A Holanda penou, correu muito risco de tomar a virada de Portugal... mas Van de Donk foi quem trouxe o talento individual decisivo da vez. E as Leoas Laranjas venceram na Euro (KNVB Media) |
Os fatos ruins só aumentaram os distúrbios que tomam conta da participação da Holanda na Euro feminina. Eram as lesões de Sari van Veenendaal (fora da Euro pelo problema no ombro) e Aniek Nouwen; a reclamação de Vivianne Miedema sobre a excessiva interação das jogadoras com familiares/jornalistas, aumentando o perigo da COVID; os testes positivos de Jackie Groenen e da própria Miedema para o coronavírus; e a entrevista de Jill Roord ao diário De Volkskrant, comentando com certa ironia sobre o comportamento do técnico Mark Parsons. Só uma vitória contra Portugal diminuiria os comentários crescentes. Ela veio. A duras penas, mas veio. E a situação fica sob controle, pelo menos por enquanto, com o 3 a 2 feito em Portugal - dando até a liderança do grupo C da Euro, para um time que ainda está sofrendo.
E a gangorra - ou será montanha-russa? - entre dor e prazer para a seleção laranja ficou clara tão logo o jogo começou. Primeiro, a dor: com a lentidão de Lynn Wilms na direita, diante de um time tão intenso quanto Portugal foi no estádio Sports Village, bastaram apenas cinco minutos para uma defesa de Daphne van Domselaar, a nova titular do gol, num chute de Tatiana Pinto (jogada só anulada por impedimento de Ana Borges, na origem), e para um gol de Ana Borges, também anulado por impedimento. Para, no minuto seguinte, vir o prazer: a velha eficácia de Sherida Spitse nas bolas paradas, o cabeceio de Damaris Egurrola - titular, na ausência de Groenen -, 1 a 0. E Damaris não ficou só no gol: a camisa 21 exibia segurança na posse de bola, capacidade nos lançamentos em profundidade - quase sempre desperdiçados por Lineth Beerensteyn, preenchendo a lacuna da ausência de Miedema -, ajudava bastante Spitse. E na frente, não só Daniëlle van de Donk fazia boa partida, com tentativas - como aos 13', num voleio -, como as falhas portuguesas nas bolas paradas abriram espaço para o 2 a 0, aos 16', em cabeceio que rendeu dores a Stefanie van der Gragt, pelo pé alto de Catarina Amado, que atingiu o nariz da zagueira.
Porém, nada disso queria dizer que Portugal caíra definitivamente. Sempre que tinham a bola nos pés, e encontravam a defesa neerlandesa desguarnecida, as lusitanas traziam perigo. Principalmente pelas pontas, opção que a Holanda raramente aproveitava. Com velocidade e força física, Jéssica Silva causava problemas a Marisa Olislagers. E Diana Silva tomava o protagonismo de Ana Borges (tornando-se recordista de partidas pela seleção - 146) para driblar constantemente Wilms e Dominique Janssen. Até que esta cometeu pênalti, aos 38', flagrado pelo VAR e convertido por Carole Costa, muito bem na lateral esquerda. E mesmo ganhando ao final do primeiro tempo, a Holanda perdia terreno para a intensa seleção feminina das quinas.
Se havia alguma expectativa de que o intervalo pudesse oferecer um tempo para a Holanda se assentar, ela se acabou nos dois primeiros minutos da etapa final. No primeiro, Jéssica Silva novamente driblou Olislagers com facilidade e cruzou, para Daphne van Domselaar (outra atuação segura, agora como titular definitiva do gol) espalmar; no escanteio da sequência, após rebote parcial, Carole Costa cruzou, e Diana Silva cabeceou à queima-roupa, fazendo 2 a 2, com liberdade, diante de uma defesa holandesa mal posicionada. Seguia a velocidade de Diana, a habilidade de Jéssica Silva, a experiência de Ana Borges... a reação portuguesa encurralava a Holanda, passando mais dificuldades até do que as sofridas contra a Suécia. Nem o gol anulado de Roord (impedimento de Beerensteyn na origem da jogada, aos 50') freava a péssima sensação.
Só o talento individual salvou as Leoas Laranjas. Na forma de um chute perfeito de Daniëlle van de Donk, coroando a recuperação pela qual tanto se esforçou ao fazer o gol de uma difícil vitória. E com as alterações de Mark Parsons, que efetivamente ajudaram a seleção na partida. Na defesa, Kerstin Casparij diminuiu os problemas que Jéssica Silva causava na direita; no ataque, Esmee Brugts manteve mais a posse de bola, e até experimentou mais jogadas, quando entrou no lugar de uma Lieke Martens que pouco fez. De quebra, Spitse foi de grande valia nos desarmes, no meio, impedindo que a defesa sofresse tanto com os ataques portugueses.
E a Holanda venceu. Com sofrimento. Pelo visto, ele será a tônica na campanha das Leoas Laranjas durante toda a Euro feminina. Quem sabe ele diminua se as positivadas para a COVID voltarem rápido, ou se a defesa se aprumar, ou se o time souber manter as vantagens que consegue...
Euro feminina 2022 - fase de grupos - Grupo C
Holanda 3x2 Portugal
Data: 13 de julho de 2022
Local: Sports Village (Leigh)
Juíza: Ivana Martincic (Sérvia)
Gols: Damaris Egurrola, aos 7', Stefanie van der Gragt, aos 16', Carole Costa, aos 38', Diana Silva, aos 47', e Daniëlle van de Donk, aos 62'
Holanda
Daphne van Domselaar; Lynn Wilms, Stefanie van der Gragt, Dominique Janssen e Marisa Olislagers (Kerstin Casparij, aos 63'); Sherida Spitse, Jill Roord e Damaris Egurrola (Victoria Pelova, aos 69'); Daniëlle van de Donk, Lineth Beerensteyn e Lieke Martens (Esmee Brugts, aos 82'). Técnico: Mark Parsons
Portugal
Inês Pereira; Catarina Amado, Diana Gomes, Carole Costa e Joana Marchão (Francisca "Kika" Nazareth, aos 65'); Dolores Silva (Fátima Pinto, aos 65'), Andreia Norton e Tatiana Pinto (Vanessa Marques, aos 86'); Diana Silva (Carolina Mendes, aos 86'), Ana Borges e Jéssica Silva. Técnico: Francisco Neto
Data: 13 de julho de 2022
Local: Sports Village (Leigh)
Juíza: Ivana Martincic (Sérvia)
Gols: Damaris Egurrola, aos 7', Stefanie van der Gragt, aos 16', Carole Costa, aos 38', Diana Silva, aos 47', e Daniëlle van de Donk, aos 62'
Holanda
Daphne van Domselaar; Lynn Wilms, Stefanie van der Gragt, Dominique Janssen e Marisa Olislagers (Kerstin Casparij, aos 63'); Sherida Spitse, Jill Roord e Damaris Egurrola (Victoria Pelova, aos 69'); Daniëlle van de Donk, Lineth Beerensteyn e Lieke Martens (Esmee Brugts, aos 82'). Técnico: Mark Parsons
Portugal
Inês Pereira; Catarina Amado, Diana Gomes, Carole Costa e Joana Marchão (Francisca "Kika" Nazareth, aos 65'); Dolores Silva (Fátima Pinto, aos 65'), Andreia Norton e Tatiana Pinto (Vanessa Marques, aos 86'); Diana Silva (Carolina Mendes, aos 86'), Ana Borges e Jéssica Silva. Técnico: Francisco Neto
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