segunda-feira, 24 de abril de 2017

810 minuten: como foi a 32ª rodada da Eredivisie

Larsson (terceiro da esquerda para a direita) é festejado após o gol; Heerenveen conseguiu vencer seguramente (Photo News)

Heerenveen 1x0 Willem II (sexta-feira, 21 de abril)

Mais do que para se recuperar da pesada goleada sofrida para o Ajax, na rodada passada, o Heerenveen precisava vencer para manter seguro o seu lugar na zona dos play-offs por vaga na Liga Europa. Fazer isso na abertura da antepenúltima rodada do Campeonato Holandês, contra o Willem II, um adversário direto para tomar o último lugar que leva à repescagem, era bem recomendável. E o time da Frísia cumpriu o que precisava. Principalmente no primeiro tempo, quando foi francamente superior aos visitantes de Tilburg. Aos 11', o gol poderia ter vindo num chute de Yuki Kobayashi; aos 25', também, num voleio de Sam Larsson; e finalmente chegou, aos 40', com o próprio Larsson, driblando o zagueiro Dries Wuytens e tocando na saída do goleiro Kostas Lamprou.

O domínio tranquilo do Fean seguiu no segundo tempo. Em um minuto, duas chances foram perdidas: aos 52', Reza Ghoochannejhad chegou atrasado para completar um cruzamento, e logo depois, outra bola alçada na área (por Lucas Bijker) encobriu Lamprou, mas ninguém a alcançou. O Willem II só criou sua primeira chance de gol em todo o jogo aos 68', num arremate de Fran Sol que passou perto do gol. Sem problemas: no minuto seguinte, o Heerenveen voltou a chegar, com Lamprou fazendo boa defesa em finalização de Arber Zeneli. Aos 88', ainda houve tempo para um chute de Larsson, de longe, com outra intervenção do arqueiro do Willem II. Mesmo sem fazer o segundo gol, o Heerenveen controlou o jogo, e mereceu a vitória que o coloca em ótimas condições para ficar nos play-offs, mantendo no mínimo três pontos de vantagem para o Heracles Almelo.

O momento da punição ao defensivo NEC: Van Duinen cabeceia e faz o gol da vitória do Excelsior (Pro Shots)
NEC 0x1 Excelsior (sábado, 22 de abril)

NEC e Excelsior entraram em campo com algo sério a disputar: aumentar a chance de ficar na Eredivisie - principalmente os mandantes de Nijmegen, com a irregularidade transformada na péssima sequência de seis derrotas seguidas que o condenou a brigar contra o rebaixamento. Assim, o primeiro tempo teve chances de parte a parte. Pelo Excelsior, Stanley Elbers bateu para fora, e Henrico Drost cabeceou acidentalmente, também mandando a bola pela linha de fundo, aos 20'. O NEC atacou numa bola parada: André Fomitschow cobrou, Wojciech Golla fez o pivô, e Robin Buwalda chutou para fora. Depois, Julian von Haacke mandou a bola acima do gol, aos 40'. Porém, depois dessa pressão, os mandantes preferiram voltar para o campo de defesa, tentando jogar no contra-ataque. Decisão muito vaiada por uma torcida que levou faixas e mais faixas para o estádio De Goffert, pressionando pela má campanha.

E que deu errado: aos 58', Khalid Karami fez cruzamento preciso, colocando a bola na cabeça de Mike van Duinen, que subiu entre dois zagueiros para cabecear e fazer 1 a 0. Após sofrer o gol, o NEC até fortaleceu seu ataque, com as entradas de Ferdi Kadioglu e Kévin Mayi, mas não criou nada que impedisse os visitantes de Roterdã de celebrarem a vitória - e a manutenção garantida na Eredivisie, com mais tranquilidade do que nas últimas temporadas. Sorte do Feyenoord, que pode garantir o título no "clássico citadino" da próxima rodada. Enquanto isso, o NEC vê a situação cada vez mais dramática: são sete derrotas seguidas, adversários que ainda têm o que disputar nas rodadas finais (AZ e Heerenveen), permanência na zona de repescagem/rebaixamento...

