sexta-feira, 1 de junho de 2018

Análise da temporada 2017/18


Num campeonato turbulento, o PSV se valeu de sua regularidade para conseguir mais um título holandês (Pim Ras Fotografie)
(Originalmente publicado na Trivela, em 1º de junho de 2018)

Por mais que demissões de técnicos sejam coisas cada vez mais frequentes no decorrer da temporada europeia, o Campeonato Holandês ainda mostra mais aposta na continuidade: o comum é ver técnicos só saindo entre uma temporada e outra. Até era para ser assim, nesta Eredivisie 2017/18 recém-encerrada. Todavia, por vários motivos, os demissionários decidiram antecipar suas demissões – e junto às saídas repentinas, tivemos sete técnicos que perderam seus empregos durante a temporada, o maior índice dos últimos anos. Foi uma mostra das várias turbulências por que passaram os clubes, no que talvez tenha sido o primeiro campeonato em que a Holanda se viu como um país desimportante no futebol, após algum tempo. 

Mesmo dentro de campo essa turbulência foi vista. O Ajax terminou a temporada cheio de pressão, mesmo sendo vice-campeão. O Feyenoord também deu várias razões para irritação da torcida, e só diminuiu as críticas na fase final da temporada. Mesmo a campanhas elogiáveis, como as de AZ e Utrecht, faltou algo. Na busca da repescagem pela Liga Europa, a disputa pelas vagas foi equilibrada – e quem ficou com o lugar foi o Vitesse, graças a uma evolução tardia. Na zona de rebaixamento, o Twente caiu diretamente, mas Roda JC e Sparta Rotterdam também acabaram perdendo a chance na repescagem, dando acesso a três novidades (o Fortuna Sittard, fora da elite desde 2000/01; o De Graafschap, de volta após dois anos; e o estreante Emmen).

Só o PSV escapou dessas turbulências. Talvez por isso, só ele mereceu o título que conquistou. É o que se verá, nesta análise final da coluna para a temporada 2017/18.

Lozano era a grande aposta do PSV antes da Eredivisie começar. Justificou cada centavo de euro gasto nele - e ainda teve o auxílio de Van Ginkel (Pro Shots)
PSV

Colocação final: Campeão, com 83 pontos
Time-base: Zoet; Arias, Schwaab, Isimat-Mirin e Brenet; Hendrix, Van Ginkel e Ramselaar (Pereiro); Bergwijn, Luuk de Jong e Lozano
Técnico: Phillip Cocu
Maior vitória: Utrecht 1x7 PSV (6ª rodada) 
Maior derrota: Willem II 5x0 PSV (27ª rodada)
Principais jogadores: Marco van Ginkel (meio-campo) e Hirving Lozano (atacante)
Artilheiro: Hirving Lozano (atacante), com 17 gols
Quem mais partidas jogou: Jorrit Hendrix (meio-campo), com 33 partidas
Copa nacional: eliminado nas quartas de final, pelo Feyenoord
Competição continental: Liga Europa (eliminado na terceira fase preliminar, pelo Osijek-CRO)

Assim como o Ajax, o PSV também começou a temporada sob pesadas críticas após um vexame – a queda para o Osijek, na Liga Europa. Mas ao contrário do rival de Amsterdã, tiveram foco. E se recompuseram para um turno fulgurante no Campeonato Holandês, que praticamente os encaminhou para o título: 17 jogos, 14 vitórias (e duas derrotas). No time, a eventual insegurança da dupla de zaga – Daniel Schwaab e Nicolas Isimat-Mirin – era compensada por vários fatores: a calma de Jeroen Zoet no gol, a firmeza de Jorrit Hendrix na marcação pelo meio, a velocidade de Santiago Arias na lateral direita, a regularidade conhecida de Marco van Ginkel no meio e no ataque, a aposta certeira na velocidade cheia de técnica que Hirving Lozano teve, a melhor fase da carreira de Jürgen Locadia... certo, havia falhas no estilo tático de Phillip Cocu, apostando nos contra-ataques. Às vezes, dava errado – como na derrota para o Ajax. Mas o PSV seguiu.

Na volta da pausa de inverno, a coisa seguiu a mesma. Se Locadia tomou o caminho do Brighton (onde já estava Davy Pröpper, que deixara os Eindhovenaren no começo da temporada), Luuk de Jong estava pronto para retomar o seu lugar no meio do ataque, afastando a pecha de “bode expiatório” do vexame do começo e marcando 12 gols. Coisa semelhante aconteceu com Gastón Pereiro: criticado pela falta de gana, ameaçado pelo bom surgimento do brasileiro Mauro Júnior, o uruguaio se recompôs no returno e voltou a ter importância. A segurança era tão grande que nem mesmo o forte solavanco dos 5 a 0 inesperados para o Willem II, na 27ª rodada, abalou o time ou deixou o título a perigo. A grande virada sobre o AZ, na 30ª rodada, foi a introdução perfeita para a apoteose: o título ganho exatamente em cima do Ajax. A prova de que o PSV soube se recompor dos erros para se recuperar e ganhar a Eredivisieschaal com domínio incontestável.

David Neres foi dos únicos a dominar alguma coisa, numa temporada em que os problemas saíram do controle do Ajax (ANP/Pro Shots)
Ajax

Colocação final: Vice-campeão, com 79 pontos
Time-base: Onana; Veltman, De Ligt, Wöber (Frenkie de Jong) e Tagliafico (Viergever); Ziyech, Schöne e Van de Beek; David Neres, Huntelaar e Justin Kluivert (Younes)
Técnico: Marcel Keizer (até a 17ª rodada), Michael Reiziger (interino, na 18ª rodada) e Erik ten Hag (a partir da 19ª rodada)
Maior vitória: NAC Breda 0x8 Ajax (12ª rodada)
Maior derrota: PSV 3x0 Ajax (31ª rodada)
Principais jogadores: Hakim Ziyech (meio-campista) e David Neres (atacante)
Artilheiro: David Neres (atacante), com 14 gols
Quem mais partidas jogou: Donny van de Beek (meio-campista) e Hakim Ziyech (meio-campista), que jogaram todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado nas oitavas de final, pelo Twente
Competição continental: Liga dos Campeões (eliminado na terceira fase preliminar, pelo Nice-FRA) e Liga Europa (eliminado nos play-offs preliminares, pelo Rosenborg-NOR)

