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Quando a zaga da Holanda era formada por De Ligt e Virgil van Dijk, muitos pediam De Vrij no time titular. O destino e a lesão de Van Dijk se encarregaram disso na Euro (Pro Shots/onsoranje.nl) |
Ficha técnica
Nome: Stefan de Vrij
Posição: Zagueiro
Data e local de nascimento: 5 de fevereiro de 1992, em Ouderkerk aan den Ijssel
Clubes na carreira: Feyenoord (2009 a 2014), Lazio-ITA (2014 a 2018) e Internazionale-ITA (desde 2018)
Desempenho na seleção: 43 jogos e 3 gols, desde 2012
Torneios pela seleção: Copa de 2014 (7 jogos, 1 gol), Liga das Nações (2018/19 e 2020/21)
A imponência ostentada por Virgil van Dijk - pelo menos, antes da lesão. O surgimento fulgurante de Matthijs de Ligt. Esses dois nomes simbolizam, para muitos, a defesa como sendo o ponto forte da seleção masculina da Holanda (Países Baixos). Contudo, outros tantos acham que um nome merecia mais destaque entre os bons zagueiros que a Laranja ostenta hoje em dia. Alguns acham, até, que ele deveria ser titular. Pois as circunstâncias tornaram, enfim, Stefan de Vrij titular da Oranje. Logo no momento mais importante: nesta Euro.
De Vrij começou no futebol muito precocemente: já aos cinco anos de idade, jogava relativamente a sério no VV Spirit, da cidade natal. Cinco anos depois, tomou o caminho do Feyenoord, aprovado por olheiros. E no clube de Roterdã, fez toda a sua formação nas categorias de base. Bem como nas seleções inferiores da Holanda: chegou à equipe sub-16 em 2007, à sub-17 no ano seguinte...
E em 2009, foi a vez do zagueiro achar a vaga para começar a aparecer no grupo principal do Feyenoord. Em 6 de dezembro de 2009, contra o Groningen, pelo Campeonato Holandês, De Vrij substituiu o já experiente volante Denny Landzaat para ter seus primeiros minutos no time principal do Feyenoord. De certa forma, seu caminho vestindo laranja também começou naquele ano: De Vrij foi titular nas três únicas partidas da má campanha holandesa pelo Mundial Sub-17. Ainda na temporada 2009/10 da Eredivisie, chegou a ser titular num clássico contra o Ajax. E nos quatro jogos em que atuou pelo Feyenoord, fez até um gol - no dia 2 de maio de 2010, última rodada daquela liga, na goleada por 6 a 2 sobre o Heerenveen.
Na temporada seguinte, 2010/11, já foram mais jogos pelo Feyenoord: 30, dos 34 na campanha da Eredivisie. E se começou como reserva, se até foi titular no ponto mais baixo da história do clube de Roterdã (os 10 a 0 do PSV, em outubro de 2010), De Vrij recebeu a aposta decisiva também durante aquele Holandês: no começo de 2011, o técnico Mario Been fez dele titular definitivo na zaga do Feyenoord, no lugar do brasileiro André Bahia.
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De Vrij rateou no começo, mas ganhou força para se tornar uma revelação no Feyenoord a partir de 2012 (Pro Shots) |
Saiu Mario Been, chegou Ronald Koeman, e De Vrij continuou titular ao lado de Ron Vlaar na defesa Feyenoorder. Na temporada 2011/12, fez pelo menos um gol marcante: contra o Ajax, em plena Amsterdam Arena, no clássico terminado em 1 a 1. Numa campanha que reabilitou a autoestima do Feyenoord com o vice-campeonato, o jovem de 20 anos foi titular em grande parte dela, com 30 partidas. E a solidez demonstrada foi percebida por ninguém menos que Louis van Gaal: na primeira partida deste comandando a seleção holandesa (derrota por 4 a 2 para a Bélgica, num amistoso, em agosto de 2012), De Vrij teve seus primeiros minutos na Laranja, jogando todo o segundo tempo. A mesma coisa aconteceu num amistoso contra a Alemanha, em novembro daquele ano.
Se 2012 foi o ano do despontar definitivo, 2013 foi a afirmação de De Vrij. Foi titular absoluto no Feyenoord. Firmou-se cada vez mais nas convocações de Louis van Gaal para a seleção holandesa - dos oito jogos da Laranja naquele ano, jogou em sete, todos como titular. E na falta de uma seleção, o zagueiro esteve em duas: também foi nome certo na escalação da seleção sub-21 semifinalista da Euro da categoria, naquele ano.
