A diferença que ainda existe

A Alemanha pressionou mais, até abrir o placar contra a Holanda. Que terá suas dificuldades para tentar se garantir nas quartas de final da Liga das Nações (ProShots/Icon Sport/Getty Images)

Achava-se que a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) encurtava a distância existente dela para as melhores seleções da Europa. Chegar à semifinal da Eurocopa e começar bem a Liga das Nações parecia mostrar isso. Nada como uma rodada após a outra: depois das grandes dificuldades para achar espaço na defesa da Hungria, a Laranja teve problemas ainda maiores contra a Alemanha. Principalmente no primeiro tempo, foi totalmente superada. E a derrota por 1 a 0 a coloca em alguma dificuldade para ganhar uma vaga nas quartas de final do torneio - que já pareceu mais próxima.

Foram necessários menos de dois minutos para que a Alemanha deixasse claro como se comportaria no gramado em Munique: pressionando a Holanda. A jogada a 1min50s mostrou como isso aconteceria: Florian Wirtz trouxe a bola perto da área, passou a Serge Gnabry, Micky van de Ven rebateu mal (Gnabry o pressionou), e a sobra ficou para Jamie Leweling chutar às redes, com desvio em Stefan de Vrij. Seria o gol do 1 a 0... se o VAR não houvesse flagrado impedimento de Gnabry, causando a anulação da jogada. Ainda assim, a Alemanha seguiu impondo seu jogo, acuando a Laranja. Mesmo sem entrar com toque de bola na área, tinha espaços para chutar. Foi assim que Bart Verbruggen precisou trabalhar: aos 9', pegando chute de Tim Kleindienst (titular do ataque alemão, com Niclas Füllkrug machucado), e aos 11', quando quem tentou foi Maximilian Mittelstädt.

As raríssimas tentativas holandesas de avançar vieram do mesmo jeito que vieram no 2 a 2 em Amsterdã: com longos lançamentos. Porém, proximidade do gol de Oliver Baumann (estreando como goleiro da Alemanha, aos 34 anos, com Marc-André ter Stegen seriamente machucado), só aos 23', quando De Vrij mandou a bola nos pés de Cody Gakpo, que tentou o cruzamento e acertou o travessão. No mais, a Alemanha seguiu mais perto do gol. Às vezes, trocando passes - foi assim aos 28', quando Wirtz passou em profundidade, Gnabry cruzou, Leweling concluiu, e De Vrij evitou o gol na pequena área. Ora, forçando o erro de um meio-campo holandês em má atuação. Que o diga Quinten Timber, que falhou duas vezes na saída de bola. Na primeira, aos 29', Kleindienst bateu para fora; na segunda, aos 41', Gnabry tentou às pressas, para fora.

As entradas de Mats Wieffer, no meio-campo, e Donyell Malen, no ataque, indicaram que Ronald Koeman, pelo menos, entendeu os erros. E até que a Laranja melhorou no início do segundo tempo, tendo mais rapidez. Se a Alemanha seguiu mais ofensiva - Gnabry completou cruzamento de Joshua Kimmich para fora, aos 53' -, pelo menos se chegou mais ao ataque, em lances como o cruzamento de Malen, que Mittelstädt bloqueou para escanteio aos 56' (na cobrança, Denzel Dumfries cabeceou por cima). Contudo, justamente no momento em que começava a crescer, a Oranje teve falha decisiva. Aos 63', um escanteio, Van de Ven rebateu parcialmente... e Jamie Leweling estava livre para, de novo, chutar. Agora, sem chance de anulação: o chute de Leweling foi indefensável, para o primeiro gol alemão - prêmio a um dos melhores em campo, que aproveitou bem sua estreia pela seleção.

Malen foi quem mais tentou, num mau dia do ataque holandês (Harry Langer/DeFodi Images/Getty Images)

O que se tentou fazer, então? Mais velocidade, com a entrada de Jeremie Frimpong. Jorrel Hato, discreto na esquerda, começou a avançar mais. E Xavi Simons, jogando no meio-campo, tabelando com os pontas, cresceu de produção. A ponto de criar, enfim, uma boa chance para a Holanda: aos 77', um chute no travessão, após tabela com Hato. Depois, Donyell Malen teve possibilidade ainda maior de empate, no último minuto, após tabelar com Wieffer e bater de fora da área, forçando Baumann a espalmar a bola. Só que a Alemanha também teve sua chance - de Mittelstädt, aos 84', após Leweling ajeitar (Dumfries bloqueou). E, de toda forma, a Alemanha foi melhor em campo.

A Holanda, por sua vez, viu que a diferença para as melhores seleções da Europa ainda existe. Mais do que isso: para seguir entre elas, terá de se esforçar mais. A começar por novembro, quando decidirá a vaga nas quartas de final da Liga das Nações contra a Hungria, em Amsterdã.

Liga das Nações da UEFA - Liga A - Grupo 3

Alemanha 1x0 Holanda

Data: 14 de outubro de 2024

Local: Allianz Arena (Munique)

Árbitro: Slavko Vinčić (Eslovênia)

Gol: Jamie Leweling, aos 63'

ALEMANHA

Oliver Baumann; Joshua Kimmich, Antonio Rüdiger, Nico Schlotterbeck e Maximilian Mittelstädt; Alexandar Pavlovic (Kevin Schande, aos 77') e Angelo Stiller (Waldemar Anton, aos 82'); Jamie Leweling (Robin Gosens, aos 87'), Florian Wirtz (Robert Andrich, aos 46') e Serge Gnabry; Tim Kleindienst (Jonathan Burkardt, aos 82'). Técnico: Julian Nagelsmann

HOLANDA

Bart Verbruggen; Denzel Dumfries, Stefan de Vrij, Micky van de Ven e Jorrel Hato; Quinten Timber (Mats Wieffer, aos 46'), Tijjani Reijnders (Donyell Malen, aos 46') e Ryan Gravenberch (Lutsharel Geertruida, aos 80'); Xavi Simons, Brian Brobbey (Joshua Zirkzee, aos 75') e Cody Gakpo (Jeremie Frimpong, aos 65'). Técnico: Ronald Koeman