A seleção da Holanda ainda tem muito a fazer, e o empate contra a Alemanha indicou isso. Assim como indicou que a Laranja também está num bom caminho (Pro Shots/Stanley Gontha) |
A seleção masculina da Holanda já causara boa impressão na vitória sobre a Dinamarca. Mas era um desafio até abaixo do que veio nesta terça-feira: a Alemanha, rival preferencial da Laranja, historicamente superior a ela no retrospecto, também numa ascensão consistente (os alemães tinham somente vitórias sob o comando de Hans-Joachim "Hansi" Flick). E de fato, a Mannschaft de tantas histórias contra a Oranje foi melhor durante parte do jogo. Mas a equipe neerlandesa cresceu em Amsterdã, mostrou qualidades, e embora não tenha vencido, o empate em 1 a 1 deixou a boa impressão de que a Holanda está num caminho promissor.
No começo do que foi um amistoso tremendamente equilibrado, tanto neerlandeses quanto alemães tiveram boas chances. Se a Oranje tentou num cabeceio forte de Teun Koopmeiners, os germânicos foram até mais ousados, num chute de Leroy Sané, na rede pelo lado de fora. E se a dona da casa tinha rapidez com a bola nos pés - algo comprovado pela grande chance de Donyell Malen (titular desta vez), superando Antonio Rüdiger e chutando para fora aos 35' -, a Alemanha ficava mais com a esférica. Mais do que isso: aproveitava os óbvios espaços que vinham pelas laterais, com dois nomes holandeses ofensivos como Denzel Dumfries, na direita, e Tyrell Malacia, na esquerda.
E aí, as chances tedescas se avolumaram. Já havia o citado chute de Sané (boa atuação), Jamal Musiala era opção constante na esquerda, tanto Thilo Kehrer quanto David Raum também faziam boas jogadas pelas pontas... e havia Thomas Müller. Que comprovou o quanto ainda é confiável para a Alemanha ao fazer 1 a 0, no minuto final do primeiro tempo, completando com chute forte o cruzamento de Musiala. Era um reconhecimento de que, aos poucos, os germânicos acuaram a Holanda no campo de defesa. E se ela não fizesse nada na etapa final, poderia ver a vitória da arquirrival em casa, de novo.
No primeiro tempo, após equilíbrio, a Alemanha terminou dominando a Holanda - e no meio de jovens como Musiala, coube a Thomas Müller, velho e confiável conhecido, o gol (Matthias Koch/IMAGO) |
Van Gaal até fez, colocando Georginio Wijnaldum (novamente iniciando na reserva - não acontecia em dois jogos seguidos desde 2017) no lugar de Koopmeiners. Porém, ainda não era o bastante: se a defesa tinha alguma segurança, com Virgil van Dijk impondo a liderança de sempre e o goleiro Mark Flekken mais seguro no jogo com os pés, "Gini" desacelerava demais os avanços holandeses, facilitando as coisas para os alemães. Tal problema só foi consertado com as duas entradas seguintes, de Davy Klaassen e, principalmente, Steven Bergwijn.
Pois é: outra vez, o atacante do Tottenham jogou muito bem. Entrosou-se com Memphis Depay, acelerou o ataque, e foi premiado ao marcar o gol do empate, completando triangulação - belo lançamento de Frenkie de Jong (grande segundo tempo), e ajeitada de Dumfries. Foi o sinal para a Holanda mostrar a saudável tendência ofensiva já vista contra a Dinamarca: pressionando a Alemanha, mantendo a bola, impondo velocidade. Assim Memphis Depay causou o mais polêmico lance do jogo, aos 73': derrubado por Kehrer na área, viu o juiz Craig Pawson marcar o pênalti. Para ser dissuadido disso pelo VAR, graças a um toque de Kehrer na bola logo após derrubar o camisa 10 holandês - iludindo (ou indicando) que o alemão não tivera a intenção de acertar Memphis.
A Holanda poderia ter ganho, como Van Gaal indicou na entrevista pós-jogo. Mas o resultado não fez falta - nem mesmo em termos de sorteio da Copa do Mundo, uma vez que Portugal garantiu vaga e será cabeça-de-chave. Ficou mais a utilidade da Laranja começar a experiência que seu treinador tanto queria, com três zagueiros. E os amistosos passaram a sensação de que há um caminho possível fora do 4-3-3, ou com ele apenas como opção. Se a intenção era testar o time laranja contra dois adversários fortes da Europa, o resultado não foi nada mal. E até aumenta perspectivas para como a situação estará em novembro.
Amistoso
Holanda 1x1 Alemanha
Data: 29 de março de 2022
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Juiz: Craig Pawson (Escócia)
Gols: Thomas Müller, aos 45' + 1, e Steven Bergwijn, aos 68'
Holanda
Mark Flekken; Matthijs de Ligt, Virgil van Dijk e Daley Blind; Denzel Dumfries, Frenkie de Jong, Teun Koopmeiners (Georginio Wijnaldum, aos 46') e Tyrell Malacia (Nathan Aké, aos 74'); Steven Berghuis (Davy Klaassen, aos 58'); Memphis Depay e Donyell Malen (Steven Bergwijn, aos 58'). Técnico: Louis van Gaal
Alemanha
Manuel Neuer; Thilo Kehrer (Benjamin Henrichs, aos 79'), Antonio Rüdiger e Nico Schlotterbeck; David Raum (Christian Günter, aos 86'), Ilkay Gündogan, Kai Havertz (Julian Brandt, aos 69') e Jamal Musiala (Florian Neuhaus, aos 69'); Leroy Sané (Julian Draxler, aos 86') e Thomas Müller; Timo Werner (Lukas Nmecha, aos 80'). Técnico: Hans-Dieter "Hansi" Flick
Hans-Dieter Flick*
ResponderExcluirFoi um jogão. Esse time holandês pode dar trabalho a qualquer adversário.