O que Armenteros faz, além de gol nesta Eredivisie? (ANP/Pro Shots)
Zwolle 1x2 Heracles Almelo (sábado, 22 de abril)

Jogando em casa, uma vitória aproximaria o Zwolle de garantir a manutenção na primeira divisão. Por isso, os Zwollenaren foram escalados numa formação mais ofensiva (três atacantes, ao invés do 4-2-3-1 habitual no time), e começaram a atacar cedo. Aos 9', Thomas Bruns falhou na área, e a bola sobrou para Nicolai Brock-Madsen mandar rente ao gol defendido por Bram Castro. Depois, aos 23', Bart Schenkeveld chutou mal, mas Queensy Menig aproveitou sobra e também finalizou com perigo. O Heracles só se aproximou do gol numa chance: aos 36', num cabeceio de Reuven Niemeijer. Mas logo no início do segundo tempo, apareceu o mais confiável dos jogadores do Heracles quando o assunto é marcar gols: Samuel Armenteros. Aos 55', Kristoffer Peterson cruzou para o sueco completar e fazer seu 17º tento neste Campeonato Holandês.

Foi um golpe certeiro: o Zwolle desanimou, e só voltou a chegar dez minutos depois do gol, quando Mustafa Saymak chutou nos pés de Castro, e Brock-Madsen perdeu o rebote. Na chance seguinte que teve no jogo, Armenteros não perdoou: marcou o 2 a 0, aos 80', encaminhando a vitória dos Heraclieden e marcando seu 18º gol na Eredivisie, um abaixo do goleador Nicolai Jorgensen. De cabeça, aos 86', o zagueiro Ted van de Pavert marcou para o Zwolle em seu primeiro toque na bola (substituíra Ouasim Bouy), mas foi insuficiente para evitar a derrota que manteve o time da casa sob tensão, em 14º, só quatro pontos acima da zona de repescagem/rebaixamento - e o Heracles, com chances de entrar nos play-offs pela Liga Europa.

Fred Friday é abraçado após a virada nos acréscimos; com espírito de luta, AZ conseguiu aumentar o otimismo para a final da Copa da Holanda (Pro Shots)
AZ 2x1 Twente (sábado, 22 de abril)

A última partida do AZ antes da final da Copa da Holanda, no próximo fim de semana, prometia ser agradável, pelo estilo ofensivo que os dois times mostram. Além do mais, apenas um ponto os separava na zona dos play-offs por Liga Europa (por mais que o Twente não tenha direito a participar deles). E pelo modo como o jogo começou, parecia que seria assim mesmo, no ataque. Afinal, a primeira chance dos mandantes apareceu já aos 4'. Pela esquerda, Ridgeciano Haps tabelou com Wout Weghorst, retomou e chutou. O desvio providencial do goleiro Nick Marsman mandou a bola por cima do gol. Depois, aos 9', houve um cruzamento de Alireza Jahanbakhsh, que encobriu a área, muito alto para alguém alcançar.

Porém, o ímpeto ofensivo durou pouco: o AZ não conseguia achar espaço nem tinha velocidade contra um Twente postado defensivamente. Tão defensivamente que a primeira chance dos Tukkers visitantes veio somente aos 23': após cobrança ensaiada de escanteio, Fredrik Jensen pegou a bola e finalizou para fora, à esquerda do gol de Tim Krul. De resto, quase nenhuma chance de gol nos primeiros 45 minutos. A única coisa que remeteu levemente a isso foi um arremate de Alireza, fora da área, longe do gol, aos 38'.

No segundo tempo, enfim as boas expectativas foram cumpridas. A começar pelo Twente, que saiu da defesa para buscar o gol. Logo aos 50', Enes Ünal recebeu perto da área, entrou e passou de calcanhar para Yaw Yeboah, que forçou Tim Krul a fazer boa defesa com seu chute. Na sequência, Van Overeem puxou contragolpe com uma defesa vazia pela frente, mas seu cruzamento saiu errado: direto nas mãos de Marsman. Por sua vez, com mais espaço para atacar, enfim o AZ pôde fazer as jogadas pelas pontas, como gosta. E também foi chegando. Aos 52', Luckassen apareceu para cruzar da esquerda, e Marsman falhou ao tentar encaixar, mas a defesa do Twente afastou antes que o perigo fosse maior. Aos 59', Jahanbakhsh pegou a bola livre pela direita, e cruzou rasteiro. Foi veloz demais para Weghorst conseguir chegar, mas antes que ela saísse, Dabney dos Santos correu e escorou quase sem ângulo, mas Marsman defendeu firme na pequena área. Ainda houve tempo para uma cobrança de falta de Dabney dos Santos, para fora, aos 61'.

