Ficha técnica
Nome: Marco Bizot
Posição: Goleiro
Data e local de nascimento: 10 de março de 1991, em Hoorn
Clubes na carreira: Ajax (2011 a 2012), Cambuur (2011 a 2012, por empréstimo), Groningen (2012 a 2014), Gent-BEL (2014 a 2017) e AZ (desde 2017)
Desempenho na seleção: 1 jogo, desde 2020
Torneios pela seleção: nenhum
Há muito tempo, quem acompanha o Campeonato Holandês sabe: trata-se de um dos melhores goleiros da Eredivisie. Alguns fatores do destino (até alheios a ele) abriram caminho. Ele até ficou fora da convocação inicial, a princípio. Mas o azar de Jasper Cillessen, cortado após o teste positivo para o coronavírus (mesmo com alguns dias de isolamento), fez valer os três anos de presença constante nas convocações da Holanda. E Marco Bizot, mesmo sendo o terceiro goleiro da Laranja, tem na presença dentro do torneio continental o ápice de uma carreira marcada pela discrição.
O goleiro de 1,94m começou a jogar aos 5 anos, no amador SV Westfriezen. Mas o horizonte da carreira profissional só foi aberto em 2000, quando um olheiro do Ajax verificou alguns treinos, confiou em Bizot e o levou para Amsterdã. Ali passou os dez anos seguintes. Quando chegou ao time sub-19, começou a sofrer com algumas lesões. Mas nem elas impediram a evolução: Bizot foi promovido ao time sub-21 em 2010, lá virou titular, já começou a acompanhar os treinamentos do grupo principal... e para a temporada 2011/12, foi promovido à equipe principal do Ajax.
Porém, a discrição se impôs. A vaga de titular do Ajax já estava preenchida por Kenneth Vermeer; Jasper Cillessen já era a aposta para o futuro, na reserva; e até mesmo o posto de terceiro goleiro estava ocupado, por Jeroen Verhoeven. Para Bizot, só restaria o posto de arqueiro no time B - e mesmo aqui, teria de disputar posição, com Sergio Padt. Foi quando o Cambuur sinalizou, com uma proposta de empréstimo. Ele aceitou, e passou a temporada 2011/12 no time de Leeuwarden, disputando a segunda divisão como titular. O acesso quase veio, mas o Cambuur parou na repescagem. O empréstimo acabou, Bizot voltou ao Ajax, mas seguiria sem espaço.
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Bizot começou no Ajax, mas na hora de ser promovido, não teve espaço no time principal. Só no Groningen começou a mostrar a capacidade (Pics United) |
Era hora de tocar a carreira fora de Amsterdã. E Bizot ganhou a chance no Groningen, já chegando como titular para a temporada 2012/13. Valeu não só para ganhar ritmo de jogo, mas também para se credenciar como um dos três goleiros convocados para a Euro sub-21. No Groningen, vieram boas memórias: Bizot foi nome certo entre os titulares também na temporada 2013/14, concluída com vaga garantida nas fases preliminares da Liga Europa da temporada seguinte.
Só que a discrição apareceu novamente, a partir de uma opção do próprio Bizot: rumar para um clube da Bélgica. No caso, o Racing Genk. E ali o goleiro apareceu mais intensamente - até para o próprio país natal. Foi titular, principalmente, na excelente campanha da equipe belga na Liga Europa 2016/17, chegando às quartas de final. Bastou para que o AZ se decidisse por repatriá-lo, logo ao fim daquela temporada: se Tim Krul, emprestado pelo Newcastle, não poderia ficar em Alkmaar, Bizot já comprovara ser uma opção mais barata, além de oferecer segurança parecida debaixo das traves.
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Bizot precisou mostrar talento no Racing Genk para recuperar espaço na Holanda (Belga) |
Titular absoluto desde a chegada a Alkmaar, Bizot teve êxito: já na primeira convocação de Ronald Koeman como técnico da seleção masculina holandesa, foi um dos três goleiros escolhidos. E se alternaria como a terceira opção para a posição com Sergio Padt, do Groningen, nos primeiros tempos sob Koeman. Aí entrou a sorte: em setembro de 2018, após discussões com um empregado ferroviário, Padt passou uma noite detido. E Bizot ganhou ali vaga praticamente cativa como terceiro goleiro da Laranja, nas convocações de Koeman.
Pelo AZ, ele justificava as convocações. Com elasticidade e firmeza em suas aparições, Bizot encerrou uma inconstância na posição dentro do clube de Alkmaar, que testara vários goleiros nas temporadas anteriores. Virou nome garantido em campanhas de destaque, como a chegada à final da Copa da Holanda (2017/18). Em 2019, conseguiu excelente marca: 22 jogos sem gols sofridos na Eredivisie, em todo o ano - o que fez famoso o apelido dado pela torcida do AZ, "De Muur" ("O Muro", em holandês). E vinha sendo o goleiro indiscutível na excelente sequência que levara o AZ a disputar a primeira posição da Eredivisie em 2019/20, antes que a pandemia encerrasse forçosamente o campeonato.
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Bizot virou querido da torcida no AZ: o "Muro" ajudou o clube de Alkmaar a crescer nas temporadas recentes (Olaf Kraak/ANP) |
O futebol parou, o futebol voltou, e Bizot demorou um pouco para recuperar o ritmo que ostentava. Cometeu até algumas falhas, no início da temporada 2020/21. Ainda assim, foi reagindo gradativamente. Até recuperar a confiança - tanto no AZ, quanto na seleção. A ponto de, em 2020, ter enfim a sua primeira partida na seleção principal, atuando num amistoso contra a Espanha, em 11 de novembro.
Neste 2021, a espantosa recuperação de Maarten Stekelenburg colocou a convocação de Bizot para a Euro em risco. O arqueiro ficou fora do anúncio inicial - Cillessen, Stekelenburg e Tim Krul foram os três chamados para a posição. Porém, veio o azar do titular Cillessen. Bizot já foi incluído na delegação que viajou para treinos em Portugal, ainda de sobreaviso. E enfim, o camisa 1 do AZ foi efetivado na Holanda que volta a um grande torneio. De certa forma, um prêmio ao terceiro goleiro, pela persistência discreta que demonstrou em toda a carreira até aqui.
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(Koen van Weel/ANP) |
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