A tragédia ocorrida com Abdelhak Nouri, ainda durante a pré-temporada na Áustria, já tornaria esta temporada dramática para o Ajax (não é exagero: mesmo no final dela, os jogadores eram unânimes em dizer como o trauma da ausência de “Appie” ainda os perturbava). A turbulenta saída de Peter Bosz não ajudava muito, colocando pressão sobre o sucessor Marcel Keizer. E se a eliminação na fase preliminar da Liga dos Campeões até era previsível, a queda inesperada nos play-offs para a Liga Europa, menos de cem dias após decidi-la, foi a prova final: os Ajacieden já começariam a temporada num clima nada agradável. E isso se confirmou durante o primeiro turno: por melhores que fossem as atuações, os problemas se avolumavam. A começar pela derrota para o Heracles Almelo, logo na primeira partida da Eredivisie. E isso porque, dos titulares, só haviam saído Davinson Sánchez, Davy Klaassen e Bertrand Traoré...

Os Ajacieden até figuraram na disputa do título. Alguns nomes causavam ótima impressão, como Matthijs de Ligt, Frenkie de Jong, Hakim Ziyech e David Neres. Mas a queda para o Twente na Copa da Holanda representou novo solavanco, com a sumária demissão não só de Marcel Keizer, mas do “conselheiro técnico” Dennis Bergkamp (perdedor na briga com a diretoria, com o diretor de futebol Marc Overmars ganhando). A aposta em Erik ten Hag, tirando o técnico do Utrecht, foi certa – mas feita do jeito errado, às pressas. A contratação de Nicolás Tagliafico, para a lateral esquerda, deu muito certo. E a evolução de Justin Kluivert foi impressionante no returno. No entanto, o PSV já estava quase inalcançável – e era melhor, como se provou no 3 a 0 do clássico que rendeu o título aos Boeren. Uma derrota inquestionável, que justificou por que o Ajax mereceu as críticas. E por que a temporada deve ser esquecida, apesar do vice-campeonato. O foco já é na reformulação, com Ten Hag e sem alguns destaques.

Alireza trazia a habilidade, Weghorst trazia a força física, e os dois trouxeram gols à excelente campanha do AZ (Pro Shots)
AZ 

Colocação final: 3º lugar, com 71 pontos
Time-base: Bizot; Svensson, Stijn Wuytens (Vlaar), Hatzidiakos e Ouwejan; Til, Midtsjo e Koopmeiners (Van Overeem); Alireza Jahanbakhsh, Weghorst e Mats Seuntjens
Técnico: John van den Brom
Maior vitória: AZ 6x0 Zwolle (34ª rodada) 
Maior derrota: AZ 0x4 Feyenoord (7ª rodada)
Principais jogadores: Alireza Jahanbakhsh (atacante) e Wout Weghorst (atacante) 
Artilheiro: Alireza Jahanbakhsh (atacante)
Quem mais partidas jogou: Marco Bizot (goleiro), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: vice-campeão
Competição continental: nenhuma

Duas derrotas para o Ajax. Duas derrotas para o Feyenoord – uma delas, humilhante 4 a 0 sofrido em pleno AFAS Stadion de Alkmaar. Duas derrotas para o PSV – uma delas, na 30ª rodada, quase incrível: já no segundo tempo, o time fizera 2 a 0, mas tomou a virada para 3 a 2 entre os 29 e os 34 minutos. A rigor, foram estes os únicos resultados que impediram o AZ de se intrometer entre os grandes e sonhar com o título holandês. Capacidade técnica para disputar a liderança, não faltou aos Alkmaarders, que justificaram plenamente a razão de serem considerados a melhor equipe fora do Trio de Ferro.

Para começo de conversa, a defesa mostrou solidez invejável – a ponto do goleiro Marco Bizot já merecer convocações para a seleção holandesa, sob Ronald Koeman. A mesma coisa acontece com Guus Til, revelação que simboliza o ótimo nível técnico do meio-campo, com os três do setor (Til, Teun Koopmeiners e Fredrik Midtsjo) apresentando força para marcar e ajudar o ataque. Na frente, basta dizer que o AZ teve dois jogadores superando os 15 gols na temporada, se completando: a referência e a força física de Wout Weghorst (18 gols) com a velocidade e a habilidade de Alireza Jahanbakhsh, o goleador da temporada (21 gols). Bem em casa e fora dela – como visitante, só ficou abaixo do Ajax -, o AZ tinha tudo para ousar buscar a primeira posição. Nem mesmo a final da Copa da Holanda serviu de consolo: de novo, um grande se impôs (o Feyenoord). E o time de Alkmaar, embora excelente, poderia ter sido ainda melhor. Se não fossem os clássicos...

Só Berghuis teve razões para sorrir durante todo o ano no Feyenoord. A torcida só se alegrou no fim, pelo consolo do título da Copa da Holanda (ANP/Pro Shots)
Feyenoord 

Colocação final: 4º lugar, com 66 pontos
Time-base: Jones; Diks, Van Beek, Van der Heijden (Tapia/St. Juste) e Haps (Malacia); Toornstra (Van Persie), El Ahmadi e Vilhena; Berghuis, Jorgensen e Boëtius
Técnico: Giovanni van Bronckhorst
Maior vitória: Feyenoord 5x0 Excelsior (29ª rodada)
Maior derrota: Feyenoord 1x4 Ajax (9ª rodada)
Principal jogador: Steven Berghuis (atacante)
Artilheiro: Steven Berghuis (atacante), com 18 gols
Quem mais partidas jogou: Tonny Vilhena (meio-campista), com 33 partidas
Copa nacional: campeão
Competição continental: Liga dos Campeões (eliminado na fase de grupos)

Se o AZ foi bem, mas poderia ter sido melhor, o Feyenoord seguiu o caminho oposto: decepcionou, mas o final deixou a torcida até aliviada. No primeiro turno, alguns resultados assustaram no Campeonato Holandês, como a derrota para o NAC Breda, e a campanha na Liga dos Campeões não deixou a menor razão para esperança da torcida, sem nem mesmo render a vaga de consolação na Liga Europa. De quebra, as lesões sucessivas atrapalharam demais a defesa (Eric Botteghin, Jerry St. Juste, Sven van Beek, Jan-Arie van der Heijden). Alguns jogadores fundamentais no título de 2016/17 decepcionavam, como Brad Jones e Nicolai Jorgensen. E a pressão sobre Giovanni van Bronckhorst só aumentava.

