A seleção feminina da Holanda pôde comemorar. No amistoso "recreativo" contra a Indonésia e, principalmente, na atuação consistente contra a Dinamarca (Rene Nijhuis/MB Media/Getty Images) |
Já se sabia desde antes da bola rolar nos amistosos da seleção feminina da Holanda (Países Baixos): seriam datas FIFA de testes. Tanto com alguns nomes conhecidos - como Jill Roord e Daphne van Domselaar, ambas voltando após se machucarem - quanto com novidades. Algumas delas, sendo titulares das Leoas Laranjas pela primeira vez. Diante da difícil campanha nas eliminatórias da Eurocopa de mulheres, era de se desconfiar. Pois deu certo. Se a goleada extravagante por 15 a 0 sobre a Indonésia (maior vitória da equipe feminina holandesa em seus 53 anos de história oficial) serviu mais para estatísticas e para melhorar um pouco o ranqueamento da equipe - até porque vêm aí as eliminatórias da Copa de 2027... -, os 2 a 1 na Dinamarca, fora de casa, já deram a impressão de que tempos melhores virão, após as turbulências (lesões, problemas ofensivos etc.) das eliminatórias.
E a rigor, pode-se considerar que só o segundo jogo teve algo de competitivo. Se o primeiro serviu para testar muitas novidades (Nina Nijstad, titular pela primeira vez no meio-campo, Lotte Keukelaar no ataque), serviu ainda mais como um "jogo-treino" de luxo. Uma peça de promoção, até, tendo em vista que as federações holandesa e indonésia fizeram um acordo de cooperação, e que várias integrantes da seleção asiática têm ascendência em outros países, como a atacante Claudia Scheunemann, descendente de alemães. Bastaram dez minutos para Romée Leuchter abrir o placar. Aos 21', Jill Roord marcou o seu primeiro pelas Leoas Laranjas após a volta da lesão. E a seleção da casa empilhou gols na cidade neerlandesa de Doetinchem, no estádio do De Graafschap (segunda divisão masculina).
Pelo menos, as experiências foram plenamente aprovadas pelos envolvidos na maior goleada da história da seleção feminina da Holanda (superando um 13 a 1 na Macedônia do Norte, em outubro de 2009). Falando à ESPN local, Roord celebrou Lotte Keukelaar, que fez dois gols parecidos - vindo pelo lado da área antes de chutar cruzado: "Ela tem muito talento e potencial. É uma ponta à moda antiga, não se vê mais jogadoras assim. É bacana jogar com ela". Nina Nijstad, que teve dois gols, foi até mais elogiada por Andries Jonker: "Você nota que ela é uma jogadora muito ativa, que se envolve nas jogadas (...) É alguém que tem muitas possibilidades". Enfim, o amistoso valeu para as holandesas. Mas para Jill Roord, à emissora NOS, "o ideal seria jogar contra um adversário mais desafiador". Andries Jonker justificou a escolha da Indonésia: "Só nos classificamos para a Eurocopa a dez minutos do fim do jogo. A essas alturas, outras seleções já tinham achado adversários para amistosos". Era inegável: em termos competitivos, só o jogo contra a Dinamarca seria merecedor de algum valor técnico.
E quando a bola rolou nesta terça, na cidade de Esbjerg, a representação dos Países Baixos entrou com o que poderia ser considerado seu time titular contra a Dinamarca. O que não significava que inexistiam mudanças. Para começo de conversa, a Holanda voltava a jogar no 4-3-3 velho de guerra. Continuando, havia a ousada opção de colocar duas pontas como laterais, quase como alas: Chasity Grant na direita, Esmee Brugts (já acostumada a tal papel, é verdade) na esquerda. Finalmente, com Sherida Spitse ficando no banco, Veerle Buurman - badalada como uma promessa na zaga, aos 18 anos, titular do PSV e já cedida ao Chelsea-ING para a próxima temporada - teria chance ao lado de Dominique Janssen na dupla de zaga.
Os gols foram de outras, mas a jovem Veerle Buurman estreou na zaga da Holanda contra a Dinamarca. E estreou bem (Stan Oosterhof/Soccrates/Getty Images) |
E não é que deu certo? No primeiro tempo, a Holanda foi francamente superior, mesmo fora de casa. As veteranas apareceram: Jill Roord (em seu 100º jogo pelacirculou bastante na entrada da área (e perdeu chance de gol logo aos 5', além de arremate espalmado por Bay Ostergaard aos 25'), Daniëlle van de Donk participou bastante do jogo pelo meio, tiveram chances Esmee Brugts (chute por cima do gol, aos 12') e Romée Leuchter (tentativa aos 17'). Pressionando tanto a Dinamarca, foi até natural que os gols viessem. E vieram em sequência. Aos 26', Brugts fez 1 a 0 desviando de cabeça um cruzamento de Jackie Groenen; um minuto depois, Damaris Egurrola lançou a bola na medida para finalização estilosa de Van de Donk, encobrindo Ostergaard.
