Miedema teve todo o espaço e aproveitou as muitas falhas da frágil Zâmbia para brilhar na goleada da Holanda - que, ainda assim, exibiu falhas (Pro Shots) |
Toda a calma que a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) vinha tendo na sua preparação para o torneio olímpico de futebol de mulheres, nos Jogos de Tóquio, se esvaiu a pouco mais de 24 horas da estreia, nesta quarta. Não era para menos: afinal de contas, pesaria a ausência de Sherida Spitse, a mais experiente das Leoas Laranjas convocadas, cortada por lesão no joelho. Tudo de que a equipe neerlandesa precisava era uma primeira partida tranquila, um respiro no "drama", como bem definiu a técnica Sarina Wiegman. Foi o que aconteceu, no triunfo de placar extravagante contra a seleção de Zâmbia - pelo menos, quase, tendo em vista alguns problemas que ficaram claros na partida em Miyagi.
Mas os pontos fracos da seleção holandesa só vieram à tona quando a vitória já estava praticamente garantida. E isso ocorreu rapidamente, diante da fragílima defesa que Zâmbia mostrou. As quatro defensoras jogavam em linha, adiantadas demais, enquanto a goleira Hazel Nali tinha saídas de gol péssimas. Diante de um ataque badalado como o das batavas, era quase pedir para sofrer gol. Vieram falhas adicionais, e o serviço ficou facilitado. Aos 9', um longo lançamento e uma saída estranha de Nali abriu o caminho para Vivianne Miedema fazer 1 a 0. Dali a seis minutos, já estava 3 a 0 - Lieke Martens aproveitara rebote aos 14', as zambianas deram a saída para o jogo, a bola lhes foi roubada, e Miedema fez seu segundo na partida.
Porém, pouco depois, coube a um único destaque das "Rainhas de Cobre" comprovar que a Holanda passa longe de ser uma seleção acima de qualquer suspeita. Principalmente na defesa. Afinal, o primeiro gol de Barbara Banda, aos 19', saiu num lançamento alto, em que a goleira Sari van Veenendaal repetiu algo visto em outras partidas pela Holanda: falha no tempo de bola, ainda mais quando ela quica no gramado - foi o que aconteceu, deixando Banda livre para o 3 a 1. Além do mais, pela direita, Banda e Grace Chanda aproveitaram o espaço deixado nas laterais - principalmente na esquerda, com a má atuação de Merel van Dongen, e até trouxeram perigo, quando chegaram ao ataque (basta lembrar a bola na trave de Chanda, aos 27'). No miolo de zaga, não raro, tanto Stefanie van der Gragt quanto Aniek Nouwen também tiveram pouca intensidade.
A Holanda goleou, mas Barbara Banda (de frente) foi a dona da bola em Miyagi (Pro Shots) |
Pelo menos, as fragilidades defensivas holandesas foram plenamente compensadas pelo poder do ataque. Personificado nesta quarta em Miedema: mais um gol ainda no primeiro tempo. Auxiliado por Martens, que também ampliou. E adicionado com Shanice van de Sanden: titular até surpreendente, a camisa 7 justificou a opção com velocidade na direita, algumas boas chances (como aos 12') e o sexto gol holandês, aos 42'. O desfile continuou no segundo tempo: Miedema conseguiu o quarto gol na partida - algo só ocorrido uma vez na história do futebol feminino olímpico -, Jill Roord marcou o mais belo tento da goleada, e era só o lançamento pegar uma neerlandesa livre na área que ela tocava na saída da goleira para marcar mais um. Foi assim com Lineth Beerensteyn, que colocou a bola na rede. Com Victoria Pelova, que fez o seu primeiro na seleção adulta. E poderia ter sido com mais nomes.
Todavia, nos últimos dez minutos, quando a Holanda já tivera algums mudanças na zaga, Barbara Banda lembrou as fragilidades defensivas do time europeu. Fez dois gols em um minuto, tendo facilidade impressionante para aproveitar os espaços, driblar as holandesas (o giro em Dominique Janssen, no terceiro gol de Zâmbia, exemplificou isso), mostrar valor técnico elogiável. Tomar três gols de uma seleção até simplória como a zambiana não só colocou pulgas atrás da orelha, como serviu para as Leoas Laranjas lembrarem: ainda têm muito o que melhorar. Certamente o Brasil, adversário do sábado, será mais forte na defesa, e ainda mais perigoso no ataque, aumentando o equilíbrio do jogo.
Mas diante do peso emocional do corte de Spitse, a Holanda aproveitou bem o encontro com o adversário mais fraco do grupo F do torneio olímpico. Conseguiu um respiro, antes dos testes que vão começar agora.
Jogos Olímpicos - futebol feminino - fase de grupos
Holanda 10x3 Zâmbia
Data: 21 de julho de 2021
Local: World Cup Stadium (Miyagi)
Árbitra: Laura Fortunato (Argentina)
Gols: Vivianne Miedema, aos 9', 15', 29' e 60', Lieke Martens, aos 14' e 38', Shanice van de Sanden, aos 42', Jill Roord, aos 64', Lineth Beerensteyn, aos 74', e Victoria Pelova, aos 80'; Barbara Banda, aos 19', 82' e 83'.
Local: World Cup Stadium (Miyagi)
Árbitra: Laura Fortunato (Argentina)
Gols: Vivianne Miedema, aos 9', 15', 29' e 60', Lieke Martens, aos 14' e 38', Shanice van de Sanden, aos 42', Jill Roord, aos 64', Lineth Beerensteyn, aos 74', e Victoria Pelova, aos 80'; Barbara Banda, aos 19', 82' e 83'.
Holanda
Sari van Veenendaal; Dominique Janssen, Stefanie van der Gragt (Lynn Wilms), Aniek Nouwen e Merel van Dongen; Jackie Groenen, Daniëlle van de Donk (Victoria Pelova) e Jill Roord; Shanice van de Sanden (Renate Jansen), Vivianne Miedema (Lineth Beerensteyn) e Lieke Martens. Técnica: Sarina Wiegman
Zâmbia
Hazel Nali; Margaret Belemu (Esther Mukwasa), Lushomo Mweemba, Anita Mulenga (Agness Musase) e Esther Siamfuko; Ireen Lungu, Avell Chitungu, Mary Wilombe, Barbara Banda e Grace Chanda; Hellen Mubanga (Ochumba Lubandji). Técnico: Bruce Mwape
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