Porém, o Twente ia se animando com os espaços para contragolpes. E conseguia se aproximar também nas bolas paradas - como aos 63', quando teve dois escanteios em sequência. De tantos cruzamentos em sequência, um deles (com bola rolando) rendeu o gol dos visitantes de Enschede, aos 65': da direita, Mateusz Klich cruzou com precisão, e Joachim Andersen subiu livre para cabecear a esférica no canto direito de Krul, fazendo 1 a 0.

Andersen no seu extremo positivo, marcando o gol do Twente. Depois, o extremo negativo: foi expulso (ANP/Pro Shots)
Se já desagrada no returno, de modo geral, perder seria um péssimo augúrio para o AZ antes da partida mais importante da temporada. Assim, o ataque foi buscado logo após sofrer o gol. Aos 68', Dabney dos Santos lançou Jahanbakhsh pelo alto, e o iraniano tentou ajeitar. Fracassou, mas a bola sobrou limpa para Weghorst tentar finalizar. O atacante bateu em cima do zagueiro Peet Bijen, mas a esférica ficou à feição para nova tentativa de Jahanbakhsh - que bateu por cima, perdendo grande chance. O Twente agia como franco-atirador: aos 75', Enes Ünal bateu falta para fora, por cima, sem o menor perigo.

A pressão ia aumentando. Aos 77', Haps passou a Weghorst, que passou a Iliass Bel Hassani (substituto de Van Overeem), e deste a bola foi para Luckassen arriscar um chute que Marsman agarrou em dois tempos. Dois minutos depois, o AZ perdeu grande chance de empatar: Fred Friday cruzou, Alireza fez o corta-luz, e Stijn Wuytens dominou para passar a Weghorst. Só que, quando efetivamente passou, a bola foi rápida demais, direto pela linha de fundo. Mas se a intenção não valeu, um gol totalmente fortuito rendeu o empate aos mandantes, pouco depois. Aos 81', em cobrança de falta, a bola foi cruzada para a área, bateu acidentalmente em Bijen e foi direto balançar as redes, no canto direito de Marsman.

O cartão vermelho levado por Andersen aos 87' (empurrou Friday e tomou o segundo amarelo) só fez recrudescer a busca do AZ pelo gol. Na cobrança da falta, Bel Hassani mandou chute forte, mas Marsman defendeu com segurança. Aos 89', Ron Vlaar cabeceou torto; e no último minuto, uma mesma jogada teve três chutes. Weghorst bateu em cima de Marsman, Friday tocou de calcanhar no rebote para Bijen salvar em cima da linha, e novamente Weghorst tentou, finalmente batendo para fora. Nos acréscimos (90' + 2), num contra-ataque, a pressão tardia do AZ deu o resultado esperado: a virada no placar. Bel Hassani ajeitou no meio para Friday, o nigeriano dominou e veio livre pela direita. Chegando à área, foi só dar um drible seco no lateral Jeroen van der Lely e chutar cruzado e preciso, no canto direito de Marsman, para a virada que firmou o AZ na zona dos play-offs. Mais do que isso: deixou o clima positivo, a uma semana da final da Copa da Holanda. Se o time ficou devendo um pouco em habilidade, espírito de luta não faltou.