No segundo tempo, a pressão continuou na fase inicial - aos 47', Katja Snoeijs quase marcou, aproveitando erro de Ostergaard na saída de bola. Depois, até naturalmente, o ritmo das Leoas Laranjas (jogando de azul) caiu, com o cansaço e as alterações. A Dinamarca aproveitou, cresceu com as mudanças, teve chance - Amalie Vangsgaard quase fez seu gol, aos 74' -, e por fim diminuiu aos 87', com Cornelia Kramer completando cruzamento de Pernille Harder.
Tarde para evitar uma vitória mais convincente da Holanda. Que comemorou com Van de Donk comentando seu belo gol à ESPN neerlandesa ("Eu pensei: 'ninguém espera, então vou tentar'. Pensei na hora, vi a goleira voltando e pensei em encobri-la"). Com Jill Roord reconhecendo, em seu centésimo jogo pela seleção: "Realmente, foi uma ótima semana para mim". E com Veerle Buurman, passando impressão inicial ótima em seu jogo de estreia, com segurança na zaga, comemorando: "Quando o jogo começou, eu senti um friozinho na barriga. Mas o time me ajudou, e pude jogar bem".
Como toda a Holanda jogou bem, de certa forma. Os testes valeram. Bom começo de preparação rumo à Euro. A exigência será maior nos amistosos contra China e, acima de tudo, Estados Unidos, em novembro.
Amistosos
Holanda 15x0 Indonésia
Data: 25 de outubro de 2024
Local: De Vijverberg (Doetinchem)
Árbitra: Caroline Lanssens (Bélgica)
Gols: Romée Leuchter, aos 10', 31' e 32', Jill Roord, aos 21' e aos 48', Sherida Spitse, aos 28', Lotte Keukelaar, aos 41' e aos 57', Damaris Egurrola Wienke, aos 56', Nina Nijstad, aos 63' e aos 73', Renate Jansen, aos 66', 74' e 82', e Katja Snoeijs, aos 75'
HOLANDA
Lize Kop; Lynn Wilms, Sherida Spitse (Gwyneth Hendriks, aos 76') e Dominique Janssen; Wieke Kaptein (Daniëlle van de Donk, aos 76'), Nina Nijstad, Damaris Egurrola Wienke (Jackie Groenen, aos 76') e Esmee Brugts (Ilse van der Zanden, aos 60'); Jill Roord (Renate Jansen, aos 60'); Lotte Keukelaar e Romée Leuchter (Katja Snoeijs, aos 46'). Técnico: Andries Jonker
INDONÉSIA
Laita Roati Masykuroh; Safira Kartini (Nabila Divany, aos 79'), Rosdilah Nurrohmah (Nasywa Rambe, aos 64'), Agnes Hutapea e Gea Yumanda (Nabila Saputri, aos 79'); Helsya Maeisyaroh, Sheva Imut e Zahra Musdalifah (Octavianti Nurmalita, aos 32'); Sydney Hopper (Indira Jenna Almira, aos 64') e Claudia Scheunemann. Técnico: Satoru Mochizuki
Dinamarca 1x2 Holanda
Data: 29 de outubro de 2024
Local: Blue Water Arena (Esbjerg)
Árbitra: Lotta Vuorio (Finlândia)
Gols: Esmee Brugts, aos 26', Daniëlle van de Donk, aos 28', e Cornelia Kramer, aos 87'
DINAMARCA
Maja Bay Ostergaard; Emma Faerge (Isabella Obaze, aos 73'), Stine Ballisager e Katrine Veje (Sophie Svava, aos 63'); Frederike Thogersen (Cornelia Kramer, aos 85'), Josefine Hasbo (Kathrine Kühl, aos 63'), Emma Snerle e Sara Holmgaard; Pernille Harder; Signe Bruun (Janni Thomsen, aos 46') e Amalie Vangsgaard (Mille Gejl, aos 85'). Técnico: Andrée Jeglertz
HOLANDA
Daphne van Domselaar; Chasity Grant, Veerle Buurman (Gwyneth Hendriks, aos 82'), Dominique Janssen e Esmee Brugts (Ilse van der Zanden, aos 63'); Jackie Groenen, Daniëlle van de Donk e Damaris Egurrola Wienke; Jill Roord (Renate Jansen, aos 63'); Romée Leuchter (Lynn Wilms, aos 88') e Katja Snoeijs (Lotte Keukelaar, aos 62'). Técnico: Andries Jonker
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