Com vários erros e alguns azares, a Holanda temeu a decepção contra a Suécia. Mas se aprumou no segundo tempo, Roord empatou... e a sensação foi positiva (Alex Livesey/UEFA/Getty Images) |
Tudo bem, uma Euro feminina é sempre divertida. Mas nem mesmo a festa habitual que a torcida faz pela seleção de mulheres da Holanda (Países Baixos) escondia o fato de que havia fortes desconfianças sobre o que as Leoas Laranjas poderiam fazer - ainda mais tendo como adversário da estreia a Suécia, outra seleção mais respeitada do grupo C. E no começo, o azar de fatos adversos e a conhecida fragilidade crônica defensiva das neerlandesas parecia indicar uma estreia que confirmaria os piores temores a respeito das possibilidades da atual campeã europeia de futebol feminino. Contudo, a Holanda melhorou no segundo tempo. Conseguiu o empate. Teve até perspectivas de virar o jogo. E o 1 a 1 final deixou a saudável impressão de que, no fim, as coisas poderiam ter sido bem piores no começo do caminho pela Euro.
Porque, mesmo que a equipe laranja tenha mostrado mais esforço e intensidade no meio-campo, tentando desarmar as suecas, o time azul logo mostrou sua experiência e seu ótimo posicionamento tático. Que teve a válvula de escape na direita, onde Kosovare Asllani mostrava superioridade sobre Dominique Janssen - e Aniek Nouwen, que tentava ajudar. Além do mais, uma disputa aérea, aos 9', já trouxe péssimas consequências, com o envolvimento de Stefanie van der Gragt, Lynn Wilms e Sari van Veenendaal. Nem tanto para as duas primeiras, que puderam seguir jogando. Mas a goleira e capitã Van Veenendaal seguiu meio tonta. Para piorar, numa reposição de bola, sentiu dores no músculo posterior da coxa. E teve de dar lugar a Daphne van Domselaar: a goleira do Twente faria sua segunda partida pela seleção num momento altamente arriscado.
Ela não comprometeu, nem nas defesas, nem nas saídas de gol. Todavia, o miolo de zaga da Holanda errava de vez em quando. Aos poucos, o meio-campo afrouxou sua marcação e deixou a Suécia dominar - além de minimizar a presença de Vivianne Miedema no ataque. Essa superioridade sueca enfim trouxe chances: Asllani chutando na rede pelo lado de fora, aos 28', Fridolina Rolfö tentando o gol do meio-campo no minuto seguinte... e enfim, o gol, aos 35', exibindo várias coisas. A habilidade de Asllani e a falha de Nouwen, driblada facilmente com a bola por baixo das pernas; a desorganização defensiva holandesa, que deixou o espaço pelo qual Jonna Andersson entrou com facilidade; e o mérito sueco para o 1 a 0. Depois, as holandesas até tiveram chances: um chute de Lieke Martens na área aos 37', e dois arremates por cima - Daniëlle van de Donk aos 41', Sherida Spitse aos 45'. Jill Roord se movimentava bastante, é justo dizer. Entretanto, outra lesão ocorreu - até mais grave: uma torção no tornozelo que deixou Aniek Nouwen chorando, e forçou a entrada de Marisa Olislagers na zaga. E a Holanda terminou com a impressão de que precisava se cuidar, para não perder a calma no meio de tanta adversidade.
O problema de Van Veenendaal foi a sorte de Van Domselaar: a goleira reserva entrou e se saiu bem numa situação difícil (Joris Verwijst/Orange Pictures/BSR Agency/Getty Images) |
Manteve. Em que pesem as chances que continuaram aparecendo para a Suécia, até em maior quantidade, a defesa pareceu mais assentada com a entrada de Olislagers - e Janssen melhorou, interceptando chances (cruzamento de Andersson aos 49', cruzamento de Hanna Glas no minuto seguinte). O meio-campo se dividiu melhor: Spitse ajudou na marcação - foram pelo menos quatro cruzamentos interceptados na esquerda -, e Groenen foi melhor nos desarmes. No mais primoroso, aos 52', começou a jogada do empate, se livrando de Hanna Glas com um giro e lançando Miedema. A camisa 9 mostrou porque é craque: deu uma meia-lua em Amanda Ilestedt, reteve a bola perto da área, até o passe para o chute de Roord, no canto.
A Holanda estava salva. E reanimada. Na defesa, se Stina Blackstenius veio do banco para fortalecer o ataque sueco, houve o esforço de marcação e a qualidade que Van Domselaar revelou, ao fazer algumas boas defesas - culminando em duas aparições decisivas, em chutes de Asllani (84') e Rolfö (87'). No meio e no ataque, se Van de Donk sentiu novas dores, a entrada de Victoria Pelova ajudou a aumentar o poder ofensivo nos contra-ataques - e Miedema, criativa como costumeiro, criou o que seria o gol da virada, só não feito porque Roord demorou para chutar, e foi desarmada perfeitamente por Magdalena Eriksson.
Faltou a vitória, que animaria ainda mais a Holanda neste começo de Eurocopa. De todo modo, reagir após tantas adversidades deixou à delegação a impressão aliviante de que o empate foi o menor dos males. E que há perspectivas para os jogos - menos exigentes - contra Portugal e Suíça. O clima fica um pouco melhor. Um pouco...
Euro feminina 2022 - fase de grupos - Grupo C
Holanda 1x1 Suécia
Data: 9 de julho de 2022
Local: Bramall Lane (Sheffield)
Juíza: Cheryl Foster (País de Gales)
Gol: Jonna Andersson, aos 35', e Jill Roord, aos 52'
Holanda
Sari van Veenendaal (Daphne van Domselaar, aos 21'); Lynn Wilms, Stefanie van der Gragt, Aniek Nouwen (Marisa Olislagers, aos 41') e Dominique Janssen; Jackie Groenen, Daniëlle van de Donk (Victoria Pelova, aos 78') e Sherida Spitse; Jill Roord (Lineth Beerensteyn, aos 78'), Vivianne Miedema e Lieke Martens. Técnico: Mark Parsons
Suécia
Hedwig Lindahl; Amanda Ilestedt, Nathalie Bjorn e Magdalena Eriksson; Hanna Glas, Filippa Angeldal (Hanna Bennison, aos 70'), Caroline Seger e Jonna Andersson (Johanna Rytting Kaneryd, aos 70'); Kosovare Asllani, Lina Hurtig (Stina Blackstenius, aos 70') e Fridolina Rolfö. Técnico: Peter Gerhardsson
Data: 9 de julho de 2022
Local: Bramall Lane (Sheffield)
Juíza: Cheryl Foster (País de Gales)
Gol: Jonna Andersson, aos 35', e Jill Roord, aos 52'
Holanda
Sari van Veenendaal (Daphne van Domselaar, aos 21'); Lynn Wilms, Stefanie van der Gragt, Aniek Nouwen (Marisa Olislagers, aos 41') e Dominique Janssen; Jackie Groenen, Daniëlle van de Donk (Victoria Pelova, aos 78') e Sherida Spitse; Jill Roord (Lineth Beerensteyn, aos 78'), Vivianne Miedema e Lieke Martens. Técnico: Mark Parsons
Suécia
Hedwig Lindahl; Amanda Ilestedt, Nathalie Bjorn e Magdalena Eriksson; Hanna Glas, Filippa Angeldal (Hanna Bennison, aos 70'), Caroline Seger e Jonna Andersson (Johanna Rytting Kaneryd, aos 70'); Kosovare Asllani, Lina Hurtig (Stina Blackstenius, aos 70') e Fridolina Rolfö. Técnico: Peter Gerhardsson
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