sexta-feira, 16 de novembro de 2018

A reação está confirmada

Frenkie de Jong, Depay, Blind, De Roon, Vilhena, Wijnaldum, Aké... todos tiveram o final merecidamente feliz, com uma tremenda vitória da Holanda sobre a França (ANP)
A vitória por 3 a 0 sobre a Alemanha, na rodada passada da Liga das Nações, em outubro, já dava a impressão de que a seleção da Holanda estava recuperada e pronta para seguir em frente. No entanto, nada impedia que houvesse uma derrota para a França, nesta sexta-feira, em Roterdã, colocando o triunfo anterior na conta da "sorte de principiante". Afinal, o adversário era a seleção campeã mundial. Pois bem: depois do que se viu em 90 minutos, fora os acréscimos, já não são necessárias mais dúvidas ou desconfianças. A Laranja reagiu. Voltou a ser uma seleção de destaque. E provou isso no 2 a 0 sobre os Bleus, aumentando as chances de ir à fase final do torneio europeu de seleções.

Desde os primeiros minutos do jogo em De Kuip, já era notório que o time titular (o mesmo do triunfo sobre a Alemanha) tinha condições técnicas de causar problemas aos franceses - até porque o goleiro Hugo Lloris teve de aparecer bem já aos dois minutos, quando Memphis Depay cruzou a bola na área, da direita, e Georginio Wijnaldum arrematou forte para o rebote do arqueiro e capitão da seleção visitante. Parecia o começo de uma pressão irrespirável, diante de um estádio lotado. Não foi bem assim. Por causa da opção tática da França.

Os Bleus apostaram no estilo que tão certo deu na Copa vencida há alguns meses: deixavam a posse de bola (e até algum espaço) para a Holanda. Nos contra-ataques, bastava confiar na velocidade e na técnica de Kylian Mbappé - e nos avanços de Lucas Digne, pela esquerda. Foi assim que Antoine Griezmann teve uma chance (cabeceio pego por Jasper Cillessen, aos 11'). Foi assim que os gauleses passaram a ter mais posse de bola, no meio da etapa inicial - culminando no perigoso chute de Benjamin Pavard, por cima do gol de Cillessen, aos 28'.

O que não significava que a Holanda jogasse mal. Como já dito, o time da casa tinha espaços e tinha chances - como o chute de Depay, aos 15', para fora. Não faltava quem se destacasse: as seguras atuações de Virgil van Dijk, Denzel Dumfries e Daley Blind na defesa, o destaque sobressalente de Frenkie de Jong e Georginio Wijnaldum no meio, Memphis Depay enfim sendo o protagonista que sempre pôde ser no ataque. Só faltavam chances, num primeiro tempo que ia terminando meio sem emoções. 

Memphis Depay ouvirá elogios cada vez maiores: vive o grande momento de sua carreira. E Wijnaldum ouvirá: enfim, se destaca no meio-campo holandês (Peter Lous/Soccrates/Getty Images)
Mas veio uma, aos 44 minutos. Foi suficiente. Com um toque de sorte: após o cruzamento de Frenkie de Jong, Steven N'Zonzi desviou levemente na bola. E facilitou o domínio de Memphis, para chutar. Lloris fez a segunda de várias defesas notáveis no jogo em Roterdã. Mas deu o rebote. E Wijnaldum, livre para chegar ao ataque, pôde aproveitar e fazer 1 a 0. Nada estava definido, mas a vantagem era valiosa: dava tranquilidade. Até para tentar resistir à ofensiva francesa que talvez viesse no segundo tempo.

Surpresa: não veio. Os 45 minutos finais mostraram uma Holanda como não se via havia muito tempo: segura, imperturbável, ofensiva. Foram mais notáveis as defesas de Hugo Lloris (evitando dois chutes de Dumfries aos 62', espalmando falta de Memphis aos 73', outro arremate do camisa 10 aos 74', e finalmente, tentativa de Frenkie de Jong, já nos acréscimos) do que qualquer tentativa da seleção francesa. Graças à segurança esbanjada por Van Dijk, Blind, Matthijs de Ligt e Dumfries - este, cada vez mais firme na lateral direita. E também, diga-se de passagem, às atuações menos inspiradas de Griezmann e Mbappé.

Preciso nos desarmes, preciso nos passes: Frenkie de Jong teve uma atuação para justificar por que seu nome é cada vez mais falado (John Thys/ANP)
O final do jogo aumentou a pressão francesa, com N'Golo Kanté e Tanguy Ndombelé indo mais à frente, trazendo a bola. Mas a Holanda seguiu apostando nos contra-ataques. Memphis Depay mostrava maturidade insuspeita em outros tempos - segurando a bola, trazendo perigo, sendo o grande destaque da partida. Enfim, já nos acréscimos, veio o pênalti de Moussa Sissoko em Frenkie de Jong, outro luminar da partida. E a "cavadinha" de Memphis para o 2 a 0, rebaixando a Alemanha na Liga das Nações, tornando a Holanda a grande favorita em seu grupo na Liga A, levando De Kuip à loucura (15ª vitória seguida da seleção no estádio), motivando grande comemoração dos próprios jogadores.

