quarta-feira, 6 de junho de 2018

Pouco tempo, muito a resolver

O empate de Aké (15) foi bom. E melhor ainda será a Holanda ter rapidez para melhorar, após a atuação deficiente contra a Itália (AFP)
Quando a seleção da Holanda superou Portugal, fazendo 3 a 0 num amistoso em março, deu para pensar que a Laranja estava diante de um caminho promissor, na fase inicial sob o comando de Ronald Koeman. Não que as atuações nestas datas FIFA tenham mudado muita coisa: dá para a seleção batava reagir. No entanto, se havia alguma dúvida do quanto ainda há para melhorar, ela se acabou com a má atuação no 1 a 1 contra a Itália, em Turim. E o pior é que só haverá mais um teste, antes da estreia na Liga das Nações: o amistoso contra o Peru, em 6 de setembro.

De novo, o primeiro tempo demonstrou que o 5-3-2, embora seja um esquema que contemple melhor o nível técnico da Oranje, não significa impedir o adversário de atacar. Por mais que tenha sido (corretamente) anulado por impedimento, o gol que Andrea Belotti marcou logo aos três minutos de jogo já exibiu o espaço que Virgil van Dijk e Matthijs de Ligt deixavam no meio da área. Pelas laterais, Domenico Criscito deu o que trabalhar a Hans Hateboer, tão mal quanto Daryl Janmaat fora nos 45 minutos iniciais contra a Eslováquia, enquanto Simone Verdi, atacando pela direita, aproveitava os espaços que Tonny Vilhena deixava às suas costas.

Por sinal, se fora escalado na lateral tentando acelerar os avanços, Vilhena fracassou. Pela má atuação de quem poderia fazer algo - Memphis Depay, Ryan Babel, Georginio Wijnaldum, Ruud Vormer - e também por causa da rapidez italiana na recomposição defensiva, ficando num compactado 4-4-2, a Holanda tinha seríssimas dificuldades em criar jogadas de ataque. Aliás, até para chutar: só experimentou fazer o goleiro Mattia Perin trabalhar aos 37 minutos, num chute de longe de Memphis Depay. Antes disso, a Itália já tivera pelo menos duas ótimas chances de abrir o placar: com Belotti, aos 32', num chute à queima-roupa pego firmemente por Jasper Cillessen (por sinal, outra boa atuação do goleiro, que começa a despontar como titular da Oranje), e no minuto seguinte, com Verdi chutou por cima do gol, após desvio de Lorenzo Insigne. Depois, aos 42', Cillessen desviou arremate de Verdi para escanteio. E na cobrança deste, o cabeceio do camisa 20 foi tirado em cima da linha por Ruud Vormer. Era claro: mais veloz no ataque e firme na defesa, a Azzurra merecia marcar o primeiro gol. Até porque a Holanda era frouxa na marcação: ganhou apenas 30% das divididas.

Van Dijk voltou do descanso. E foi lento no gol italiano, de Zaza (Getty Images)
Também como na quinta passada, a situação melhorou para a Holanda no segundo tempo. Janmaat veio para a lateral direita, após Hateboer sair no intervalo com dores num dos dedos anelares, e trouxe mais agilidade. Foi dele o cruzamento desviado aos 52', forçando Perin a espalmar para escanteio. Três minutos depois, o mesmo Janmaat cruzou de novo, e a bola passou por Memphis Depay. Aos 60', a esférica saiu de Vormer, e Vilhena foi quem finalizou num bonito voleio, para fora. Àquela altura, as mudanças comuns em amistosos já haviam começado, mas a melhora holandesa era sensível. Só que os espaços nas laterais seguiam. Num deles, Federico Chiesa veio pela direita e cruzou para Simone Zaza abrir o placar, se antecipando a Van Dijk.

Pareceu o golpe definitivo no jogo. Porque as alterações que Koeman fez na seleção deixaram o time estranho. Poderia até parecer 4-3-3, mas Steven Berghuis, Wout Weghorst e Quincy Promes são e jogam como atacantes - assim, não raro se viam quatro avantes a tentar o gol, diante de uma defesa italiana que fechava bem o espaço aberto pela expulsão de Criscito, logo após Zaza fazer 1 a 0. Tanto que a Holanda só tivera mais três chances: a cobrança de falta de Memphis, após a expulsão, bem espalmada por Perin aos 68', o chute de longe de Vilhena aos 79', rente à trave esquerda, e o arremate colocado de Berghuis aos 81', também aparado com estilo pelo goleiro italiano.

No final, ainda veio o gol de empate, com Nathan Aké (bem melhor na lateral esquerda), aos 88'. Entretanto, o alívio não apagou a impressão: a Holanda ainda tem muito a resolver, se ainda quer desafiar dignamente França e Alemanha em seu grupo na Liga das Nações. E o tempo para isso é cada vez menor.

Amistoso
Itália 1x1 Holanda
Data: 4 de junho de 2018
Local: Allianz Stadium, em Turim
Árbitro: Vladislav Bezborodov (Rússia).
Gols: Simone Zaza, aos 67', e Nathan Aké, aos 88'

Itália: Mattia Perin; Davide Zappacosta (Mattia de Sciglio), Daniele Rugani, Alessio Romagnoli e Domenico Criscito; Bryan Cristante, Jorginho (Daniele Baselli) e Giacomo Bonaventura (Lorenzo Pellegrini); Simone Verdi (Federico Chiesa), Andrea Belotti (Simone Zaza) e Lorenzo Insigne (Leonardo Bonucci). Técnico: Roberto Mancini.

Holanda: Jasper Cillessen; Hans Hateboer (Daryl Janmaat), Matthijs de Ligt (Nathan Aké), Virgil van Dijk, Daley Blind (Wout Weghorst) e Tonny Vilhena; Georginio Wijnaldum, Marten de Roon (Quincy Promes) e Ruud Vormer (Steven Berghuis); Ryan Babel (Eljero Elia) e Memphis Depay. Técnico: Ronald Koeman.


2 comentários:

  1. Gostaria de ver nomes como Van Ginkel e Hendrix na seleção holandesa. Não vejo Vormer como o homem de criação que a Holanda precisa.

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  2. A Holanda vai ressurgir, tenho certeza. GO ORANJE!!!

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