Andries Jonker se queixa, mas não adianta: a seleção feminina da Holanda já está de volta a campo. E tem objetivo sério: a vaga olímpica, pela Liga das Nações (Pro Shots) |
O desempenho da Holanda (Países Baixos) na Copa do Mundo feminina recém-acontecida foi até bem decente - cair nas quartas de final, fazendo jogo duro contra a campeã Espanha, está justo para uma seleção de nível técnico aceitável. No entanto, na primeira preleção com as 23 convocadas para as datas FIFA desta semana, o técnico Andries Jonker pediu: "Quero que todas vocês coloquem uma pedra em cima da Copa". Justo, tendo em vista que já começará um compromisso importante: a Liga das Nações feminina - colocadas no grupo 1 da Liga A, a principal, as Leoas Laranjas encaram Bélgica (nesta sexta, às 15h45 de Brasília, na cidade de Leuven) e Inglaterra (próxima terça, também às 15h45 de Brasília, em Utrecht).
Nem tão justo assim, porém, tendo em vista que só um mês se passou desde o fim da Copa. E Andries Jonker é o primeiro a reclamar da roda-viva no calendário europeu feminino de futebol - à revista Voetbal International, explicou: "É doido, precisamos pensar em algo. Como técnicos, conversamos sobre isso, precisamos achar a hora e o lugar certo para assumirmos essa discussão. Acho que não pode ser assim. Depois da Copa, os clubes já tiveram de voltar, porque precisavam se classificar para a Liga dos Campeões, é financeiramente importante. Agora voltam os jogos de seleções, no fim da temporada haverá o torneio olímpico, e vai recomeçar tudo de novo, sem férias de verdade. É coisa de maluco".
Pode até ser coisa de maluco, mas as jogadoras talvez queiram essa rotina mais apertada. Porque o próprio Jonker reconheceu: a Holanda quer tentar a vaga nos Jogos Olímpicos, que será dada a três semifinalistas da Liga das Nações (país-sede, a França obviamente estará no torneio feminino de futebol). O técnico adotou postura mais distante à Voetbal International: "As jogadoras disseram que querem a vaga nos Jogos - quem sou eu para negar? É um longo caminho, mas queremos percorrê-lo". E Daniëlle van de Donk, das mais experientes entre as convocadas, confirmou a postura ao site NU Sport, reconhecendo as reticências do técnico: "Acho que ele [Jonker] fica vendo de longe. Para os homens, [o torneio olímpico] é algo diferente. Mas queremos estar em todos os torneios (...) Faz parte do esporte de alto nível, querer jogar todos os torneios e disputar o título. Então, não se desperdiça um torneio grande, como é o torneio olímpico".
Mas para isso, a Holanda já está começando a mudar. No caso da defesa, até por necessidade. Afinal de contas, depois de dez anos, o miolo de zaga da equipe laranja começará as partidas sem Stefanie van der Gragt a vestir a camisa 5 - embora "Steef", de carreira encerrada, vá estar em Utrecht na próxima terça, para ser homenageada pela federação (assim como Sari van Veenendaal, Kika van Es, e outras ex-jogadoras - Marije Brummel, Kelly Zeeman e Ellen Jansen). E já começa a dúvida sobre qual será a nova parceira de Dominique Janssen, que deu dicas à emissora NOS sobre como gostaria de ver a zagueira jogar: "Acho legal ter ao meu lado alguém que gosta das divididas, mas também queira jogar com a bola no pé. Eu mesma sou uma defensora que sai jogando, e se você tem alguém com quem pode trocar passes e sair bem, sempre é legal".
Começa a disputa na zaga pela lacuna deixada por Stefanie van der Gragt. E Marit Auée estreia nessa disputa (KNVB Media) |
Pelo menos nesta data, a parceira não será Merel van Dongen: a seu pedido, por motivos privados, a experiente defensora ficou fora da convocação. Já Aniek Nouwen, outra possível opção para os próximos anos, não só também ficou ausente, mas foi tema de um alerta de Andries Jonker: "Acho que ela pode fazer muita coisa, mas nas últimas sete, oito semanas, ela não mostrou o bastante. Telefonei para ela, e expliquei quais foram as falhas, no que ela pode melhorar". Sendo assim, é possível que a aposta seja em Caitlin Dijkstra, titular no Twente, já garantida para o Wolfsburg na próxima temporada ("'Steef' podia jogar muito bem, mas ela é uma 'zagueira-zagueira'. Eu saio jogando mais, quero ter mais a bola. (...) É um sonho ocupar o lugar dela", esperou Dijkstra, à NOS). Ou, quem sabe, a aposta recaia sobre uma estreante: Marit Auée, também do Twente, convocada pela primeira vez para a seleção adulta - Auée mostrou algum talento na campanha do 4º lugar da Holanda no Mundial feminino sub-20 do ano passado.