Até a virada de ano, os únicos destaques eram Steven Berghuis e Jens Toornstra – que ganharam um tremendo nome para lhes ajudar, com Robin van Persie chegando para o returno. Não que as coisas tenham melhorado muito na Eredivisie (só para ficar num dado: jamais o Stadionclub perdera todos os jogos contra Ajax e PSV, como ocorreu neste campeonato), mas pelo menos as coisas melhoraram no fim, até com uma arrancada – sete vitórias nas sete últimas rodadas. De quebra, o título na Copa da Holanda serviu para acalmar de vez o tom das (justas) críticas. A ansiedade pelo futuro de Van Persie foi aliviada com o anúncio de sua renovação por mais um ano. Mas, mesmo com outro título e participação garantida em competições continentais, o Feyenoord sabe: precisa melhorar. Senão, a pressão retornará ainda mais forte.

Mesmo com a decepção de perder a vaga na Liga Europa, para a qual era favorito, o Utrecht teve a impressão de que a temporada valeu. E as atuações de Labyad (esquerda) e Ayoub ajudaram nisso (ANP/Pro Shots)
Utrecht 

Colocação final: 5º lugar, com 54 pontos
Time-base: Jensen; Troupée, Van der Maarel, Willem Janssen e Emanuelson; Strieder, Klaiber, Ayoub e Van de Streek; Labyad e Kerk (Dessers)
Técnico: Erik ten Hag (até a 18ª rodada) e Jean-Paul de Jong (a partir da 19ª rodada)
Maior vitória: Utrecht 5x1 Vitesse (27ª rodada)
Maior derrota: Utrecht 1x7 PSV (6ª rodada)
Principal jogador: Zakaria Labyad (atacante)
Artilheiro: Zakaria Labyad (atacante), com 15 gols
Quem mais partidas jogou: David Jensen (goleiro) e Sander van de Streek (meio-campo), ambos com 37 partidas
Copa nacional: eliminado na segunda fase, pelo VVV-Venlo
Competição continental: Liga Europa (eliminado nos play-offs, pelo Zenit-RUS)

É possível dizer que o Utrecht respondeu positivamente à grande pergunta que ficou, após a primeira temporada e antes do returno: a regularidade seria mantida? Não que a participação no primeiro turno tivesse sido ruim. Ao contrário: o time estava tranquilo, na sexta posição, tivera participação honrosa nas fases preliminares da Liga Europa, reagira bem à saída de Sébastien Haller, não faltavam destaques (Yassin Ayoub, Urby Emanuelson, Sander van de Streek, Zakaria Labyad), o técnico Erik ten Hag tinha o trabalho muito bem estabelecido. Mas o Ajax, em meio à crise, fez a proposta a Ten Hag, ele se interessou e tomou o rumo de Amsterdã tão logo 2018 começou. Como seria? Pois foi tranquilo o returno dos Utregs. 

O auxiliar Jean-Paul de Jong foi prontamente promovido a treinador, manteve a linha de trabalho, os destaques continuaram jogando bem... A bem da verdade, o time até melhorou no início da segunda metade da temporada: encontrando o Ajax treinado pelo antigo comandante, segurou um empate por 0 a 0; conseguiu ficar oito jogos sem perder (quatro vitórias e quatro empates); viu o ataque antes dependente de Haller manter a produtividade com mais destaques; e retornou à tentativa de se classificar para a Liga Europa. Bobeou quando não podia: perdeu o jogo de ida da decisão contra o Vitesse nos últimos minutos, e decepcionou na volta em casa, deixando a vaga com os visitantes. Para piorar, Ayoub está rumando ao Feyenoord, e Labyad, ao Ajax. Uma pequena reformulação será necessária. Se serve de consolo, o Utrecht provou poder superá-la.

O Vitesse decepcionava. Parecia cair pelas tabelas. Mas o técnico antecipou a saída, o interino foi prático, os destaques cresceram no fim - com destaque para Mason Mount, na foto - e o resultado foi um lugar na Liga Europa (ANP)
Vitesse 

Colocação final: 6º lugar, com 49 pontos
Time-base: Houwen (Pasveer); Karavaev (Faye), Kashia, Miazga e Dabo (Büttner); Foor, Serero e Mount; Linssen, Matavz (Castaignos) e Bruns
Técnico: Henk Fräser (até a 30º rodada) e Edward Sturing
Maior vitória: Vitesse 7x0 Sparta Rotterdam (31ª rodada) 
Maior derrota: Utrecht 5x1 Vitesse (27ª rodada)
Principais jogadores: Mason Mount (meio-campista), Bryan Linssen (atacante) e Tim Matavz (atacante)
Artilheiro: Bryan Linssen (atacante), com 17 gols
Quem mais partidas jogou: Bryan Linssen (atacante), com 37 partidas
Copa nacional: eliminado pelo AVV Swift (quinta divisão), na primeira fase
Competição continental: Liga Europa (eliminado na fase de grupos)

A volúpia ofensiva do Zwolle, a regularidade do Utrecht, a força do AZ: todos esses pareciam times destinados à Liga Europa. E o Vitesse? Fazia uma temporada tranquilamente ruim. Tranquila, porque sempre manteve seu lugar na zona da repescagem para tentar a Liga Europa (zona da qual nunca saiu, em nenhuma das 34 rodadas). Ruim, porque nunca o Vites conseguia agradar à torcida por suas atuações. Pior: até cometia vexames – campeão da Copa da Holanda, foi eliminado logo na primeira fase, por um clube amador, o AVV Swift. E sequer mostrou resistência, na campanha na Liga Europa.
Decepcionava, porque alguns jogadores mostravam que o Vitesse tinha capacidade para mais: Mason Mount, Navarone Foor, Bryan Linssen, Tim Matavz... E assim, por algum tempo, o Vitesse seguia empurrando com a barriga suas atuações na temporada.

