A alegria com o gol de Denzel Dumfries, em uma vitória que parecia fácil e virou difícil, simbolizou: bastou a estreia para a Holanda se animar na Euro masculina (Pro Shots) |
Testas franzidas, olhares de soslaio, desconfianças. Era assim que a seleção masculina da Holanda era vista, desde a preparação para a Euro 2020 (+1). E as atuações dentro de campo não davam muita razão para que fosse diferente. Pois bem: se as fragilidades nos amistosos aumentaram a má impressão, a Laranja fez tudo ficar diferente nos 90 minutos do 3 a 2 contra a Ucrânia, na estreia pela Euro. Sim, os erros ainda seguem, foram reconhecidos, permitiram que os ucranianos voltassem ao jogo. Ainda assim, mais do que os gols, o esforço e o ritmo intenso vistos em quem vestiu laranja na partida em Amsterdã já serviram para satisfazer bastante a torcida.
A atenção com que a Oranje entrou em campo na Johan Cruyff Arena já ficou visível logo aos dois minutos, quando Memphis Depay foi veloz no contragolpe, driblando Mykola Matviyenko e chegando livre para a primeira chance de gol, defendida por Heorhiy Bushchan. Pouco a pouco, dominando a bola (foram quase 70% de posse nos 45 minutos iniciais), a equipe foi prensando a Ucrânia no campo de defesa. Com um Denzel Dumfries como opção constante no ataque, provando a melhora; com Georginio Wijnaldum muito destacado na criação de jogadas; com Memphis Depay sempre rápido nos toques; com tudo isso, as chances apareceram. Bushchan trabalhou bastante: impedindo chute de Dumfries com os pés aos 6', evitando que Wout Weghorst o driblasse para o gol aos 27', rebatendo voleio de Wijnaldum aos 39'. Isso, sem contar as chances perdidas por demérito dos próprios neerlandeses - Wijnaldum aos 7' e, principalmente, o cabeceio de Dumfries, aos 40'.
O que não quer dizer que a Holanda foi perfeita no primeiro tempo. Longe disso. Mesmo com a mudança na lateral esquerda - Patrick van Aanholt começou jogando -, o setor continuou frágil. Por ali a Ucrânia deu seus raros sustos no primeiro tempo. Principalmente aos 15', num chute de Roman Yaremchuk, e aos 30', quando Andriy Yarmolenko também arrematou. Nesses dois momentos, foi a vez de Maarten Stekelenburg justificar sua titularidade na Euro: fez duas defesas seguras. Todavia, a lentidão holandesa pela canhota era motivo de preocupação. O único, até, num primeiro tempo animador, em que faltara só o gol. De um lado ou do outro, já que os dois times fizeram por merecer.
Não faltou mais no segundo tempo. Enfim, a rapidez da Laranja no ataque conseguiu pegar a Ucrânia desprevenida, tão logo o segundo tempo começou. A velocidade de Dumfries na direita superou facilmente Vitaliy Mykolenko rendeu muitas jogadas... começando pelo primeiro gol, aos 52', quando Wijnaldum aproveitou o rebote de Bushchan. E continuando aos 59', quando o camisa 22 cruzou para Weghorst marcar o 2 a 0, coroando, de certa forma, o esforço que tanto fez para chegar à Euro. Com um ataque veloz, com a defesa sendo bem controlada por Stefan de Vrij... os Países Baixos pareciam controlar o jogo.
A Holanda caiu de produção por poucos minutos - suficientes para a Ucrânia chegar ao empate e fazer a torcida toda temer a decepção (European Press Agency) |
Só pareciam. Porque Frank de Boer fez mudanças: Wijndal no lugar de Van Aanholt, e Nathan Aké no lugar de um Daley Blind ainda amedrontado pelo trauma da parada cardiorrespiratória que ameaçou a vida de Christian Eriksen. As alterações foram criticadas, ao tirar o bom ritmo que a Holanda imprimia ao jogo. Nesse período de acertos, a Ucrânia voltou ao jogo num átimo: o brilhante átimo de Yarmolenko, que acertou chute no ângulo para um golaço que diminuiu o placar, aos 75'. A própria torcida, antes empolgada, sentiu o medo. O próprio time se retraiu. E numa falha de marcação, aos 79', Yaremchuk cabeceou para o 2 a 2 que seria uma ducha de água fria.
Só não foi porque, aos 85', uma falha de Bushchan na reposição de bola deixou Wijndal com a bola. Ele passou a Aké, pronto para o cruzamento. Aí, Dumfries cabeceou. E acertou as redes, consertando o seu erro do 1º tempo na melhor maneira possível: fazendo o 3 a 2. Seu primeiro gol pela seleção veio na mais necessária das horas, garantindo vitória útil na tentativa de classificação em 1º lugar no grupo. Melhor ainda: a intensidade vista no time que foi a campo provou que a seleção teve a concentração que o jogo pediu. Numa frase: para a Holanda, treino foi treino, jogo foi jogo. E na hora do jogo, ela provou seu valor.
Euro 2020 - fase de grupos - Grupo C
Holanda 3x2 Ucrânia
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 13 de junho de 2021
Árbitro: Felix Brych (Alemanha)
Gols: Georginio Wijnaldum, aos 52', Wout Weghorst, aos 59', Andriy Yarmolenko, aos 75', Roman Yaremchuk, aos 79', e Denzel Dumfries, aos 85'
Holanda
Maarten Stekelenburg; Denzel Dumfries, Jurriën Timber (Joël Veltman), Stefan de Vrij, Daley Blind (Nathan Aké) e Patrick van Aanholt (Owen Wijndal); Marten de Roon, Georginio Wijnaldum e Frenkie de Jong; Memphis Depay e Wout Weghorst (Luuk de Jong). Técnico: Frank de Boer
Ucrânia
Heorhiy Bushchan; Oleksandr Karavaev, Illia Zabarnyi, Mykola Matviyenko e Vitaliy Mykolenko; Oleksandr Zinchenko, Serhiy Sydorchuk e Ruslan Malinovskyi; Andriy Yarmolenko, Roman Yaremchuk e Oleksandr Zubkov (Marlos) (Mykola Shaparenko). Técnico: Andriy Shevchenko.
O melhor jogo da Euro até agora?
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