O Jong Ajax consolidou a presença dos times B na segunda divisão, como campeão em 2017/18. Mas a concorrência será pesada e tradicional agora (Coen Willemsen/KNVB) |
Nem mesmo na própria Holanda o campeonato da segunda divisão é badalado (que dirá em outros países...). No entanto, quando os play-offs de acesso/descenso terminaram na temporada passada, decretando a queda do tradicional Sparta Rotterdam, alguns jornalistas já esfregaram as mãos com a ansiedade prévia. Não era sem motivo: NEC, Twente, Roda JC, Sparta Rotterdam, Volendam... sobrariam times tradicionais para disputar o título da Eerste Divisie (e o consequente acesso), nas 38 rodadas regulares e na repescagem posterior. Todos esses, sem contar os times B de PSV, AZ, Utrecht e Ajax - este último, campeão da temporada anterior, deixando a vaga na Eredivisie ao vice-campeão Fortuna Sittard.
De fato, a temporada que começa nesta sexta trará alguma movimentação à Keuken Kampioen Divisie - novo nome oficial da segunda divisão, graças ao patrocinador, uma... empresa de móveis para cozinhas. Cada um dos times tradicionais que a disputará tem condições de sonhar com o título - ou, pelo menos, com um dos "títulos de período" que garantem vaga na repescagem após as 38 rodadas (para mais esclarecimentos, confira aqui). O título do Jong Ajax já comprovou algo previsível desde a entrada dos times B na disputa, em 2015/16: com a possibilidade de escalarem jogadores do time de cima, para recuperarem o ritmo de jogo, ou de revelarem jogadores que se alternarão com as oportunidades na equipe adulta, os grandes serão concorrentes cada vez mais fortes pelo título. Sem contar equipes que já ensaiam o acesso há tempos, como MVV e Almere City.
A ver se o decorrer do campeonato justifica a expectativa de que esta será a mais equilibrada temporada da história da Eerste Divisie, a segunda divisão holandesa. Enquanto isso, fica uma rápida apresentação do campeonato.
Os tradicionais
O Twente, enfim, se vê diante de seu pesadelo: disputar a segunda divisão, consequência dos vários problemas financeiros por que o clube passou. Pior: havia temor até de perder a licença profissional. Pelo menos, um grupo de empresários da cidade de Enschede investiu nos Tukkers, que poderão tentar o retorno à Eredivisie com um time cheio de remanescentes (o goleiro Joël Drommel, o zagueiro Peet Bijen, os atacantes Tom Boere e Oussama Assaidi), com algumas novidades valiosas (como o volante Wout Brama, ídolo que volta ao clube, e o atacante espanhol Aitor Cantalapiedra). Bem visto pela torcida, o técnico Marino Pusic foi efetivado e terá chance de desenvolver o trabalho.
Por falar em técnicos, Henk Fräser já tinha anunciada a chegada ao Sparta Rotterdam antes mesmo da temporada passada acabar. Pois o treinador que vinha do Vitesse viu o trabalho se endurecer, com a vexatória queda para o Emmen, na decisão da repescagem, confirmando o rebaixamento. Pelo menos, o Sparta terá alguns úteis remanescentes (o goleiro Roy Kortsmit, o zagueiro Dries Wuytens, o meio-campista Stijn Spierings, o atacante Thomas Verhaar), e fez contratações muito boas, em tese, no ataque (Édouard Duplan e Lars Veldwijk).
Mas se os Kasteelheren de Roterdã terão pressão, muito mais terá o NEC: goleado pelo Emmen na segunda fase da repescagem, o time de Nijmegen passou por muitas mudanças, após o fim bruto do sonho da volta, após um ano na segunda divisão. Caberá aos atacantes Anass Achahbar e Brahim Darri serem os destaques do time que será comandado por Jack de Gier - que ainda viu o experiente goleiro Gino Coutinho chegar do AZ, bem como o volante Joey van den Berg voltar à Holanda.
O Roda JC parece ser, dos tradicionais, o time de trabalho mais consolidado. Mesmo com a queda, a continuação do técnico Robert Molenaar já estava confirmada. Todavia, alguns nomes importantes saíram do time, como Simon Gustafson e Mikhail Rosheuvel. A tarefa de manter o nível técnico suficiente para buscar o acesso, pelo título ou pelos play-offs, fica com nomes como os meio-campistas Mohamed El Makrini e Livio Milts, além do atacante Mario Engels.