O Go Ahead Eagles tentou, mas sucumbiu ao Groningen: rebaixamento quase certo (ANP/Pro Shots)
Go Ahead Eagles 2x3 Groningen (sábado, 22 de abril)

Na situação dramática que vive, com a última posição (e o rebaixamento direto) cada vez mais próximos, vencer era a única chance para o Go Ahead Eagles ter esperanças de, no mínimo, ainda escapar da repescagem. E o Kowet quase abriu o placar em casa, com Elvis Manu - chute bloqueado, aos 10' - e Sam Hendriks - chute para fora, perto do gol, aos 13'. Mas a maior qualidade técnica do Groningen se fez sentir logo na primeira chance: um arremate de Bryan Linssen, desviado pelo goleiro Theo Zwarthoed, que ainda atingiu a trave aos 24'. Depois, uma batida de Mimoun Mahi, que também mandou a bola na trave, aos 30'. Sete minutos depois, e veio o gol dos visitantes: o próprio Mahi completou um cruzamento de Ruben Yttegaard Jenssen com precisão para o 1 a 0.

Obviamente, o GAE buscaria a virada quase a qualquer custo no segundo tempo - como mostrou chute de longe de Joey Suk, aos 55', que passou perto. Mais obviamente, os espaços deixados pelos mandantes foram aproveitados pelo Groningen - Juninho Bacuna também tentou um arremate próximo ao gol. Porém, foi o time da casa que conseguiu o empate buscado, aos 74': Manu deu a Hendriks, que bateu à queima-roupa para recolocar o Go Ahead Eagles no jogo. Mas o empate durou pouco: já aos 80', Bacuna passou a Jesper Drost, que fez 2 a 1, recolocando os visitantes na frente. E os últimos minutos foram eletrizantes. Aos 89', Sébastien Locigno cruzou, e Darren Maatsen devolveu as esperanças para os mandantes, empatando o jogo. Mas o "abafa" pela virada rendeu um doloroso castigo: num contra-ataque, aos 90' + 3, Mahi driblou Zwarthoed e fez o gol da vitória do Groningen, que segue com chances de play-offs na Liga Europa. E o Go Ahead Eagles já está, no mínimo, condenado à repescagem contra a queda. Mais do que isso: cinco pontos atrás do NEC, penúltimo colocado, pode cair na penúltima rodada. O adversário? Ajax, fora de casa. Quase não há mais esperanças.

Utrecht e Roda JC insistiram aqui e ali, até Labyad (à esquerda) resolver as coisas no jogo (Gerrit van Keulen/VI Images)
Utrecht 1x0 Roda JC (domingo, 23 de abril)

Para o Utrecht, vencer era garantir-se em ótima posição: assegurava-se o quarto lugar do campeonato (e a vaga nos play-offs pela Liga Europa). O Roda JC nem queria tanto: um empate já servia, para dar um ponto que abriria pequeno respiro na fuga da zona de repescagem/rebaixamento. Porém, do jeito que o primeiro tempo transcorreu, as duas equipes pareciam no limbo típico de quem nada mais tem a fazer na temporada. Tanto que o primeiro chute a gol saiu apenas aos 33', do Utrecht: Yassin Ayoub arriscou, para a defesa do goleiro Benjamin van Leer.

Na etapa final, a situação foi diferente, literalmente, a partir do primeiro minuto: o Roda chegou num chute de Mikhail Rosheuvel, fazendo o goleiro David Jensen trabalhar para os mandantes, que reagiram prontamente. Aos 55', Sébastien Haller finalizou à queima-roupa para boa intervenção de Van Leer, e Gyrano Kerk fez até melhor aos 58', mandando a bola na trave. Em momentos esparsos, as chances reapareciam: Rosheuvel apareceu livre aos 78' e quase fez (Jensen defendeu), e Daryl Werker salvou os Koempels visitantes aos 83', tirando em cima da linha a bola vinda após Kerk driblar o goleiro e finalizar. Enfim, aos 87', Zakaria Labyad resolveu as coisas: cobrança de falta perfeita, no ângulo direito, dando a vitória (e o quarto lugar) para o Utrecht. O Roda JC sofrerá por mais um tempo.

