O técnico Ronald Koeman sabe: a seleção masculina da Holanda tem problemas. E precisa superá-los contra Grécia e Irlanda, se quiser ir à Euro sem sustos (Pro Shots/Icon Sport/Getty Images) |
Definitivamente, a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) anda em má fase neste ano de 2023. Nas primeiras rodadas das eliminatórias da Euro 2024, uma goleada dura sofrida para a França - piorada por várias ausências, causadas por infecção estomacal - e uma vitória protocolar contra Gibraltar. Veio a Liga das Nações, o sonho de um título (menor, mas um título) após 35 anos... e a Laranja foi a pior das quatro seleções que disputaram as partidas decisivas em Roterdã e Enschede. Pior: até agora, mesmo com bons jogadores, a segunda passagem de Ronald Koeman como técnico da equipe holandesa tem uma equipe lenta e frouxa em campo. Já nem é o caso de dizer que a pulga está atrás da orelha: há um verdadeiro formigueiro sendo "coçado" por quem acompanhe a equipe. Eis a grande tarefa nestas datas FIFA, com os jogos da qualificação da Euro, contra duas seleções tradicionalmente esforçadas - Grécia, nesta quinta (7), em Eindhoven, e Irlanda, no domingo (10), em Dublin: trazer mais confiança de que a Holanda não passará sufoco para tentar a vaga na copa europeia de seleções.
Para tentar trazer essa confiança, os obstáculos continuam aparecendo. Alguns deles, até, involuntários. Por exemplo, a nova lesão muscular na coxa direita que tirou as chances de Memphis Depay estar na convocação. Tal situação já aborrece Ronald Koeman, como ele deixou claro na entrevista coletiva de segunda-feira: "A lesão dele [Memphis] é ruim, mas infelizmente já estamos acostumados. (...) A princípio, a tendência a se machucar não coloca a posição dele em risco no time, mas ele precisa estar numa situação em que possa jogar por mais tempo". Como não está - assim como Steven Bergwijn, também machucado -, há alguma dúvida sobre como o ataque da Laranja entrará em campo. Dúvida grande a ponto de trazer uma cogitação de que talvez o experiente Luuk de Jong pudesse retornar à seleção da qual desistiu logo após a Copa. De Jong piscou, na semana passada: "Nunca diga nunca (...) sei que sempre posso tomar um café com Ronald Koeman". Depois, voltou atrás no sábado, logo após a vitória do PSV no Campeonato Holandês: "Para mim, acabou, há outras boas opções". Mas Koeman respondeu positivo, na coletiva: "A porta sempre estará aberta. Depende dele". Só para constar, o treinador também manteve portas abertas para Georginio Wijnaldum, na berlinda após decidir rumar para o Al-Ettifaq (Arábia Saudita): "Eu falei com ele (...) Jogadores como Brozovic, Mitrovic e Cristiano Ronaldo jogam lá, e também estão em suas seleções. Então, a porta não está fechada".
Se há dúvidas no ataque, dúvidas maiores ainda seguem no gol. Justin Bijlow se convertera em titular na Liga das Nações, era o nome escolhido de Ronald Koeman para seguir assim... mas outra vez, está lesionado - fratura no pulso (levantamento da ESPN neerlandesa informou que, de 2019 até agora, Bijlow já perdeu 61 partidas do Feyenoord por estar machucado). Espaço aberto para Andries Noppert, o titular da Copa, voltar às convocações, após passar o primeiro semestre em recuperação de lesão muscular. Só que Noppert também não passa total segurança, ainda que seja o mais cotado para jogar contra Grécia e Irlanda: na derrota do Heerenveen para o Sparta Rotterdam (3ª rodada do Campeonato Holandês), ele falhou em dois gols. Além disso, Mark Flekken ainda não parece ter sido devidamente testado na Laranja - e o jovem Bart Verbruggen, reserva no Brighton, indica ser goleiro de futuro, tendo escapado ileso da má participação da Holanda na Euro sub-21. O que Koeman escolherá? A julgar por suas palavras, nada muito definitivo, diante de tantos azares: "Em junho, tínhamos a ideia de escolher um goleiro titular fixo. Não deu totalmente certo, pelas lesões. Então, outras opções precisam ser feitas, e faremos isso de novo".
