quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Nada tanto assim

O Ajax jogou bem, mas teve falhas. E o Benfica as aproveitou para sinalizar: este jogo está mais aberto do que podia parecer na Liga dos Campeões (ANP)

100% de aproveitamento na fase de grupos, coisa que não era conseguida por um time da Holanda (Países Baixos) na Liga dos Campeões desde 1996. O domínio esperado na liderança do Campeonato Holandês. Uma equipe badalada, com jogadores badalados - e técnico idem -, conseguindo manter do lado de fora do gramado os problemas por que passa a diretoria do Ajax. Muito se pensava que a equipe de Amsterdã era franca favorita diante do Benfica, nas oitavas de final. Bem, o time Ajacied até mostrou talento na partida de ida, em Lisboa. Mas a equipe portuguesa também mostrou seu talento, aproveitando algumas inegáveis falhas dos visitantes. O 2 a 2 exemplificou muito bem as alternâncias de superioridade. E fez mais: mostrou que nada está decidido.

Pelo modo como a partida no Estádio da Luz começou, de fato, o Ajax parecia com todas as condições para se impor diante dos Encarnados, mesmo fora de casa. Começando com a pressão sobre a zaga lenta do Benfica, com os avanços de Noussair Mazraoui pela direita, o ataque dos Amsterdammers estava fortalecido. A tal ponto que o gol até demorou. Mas quando saiu, foi bonito, mostrando a intensidade: Mazraoui roubou a bola de Jan Vertonghen, tabelou com Antony e cruzou para a finalização de classe com que Dusan Tadic abriu o placar.

O que não quer dizer que as coisas ficaram perfeitas depois. Desde então, as laterais do Ajax tiveram muito espaço a ser explorado - principalmente a esquerda, onde Daley Blind sofreu com Rafa Silva já após a vantagem dos visitantes. Não à toa, ali surgiu a jogada de uma bola defendida por Pasveer - e que rendeu o escanteio no qual saiu o empate acidental, num chute de Vertonghen desviado acidentalmente por... Sébastien Haller. Que fazia mais um gol, como costuma fazer na Liga dos Campeões. Mas do lado errado.

Sébastien Haller cometeu gol contra? Tudo bem: fez a favor também, consolidando o começo superior do Ajax (ANP)

Bem melhor para Haller foi fazê-lo do lado certo, pouco depois, aproveitando rebote e reestabelecendo a vantagem do Ajax no primeiro tempo, com seu 11º gol na Liga dos Campeões. O marfinense segurava a bola no ataque, Antony e Dusan Tadic auxiliavam nas pontas, Mazraoui seguia aparecendo muito bem. E tudo isso, sem contar avanços esporádicos, como o de Edson Álvarez, que acertou a bola na trave, aos 43'. Era um bom símbolo de como o Ajax fora superior no primeiro tempo.

O gol perdido faria falta. Porque o Benfica voltaria melhor no segundo tempo. Aproveitando o ritmo diminuído do Ajax - até pelo cansaço -, o time da casa voltou a ter intensidade no ataque. Rafa Silva seguia dando muito trabalho a Blind na direita, Darwin Núñez causava problemas ao miolo de zaga (principalmente a Lisandro Martínez, que já precisara interceptar um chute), e cada contra-ataque benfiquista encontrava um espaço aberto pelos avanços insistentes do Ajax, tentando o terceiro gol que encaminharia a vitória. A entrada de Roman Yaremchuk, no ataque, aumentou a pressão dos mandantes.

De certa forma, o gol do merecido empate comprovou tudo isso. Os avanços algo desesperados do Ajax: logo antes do gol, Jurriën Timber viera de uma área à outra, e reclamara pênalti sofrido. Uma certa demora de Erik ten Hag em fazer alterações: Nicolás Tagliafico já esperava para substituir Blind. A melhora do Benfica, com mais um contragolpe puxado velozmente por Rafa Silva, e concluído no chute rebatido por Remko Pasveer, e aproveitado por Yaremchuk para o 2 a 2.

O Ajax jogou bem. Continua favorito para obter a vaga em Amsterdã, no jogo de volta, em 15 de março. Mas nada tanto assim.

Liga dos Campeões - oitavas de final - jogo de ida

Benfica 2x2 Ajax

Local: Estádio da Luz (Lisboa)
Data: 23 de fevereiro de 2022
Árbitro: Slatko Vincic (Eslovênia)
Gols: Dusan Tadic, aos 18', Sébastien Haller (contra), aos 26', Sébastien Haller, aos 29', e Roman Yaremchuk, aos 72'

Benfica
Odisseas Vlachodimos; Gilberto (Diogo Gonçalves), Nicolás Otamendi, Jan Vertonghen e Álex Grimaldo; Rafa Silva, Julian Weigl, Adel Taarabt e Everton (Roman Yaremchuk); Darwin Núñez (Valentino Lazaro) e Gonçalo Ramos. Técnico: Nélson Veríssimo

Ajax
Remko Pasveer; Noussair Mazraoui (Devyne Rensch), Jurriën Timber, Lisandro Martínez e Daley Blind (Nicolás Tagliafico); Edson Álvarez, Steven Berghuis e Ryan Gravenberch (Davy Klaassen); Antony, Sébastien Haller e Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag

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