sexta-feira, 9 de agosto de 2024

Guia da segunda divisão: o destaque veio antes

Antes mesmo da segunda divisão da Holanda (Países Baixos) começar, a torcida do Vitesse teve o que comemorar: o clube segue, mesmo com dificuldades (Vitesse/Divulgação)


A temporada 2024/25 da segunda divisão na Holanda (Países Baixos) já traz algumas novidades antes mesmo que qualquer bola role nela. A primeira é meramente curiosa. Se geralmente a Eerste Divisie se inicia uma semana antes do Campeonato Holandês começar, agora ela tem sua primeira rodada simultânea à Eredivisie. A segunda, no entanto, foi tão dramática quanto as repescagens pós-temporada pelo acesso costumam ser (elas decidem uma das três vagas à Eredivisie: as outras duas são de acesso direto, para campeão e vice). E essa segunda novidade envolveu um dos clubes rebaixados para ela: o Vitesse, que já teria de encarar o trauma natural da queda, após 35 anos. Teve de encarar coisa pior.

Com as dívidas vultosas que ficaram de anos de ambição (em 2012/13, o clube de Arnhem chegou a sonhar com o título holandês), o Vites procurou desesperadamente um dono, após a saída do empresário ucraniano Valeriy Oyf, que o largou apressado com a eclosão da guerra Rússia-Ucrânia, em 2022. Achou tê-lo encontrado no empresário norte-americano Coley Parry, ainda no ano passado, só que a federação holandesa preferiu verificar cuidadosamente os planos de Parry para comprar as ações do Vitesse... e neste ano, reprovou a negociação. Começava o desespero: as dívidas impediam o pagamento da licença profissional, que por sua vez ameaçava a existência do clube em si. O diretor geral Edwin Reijntjes até conseguiu um respiro com a federação: o clube perderia pontos pelas dívidas, seria rebaixado por antecipação, mas teria tempo para procurar manter a licença profissional.

Foi duro, as negociações com Coley Parry (que exigia o reembolso do que investira na fracassada tentativa de compra do clube) tiveram muitas complicações, o fim do Vitesse esteve próximo. Mas o empresário Guus Franke se interessou, quis assumir tudo, pagou as dívidas com Parry, a federação demorou para se convencer dos planos de Franke para o Vitesse... mas se convenceu. Aceitou a aquisição do clube, concedeu a licença profissional, e o segundo clube mais antigo da história do Reino dos Países Baixos (1892) ainda em atividade no futebol conseguiu manter sua existência, para a festa da maltratada torcida, que afluiu em peso para comprar planos de sócio-torcedor. Agora, "só" terá de se preocupar em tentar o acesso. O que já será difícil...

Será um primeiro lugar, por todos os nomes que saíram do Vitesse, deixando praticamente só jovens: Mats Egbring na zaga, Gyan de Regt no meio, Simon van Duivenbooden e Miliano Jonathans no ataque. É com eles que o técnico John van den Brom aceitou voltar ao clube em que jogou (1996 a 2001) e treinou (2011 a 2012), para tentar ajudar na superação dos maus momentos. Para piorar, a concorrência será enorme. A começar por um outro rebaixado: o Excelsior. Tendo caído para o NAC Breda, o clube de Roterdã ainda continua com vários nomes que estiveram na Eredivisie, como o atacante Derensili Sanches Fernandes e o ala esquerdo Arthur Zagré. De quebra, até contratou nomes capazes de fazê-lo dar o bate-e-volta para a primeira divisão, como o goleiro Calvin Raatsie e o lateral esquerdo Django Warmerdam.

Livre de problemas de saúde, o técnico Henk de Jong treina um Cambuur que promete ser forte na tentativa do acesso (Cambuur/Divulgação)

Há ainda o ADO Den Haag, que bateu na trave pela segunda vez seguida na repescagem - caiu para o próprio Excelsior, na segunda fase. Agora com um novo técnico, também experiente em futebol holandês (Darije Kalezic), a principal aposta dos auriverdes de Haia está com o atacante Alex Schalk. O Emmen teve lá suas chances, entrou na repescagem até contra as expectativas, mas trocou de técnico (o alemão Robin Peter está no comando agora) e tentará ser um pouco mais regular desta vez. O Cambuur, por sua vez, merece olhar especial: nas partidas em nova casa, o Kooi Stadion, o técnico Henk de Jong, enfim recuperado plenamente de um tumor cerebral, comandará um time cheio de nomes experientes em Eredivisie - só no ataque, há Michael de Leeuw e Silvester van der Water (este, de volta ao clube auriazul) -, e parte como outro favorito para ocupar uma das vagas de acesso direto à primeira divisão.

A segunda divisão teve um destaque antes, com a salvação do Vitesse. Quais serão os destaques ao fim das 38 rodadas?

Nenhum comentário:

Postar um comentário