El Khayati (à frente de todos) mereceu os abraços: fizera um golaço para a vitória salvadora do ADO Den Haag (Ronald Bonestroo/VI Images)
Sparta Rotterdam 0x1 ADO Den Haag (domingo, 23 de abril)

Na rodada, era o "jogo dos desesperados". Nem tanto para o ADO Den Haag: a sequência de quatro partidas sem perder (três vitórias e um empate) fortaleceu a possibilidade de salvação para o time de Haia. Mas o Sparta não poderia perder a chance: após as derrotas de Roda JC, NEC e Go Ahead Eagles, os três pontos levariam os Kasteelheren a sair da zona de perigo, com duas rodadas para o fim do campeonato. Ainda assim, o Den Haag é que teve motivo para sorrir logo no começo. E que motivo: o gol de Abdenasser El Khayati que abriu o placar, aos 9', foi um dos mais bonitos da rodada - o chamado "pombo sem asa", um chute de 25 metros direto para as redes de Roy Kortsmit. No primeiro tempo, os visitantes auriverdes ainda reclamaram de duas bolas na mão (Mart Dijkstra, e depois Michel Breuer), supostos pênaltis ignorados pelo juiz Dennis Higler.

Após o intervalo, obviamente, o Sparta foi para cima. Aos 59', o volante David Mendes da Silva conseguiu ótima chance para o empate, mas seu chute foi bloqueado na hora exata por Thomas Meissner. Pouco depois, aos 64', o próprio Mendes da Silva deu lugar a Mathias Pogba, para povoar mais o ataque dos mandantes. Ainda assim, quase nada de mais notável aconteceu no gramado de Het Kasteel - só um chute de Martin Pusic, aos 84', bem defendido por Robert Zwinkels. E após o nervosismo de cinco minutos de acréscimo, o Den Haag segurou a vitória decisiva, que lhe valeu a garantia da manutenção na Eredivisie. Depois das crises dentro e fora de campo, um fim de temporada mais tranquilo. Graças à reação na hora certa.


O sonho é quase real: Feyenoord venceu Vitesse com autoridade, e título holandês ficou bem próximo (Pieter Stam de Jonge/VI Images)
Vitesse 0x2 Feyenoord (domingo, 23 de abril)

Mesmo jogando fora de casa, o Feyenoord tinha boas razões para otimismo. O retrospecto não queria dizer muita coisa, mas o líder do Campeonato Holandês perdera em apenas uma das últimas treze partidas visitando o Vitesse (6 vitórias, 7 empates). Mais importante era o fator de campo: quase todos os titulares absolutos do Stadionclub na temporada estavam à disposição - e o único que não estava, Rick Karsdorp, surpreendia ao estar no banco de reservas, voltando de uma lesão no joelho grave a ponto de fazer crer que o lateral direito não jogaria mais na temporada. Já o Vitesse tinha uma motivação: mostrar que está pronto para a final da Copa da Holanda. E um problema: seu destaque, Ricky van Wolfswinkel, estava suspenso. Restou ao chinês Zhang Yuning ocupar o meio do ataque. De resto, os Arnhemmers tinham condições de ser adversários traiçoeiros para os visitantes ilustres.

Todavia, demorou pouco para o primeiro colocado da Eredivisie mostrar seu valor. Em ótimo dia, os jogadores das pontas mostravam muito entrosamento nos passes, criando várias jogadas ofensivas diante de um Vitesse acanhado. Numa delas, surgiu a primeira boa chance. Aos 9', após cobrança de lateral na direita, Jens Toornstra tabelou com Berghuis, chegou à área e chutou cruzado. Com leve desvio, a bola passou perto do gol de Eloy Room. Na cobrança do escanteio que surgiu, veio o gol do Feyenoord, aos 10'. O córner alto de Karim El Ahmadi foi insuficientemente desviado por Room, e Toornstra pegou a sobra na direita, perto da pequena área. Cruzou rasteiro, e Nicolai Jorgensen estava a postos na pequena área para escorar e fazer seu 20º gol no campeonato.