E também merecem citação os clubes tradicionais que já estão há certo tempo sonhando com a volta à elite, mirando-se no exemplo do Fortuna Sittard: MVV, Almere City, FC Eindhoven, Go Ahead Eagles (que caiu em 2016/17), Cambuur (que caiu em 2015/16), Volendam... todos eles também estarão firmes para buscar a promoção, como campeão ou como um dos oito clubes garantidos na repescagem.
Os times B
Campeão da segunda divisão (sem subir, por motivos óbvios), o Jong Ajax foi o único time que trouxe alguma calma ao clube de Amsterdã, em meio a uma temporada perturbada. Se já foi assim na temporada passada, a ambição e o foco maiores que os Ajacieden parecem ter para 2018/19 tornam o time treinado por Michael Reiziger capaz de tentar o bicampeonato. Jogadores para isso não faltam. Para o gol, um dos raros não-holandeses: o croata Dominik Kotarski. Na defesa, Navajo Bakboord e Perr Schuurs; no meio-campo, Jürgen Ekkelenkamp, Dani de Wit e Azor Matusiwa; no ataque, Zakaria El Azzouzi (enfim efetivado, após muitos empréstimos), o brasileiro Danilo, Noa Lang e Kaj Sierhuis. Todos eles serão titulares - e todos eles serão vistos com carinho pelo técnico Erik ten Hag, para o time de cima.
No entanto, se o campeão é o Jong Ajax, o Jong PSV é que é mais badalado. Quando nada, porque o time B do clube de Eindhoven já sofreu perda considerável: o islandês Albert Gudmundsson, considerado um dos atacantes mais técnicos, tomou o caminho do AZ. Pelo menos, assim como no Ajax, gente experiente não falta para o técnico Dennis Haar. Alternar-se-ão entre os times A e B nomes como o goleiro Yanick van Osch (titular da seleção sub-21); o zagueiro Armando Obispo; o volante Pablo Rosario; o meio-campista Dante Rigo; os atacantes Cody Gakpo, Donyell Malen, Mauro Júnior e Joël Piroe (este, cobiçado pela Juventus). Mais um bocado de novatos que se alternarão entre os jogos da segunda divisão, às sextas ou segundas, e o banco de reservas nas partidas do time principal na Eredivisie. Rosario, então, está mais para titular sob Mark van Bommel.
Assim será com nomes como o atacante Ferdy Druijf, no time B do AZ. E como o atacante Nick Venema, na equipe de aspirantes do Utrecht. Porque, independentemente de títulos, esta é a grande utilidade da segunda divisão para os grandes clubes: revelar, revelar e revelar.
Parabéns pelo blog, fantástico!!!
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirParabéns pelo trabalho Felipe, acompanhava pela Trivela e contínuo por aqui.
ResponderExcluirFelipe é o melhor....sabe tudo de Futebol Holandês.
ExcluirAinda bem que com essa falta de campeonatos europeus este ano nas TVs por assinatura posso ainda assistir a Eredivisie....pois com vários motivos alegados pela ESPN BRASIL,FOX,Esporte Interativo para não transmitirem os outros campeonatos que já éuma PENA...Eu ficaria MUITO TRISTE se não pudesse ver os jogos do AJAX e tmb dos outros clubes....ainda bem que pelo menos nesta temporada AINDA NÓS FÃNS do futebol Holandês não fomos prejudicados....boa temporada 2018/2019 para todos que gostam da Eredivisie.
ResponderExcluirFelipe, há cerca de duas temporadas a 2a divisão contava com o Achilles29. Ele não podia subir, pois era amador. Quais outras particularidades tem um clube desse status? Digo em contratos, salários, etc. Pq nao se profissionalizar?
ResponderExcluirCaro Ítalo: na Holanda, um clube amador só pode jogar aos fins de semana (porque, nos dias úteis, obviamente, os jogadores trabalham). A impossibilidade de profissionalização se dá, na maioria das vezes, por causa dos custos vultosos para manter uma equipe na Eredivisie - e olha que, fora Ajax, nenhum dos clubes ali tem um orçamento invejável...
Excluir