No entanto, alguns resultados do returno indicavam que algo acontecia, como as vitórias sobre Feyenoord e, principalmente, sobre Ajax (o clube de Arnhem foi o único a conseguir superar os Ajacieden no turno e no returno). Vendo que seu trabalho não dava resultado, o técnico Henk Fräser anunciou que sairia ao final da temporada – e decidiu antecipar a saída, a quatro rodadas do fim. Aí, entrou o auxiliar Edward Sturing. Algumas mudanças tranquilizaram a equipe, como a troca de goleiro, com Jeroen Houwen no lugar de Remko Pasveer. O reforço Vyacheslav Karavaev, enfim, deu mais segurança na lateral direita. Após punição por sua falta de foco, enfim Alexander Büttner reagiu e tomou a lateral esquerda. Os destaques assumiram sua responsabilidade, como o capitão Guram Kashia, Matavz, Linssen... e Mason Mount, o nome dos play-offs, que conduziu o Vitesse à vaga na Liga Europa. O russo Leonid Slutsky chega num ambiente inesperadamente calmo. Quem diria...

Se o ADO Den Haag conseguiu uma arrancada para ainda tentar lugar na Liga Europa, Johnsen foi o grande responsável por isso, ao marcar gols nas últimas rodadas (Pro Shots)
ADO Den Haag 

Colocação final: 7º lugar, com 47 pontos
Time-base: Zwinkels; Ebuehi, Beugelsdijk, Kanon e Meijers; Immers, El Khayati e Bakker; Becker, Johnsen e Hooi
Técnico: Alfons “Fons” Groenendijk
Maior vitória: ADO Den Haag 4x0 Zwolle (18ª rodada)
Maior derrota: ADO Den Haag 0x3 Utrecht (1ª rodada), ADO Den Haag 0x3 Groningen (14ª rodada), PSV 3x0 ADO Den Haag (17ª rodada) e ADO Den Haag 0x3 AZ (29ª rodada)
Principal jogador: Bjorn Johnsen (atacante)
Artilheiro: Bjorn Johnsen (atacante), com 19 gols
Quem mais partidas jogou: Danny Bakker (meio-campista) e Bjorn Johnsen (atacante), ambos com 36 partidas
Copa nacional: eliminado na primeira fase, pelo Feyenoord
Competição continental: nenhuma

É até engraçado: o Den Haag conseguiu encontrar certa regularidade em ser irregular, ao longo da temporada. Nunca deixou a zona de classificação para a repescagem rumo à Liga Europa – mas quase sempre ficou em 8º lugar, última posição que levava aos play-offs (em algumas rodadas com mau resultado, até caiu na tabela). Não era um time capaz de encantar, mas alguns jogadores mostraram bom desempenho. No gol, Robert Zwinkels liderou o grupo e fez algumas atuações espetaculares – como contra o Feyenoord, ainda no primeiro turno, e contra o Ajax, já na 25ª rodada, ajudando o time de Haia a segurar o empate sem gols em plena Johan Cruyff Arena.

Finalmente, o meio-campo ajudava, com a boa temporada de Nasser El Khayati. E no ataque, além dos confiáveis Erik Falkenburg e Sheraldo Becker, o fim da temporada trouxe a ascensão de Bjorn Johnsen. O norueguês de ascendência norte-americana já era titular, mas foi irresistível nas últimas rodadas, sendo o grande adversário de Alireza Jahanbakhsh na disputa da artilharia. Com seu destaque, o time auriverde superou Heerenveen e Zwolle na rodada final: de nono lugar, saltou para o sétimo, e garantiu lugar nos play-offs pela Liga Europa. Neles, a estratégia de apostar nos contra-ataques fracassou, diante de um Vitesse que também arrancou no final. Ainda assim, o saldo final da participação na Eredivisie foi muito positivo, diante de alguns momentos passados.

Kik Pierie retrata bem o que foi a temporada do Heerenveen: cansada, estagnada (Pro Shots)
Heerenveen 

Colocação final: 8º lugar, com 46 pontos
Time-base: Hansen; Dumfries, Hoegh, Pierie e Woudenberg; Kobayashi, Schaars (Van Amersfoort) e Thorsby; Odegaard (Rojas), Ghoochannejhad e Zeneli
Técnico: Jürgen Streppel
Maior vitória: Twente 0x4 Heerenveen (12ª rodada)
Maior derrota: Heerenveen 0x4 Vitesse (9ª rodada)
Principal jogador: Reza Ghoochannejhad (atacante)
Artilheiro: Reza Ghoochannejhad (atacante), com 9 gols
Quem mais partidas jogou: Daniel Hoegh (zagueiro), com 36 partidas
Copa nacional: eliminado na segunda fase, pelo Willem II
Competição continental: nenhuma

O Heerenveen até buscou um lugar na Liga Europa, via repescagem – logo, a temporada não foi totalmente perdida. Porém, só o fato de ter ganho a vaga nos play-offs por causa da queda do Zwolle (até porque, na última rodada da temporada regular, ambos foram derrotados) dá a ideia de como a temporada do time da Frísia foi apenas e tão somente correta, sem as ousadias de outros tempos. Um nome que provou esse marasmo em campo foi Reza Ghoochannejhad: se foi um dos principais goleadores da Eredivisie em 2016/17, o iraniano passou longe da movimentada disputa pela artilharia desta vez. 