De novo, aliás, Koeman foi cobrado por uma ausência: Jeremie Frimpong, vivendo grande momento no Bayer Leverkusen (em três jogos pelo Campeonato Alemão, o lateral direito fez um gol e deu passe para três, e já jogava bem desde a temporada passada). Ainda assim, Frimpong segue fora das convocações. E se o técnico indicou ao começar o trabalho que Denzel Dumfries era seu nome preferido num esquema com quatro jogadores na defesa, Koeman deixou claro desta vez que a negativa do lateral de ascendência ganesa em defender a Holanda na Euro sub-21 pesou: "Expliquei que ele não foi chamado antes por jogarmos com quatro na defesa. Depois, em nome da federação, Nigel de Jong [diretor de futebol] falou com ele: estamos chateados com quem nega as convocações da sub-21. Ele ainda quer jogar pela Holanda, mas decidimos deixá-lo de fora agora. Fica como uma 'multa'".
Sobrou até para Ryan Gravenberch - também chamado para a seleção sub-21 agora, o meio-campo pediu dispensa para se focar no Liverpool ao qual acaba de chegar, e Koeman disparou: "Também não estamos contentes com Gravenberch. Nigel [de Jong] falou com ele. A seleção sub-21 também serve para representar seu país, e se você atuar bem lá, você pode dar o salto". Declarações pouco pacientes com jogadores que ainda podem ser úteis à seleção principal. De mais a mais, é compreensível que nomes já com experiência considerável - Gravenberch esteve na Euro passada, e Frimpong foi chamado à Copa - tenham mais ambição do que defender a Laranja Jovem, seleção que é habitualmente um "laboratório".
A boa fase de Reijnders pode fazer dele titular no meio-campo da Holanda, já com outros nomes em boa fase (Pro Shots/IconSport/Getty Images) |
Koeman tateou à procura de mais justificativas para o mau momento da seleção masculina. Lamentou até mesmo uma certa falta de autoexigência da geração atual: "Os tempos mudaram, não se pode viver de passado. Mas, no meu tempo, éramos mais duros. Às vezes sinto falta disso, nesse grupo. Eles se corrigem pouco. Faz parte da geração, ser amável. Mas se o desejo é vencer, isso precisa melhorar muito nesse time". Contudo, em termos mais práticos, está claro que a má fase de alguns nomes importantes, como Virgil van Dijk, o azar das lesões (Bijlow, Memphis Depay e também Jurriën Timber - este, fora até 2024, pelo ligamento cruzado anterior do joelho) e a própria lentidão que a Holanda mostra em campo parecem os problemas mais urgentes a serem resolvidos.
Se serve de consolo, há nomes aqui e ali indicando que dias melhores podem vir. Principalmente no meio-campo: para não falar de Frenkie de Jong, já um líder do grupo, e Teun Koopmeiners, com margem de melhora pela seleção, há vários convocados da posição que estão em ótima fase. Como Joey Veerman, que já teve alguns minutos na Liga das Nações, um destaque no começo promissor do PSV. Ou mais ainda, Tijjani Reijnders, iniciando de modo esplendoroso sua passagem pelo Milan, sinalizando que deseja a estreia na seleção - mesmo convocado, não foi inscrito na Nations League: "Agora estou de vez na convocação, é diferente. Depende de mim mostrar que também posso ser titular na Laranja". E há Xavi Simons, também começando bem no RB Leipzig, nome elogiado pelo próprio Ronald Koeman ("Ele ainda não atingiu o melhor pela seleção, mas nem me preocupo, ele ainda é jovem"), que pode tanto criar jogadas de ataque como ser um dos titulares do trio da frente.
Pequenas mostras de que a Holanda ainda pode tirar o formigueiro atrás da orelha. Se há jogos em que ela deve fazer isso, são os desta semana.
Os 25 convocados da Holanda (Países Baixos) para as datas FIFA
Goleiros: Andries Noppert (Heerenveen), Mark Flekken (Brentford-ING) e Bart Verbruggen (Brighton-ING)
Laterais: Denzel Dumfries (Internazionale-ITA), Lutsharel Geertruida (Feyenoord), Quilindschy Hartman (Feyenoord), Ian Maatsen (Chelsea-ING) e Nathan Aké (Manchester City-ING)
Zagueiros: Mickey van de Ven (Tottenham-ING), Daley Blind (Girona-ESP), Matthijs de Ligt (Bayern de Munique-ALE) e Virgil van Dijk (Liverpool-ING)
Meio-campistas: Frenkie de Jong (Barcelona-ESP), Tijjani Reijnders (Milan-ITA), Marten de Roon (Atalanta-ITA), Teun Koopmeiners (Atalanta-ITA), Joey Veerman (PSV) e Mats Wieffer (Feyenoord)
Atacantes: Donyell Malen (Borussia Dortmund-ALE), Cody Gakpo (Liverpool-ING), Xavi Simons (RB Leipzig-ALE), Steven Berghuis (Ajax), Noa Lang (PSV) e Wout Weghorst (Hoffenheim-ALE)
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