Tão grande, aliás, que eles mesmos não sabiam como descrevê-la. "Estou sem palavras", exclamou Wijnaldum à emissora NOS. Discreto, Ronald Koeman só elogiou: "Eu não esperava que este grupo tivesse uma leitura tão boa do jogo, que jogasse tão maduro. A França não veio aqui para jogar bonito, então seria difícil ter paciência e esperar o momento certo. Por isso, merecem muitos cumprimentos". Depay mantinha a cabeça fria: "Por essas atuações, nota-se que estamos no caminho certo. Mas nada está ganho ainda".

De fato, a Holanda ainda precisa de um ponto para avançar à fase final da Liga das Nações. E uma vitória alemã em Gelsenkirchen, na terça, é bem possível. Mas já dá para dizer: será difícil conter a Laranja. Antes ainda havia incertezas se ela podia fazer frente. Agora não há mais: ela pode. A reação está confirmada.

Liga das Nações da UEFA - Liga A - Grupo 1
Holanda 2x0 França
Local: De Kuip (Roterdã)
Data: 16 de novembro de 2018
Árbitro: Anthony Taylor (Inglaterra)
Gols: Georginio Wijnaldum, aos 44'; Memphis Depay, aos 90' + 5

Holanda
Jasper Cillessen; Denzel Dumfries, Matthijs de Ligt, Virgil van Dijk e Daley Blind; Marten de Roon, Frenkie de Jong e Georginio Wijnaldum (Nathan Aké); Steven Bergwijn (Quincy Promes), Ryan Babel (Tonny Vilhena) e Memphis Depay. Técnico: Ronald Koeman

França
Hugo Lloris; Benjamin Pavard, Raphaël Varane, Presnel Kimpembe e Lucas Digne; N'Golo Kanté e Steven N'Zonzi (Tanguy Ndombélé); Kylian Mbappé, Blaise Matuidi (Moussa Sissoko) e Antoine Griezmann; Olivier Giroud (Ousmane Dembélé). Técnico: Didier Deschamps

5 comentários:

  1. Estou muito feliz com este novo momento da Oranje. Há muito tempo não víamos a Holanda jogar tão bem assim. A Holanda faz um bem enorme ao futebol e me sinto tão feliz pelo fato de ela está voltando.

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  2. Koeman trouxe o repeito de volta à Seleção Holandesa. Hoje, pelo volume de jogo da Holanda diante dos franceses o placar final poderia ser 4x1 em favor da Orange .No primeiro tempo houve um certo equilíbrio, Holanda fez o gol no fim da primeira etapa com Wijnaldum, mas no segundo tempo ficou notório o domínio dos holandeses, a Orange teve várias oportunidades de ampliar o placar, parando por diversas vezes em Hugo Lloris, mas novamente no final achou o gol com a cavadinha de M.Depay no estilo Panenka. Holanda 2 x 0 França e outra grande atuação dos holandeses como havia sido nos 3 x0 diante dos alemães.O time todo da Holanda jogou muita bola, teve muita personalidade e buscando sempre o ataque no estilo holandês de jogar.Temos de destacar para mais uma grande atuação do garoto Dumfries, Wijnaldum que vem jogando muito e novamente deixou sua marca , M.Depay que segue imparável, liderando o ataque da Holanda, e confirmando o grande jogador que tanto se esperava desde a sua saída do PSV.E o que dizermos de Frenkie de Jong? Um jogador que tem muita classe pra jogar, com uma técnica apurada e muita visão de jogo,o que me faz lembrar a lenda Frank de Boer do Ajax, Barcelona e seleção Holandesa, ou até mesmo o excelente Wim Jonk, um craque também e que jogou as Copas de 1994 e 1998 pela Orange e que segundo Vampeta seu companheiro nos tempos de PSV, em uma entrevista para a revista Placar, o grande nome do meio campo da Holanda na Copa de 1998 era o Jonk, até mais que Davids e Seedorf e realmente Wim Jonk era um jogador completo, excepcional e Frenkie de Jong segue esse mesmo caminho, de grandes jogadores holandeses que brilharam e construíram uma grande história no mundo do futebol.

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  3. Belo texto!! só uma correção, Foi Frenkie de Jong que deu o cruzamento que originou o primeiro gol! e não Daley Blind!! Mas que jogo da Oranje!! a laranja está de volta!!!

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  4. Em boa hora apareceram novos talentos para a Laranja. Frenkie de Jong, De ligt, Dumfries ainda tem muita bola pela frente. Os veteranos que ficaram, Babel, wijnaldum e Blind deram estabilidade ao time. Cilessen seguro e principalmente o jogo coletivo que vi no segundo tempo me impressionou, por se tratar de seleção, com jogadores de times diversos e nem sempre com tempo pra treinar juntos. Mérito para a inteligência dos jogadores, que fizeram ótima leitura de jogo. Ainda temos a batalha de Gelsenkirchen, mas estou feliz com a afirmação dessa nova Laranja.

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