No meio-campo, as atuações eram normais, sem impressionar nem para o bem, nem para o mal – o que acabava sendo “mal”. Houve quem evoluísse, como Denzel Dumfries (promissor lateral direito), Marco Rojas e Martin Odegaard (útil até a fratura no pé). De mais a mais, na repescagem pela Liga Europa, o Fean até fez o Utrecht sofrer antes de ser eliminado. Ainda assim, fracassou ao tentar afastar a impressão de que a temporada foi sem graça. O trabalho estagnado causou a saída do técnico Jürgen Streppel. Seu sucessor, Jan Olde Riekerink, terá a missão de reanimar o time, com as mudanças previsíveis.

Após primeiro turno esplendoroso, a queda do Zwolle foi célere no returno. A má consequência demorou, mas enfim puniu péssimo retrospecto nas últimas rodadas (Jasper Ruhe)
Zwolle 

Colocação final: 9º lugar, com 44 pontos
Time-base: Boer; Ehizibue, Marcellis, Sandler (Freire) e Van Polen; Saymak, Dekker e Thomas; Namli, Parzyszek e Mokhtar
Técnico: John van’t Schip
Maiores vitórias: Zwolle 2x0 Twente (2ª rodada), NAC Breda 0x2 Zwolle (9ª rodada), Zwolle 2x0 ADO Den Haag (10ª rodada) e Zwolle 2x0 Sparta Rotterdam (29ª rodada) 
Maior derrota: AZ 6x0 Zwolle (34ª rodada)
Principal jogador: Younes Namli (atacante)
Artilheiro: Mustafa Saymak (atacante), com 11 gols
Quem mais partidas jogou: Diederik Boer (goleiro) e Kingsley Ehizibue (meio-campo/atacante), ambos com 33 partidas
Copa nacional: eliminado nas quartas de final, pelo AZ
Competição continental: nenhuma

Diante do sofrimento incomum da temporada passada, pode ser considerada decepcionante uma temporada em que a salvação foi garantida sem problemas? Pode. Pelo menos no caso do Zwolle, pode. Diante do que os “Dedos Azuis” jogaram no primeiro turno, era possível esperar até a repetição dos desempenhos admiráveis de há alguns anos, com o título da Copa da Holanda e a consequente aparição em fases preliminares da Liga Europa. Empate contra o Feyenoord, derrota imerecida para o futuro campeão PSV, velocidade no ataque – a partir de vários destaques (Younes Namli, Youness Mokhtar, Mustafa Saymak): não faltavam razões para os Zwollenaren serem dos times mais agradáveis na Holanda.

Tudo isso desapareceu no returno. A primeira partida dele – goleada sofrida por 4 a 0 para o ADO Den Haag, na 18ª rodada – já era mostra disso. E o Zwolle foi ladeira abaixo, do quarto lugar que ocupava no final do turno: somente três vitórias nas 17 rodadas derradeiras, campanha só melhor que a do rebaixado Twente. A habilidade ofensiva já não conseguia esconder os buracos pelas laterais, convites aos ataques adversários. Só a pontuação conquistada na fase inicial mantinha a equipe ainda na zona dos play-offs para a Liga Europa. Até que veio o desastre final: três derrotas nas três últimas partidas, incluindo 6 a 0 sofrido para o AZ na última rodada, e a perda do lugar que o faria sonhar com os torneios continentais. O Zwolle é um clube pequeno, e a temporada não deixa de ser elogiável. Mas diante do que parecia ser, o final foi amargo demais.

O Heracles poderia até ter ido melhor na temporada. Mas Kuwas indica: há chances de melhora (ANP/Pro Shots)
Heracles Almelo

Colocação final: 10º lugar, com 42 pontos
Time-base: Castro; Droste, Pröpper, Dries Wuytens e Breukers (Hardeveld); Van Ooijen, Niemeijer e Jamiro; Kuwas, Gladon (Vermeij) e Peterson
Técnico: John Stegeman
Maior vitória: Sparta Rotterdam 2x5 Heracles Almelo (34ª rodada) 
Maior derrota: NAC Breda 6x1 Heracles Almelo (22ª rodada)
Principal jogador: Brandley Kuwas (atacante)
Artilheiros: Vincent Vermeij (atacante) e Reuven Niemeijer (meio-campista), ambos com 8 gols 
Quem mais partidas jogou: Bram Castro (goleiro) e Jamiro Monteiro (meio-campista), que jogaram todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado nas oitavas de final, pelo Feyenoord
Competição continental: nenhuma

Assim como o Heerenveen, o Heracles mostrou ser uma equipe estagnada na temporada. A impressão da primeira rodada – vencendo o Ajax pela primeira vez na Eredivisie desde 1965 – se dissipou rapidamente. Por mais talento que tenha mostrado, e por mais regular que a campanha tenha sido, os Heraclieden nunca deram a impressão de que poderiam ousar coisa melhor na temporada. Algo que até desapontava. Porque, se não era uma equipe de encher os olhos, pelo menos o time de Almelo tinha alguns talentos.

No meio-campo, tanto Jamiro quanto Reuven Niemeijer causaram boa impressão. E o ataque veloz perturbava os adversários, com os gols de Vincent Vermeij e o destaque de Brandley Kuwas, que só não deu mais passes para gol no campeonato do que Hakim Ziyech. Mas, se tal “tranquilidade” era admirável no Excelsior, que sofria com a ameaça do rebaixamento, o Heracles tinha time para fazer mais do que fez. Talvez a saída do técnico John Stegeman dê o chacoalhão de que o grupo necessite.

Diante do sofrimento de outras temporadas, até que o Excelsior teve algo a comemorar, com a manutenção tranquila na Eredivisie (Pro Shots)
Excelsior 

Colocação final: 11º lugar, com 40 pontos
Time-base: Kristinsson; Massop, Mattheij, De Wijs e Karami; Faik, Koolwijk e Messaoud (Fortes); Elbers, Van Duinen e Luigi Bruins
Técnico: Mitchell van der Gaag
Maior vitória: Twente 1x3 Excelsior (10ª rodada)
Maior derrota: Feyenoord 5x0 Excelsior (29ª rodada)
Principal jogador: Ryan Koolwijk (meio-campista)
Artilheiro: Mike van Duinen (atacante), com 8 gols
Quem mais partidas jogou: Jürgen Mattheij (zagueiro) e Hicham Faik (meio-campista), ambos com 33 partidas
Copa nacional: eliminado na primeira fase, pelo Heerenveen
Competição continental: nenhuma 

Por mais que tenha alcançado o 12º lugar na temporada passada, o Excelsior havia sofrido demais para garantir a manutenção na Eredivisie. Assim como nas duas temporadas anteriores – em ambas, ficara na 15ª posição, primeira acima da zona perigosa. Pois bem, parece que o clube de Roterdã aprendeu a lição. Fazia tempo que não se via uma temporada tão tranquila feita pelo time do bairro de Kralingen. Talvez o mérito tenha vindo da continuidade. 

