A Holanda precisa ganhar os dois últimos jogos das eliminatórias, se quiser ir à Copa do Mundo sem drama. No grupo de convocados, a tranquilidade da confiança de que o time é capaz disso (KNVB Media) |
Pressão. É o que define, um pouco, a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) para os dois últimos jogos das eliminatórias europeias da Copa de 2022. Mesmo liderando o grupo G da qualificação, a Laranja sabe: se quiser a vaga no Mundial sem sobressaltos, tem de ganhar as partidas derradeiras, contra Montenegro (sábado, às 16h45 de Brasília, em Podgorica) e Noruega (terça-feira, também às 16h45 de Brasília, em Roterdã). Porém, vale repetir o escrito acima: é só "um pouco" de pressão, nada que perturbe o ambiente entre os 24 convocados pelo técnico Louis van Gaal.
Ao mesmo tempo em que os resultados positivos são obrigatórios, há a confiança: a seleção dos homens tem total capacidade de consegui-los. Além do mais, a situação neerlandesa no grupo ainda é tranquila. São só dois pontos de vantagem para a vice-líder Noruega, é verdade: 19, contra 17. Mas vencendo os montenegrinos, a Holanda irá para a partida direta não só com a vitória como alternativa, mas também contando com um empate: primeiro critério de desempate nos grupos, o saldo de gols lhe é francamente favorável (+23, contra +9 dos noruegueses). Aliás, a situação pode se resolver antecipadamente neste sábado: em caso de vitória da Holanda, se a Noruega tropeçar contra a Letônia (também no sábado), a Laranja está na Copa.
O que, obviamente, não quer dizer que os trabalhos no centro da federação, na cidade de Zeist, estão sendo feitos sob sombra e água fresca. Van Gaal, inclusive, foi o primeiro a alertar sobre a primeira casca de banana que pode estar no caminho dos holandeses, na entrevista coletiva da terça-feira passada: "Montenegro tem jogadores de grande qualidade individual. Só começamos a jogar bem [na vitória por 4 a 0 sobre os montenegrinos] quando nossos pontas se colocaram na posição certa". Por falar em pontas, eis aí, talvez, o único problema da escalação para os próximos jogos - até porque Van Gaal ainda não testará o esquema com três zagueiros, que já disse ter como alternativa ("Não conseguiria colocar esse esquema em dois ou três dias").
Voltando às pontas: habitual titular na esquerda do ataque, Cody Gakpo sequer foi convocado, por um problema muscular. Na direita, Steven Berghuis, que jogou bem nas partidas contra Letônia e Gibraltar, foi cortado da convocação na segunda passada, em razão de outro problema físico (que já o tirara do Ajax, na rodada passada do Campeonato Holandês). Aí, sim, Van Gaal lamentou: "Eu tenho mais opções na esquerda do que na direita". Opções resumidas, no caso, em Steven Bergwijn (de volta às convocações, no lugar de Berghuis) e Donyell Malen, ambos destros.
O treinador acrescentou que prefere Noa Lang e Arnaut Danjuma, os outros ponteiros, jogando na esquerda. Pelo menos, há uma perspectiva de volta de Berghuis à convocação, para pegar a Noruega, mesmo que o treinador não acredite muito nisso: "Os médicos é que dirão se isso é possível, não eu. Se ele [Berghuis] tiver uma recuperação formidável em uma semana, pode se integrar. Mas não espero por isso”. Pelo menos, Danjuma, a boa novidade na goleada contra Gibraltar, mostrou estar recuperado da lesão sofrida pelo Villarreal, na rodada passada do Campeonato Espanhol. E o jovem mostrou entusiasmo, em entrevista à revista Voetbal International: "A Holanda ainda não viu o melhor Danjuma".
Após um ano turbulento, Cillessen está de volta às convocações da seleção masculina (Marcel van Dorst/Pro Shots) |
No mais, de novidades notáveis, apenas outro retorno: reagindo no Valencia, Jasper Cillessen voltou a ser um dos goleiros convocados, entrando no lugar de Joël Drommel, outro cortado. Por mais que Van Gaal já tenha antecipado que Cillessen volta como terceiro goleiro no grupo (Justin Bijlow seguirá titular, Mark Flekken é o reserva e Tim Krul pediu para se ausentar nestas datas FIFA), o experiente arqueiro celebrou a chamada, após várias turbulências na carreira, das lesões ao polêmico corte na Euro: "Fechei um período confuso. Não quero mais olhar para trás".
No mais, nenhum problema na Holanda. De Frenkie de Jong a Memphis Depay, passando por Stefan de Vrij, Georginio Wijnaldum (só não treinou na quarta) e Virgil van Dijk, os destaques estão por lá. Van Dijk, inclusive, mostrou tremenda motivação para ir à Copa nas declarações à Voetbal International: "Sou o capitão, já estou na seleção há seis anos, mas nunca joguei um grande torneio. Além da lesão [no joelho], também lamentei não ir à Euro por isso". No banco de reservas, Van Gaal também acredita que a ofensividade holandesa pode fazer a diferença: "Vimos que todo time acaba se fechando contra nós. Seja Turquia, Gibraltar ou Montenegro: todos eles jogaram fechados na defesa”.
Como a seleção masculina tem mostrado intensidade no ataque e atenção nas finalizações, aumentou a confiança de torcida e imprensa. É certo que a torcida fará falta: os ingressos estavam esgotados, mas o bloqueio parcial anunciado pelo governo dos Países Baixos provavelmente fará com que o jogo contra a Noruega seja disputado com portões fechados. Mesmo assim, segue a confiança de que a seleção masculina holandesa tem tudo para comemorar a volta a uma Copa do Mundo. Há pressão, é claro. Mas é uma pressão tranquila. E mesmo se tudo isso der errado e vierem duas derrotas para a Oranje, pelo menos há a repescagem, em março de 2022...
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