terça-feira, 7 de setembro de 2021

O horizonte se abriu

A atuação de Memphis Depay mereceu aplausos. Que podem ser estendidos à seleção da Holanda como um todo: contra a Turquia, goleada para comprovar a capacidade da equipe (Pro Shots)

A seleção masculina da Holanda (Países Baixos) tinha chegado à encruzilhada. O jogo contra a Turquia, na sexta rodada das eliminatórias da Copa de 2022, era daqueles que definem rumos: enfrentando a líder do grupo G da qualificação, ou a Laranja se impunha e provava que é um time capacitado para estar na Copa, ou voltava a sombra das decepções que tanto deixaram a torcida calejada, nos últmos anos. Pois bem: em campo, como deve ser, a Oranje dizimou as desconfianças. Foi o que a torcida quis ver em Amsterdã: um time ofensivo, vivaz, que não descansou em nenhum dos 90 minutos. Imposição cravada na forma de uma goleada inapelável nos turcos: 6 a 1, indo à liderança do grupo, aumentando muito as esperanças de retornar a um Mundial.

E as esperanças nem demoraram muito para florescerem: bastaram 59 segundos de bola rolando na Johan Cruyff Arena, para as qualidades aparecerem numa jogada bem encaixada. A velocidade de Denzel Dumfries nas chegadas pela direita. A colaboração de Steven Berghuis nas jogadas ofensivas, vista em mais um cruzamento. A classe de Memphis Depay, na tabela com Davy Klaassen. E a segurança do próprio Klaassen, que coroou a jogada com o chute cruzado, que bateu na trave antes do 1 a 0. Se houvesse qualquer dúvida do entendimento primoroso entre Klaassen e Memphis no jogo, ele se acabou com a jogada mais bonita ainda do 2 a 0, aos 16': Depay passou, Klaassen devolveu de calcanhar, e o atacante completou com chute cruzado.

Não que a Turquia estivesse amedrontada: os visitantes buscavam tentar equilibrar na força física, avançavam ao menor sinal de fragilidade da defesa holandesa, tentavam arremates de fora da área (como Orkun Kökcü tentou, aos 10'). Mas a Holanda simplesmente não dava espaço. Quando tinha a bola, se mexia, ia para o ataque, acelerava as jogadas. Quando não fazia o gol, fazia o goleiro Ügürcan Çakir trabalhar, em chutes da entrada da área - como Depay fez, aos 22'. O pênalti em Klaassen, aos 37', coroado com a cavadinha de Memphis Depay para o terceiro gol, deixou claro como a equipe da casa dominou as ações, num primeiro tempo como não se via dos neerlandeses havia muito tempo. E a expulsão de Çaglar Soyüncü - segundo cartão amarelo aos 44', após derrubar Memphis - simbolizou como a Turquia estava atordoada diante de um anfitrião tão imperioso.

Malen foi impetuoso com a bola nos pés. Simbolizou uma Laranja que não descansou um minuto sequer, acuando a Turquia e construindo goleada inquestionável (ANP)

Tentou-se uma mudança do lado dos visitantes, com Ozan Tufan vindo a campo para tentar acelerar as jogadas (Hakan Çalhanoglu foi neutralizado por Frenkie de Jong e Stefan de Vrij), e Ozan Kabak tentaria fechar o espaço irremediavelmente aberto pela expulsão de Soyüncü. Pelo menos no começo, até que a Turquia melhorou - Yilmaz enfim teve uma chance, aos 48'. Mas a Holanda também teve mudanças nela - a entrada de Teun Koopmeiners, enfim ganhando uma chance substancial. E continuou igual, como indicou o 4 a 0 aos 54', feito por um Memphis Depay imparável, confirmando o excelente início de temporada.

Koopmeiners cuidou da proteção à defesa, fazendo bem o que Frenkie de Jong já fazia. E as outras entradas também melhoraram a Laranja: Guus Til mostrou movimentação no meio-campo, e a confiança com a bola nos pés fez Donyell Malen chegar constantemente à área. Quem continuava em campo também seguia buscando o gol - como Berghuis, que chutava a gol vez por outra (como aos 62'). Até mesmo o goleiro Justin Bijlow aparecia bem, uma vez, aos 68', num chute de Cengiz Ünder. Curiosamente, o segundo tempo foi terminando como o primeiro começara: uma Holanda ofensiva, encurralando a Turquia. Resultou em mais dois gols: o passe milimétrico de Koopmeiners para Til fazer 5 a 0, aos 80', e a impetuosidade de Malen o premiando com o sexto, no último minuto.

A volúpia neerlandesa em campo ficou notável até na lamentação geral do time com o gol de honra turco, surgido numa desatenção entre Bijlow e Van Dijk (ainda com algo de ritmo e tempo de bola a recuperar). Mas qualquer traço de condenação seria injusto, diante de uma seleção que deu o passo que faltava. Tendo Letônia, Gibraltar e Montenegro, os três adversários mais fracos do grupo, nas próximas três rodadas, a sensação é de que o horizonte se abriu para a Holanda. Após turbulências, a rota da Copa aparentemente foi encontrada.

Eliminatórias para a Copa de 2022 - Europa
Holanda 6x1 Turquia
Data: 7 de setembro de 2021
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Juiz: Daniele Orsato (Itália)
Gols: Davy Klaassen, a 1', Memphis Depay, aos 16', aos 37' e aos 54', Guus Til, aos 80', Donyell Malen, aos 90', e Cengiz Ünder, aos 90' + 1

Holanda
Justin Bijlow; Denzel Dumfries (Devyne Rensch, aos 71'), Stefan de Vrij, Virgil van Dijk e Tyrell Malacia; Georginio Wijnaldum (Guus Til, aos 61'), Frenkie de Jong (Teun Koopmeiners, depois do intervalo) e Davy Klaassen (Ryan Gravenberch, aos 71'); Steven Berghuis, Memphis Depay e Steven Bergwijn (Donyell Malen, aos 61'). Técnico: Louis van Gaal

Turquia
Ugurcan Çakir; Kaan Ayhan, Merih Demiral, Çaglar Soyüncü e Mert Müldür; Okay Yokuslu e Orkun Kökcü (Ozan Tufan, depois do intervalo); Cengiz Ünder, Hakan Çalhanoglu (Halil Dervisoglu, aos 86') e Kenan Karaman (Ozan Kabak, depois do intervalo); Burak Yilmaz (Kerem Aktürkoglu, aos 65'). Técnico: Senol Günes

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