Enfim, o técnico Mitchell van der Gaag teve um grupo que já conhecia, com jogadores que já haviam mostrado alguma capacidade – casos de Khalid Karami, Ryan Koolwijk e Mike van Duinen. Se houve pequena queda no returno, ela foi controlada. O péssimo desempenho em seu estádio (pior time em casa na Eredivisie) foi plenamente compensado como visitante: jogando fora, o Excelsior só não foi melhor do que o AZ e do que os três grandes. Assim, permaneceu no meio da tabela, sem correr riscos. Mas só a temporada 2018/19 revelará se a lição foi realmente aprendida, com um novo técnico.

Diante dos perigos por que o Groningen de Ritsu Doan passou, até que a temporada terminou calmamente. Mas equipe precisa de melhoras (Getty Images)
Groningen 

Colocação final: 12º lugar, com 38 pontos
Time-base: Padt; Zeefuik, Te Wierik, Memisevic e Warmerdam; Hrustic e Bacuna; Doan, Jesper Drost e Mahi; Van Weert
Técnico: Ernest Faber
Maiores vitórias: Groningen 4x0 Sparta Rotterdam (18ª rodada) e Groningen 4x0 Excelsior (33ª rodada)
Maior derrota: Feyenoord 3x0 Groningen (22ª rodada)
Principais jogadores: Sergio Padt (goleiro), Ritsu Doan (meio-campista) e Tom van Weert (atacante)
Artilheiro: Tom van Weert (atacante), com 12 gols
Quem mais partidas jogou: Sergio Padt (goleiro), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado na segunda fase, pelo Roda JC
Competição continental: nenhuma

Mais uma vez, o time do norte holandês deixou impressão ruim na temporada: a de que, se é um clube “mais ou menos” no país, está mais para “menos”. No primeiro turno, sofreu com a irregularidade de desempenho. Pior: viu alguns de seus destaques técnicos, como Mimoun Mahi e Oussama Idrissi, causarem transtornos indisciplinares – a ponto de Idrissi ter saído para o AZ no começo do ano, tão inviável estava sua permanência em Groningen. O único ponto indiscutível de destaque era o goleiro Sergio Padt, sempre garantindo segurança – depois, despontaram Ritsu Doan e Tom van Weert.

No returno, as coisas ficaram mais tranquilas, com a equipe se estabilizando numa região ainda segura da tabela. Mas o nível técnico seguiu desagradando demais a torcida – tanto que era comum ver muitos lugares vazios no estádio Noordlease, rodada após rodada. E algumas derrotas doeram – como para o Ajax, na 29ª rodada, quando o 2 a 1 veio no lance final do jogo. Pelo menos, àquela altura, o técnico Ernest Faber já antecipara que deixaria o clube tão logo a temporada terminasse. E a sequência das últimas rodadas (três empates, duas vitórias) permitiu um fim normal de temporada. Mas os adeptos esperam melhoras.

Destaque no começo da temporada; convalescente de um tumor nos testículos; voltou e continuou fazendo gols; há como não considerar Fran Sol um símbolo da temporada lutadora do Willem II? (Pro Shots)
Willem II 

Colocação final: 13º lugar, com 37 pontos
Time-base: Wellenreuther (Branderhorst); Heerkens (Lewis), Lachman, Van der Linden e Tsimikas; Chirivella, Ben Rienstra e Lieftink; Haye, Fran Sol e Croux
Técnico: Erwin van de Looi (até a 26ª rodada) e Reinier Robbemond
Maior vitória: Willem II 5x0 PSV (27ª rodada) 
Maior derrota: Feyenoord 5x0 Willem II (3ª rodada)
Principal jogador: Fran Sol (atacante)
Artilheiro: Fran Sol (atacante), com 16 gols
Quem mais partidas jogou: Konstantinos Tsimikas (lateral esquerdo) e Thom Haye (meio-campista), ambos com 33 partidas
Copa nacional: eliminado nas semifinais, pelo Feyenoord
Competição continental: nenhuma

Durante muito tempo, o Willem II viveu angustiado na temporada. Terminou o primeiro turno em situação dramática: só um ponto o fazia escapar da zona de repescagem/rebaixamento, e o desempenho em casa era muito ruim. Ainda assim, a equipe demonstrava capacidade de poder escapar, até pelo bom desempenho de alguns jogadores – por mais que o melhor deles, Fran Sol, se recuperasse de um tumor. Pois bem: as coisas seguiram turbulentas em Tilburg (tanto que a anunciada saída do técnico Erwin van de Looi foi antecipada), mas o objetivo foi alcançado. 

Sob o comando do interino Reinier Robbemond, Fran Sol voltou e continuou fazendo gols aos borbotões (disputou a artilharia até a última rodada da Eredivisie). Alguns outros jogadores ajudaram – como Konstantinos Tsimikas e Ben Rienstra. e os Tricolores conseguiram até uma inimaginável goleada sobre o futuro campeão PSV. De quebra, a campanha na Copa da Holanda não foi de se jogar fora, com a chegada às semifinais. Enfim, mesmo sofrendo, o Willem II conseguiu provar em campo que não era time para cair. Só tem a necessidade da reformulação para ficar mais tranquilo em 2018/19.