O gol ampliou ainda mais o domínio Feyenoorder em campo. As jogadas pelas pontas seguiram rendendo chances. Aos 14', nova bola alçada na área, da direita. Room rebateu, e Eljero Elia mandou o rebote por cima do gol. No minuto seguinte, El Ahmadi lançou Jorgensen em profundidade, pela esquerda, mas o atacante escorregou na hora do chute. Depois, aos 22', Berghuis cobrou escanteio curto para Elia. O camisa 11 cruzou rasteiro, e a bola só não foi para o filó adversário porque não havia pé de jogador do Feyenoord na pequena área. Coube ao zagueiro Arnold Kruiswijk afastar o perigo para o Vitesse.

A superioridade continuava clara. E em mais uma rápida jogada pelas pontas, aos 28', veio o segundo gol. Num rápido contra-ataque, Jorgensen veio pelo meio e serviu a bola a Toornstra. O camisa 28 perdeu um pouco o ângulo, mas conseguiu cruzar. E o goleador da Eredivisie cabeceou firme - Room defendeu rebatendo, mas a bola já tinha passado claramente da linha, representando o 2 a 0. Só para tirar qualquer dúvida, Berghuis colocou a sobra nas redes, e então o juiz Siemen Mulder confirmou o que todos já sabiam, apontando o meio de campo para validar o gol.

Jorgensen cabeceia para o segundo gol: a bola já tinha entrado, mas Berghuis preferiu assegurar (ANP/Pro Shots)
O Vitesse só fez Brad Jones trabalhar de verdade aos 33'. E ainda assim, a cobrança de falta de Lewis Baker chegou fácil para a defesa do goleiro do Feyenoord. Após essa reação, seguiu a categórica exibição dos visitantes, que quase marcaram o terceiro aos 37', quando Elia deixou Berghuis em ótima condição, para o chute cruzado que bateu na trave esquerda de Room. No minuto seguinte, quase Bart Nieuwkoop fez seu primeiro gol pela equipe adulta do Feyenoord: o lateral direito tabelou com Berghuis, saiu na cara do gol, mas chutou para ótima defesa de Room, que fechou o ângulo e espalmou. Berghuis repetiu a dose aos 39': chute livre, defesa de Room. A blitz só parou num arremate de Tonny Vilhena, para fora, aos 40'. Dava para o placar estar maior. Ainda assim, a vaia maciça da torcida do Vitesse ao final do primeiro tempo era medida precisa do quão melhor eram os Feyenoorders em campo.

Para tentar resolver isso, o técnico Henk Fräser fortaleceu o ataque, ao colocar no intervalo Lassana Faye e Nathan, nos lugares respectivos de dois jogadores em mau dia (Kruiswijk e Alexander Büttner - este, irreconhecível na ponta esquerda). Até começou a funcionar. Aos 54', Faye veio pela esquerda, e cruzou rasteiro. Van der Heijden interceptou, a bola subiu e ficou perigosamente na área, mas o ataque do Vites foi perdido por falta em Jones. Chance mais real veio aos 60': um chute de longe, de Baker, bem defendido pelo goleiro Feyenoorder. Aos 63', uma jogada dos dois que vieram do banco: Faye lançou da esquerda, mas antes que Nathan chegasse à bola, Jones saiu bem do gol para defender. Aos poucos, as chances foram ficando mais perigosas. Como aos 67', quando Milot Rashica arriscou de fora, e exigiu que Jones se esticasse e espalmasse pela linha de fundo.

Para não correr riscos desnecessários, o Feyenoord reagiu e voltou a aparecer. Aos 71', Vilhena cobrou falta, a bola desviou na barreira, passou por Berghuis, e Jorgensen só não chegou para fazer o 3 a 0 porque Marvelous Nakamba protegeu Room, que agarrou. E aos 80', Toornstra deu a bola para finalização colocada de Vilhena, mandando a bola rente à trave direita de Room. Respeito ganho de novo, só foi necessário ao Feyenoord controlar o jogo até o apito final de uma vitória com autoridade e categoria de... "quase" campeão. O domínio em campo se estendeu às arquibancadas, quando se viram até torcedores nos setores destinados aos adeptos do Vitesse se levantarem para comemorar a perspectiva cada vez mais sólida e palpável do título sonhado, que acabará com o tabu de 18 anos. Não falta muito: uma vitória contra o Excelsior, na próxima rodada, resolverá a parada e fará Het Legioen explodir, extravasar todas as frustrações de tanto tempo. Se a Eredivisie pausará por duas semanas, elas durarão 18 anos para o Feyenoord.