Estava claro: De Vrij estava praticamente garantido na Copa de 2014. Justificou a convocação com a regularidade na campanha pelo Holandês da temporada 2013/14, em que o Feyenoord mais uma vez se sagrou vice-campeão: atuou em 32 dos 34 jogos, só perdendo minutos em dois deles (foi expulso contra o Twente, na 2ª rodada, e substituído contra Heracles Almelo, na 11ª). Na Copa de 2014, com a remodelação do esquema da Holanda para três zagueiros, De Vrij foi o nome a ser firme na defesa e ousado no ataque. Tanto que fez o terceiro gol, nos históricos 5 a 1 sobre a Espanha. E atuou em 553 dos 630 minutos da campanha que rendeu o terceiro lugar elogiável aos holandeses (só foi substituído contra a Espanha).
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Numa Holanda predominantemente jovem na Copa de 2014, De Vrij foi um dos que melhor se saiu, com regularidade e segurança na zaga (Jeff Gross/Getty Images) |
Tamanha regularidade bastou para que De Vrij saísse da Copa já cortejado para transferências. Aceitou a proposta da Lazio: por 7 milhões de euros, foi para o clube italiano em agosto de 2014. E só lá teve o seu primeiro problema físico considerável: se continuou sendo nome certo na zaga laziale em 2014/15 (foram 30 jogos pelo Campeonato Italiano), De Vrij teve uma séria lesão no joelho, logo no começo da temporada 2015/16. Foram só seis jogos pela Lazio no Campeonato Italiano. Perturbado pelas dores, teve más atuações na reta final da gigantesca decepção que foram as eliminatórias da Euro 2016 para a Holanda. Para piorar, mesmo lesionado, foi considerado apto a jogar pela comissão médica holandesa - causando pequena crise entre a federação e a Lazio.
O zagueiro só se submeteu a operação em novembro. E só voltou aos campos em maio de 2016. Pelo menos, logo restabeleceu sua importância na zaga da Lazio: na temporada 2016/17, voltou a ter presença massiva no Campeonato Italiano (foram 31 jogos e 2 gols). Servia como esteio do compatriota Wesley Hoedt. Voltava a ser imponente nas divididas: foram 62% dos duelos ganhos contra os adversários em campo. Até mesmo marcou seu primeiro gol - contra o Chievo, na terceira rodada.
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Na Lazio, De Vrij foi importante - mas penou com lesão no joelho (Angelo Corconi/AP) |
Em 2017, coroou seu retorno à forma. Não só foi parte importante de uma boa temporada 2017/18 da Lazio, com o quinto lugar no Italiano e a chegada às quartas de final da Liga Europa, como também retomou lugar na disputa por posição dentro da seleção, participando de três partidas nas eliminatórias da Copa de 2018. Novamente a Holanda ficou fora de um grande torneio, mas De Vrij demorou pouco para superar os concorrentes que haviam sido testados (Jeffrey Bruma, Karim Rekik ou o próprio colega de clube Wesley Hoedt) e voltar a estar firme como uma das primeiras opções.
Em 2018, De Vrij mudou de ares - de certa forma, dando um salto na carreira: da Lazio, foi para a Internazionale. E no clube de Milão, continuou se consolidando como um dos bons zagueiros na Serie A: já chegou se firmando entre os titulares, ileso a reformulações graduais dentro da Inter. É certo que cometeu uma falha decisiva - foi do holandês o erro no gol do Eintracht Frankfurt, que eliminou a Inter na Liga Europa da temporada 2018/19. Mas ele seguiu respeitado pela torcida interista.
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Numa Inter mais estável, De Vrij deslanchou, virando um dos bons zagueiros do Campeonato Italiano (Getty Images) |
O problema é que perdeu espaço na seleção: após começar jogando nas primeiras partidas sob o comando de Ronald Koeman, Van Dijk e De Ligt acabaram se entrosando melhor ao longo de 2018 e 2019. E De Vrij começou ali a ouvir uma queixa costumeira, nestes últimos anos: mesmo titular na Inter, mesmo sendo considerado merecedor de uma vaga na zaga da Holanda, mesmo tendo uma experiência que a maioria dos colegas de seleção não tinham (uma Copa do Mundo), tinha de se contentar com o banco de reservas.
A lesão de Van Dijk mudou isso: De Vrij, enfim, teve o espaço aberto para dividir o miolo da defesa com De Ligt. Só não foi titular nas rodadas iniciais das eliminatórias da Copa de 2022 por um resultado positivo de teste para o novo coronavírus. Recuperado, foi peça-chave na Inter que superou dez anos de jejum para ser campeã italiana. E terá um prêmio: será titular absoluto da zaga da Laranja. Nada mais esperado para quem sempre teve regularidade invejável.
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(Pro Shots) |
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