Já antes da melhora, o NAC Breda mostrava esforço. E foi isto que o levou a conseguir a permanência, antes de mais nada (ANP/Pro Shots)
NAC Breda 

Colocação final: 14º lugar, com 34 pontos (na frente pelo melhor saldo de gols)
Time-base: Bertrams (Birighitti); Sporkslede, Mets, Pablo Marí e Angeliño; Manu García e Verschueren; El Allouchi, Rai Vloet e Ambrose; Sadiq Umar
Técnico: Stijn Vreven
Maior vitória: NAC Breda 6x1 Heracles Almelo (22ª rodada) 
Maior derrota: NAC Breda 0x8 Ajax (12ª rodada)
Principal jogador: Angeliño (lateral esquerdo)
Artilheiro: Thierry Ambrose (atacante), com 10 gols
Quem mais partidas jogou: Angeliño (lateral esquerdo) e Manu García (meio-campista), que jogaram todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado na primeira fase, pelo Achilles ’29 (terceira divisão)
Competição continental: nenhuma

Por tudo que viveu na temporada, o NAC Breda merecia ter sofrido menos do que sofreu durante todo o Campeonato Holandês. Sempre transitou entre as posições derradeiras da tabela (terminou o turno em 16º lugar, primeira posição que iria à repescagem), foi vítima em goleadas típicas da Eredivisie – como o 8 a 0 do Ajax, na 12ª rodada -, mas a torcida sempre lotava o estádio Rat Verlegh para alegrar as chamadas “Avondjes NAC” (em holandês, as “noitinhas do NAC”). De mais a mais, claramente havia jogadores tecnicamente capazes de compensar falhas como a inconstância no gol – foram três arqueiros utilizados.

Se os clubes rebaixados foram prejudicados por quedas de produção justamente quando não podiam tê-las, os aurinegros de Breda se valeram do efeito oposto: nas 17 rodadas finais, viram os destaques crescerem (muitos, egressos da parceria com o Manchester City). Angeliño foi dos melhores laterais esquerdos do campeonato; no meio-campo, Manu García jogou bem; e o ataque contou com gols importantes tanto de Thierry Ambrose quanto de Sadiq Umar. Suficientes para resultados como a vitória sobre o Feyenoord, na 26ª rodada. Ou para os quatro triunfos nas nove últimas rodadas, que contrabalançaram as quatro derrotas no mesmo período – e que, somados aos tropeços dos concorrentes diretos, ajudaram o NAC Breda a realizar seu objetivo: conseguir ficar na Eredivisie, após a volta da segunda divisão. Agora, é ganhar sequência na elite.

Com grande mérito de Lennart Thy, o VVV-Venlo garantiu precocemente que ficaria na Eredivisie. Nem por isso precisava fazer o péssimo fim de temporada que fez (ANP/Pro Shots)
VVV-Venlo 

Colocação final: 15º lugar, com 34 pontos
Time-base: Unnerstall; Rutten, Röseler, Promes e Labylle; Post, Seuntjens e Leemans; Van Crooy, Thy e Hunte (Castelen)
Técnico: Maurice Steijn
Maior vitória: VVV-Venlo 3x0 Sparta Rotterdam (1ª rodada)
Maior derrota: VVV-Venlo 2x5 PSV (8ª rodada)
Principais jogadores: Lars Unnerstall (goleiro), Clint Leemans (atacante) e Lennart Thy (atacante)
Artilheiro: Clint Leemans (atacante), com 10 gols
Quem mais partidas jogou: Nils Röseler (zagueiro), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado nas oitavas de final, pelo PSV
Competição continental: nenhuma

Se NAC Breda e Willem II se valeram de pequenas arrancadas para conseguirem a salvação, o time aurinegro sofreu com a trajetória oposta. Nem era para sofrer tanto assim, no final da temporada. Afinal de contas, voltando como campeões da segunda divisão, os Venlonaren haviam feito um primeiro turno elogiável. E até seguiram regulares em boa parte do returno – com direito a vitória sobre o Feyenoord -, sonhando em alcançar a zona da repescagem pela Liga Europa.

De quebra, a contratação do experiente Romeo Castelen foi muito útil no ataque, para ajudar os já conhecidos Clint Leemans e, principalmente, Lennart Thy (este, além de se destacar em campo, recebeu elogios unânimes pelo auxílio a uma vítima de leucemia fora dele). No gol, Lars Unnerstall foi tão bem que mereceu a contratação pelo PSV. E o VVV garantiu a permanência na primeira divisão. Foi seu mal: tranquilo, desacelerou. E não só perdeu a chance de buscar os play-offs, como teve péssima sequência final: sete derrotas e um empate nas últimas oito rodadas. Já estava salvo. Mas não pode repetir este erro na próxima temporada – até porque alguns destaques já não vestirão mais preto e amarelo.

O Roda JC nem foi tão desesperado quanto em outras temporadas em que sofreu a ameaça do rebaixamento. Mas caiu assim mesmo (Pro Shots)
Roda JC 

Colocação final: 16ª lugar, com 30 pontos – rebaixado na repescagem
Time-base: Jurjus; Kum, Banggaard, Auassar e Vansteenkiste; Ndenge e Gnjatic; Rosheuvel, Gustafson e Avdijaj; Schahin
Técnico: Robert Molenaar
Maior vitória: VVV-Venlo 1x4 Roda JC (33ª rodada)
Maior derrota: Feyenoord 5x1 Roda JC (18ª rodada)
Principal jogador: Simon Gustafson (meio-campista)
Artilheiro: Dani Schahin (atacante) e Simon Gustafson (meio-campista), com 10 gols
Quem mais partidas jogou: Hidde Jurjus (goleiro), que jogou todas as 34 partidas
Copa nacional: eliminado nas quartas de final, pelo Willem II
Competição continental: nenhuma

Curioso: o Roda JC até fugiu dos defeitos costumeiros nas temporadas passadas. Certo, foi mal como de costume na primeira metade da temporada, com a penúltima posição. Mas nem por isso a diretoria dos Koempels apelou para a tradicional “bacia” de reforços na janela de transferências de inverno. Talvez nem tivesse condição para tanto, já que o mecenas Aleksei Korotaev amarga a detenção. Mas talvez nem tivesse razão: havia nomes em quem a torcida pudesse confiar, como Hidde Jurjus, Chris Kum, Simon Gustafson e Dani Schahin.