Um motivo para o PSV comemorar, enfim: a vitória no clássico diminuiu demais as chances do Ajax para o título (ANP/Pro Shots)
PSV 1x0 Ajax (domingo, 23 de abril)

O cansaço era óbvio no Ajax. Não se sai ileso de uma partida desgastante e empolgante, como a volta das quartas de final da Liga Europa, contra o Schalke 04. Ainda assim, não só o vice-líder foi para o clássico em Eindhoven com força máxima, como também promoveu o retorno de Kasper Dolberg aos titulares, com Bertrand Traoré voltando à sua posição original, a ponta direita. O PSV já tinha mais surpresas na escalação. Precisamente, no ataque: os dois irmãos De Jong, Luuk e Siem, ficaram no banco, enquanto Jürgen Locadia foi para o meio da área, com Steven Bergwijn também titular.

Se a partida no Philips Stadion começou ainda lenta, os donos da casa mostraram mais eficiência com a bola nos pés. Logo aos 2', de fora da área, Locadia arriscou chute que saiu, sem trazer muito perigo à meta de André Onana. No minuto seguinte, duas tentativas. Primeiro, Bart Ramselaar chutou na área, em cima de Davinson Sánchez; na sequência, Joshua Brenet cruzou para Locadia cabecear sem rumo. Nada que empolgasse muito, mas eram tentativas.

Diante de uma defesa bem postada (embora não fechada), o Ajax era mais lento. Mas deu suas estocadas. Aos 5', da esquerda, Amin Younes inverteu o jogo, mandando a bola para a área. No domínio pela direita, Bertrand Traoré já se livrou da marcação de Brenet, mas a bola escapou do atacante burquinense, ficando para Jeroen Zoet defender. Depois, aos 9', Joël Veltman cruzou, e Traoré tentou achar o espaço para bater, mas chutou em cima dos defensores. E a partida foi ficando mais equilibrada. As chances iam aparecendo. Aos 13', Bergwijn chegou pela direita, e seu toque de cabeça foi interceptado por Matthijs de Ligt. Mas a sobra ficou para Locadia arriscar um voleio. Quicando no chão, a bola perdeu força, saindo sem perigo.

O Ajax respondeu aos 15': após falta de Andrés Guardado em Dolberg na entrada da área, Hakim Ziyech cobrou em cima da barreira. Porém, aos 17', o que poderia ter sido grande chance rendeu consequências. Traoré dominou a bola no campo de defesa, e saiu livre até o ataque. Porém, justamente quando chegava à área, o atacante do Ajax tropeçou e caiu no gramado, num lance involuntariamente engraçado - e prejudicial também: o camisa 9 começou a sentir dores na virilha, logo após a queda. No frigir dos ovos, o PSV seguia (um pouco) mais perigoso. Foi justamente quem mais aparecia nos Boeren o autor do gol, aos 25'. Após De Ligt cometer falta sobre Bergwijn, perto da grande área, Locadia cobrou. E bateu com perfeição: chute seco, por cima da barreira, no canto direito, sem chances de defesa para Onana, fazendo 1 a 0.


O gol de falta foi merecido para Locadia, provavelmente o melhor do jogo (Jeroen Putmans/VI Images)

Só ao ficar em desvantagem no placar é que os Ajacieden aceleraram um pouco mais. Aos 32', Dolberg foi derrubado de novo (por Brenet), e Ziyech cobrou melhor a falta: forçou Zoet a espalmar para escanteio. Pouco depois, aos 34', Lasse Schöne arrematou perigosamente para fora, perto da grande área. O PSV voltou aos 42', quando Davy Pröpper dominou da direita e arriscou voleio forte, rendendo defesa de Onana. Depois, a entrada de Kluivert fazia prever um Ajax tentando as jogadas pelas pontas no segundo tempo. Porém, nos acréscimos, aos 45' + 3, ainda houve tempo para Zoet se atrapalhar com um recuo de Nicolas Isimat-Mirin, quase perdendo a bola para Dolberg. Mas o goleiro do PSV se safou.

