Final feliz: a decisão contra a Noruega foi tensa durante a maior parte dos 90 minutos, mas afinal a Holanda fez os gols, fez o que precisava, e voltará à Copa do Mundo (Pim Ras) |
Era para De Kuip estar lotado nesta terça-feira, quando a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) enfrentasse a Noruega, na última rodada das eliminatórias da Copa de 2022. O bloqueio parcial imposto pelo governo do país, para conter a nova onda de infecções pelo coronavírus, fez com que o estádio ficasse sem público. Cenário até mais apropriado para uma partida com mais tensão do que brilho. Partida na qual a Holanda foi só um pouco melhor do que no infeliz 2 a 2 contra Montenegro. Pelo menos, foi o suficiente para a Laranja conseguir o que precisava e desejava: vitória, e garantia do retorno a um Mundial, após oito anos de ausência.
Desde o princípio de jogo, ficou claro que o ritmo seria o habitual num jogo da Oranje: posse de bola massiva do time da casa, diante de uma Noruega retraída. Por um lado, havia melhoras inegáveis. A intensidade era maior, o ritmo do time era mais acelerado. Além do mais, nos raríssimos espaços que os visitantes cediam na defesa, os pontas escalados tentavam criar jogadas. Arnaut Danjuma buscava dribles na esquerda - e teve até uma finalização, aos 26', chutando colocado para fora. Mas principalmente, Steven Bergwijn era veloz na direita. E cruzava bolas: como aos 13' e aos 28', ambos completados pela cabeça de Memphis Depay, ambos defendidos pelo goleiro Orjan Nyland. Aliás, a direita era o lugar preferencial para as tentativas da Holanda: além de Bergwijn, Denzel Dumfries e Davy Klaassen também apareciam bastante por ali. Sem contar Memphis Depay: além dos cabeceios supracitados, houve ainda um belo voleio do camisa 10, aos 40', também defendido por Nyland.
Porém, mesmo com essas melhoras, mesmo com as ameaças nulas da Noruega (nenhum chute a gol no primeiro tempo), a Holanda também não impressionava. Era só um pouco mais segura do que fora contra Montenegro. Apenas cuidava de manter o empate. Era compreensível: afinal, mesmo com a vitória sobre os montenegrinos (2 a 1), a Turquia precisaria vencer por 13 ou mais gols de diferença se quisesse o primeiro lugar do grupo. Mas também era muito arriscado: por mais que a igualdade fosse um placar seguro para a Laranja, qualquer erro poderia colocar os visitantes na frente em De Kuip. Erro que poderia surgir numa jogada exageradamente previsível: a troca de passes entre Virgil van Dijk, Matthijs de Ligt (substituto do lesionado Stefan de Vrij) e Jasper Cillessen (o goleiro escolhido para substituir o também machucado Justin Bijlow). Era para manter a posse de bola. Dava certo. Mas qualquer erro...
À frente, Bergwijn sai para comemorar o gol que coroou ótima atuação. Atrás, desfocado, Daley Blind ajoelhava: era o fim da tensão (Pro Shots) |
Erro que certamente a Noruega tentaria forçar. Não só com quem já estava em campo (Martin Odegaard, Mohamed Elyounoussi, Alexander Sorloth), mas com quem entrou no intervalo, como Jens Petter Hauge e Kristian Thorstvedt - que tentou um chute aos 55'. Ainda assim, no fio da navalha, a Holanda mantinha o controle. Na tribuna em que estava sentado, numa cadeira de rodas (após o acidente ciclístico sofrido no domingo), Louis van Gaal gostava do que via - "Já no intervalo, eu os parabenizei por estarem seguindo o plano de jogo", revelou o técnico na coletiva de imprensa. Mas ficava a tensão, num jogo ruim: e se algo desse errado?
Não só não deu, como aos poucos os espaços apareceram para a Holanda. De novo, nos cruzamentos de Bergwijn. Primeiro, aos 65', Danjuma completou para fora; aos 77', Memphis Depay tentou duas vezes - a primeira foi rebatida, a segunda também saiu. Curiosamente, só numa jogada de troca de passes é que veio o gol indicador do alívio. Daley Blind (bem melhor nesta terça) passou a Memphis, este deu a bola a Danjuma, que ajeitou para Bergwijn bater como todo atacante gosta: chute forte, seco, para estufar a rede e fazer 1 a 0. Não bastasse isso, Bergwijn ainda coroou sua atuação como melhor do jogo puxando o contra-ataque do último gol, já nos acréscimos, apenas servindo Memphis Depay para que ele se tornasse um dos goleadores das eliminatórias europeias, marcando seu 12º gol na campanha.
Foi uma atuação apenas protocolar da Holanda. Se houve volta à Copa, foi uma volta por baixo, não por cima. Pela porta dos fundos. Mas isso não importava muito, como o capitão Van Dijk lembrou após o jogo, à emissora NOS: "O que importava era o resultado". Então, era o típico caso de "tudo bem quando acaba bem". E acabou bem. Com a vaga no Mundial.
Eliminatórias para a Copa de 2022 - Europa
Holanda 2x0 Noruega
Data: 16 de novembro de 2021
Local: De Kuip (Roterdã)
Juiz: Clément Turpin (França)
Gols: Steven Bergwijn, aos 84', e Memphis Depay, aos 90' + 1
Holanda
Jasper Cillessen; Denzel Dumfries, Matthijs de Ligt, Virgil van Dijk e Daley Blind; Georginio Wijnaldum, Frenkie de Jong e Davy Klaassen (Marten de Roon); Steven Bergwijn, Memphis Depay e Arnaut Danjuma (Nathan Aké). Técnico: Louis van Gaal
Noruega
Orjan Nyland; Marcus Pedersen (Thomas Olsen), Stefan Strandbergh, Andreas Hanche-Olsen e Birger Meling; Martin Odegaard, Mathias Normann (Stian Gregersen), Morten Thorsby (Kristian Thorstvedt) e Ola Solbakken (Jens Petter Hauge) (Joshua King); Alexander Sorloth e Mohamed Elyounoussi. Técnico: Stale Solbakken
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