Todavia, o segundo turno começou muito mal. Após superar o Excelsior na 20ª rodada, o Roda JC só foi vencer na 28ª rodada – com uma sequência de quatro derrotas no meio. Mas aí, o time de Kerkrade obteve a sequência que o salvou para a repescagem: três vitórias sobre adversários acima na tabela (NAC Breda, Vitesse e Zwolle), mais um empate com o PSV e uma goleada no VVV-Venlo. Porém, já no primeiro jogo buscando a manutenção na Eredivisie, um arriscado empate sem gols fora de casa, contra o Almere City. Pior: assim como o Sparta Rotterdam, a derrota e o consequente rebaixamento veio em casa, com falha de um destaque - Jurjus rebateu mal a bola num dos gols do Almere. E de tanto perigar nas temporadas recentes, enfim o Roda caiu. Mesmo sem cometer os mesmos erros.

O Sparta teve azar, mas também faltou talento. E na repescagem, veio o rebaixamento merecido (Carla Vos)
Sparta Rotterdam 

Colocação final: 17º lugar, com 27 pontos – rebaixado na repescagem
Time-base: Huth (Kortsmit); Holst, Fischer, Chabot e Floranus; Duarte, Mühren e Sanusi (Spierings); Brogno (Verhaar), Friday e Spierings (Ahannach)
Técnicos: Alex Pastoor (até a 17ª rodada) 
Maior vitória: Roda JC 0x2 Sparta Rotterdam (27ª rodada) 
Maior derrota: Feyenoord 7x0 Sparta Rotterdam (17ª rodada) e Vitesse 7x0 Sparta Rotterdam (31ª rodada)
Principal jogador: Robert Mühren (atacante)
Artilheiro: Robert Mühren (atacante), com 7 gols
Quem mais partidas jogou: Ryan Sanusi (meio-campista), com 33 partidas
Copa nacional: eliminado na primeira fase, pelo RKC Waalwijk (segunda divisão)
Competição continental: nenhuma

Durante boa parte da temporada, a impressão foi de que o Sparta repetiria o mesmo roteiro de 2016/17: lutaria arduamente contra a queda, mas por fim conseguiria se safar. Motivos para pensar assim, não faltavam. Afinal, mesmo que as atuações fossem ruins (como esquecer o 7 a 0 sofrido para o rival citadino Feyenoord, na 17ª rodada?!), dava para se encontrar alguns jogadores que conseguissem ajudar. Como Loris Brogno ou Robert Mühren, já conhecidos. Como Roy Kortsmit, que vinha sendo um dos melhores goleiros da Eredivisie antes de se lesionar. Mas o cenário era desesperador para a pior equipe das primeiras 17 rodadas.

Para o segundo turno, era de se esperar que Dick Advocaat, de passado no Sparta e experiência inquestionável, conseguisse melhorar uma equipe que até ganhou nomes úteis – como Fred Friday e Dabney dos Santos, emprestados pelo AZ. Os Kasteelheren tentaram, dramaticamente. Até ofereceram dificuldades contra PSV e Ajax. E conseguiram, afinal, deixar o Twente para trás, ganhando a sobrevida na repescagem. Nela, porém, mostraram um defeito incomum na temporada regular: apatia. Somada à falta de técnica, bastou para já terem dificuldades ao superar o Dordrecht, na segunda fase. Finalmente, a vantagem ganha no jogo de ida da decisão da vaga, contra o Emmen, foi humilhantemente jogada fora na volta, diante da própria torcida: derrota por 3 a 1. E rebaixamento. Esforço não faltou – faltou foi talento. E tenacidade na hora decisiva.

Não faltou esforço ao jovem time do Twente. Mas os problemas eram demais. E enfim, anos de crise resultaram no rebaixamento (Pro Shots)
Twente 

Colocação final: 18º colocado, com 24 pontos – rebaixado diretamente
Time-base: Drommel (Brondeel); Ter Avest (Van der Lely), Lam, Thesker, Bijen e Cuevas; Maher, Holla e Fredrik Jensen; Boere (Slagveer) e Assaidi 
Técnicos: René Hake (até a 8ª rodada), Gertjan Verbeek (da 11ª à 28ª rodada) e Marino Pusic (interino, entre a 9ª e a 10º rodada e a partir da 29ª rodada)
Maior vitória: Twente 4x0 Utrecht (5ª rodada)
Maior derrota: Vitesse 5x0 Twente (33ª rodada)
Principal jogador: Oussama Assaidi (atacante)
Artilheiro: Oussama Assaidi (6 gols)
Quem mais partidas jogou: Peet Bijen (zagueiro), com 32 partidas
Copa nacional: eliminado na semifinal, pelo AZ 
Competição continental: nenhuma

Estava demorando, mas, enfim, a dura realidade que o Twente vive há alguns anos foi vista dentro de campo. Nas primeiras rodadas, até que os Tukkers se esforçaram para mostrar que, novamente, ficariam na elite da Holanda. Por mais que o grupo de jogadores tivesse perdido nomes importantes (Enes Ünal é um bom exemplo), havia uma base jovem da temporada passada, já conhecida do técnico René Hake. Foi justamente o primeiro a pagar o preço, sendo demitido já na 8ª rodada. Pode ter sido este o primeiro passo rumo à queda: mesmo que o nível técnico já fosse irregular, dava para melhorar.

Apoiadora do esforço dos jogadores e de Hake, a torcida passou a entrar em rota de colisão com a diretoria. Gertjan Verbeek chegou, e a emenda ficou pior do que o soneto: a fragilidade defensiva seguiu no Twente, por mais que o esforço do time fosse inquestionável (merecem destaque defensores como Stefan Thesker e Peet Bijen, além de Fredrik Jensen, no meio). Para atacar, ainda chegaram nomes como Adam Maher, para ajudar Luciano Slagveer e Oussama Assaidi. Não adiantou: o Twente foi o pior time do returno. É até sintomático que sua pior derrota na temporada tenha justamente sido os 5 a 0 para o Vitesse, confirmando o que poderia ter vindo antes: o rebaixamento. Triste.

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