Desde o 2 a 2 contra o Benfica-POR, em Lisboa, no jogo de ida das oitavas de final da Liga dos Campeões, havia uma pulga atrás da orelha de quem acompanha o Ajax. As partidas seguintes pelo Campeonato Holandês aumentaram a intensidade da coceira que a pulga causava: o time de Amsterdã começava dominando, relaxava, e entrava em sérias dificuldades, só resolvidas no final. Achar que isso poderia acontecer também na Liga dos Campeões era ingenuidade demais. Enfim, a pulga que já estava coçando atrás da orelha picou: o Benfica foi mais um clube a apostar no esforço de sua defesa, a ser eficiente, e a novamente causar decepção aos Ajacieden na Johan Cruyff Arena, celebrando a classificação às quartas de final da Champions League, com a vitória por 1 a 0.
O cenário para a derrota foi construído aos poucos. O Benfica foi até mais defensivo do que fora no Estádio da Luz - Everton, por exemplo, foi muito mais marcador pela direita, enquanto Darwin Núñez também combatia mais a saída de bola do Ajax, sem contar que os Encarnados tinham pouquíssimos espaços para os contra-ataques, como tão bem fizeram no segundo tempo da primeira partida. Obviamente, o Ajax tratava de manter a posse de bola. Avançava muito - com Ryan Gravenberch, com Jurriën Timber, com Antony. Até mesmo teve um gol anulado, com Sébastien Haller, logo aos 7'.
Ainda assim, por mais que tivesse a bola, o time da casa também não exercia uma pressão irrespirável. Não havia tantas chances de gol que fizessem Odisseas Vlachodimos, o goleiro benfiquista, trabalhar bastante. Só um chute de Steven Berghuis aqui, um cabeceio de Edson Álvarez ali, um arremate de Ryan Gravenberch no fim do primeiro tempo, mas era impossível dizer que a superioridade do Ajax era clara. E a situação seguiu assim no segundo tempo: enquanto o Benfica continuava absolutamente dedicado na defesa, só ousando atacar em bolas paradas (ainda mais nos cruzamentos, apostando em Darwin Núñez, e até em Jan Vertonghen), os Amsterdammers trocavam passes, tentando espaço para entrar na área. Sem conseguir. E nem chutar a gol: de 16 arremates em todo o jogo, só dois foram à meta de Vlachodimos.
O Benfica jogou preferencialmente retraído, só à espera de uma única chance para marcar o gol de sua classificação. E Darwin Núñez aproveitou essa chance - nas falhas de Onana e Timber... (Pro Shots) |
De quebra, Erik ten Hag repetia um erro: demorava demais para fazer mudanças que poderiam impulsionar o Ajax em campo. O rumo do jogo era muito previsível: sem espaço para contragolpear, acuado na defesa, o Benfica apostaria nas bolas paradas. Se pudesse fazer gol numa delas, tanto melhor. Se não, tudo bem: o time português seguiria seu esforço durante a prorrogação. Mas a chance apareceu, aos 77', numa falta de Álvarez em Gonçalo Ramos. Álex Grimaldo bateu, Timber foi superado por Darwin Núñez no alto, André Onana saiu pessimamente do gol... e o uruguaio fez o 1 a 0 que o Benfica tanto queria.
E foi o de sempre quando o Ajax fica numa situação assim. Substituições repentinas - e até meio desesperadas (Brian Brobbey, Davy Klaassen, Mohammed Kudus). Um time ainda mais ofensivo, mas profundamente desorganizado diante de uma defesa que sabia o que fazia - ótima atuação da dupla Vertonghen-Nicolás Otamendi, no miolo de zaga. Enfim: como sempre, um Ajax que não sabia o que fazer diante de um time mais imponente fisicamente e bem postado. Como se repercutiu muitas vezes na Holanda (Países Baixos), um time que latiu e não mordeu.
Por isso, a pulga que andava atrás da orelha picou o Ajax. Desta vez, não houve salvação. Houve eliminação. Mais uma, por sinal: há 26 anos os Amsterdammers não vencem um jogo de mata-mata em Liga dos Campeões fora de casa...
Liga dos Campeões - oitavas de final - jogo de volta
André Onana; Noussair Mazraoui, Jurriën Timber (Mohammed Kudus, aos 90' + 7), Lisandro Martínez e Daley Blind; Edson Álvarez (Brian Brobbey, aos 81'), Steven Berghuis (Davy Klaassen, aos 81') e Ryan Gravenberch; Antony, Sébastien Haller e Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag
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