O primeiro gol do Ajax até demorou. Mas foi a abertura para uma vitória merecida e categórica na Liga Europa (Soccrates/Getty Images) |
O meio-campo é o lugar dos craques, diz a conhecida canção. Não chega a ser o caso do Ajax - Ryan Gravenberch é uma promessa, e Davy Klaassen mostra muita utilidade no time de Amsterdã, mas nenhum dos dois é craque. O que não quer dizer que não sejam importantes. Pois foi a partir do meio-campo Ajacied que começou a ser construída a vitória inquestionável sobre o Young Boys suíço, por 3 a 0, no jogo de ida das oitavas de final da Liga Europa, já deixando a equipe holandesa com uma valiosa vantagem para o jogo da volta, na próxima quinta, em Berna.
Está certo que a primeira chance do Ajax no jogo veio do ataque, numa triangulação surgida na esquerda: Nicolás Tagliafico lançou em profundidade, David Neres cruzou, Antony cabeceou para a defesa do goleiro Guillaume Faivre, aos 5'. No entanto, em várias chances seguintes dos donos da casa na Johan Cruyff Arena, Gravenberch esteve presente: no drible de corpo que originou a jogada concluída com o cabeceio de Antony para fora (aos 13'), no chute espalmado por Faivre (aos 15') e até numa jogada truncada, que David Neres tentou continuar, mas que só Dusan Tadic conseguiu finalizar, para outra defesa de Faivre (aos 36'). Merecendo menção, houve ainda um chute de David Neres, na rede pelo lado de fora, aos 17'.
Em suma, o Ajax dominava. Nada se via dos perigos que o Young Boys poderia trazer - por exemplo, a rapidez nas jogadas pelas pontas (tanto que o veterano Miralem Sulejmani, muito conhecido em Amsterdã, saiu no intervalo), ou mesmo velocidade por parte de Meschack Elia e Jean-Pierre Nsame, a dupla de ataque dos aurinegros de Berna. Talvez pelo mau dia do time como um todo. Talvez, também, pela ótima atuação de Jurriën Timber e Lisandro Martínez na zaga - e também pela proteção perfeita que Édson Álvarez fez a ambos, não só evitando maior perigo do time vindo da Suíça, mas também possibilitando que Gravenberch e Klaassen pudessem ajudar mais o ataque.
Se Gravenberch fez isso no primeiro tempo, Klaassen o fez no segundo - não sem antes os defensores ajudarem no perigo (Martínez escorou, e Álvarez cabeceou para Faivre novamente evitar o gol do Ajax - e olha que Faivre é o reserva do Young Boys, substituindo Steve van Ballmoos, que se recupera de concussão...). Logo depois, aos 54', Antony ajeitou bem a bola, mas chutou para fora. O domínio do time holandês era tamanho, que o 0 a 0 insistente no placar ficava cada vez mais perigoso. Pois bem: coube a Klaassen o gol do desafogo, aos 62', completando na área uma tabela rápida com Tadic.
E aí, o jogo estava resolvido. Gravenberch e Klaassen seguiam imperando no meio-campo; o ataque do Ajax seguia movimentado, com a boa entrada (mais uma) de Brian Brobbey e a atuação razoável de David Neres. Aos 82', Tadic fez o gol que ampliou justamente a vantagem do time da casa. O terceiro gol poderia ter vindo com Brobbey já aos 86' - ele chutou na trave -, mas veio nos acréscimos, com passe de Gravenberch, completando a vitória. Tão inquestionável que o técnico Erik ten Hag comentou à ESPN holandesa, honesto: "Nós acabamos com eles".
O meio-campo começou a vitória do Ajax. E conseguiu uma vantagem que possibilita imaginar que o fim da campanha do time de Amsterdã na Liga Europa não será na próxima semana, em Berna. Dependendo do sorteio, nem nas quartas de final...
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