No gol também deverá haver novidades. Estas, forçadas. Porque tanto a titular absoluta Daphne van Domselaar quanto a reserva imediata Lize Kop se apresentaram aos treinamentos sem condições imediatas. Embora sigam no grupo, não viajaram à Bélgica para o jogo desta sexta. O que abriu caminho para as convocações provisórias da experiente Barbara Lorsheyd, e da estreia de Daniëlle de Jong, da seleção sub-21, na equipe adulta. Mais importante: abre caminho para o que será a primeira partida de Jacintha Weimar, goleira do Feyenoord, como titular da seleção holandesa - pelo menos contra as belgas. Um tremendo ânimo para Weimar, que começou mal o Campeonato Holandês (foi expulsa na estreia do Feyenoord, e saiu de campo chorando após o cartão vermelho recebido num pênalti) e recebeu voto de confiança de Andries Jonker, à NOS: "Ela jogou poucas partidas, mas todas elas jogaram [na temporada]. Um jogo ou outro não faz diferença para mim. Jacintha treinou bem na Copa, e está num nível perto de Kop e Van Domselaar. Agora ela é quem vai jogar".
No mais, as titulares são conhecidas. Alterações esperadas nas convocações também vieram - como as voltas de Fenna Kalma ao ataque, e de Marisa Olislagers, na defesa. Andries Jonker, aniversariante durante as datas FIFA (completa 61 anos no dia 22 de setembro da estreia contra a Bélgica), comemora as transferências de jogadoras para torneios mais competitivos ("Brugts, Van Domselaar, Kaptein: essas são as garotas do futuro. Ótimo que vão para grandes clubes e joguem grandes torneios. Elas só vão melhorar com isso"), e deixa claro: a Inglaterra pode até ser favorita do grupo 1, vice-campeã mundial que é, mas o foco vai para a Bélgica ("É um pouco comparável à Copa: todo mundo falava do jogo contra os Estados Unidos, mas precisávamos focar em Portugal"). Jackie Groenen concordou, à ESPN holandesa, lembrando o amistoso pré-Copa - vitória holandesa, 5 a 0: "Acho que aquele foi um jogo totalmente diferente. Estávamos nos preparando, e a Bélgica entrava sem pressão".
Se agora o objetivo é diferente, a seleção feminina da Holanda também começa a ser.
As 23 convocadas da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA
Goleiras: Daphne van Domselaar (Aston Villa-ING), Lize Kop (Leicester City-ING) e Jacintha Weimar (Feyenoord) - Barbara Lorsheyd (ADO Den Haag) e Daniëlle de Jong (Twente) chamadas às pressas para o grupo, pela ausência de Van Domselaar e Kop nos treinos
Laterais: Kerstin Casparij (Manchester City-ING) e Marisa Olislagers (Twente)
Zagueiros: Marit Auée (Twente), Caitlin Dijkstra (Twente), Dominique Janssen (Wolfsburg-ALE) e Lynn Wilms (Wolfsburg-ALE)
Meio-campistas: Sherida Spitse (Ajax), Jackie Groenen (Paris Saint Germain-FRA), Daniëlle van de Donk (Lyon), Victoria Pelova (Arsenal-ING), Damaris Egurrola Wienke (Lyon-FRA), Wieke Kaptein (Twente), Jill Baijings (Bayern de Munique-ALE) e Renate Jansen (Twente)
Atacantes: Jill Roord (Manchester City-ING), Lieke Martens (Paris Saint Germain-FRA), Lineth Beerensteyn (Juventus-ITA), Esmee Brugts (Barcelona-ESP), Fenna Kalma (Wolfsburg-ALE) e Katja Snoeijs (Everton-ING)
Nenhum comentário:
Postar um comentário