A Holanda vinha numa leve evolução durante esta Euro. Mas tinha erros. Foram duramente punidos pela República Tcheca, que fez a Laranja voltar várias casas com a eliminação na Euro (Pro Shots) |
A seleção masculina da Holanda (Países Baixos) fizera uma boa fase de grupos. Ainda tinha defeitos a consertar - algumas fragilidades defensivas, por exemplo -, mas se notava uma leve evolução. Era como a lenta construção de um castelo de cartas. Tudo acabou bruscamente neste domingo. O castelo caiu, graças a um sopro da República Tcheca. Que impôs seu estilo de força física, bolas altas e mais segurança sobre o que fazer em campo, para superar uma Laranja atarantada, fazer 2 a 0 e ir às quartas de final da Euro. Pode ter sido uma surpresa, mas foi muito merecida.
No começo em Budapeste, até parecia que essa surpresa não aconteceria. Se a força da Tchéquia era o jogo pelo alto, a Holanda começou tentando: logo aos 8', num escanteio curto, Matthijs de Ligt podia até estar impedido, mas cabeceou e quase abriu o placar. Aos 13', outra bola alta quase abriu o caminho do gol: iniciando muito bem a partida na Ferenc Puskas Arena, Daley Blind lançou até o ataque, e Denzel Dumfries superou Tomas Kalas e o goleiro Tomas Vaclik, que saiu cedo do gol - só que Kalas se recompôs para evitar o 1 a 0, bloqueando o chute. Até ali, com relativa rapidez na troca de passes, aproveitando a escalação de Donyell Malen, a Holanda ensaiava o gol.
O ensaio acabou a partir da metade do primeiro tempo. Foi quando a República Tcheca começou a ter mais a bola nos pés. Começou a impor mais a sua força física, nas jogadas pelo alto - assim criou a primeira chance, aos 22', quando Petr Sevcik cruzou, e Tomas Soucek quase fez, de cabeça. E mostrou até velocidade na troca de passes (principalmente pela direita, com Vladimir Coufal): foi assim na grande chance dos tchecos durante a etapa inicial, aos 38', quando Lukas Masopust ajeitou e Antonín Barák só não abriu o placar porque De Ligt bloqueou seu chute na hora precisa. A Laranja não tinha mais espaço para trocar passes e acelerar o jogo. Só conseguiu fazer isso aos 31' (um chute de Malen bloqueado por Ondrej Celustka) e aos 39' (jogada individual de Dumfries, concluída com um chute rebatido por Vaclik). No mais, já chamava a atenção a quantidade de vezes em que Maarten Stekelenburg recebia a bola recuada, para recomeçar as jogadas com um chute longo. Sinal preocupante de falta de criatividade neerlandesa.
De Ligt sai, sozinho, após ser expulso. Já estava difícil para a Holanda. Ficou ainda mais (Getty Images) |
No segundo tempo, poderia ter sido diferente a partir dos 52', quando Malen fez uma excelente jogada e ficou cara a cara com Vaclik, sem mais ninguém a marcá-lo. Preferiu tentar o drible, e o goleiro da Tchéquia, bem posicionado, fez a defesa. Dois minutos depois, outra bola alta. Superado (e levemente empurrado) por Patrik Schick, De Ligt escorregou. Decidiu evitar a sequência do lance pondo a mão na bola. Levou o cartão amarelo, inicialmente, mas o juiz Sergei Karasev ouviu o VAR, reviu o lance, viu que De Ligt interrompera a chamada "chance clara e manifesta de gol" e trocou o cartão. De amarelo para vermelho. A Holanda ficava com dez homens, sem um zagueiro. Seria um drama.
Drama aumentado pela polêmica substituição de Frank de Boer, minutos depois: preferiu tirar Malen, que vinha jogando bem mesmo com a grande chance perdida, para colocar Quincy Promes, como um "falso ala", para aumentar a quantidade de jogadores na defesa com a expulsão de De Ligt. Deu tudo errado. A bola já não seria mais da Holanda, mas da República Tcheca. Que pôde jogar como gosta, jogando a bola para o alto, aproveitando a firmeza dos seus jogadores - como Tomas Holes, de excelente atuação no meio-campo, neutralizando Georginio Wijnaldum. Que quase fez o gol com Schick, aos 60', e Pavel Kaderábek, aos 64' (grande bloqueio de Dumfries).
Até que aos 68', num escanteio, Stekelenburg saiu mal do gol, Kalas ajeitou, e Holes teve o "prêmio" de fazer o 1 a 0. Foi a definição do jogo: uma Holanda desalentada, sem um chute a gol, sem uma alternativa para jogar além da sua preferencial, sem saber o que fazer. Diante de uma seleção segura, que sabia procurar bem os seus destaques, que tinha espaço para se impor. Foi assim a jogada do segundo gol, aos 80': Holes recebeu bola em contragolpe (após outra bola alta...), passou para o meio, e Schick estava lá para fazer o seu quarto gol na Euro.
O gol que simbolizou a queda do castelo de cartas da Holanda, cuja construção lenta no caminho desta Euro mal começou e já acabou, dizimada pela primeira seleção mais organizada que encontrou no caminho.
Euro 2020 - oitavas de final
Holanda 0x2 República Tcheca
Local: Ferenc Puskas Arena (Budapeste)
Data: 27 de junho de 2021
Árbitro: Sergei Karasev (Rússia)
Gols: Tomas Holes, aos 68', e Patrik Schick, aos 80'
Cartão vermelho: Matthijs de Ligt, aos 55'
Holanda
Maarten Stekelenburg; Denzel Dumfries, Matthijs de Ligt, Stefan de Vrij, Daley Blind (Jurriën Timber) e Patrick van Aanholt (Steven Berghuis); Marten de Roon (Wout Weghorst), Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong; Memphis Depay e Donyell Malen (Quincy Promes). Técnico: Frank de Boer
República Tcheca
Tomas Vaclik; Vladimir Coufal, Tomas Kalas, Ondrej Celustka e Pavel Kaderábek; Tomas Holes (Alex Kral) e Tomas Soucek; Lukas Masopust (Jakub Jankto), Antonín Barák (Michal Sadílek) e Petr Sevcik (Adam Hlozek); Patrik Schick (Michael Krmencik). Técnico: Jaroslav Silhavy
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