A aposta dos visitantes em mais velocidade ficou ainda mais clara com a entrada de David Neres no lugar de Younes, no intervalo - assim como o PSV também fez, com Gastón Pereiro entrando para o segundo tempo no lugar de Ramselaar. Porém, foi a alteração de Peter Bosz que quase deu resultado, já aos 49', em boa jogada do Ajax. Neres recebeu de Klaassen em profundidade, livre na grande área, e cruzou da linha de fundo. Mas a bola bateu em Brenet antes de chegar a Dolberg, alvo do cruzamento. O empate ficou até mais perto aos 51', também com David Neres: o brasileiro chegou à área, driblou Zoet (que saiu apressadamente do gol), mas chutou para fora.

Contudo, a pressão do Ajax foi abortada por um protesto perigoso de parte da torcida do PSV: acionando sinalizadores, a fumaça subiu para os setores superiores do Philips Stadion, atrapalhando outros torcedores (alguns até deixaram momentaneamente os lugares) e forçando o juiz Kevin Blom a parar o jogo por um minuto. Enquanto a fumaça atrapalhava o ambiente no Philips Stadion, os donos da casa chegaram ao ataque. Aos 55', Gastón Pereiro (substituto de Ramselaar) driblou Viergever antes da batida colocada, mas seu chute saiu sem força, fácil para Onana defender.

O protesto de alas da torcida do PSV até era compreensível, mas atrapalhou demais o jogo (Rik Elfrink/Twitter)
Tranquilizado o ambiente após o estranho protesto (motivo até justo: as proibições da federação holandesa aos torcedores), o jogo voltou ao seu ritmo lento. Aos 61', um contra-ataque poderia ter rendido ótima chance ao Ajax, após passe primoroso de Ziyech que deixou Kluivert na cara do gol. Porém, o jovem falhou no domínio, e a bola saiu pela linha de fundo. No minuto seguinte, outra boa chance: Schöne bateu rasteiro de fora da área, e Zoet defendeu. O PSV reapareceu aos 68'. No seu último lance antes de dar lugar a Siem de Jong, Steven Bergwijn quase fez gol: Matthijs de Ligt se atrapalhou, recuando curto demais para Onana. Bergwijn passou à frente na área e quase chegava, mas o goleiro camaronês foi mais ágil e deu um chutão para afastar o perigo. Depois, aos 71', Marco van Ginkel passou a Siem de Jong, que bateu para fora, à esquerda de Onana. No escanteio em sequência, já aos 72', o mais velho dos De Jong no PSV deu um voleio, para longe do gol.

O cansaço do Ajax era cada vez mais claro. As últimas tentativas dos vice-líderes foram inócuas. Aos 79', Donny van de Beek fez o pivô para Klaassen arriscar. Mas o chute do capitão Ajacied saiu, sem o menor perigo. Dez minutos depois, um chute de De Ligt pela direita foi o último suspiro. Depois, aos 90' + 1, antes de sair do jogo (Sam Lammers o substituiu), Locadia ainda perdeu grande chance: o atacante ficou livre na pequena área, após cruzamento de Pereiro e desvio de Van Ginkel, mas mandou para longe. De quebra, aos 90' + 3, Brenet desperdiçou oportunidade ainda maior: no contragolpe, o lateral esquerdo teve caminho livre para chegar à área, mas chutou primeiro em cima de Sánchez, depois para a defesa de Onana.

O cansaço cobrou seu preço: lento, Ajax não criou muito no clássico. E se afasta da Eredivisieschaal (Jeroen Putmans/VI Images)
Sem problemas: a torcida do PSV festejou a vitória no clássico. Que aumentou levemente a chance de vice-campeonato. Mas que, principalmente, diminuiu demais as possibilidades do Ajax para o título holandês: são quatro pontos para o líder Feyenoord, a duas rodadas do fim. Vencer o Go Ahead Eagles na próxima rodada é provável, mas a tendência é que, após muito tempo, o Ajax veja o seu arquirrival de Roterdã desfilar como o maior da Holanda.

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