, atuações discretas no Campeonato Holandês - e uma certa ressaca pela eliminação na Liga dos Campeões, justo dizer. Já os de Alkmaar sofriam com o cansaço, outra onda de contusões (focada apenas na zaga) e a dificuldade em sair das marcações, vista na sequência ruim com que reiniciaram a Eredivisie em 2020.
Com isso, dava até para esperar um mau dia na quinta-feira passada. Foi o que aconteceu, como se lerá nos parágrafos abaixo. E nos jogos de volta que definirão as classificações, o AZ ainda tem mais chance de avançar às oitavas de final.
Getafe-ESP 2x0 Ajax
Vários jogadores contundidos: Noussair Mazraoui, Joël Veltman, Quincy Promes, David Neres. Outros voltando de lesão, sem a melhor forma - casos de Hakim Ziyech e Daley Blind. Um suspenso, o goleiro André Onana (terceiro cartão amarelo sofrido contra o Valencia, na queda pela Liga dos Campeões). Um time baseado no rápido toque de bola, cansado, enfrentando um Getafe que baseia a ótima temporada que faz na força física, na imposição nas divididas e nos rápidos contra-ataques. Sem contar as atuações discretas, jogando apenas o suficiente para as vitórias no Campeonato Holandês. Parecia a receita certa para um desastre no Ajax. E foi um desastre.
Após a derrota, muito se reclamou da atuação do juiz francês Ruddy Buquet ("Ele nunca teve o controle do jogo", queixou-se Blind à FOX Sports holandesa). Mas o técnico Erik ten Hag deu mais ênfase, corretamente, à péssima atuação Ajacied. No ataque, pouquíssima criatividade, com ou sem espaços: Ziyech cansado, Lassina Traoré sem força no meio da área, Ryan Babel quase nulo, e um time que só chutou a gol uma vez, aos 83' (Donny van de Beek tentou, mas o goleiro David Soria pegou). Na defesa, Sergiño Dest e Nicolás Tagliafico - este, suspenso para a volta - deixando amplos espaços para os contra-ataques do Getafe, e um miolo de zaga desatento, além de inseguranças esporádicas do goleiro Bruno Varela. Logo o Geta se aproximou disso e começou a chegar perto do ataque - como aos 21', num chute de Deyverson pego por Varela.
Nomes como Jaime Mata e Marc Cucurella começaram a aparecer, pelas pontas. E numa jogada de bola parada, aos 36', veio o merecido gol: cobrança de falta escorada, e Deyverson livre na área para o 1 a 0 getafista (e sua simulação tão esperada quanto exagerada, na comemoração, após ser atingido por um isqueiro). A atuação do Ajax seguiu ruim no segundo tempo, com Cucurella tendo amplo espaço na esquerda para a criação de jogadas perigosas. Era o caso de dizer que o placar era até pequeno. Ficou maior - e pior para os visitantes de Amsterdã - nos acréscimos, aos 90' + 2: Perr Schuurs perdeu a bola no meio-campo, Kennedy avançou, chutou, a bola desviou em Dest, e era o 2 a 0. Que deixa o Getafe à beira da classificação. Porque seu estilo de jogo - duro, mas eficiente - se revela perfeito para enfrentar o fragilizado Ajax, sob pressão para a volta da quinta-feira, na Johan Cruyff Arena. A magia da temporada passada está acabando.
O AZ começou mal contra o LASK Linz, mas reagiu na reta final, teve o empate com Koopmeiners (com a braçadeira), e ainda pode buscar a vaga (BSR Agency) |
AZ 1x1 LASK Linz-AUT
O AZ começou o jogo vitimado por problemas de lesão na zaga: Ron Vlaar e Stijn Wuytens, os titulares do setor, estavam lesionados (além de Pantelis Hatzidiakos, fora da temporada). Mas quando Myron Boadu foi derrubado perto da área, logo aos três minutos, em lance inicialmente marcado como pênalti - mas corrigido pelo VAR, tornando-se falta que Teun Koopmeiners cobrou para fora -, parecia que o time de Alkmaar iria sobrepujar a traiçoeira equipe austríaca. Só parecia: puxado pelas boas atuações de René Renner e Marko Raguz, o LASK foi se aproximando da área, no toque de bola. E aos 26', os visitantes da cidade de Linz fizeram 1 a 0, contando com alguma sorte: após lateral cobrado para a área, Raguz chutou, a bola desviou em Ramon Leeuwin - lateral improvisado na zaga - e tirou as chances de defesa de Marco Bizot.
Pelo menos para o goleiro Bizot, tudo certo: ele salvou o AZ em outras ocasiões daquele jogo, como aos 42', quando evitou o gol em chute de Dominik Frieser, e já no segundo tempo, aos 61', interceptando o perigoso cruzamento de Klauss. Porém, os Alkmaarders mostraram logo que estavam vivos: aos 49', Boadu quase empatara, após cruzamento de Svensson. Depois, aos 74', em seu chute colocado, Oussama Idrissi forçou Alexander Schläger a fazer boa defesa. Medidas como a entrada de Yukinari Sugawara, indo para o ataque no lugar do volante Hakon Evjen, evidenciavam que o time da casa seria mais rápido em busca do empate no AFAS Stadion.
Deu certo. Aos 83', Dani de Wit perdeu o gol após falta, mas antes disso, James Holland já desviara com a mão na bola, e o VAR fez o juiz rever o lance e marcar o pênalti. Aí, o capitão Koopmeiners mostrou sua capacidade com a bola na marca da cal: mais uma cobrança convertida, 1 a 1. E o próprio Koopmeiners, improvisado na zaga com as ausências de Vlaar e Wuytens, reconheceu: por um lado, o AZ jogara mal, por outro, o empate abria perspectivas para a volta em Linz, na próxima quinta. Os Alkmaarders precisam melhorar... mas podem fazer isso. Tudo aberto.
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