terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Na hora de tirar o dez...

Nos últimos amistosos de 2024, a seleção feminina da Holanda (Países Baixos) até mostrou boas atuações. Só que faltou a grande mostra de capacidade... (Divulgação/KNVB Media)

Se havia alguma intenção com os amistosos derradeiros de 2024 para a seleção feminina da Holanda (Países Baixos), eram duas, na verdade: dar ainda mais espaço às jogadoras mais novas, e terminar o ano com mais duas vitórias para confirmar a evolução insinuada nas duas vitórias de outubro, contra Indonésia e Dinamarca. Bem, a primeira foi plenamente cumprida, indicando até alguns nomes que são candidatas a titulares. A segunda... quase. Se a virada para a goleada por 4 a 1 sobre a China confirmou a melhor atuação das Leoas Laranjas, na sexta passada, o esperado encontro contra os Estados Unidos mostrou uma boa atuação... mas nada de vitória - as norte-americanas é que viraram o placar, para 2 a 1, nesta terça-feira.

Pelo que se viu das escalações, o amistoso contra as estadunidenses era encarado como a grande prova. Contra a China, a primeira intenção foi mais vista. Claro que algumas titulares estiveram presentes, como Jackie Groenen e Dominique Janssen, mas o espaço foi das reservas (como a goleira Lize Kop e a zagueira Ilse van der Zanden) e das novatas (como a meio-campista Nina Nijstad e, principalmente, da atacante Chimera Ripa, titular pela primeira vez). Até que começou dando certo, com as neerlandesas criando chances, pressionando, se aproximando do gol. Porém, no único erro que a defesa cometeu no primeiro tempo em Roterdã, Van der Zanden, com a bola dominada na área, permitiu que Jin Yun a roubasse, protegesse a posse dela e chutasse na saída de Lize Kop para o 1 a 0 chinês. Diante do modo como as chinesas resistiam na defesa, era temeroso ver tanta ineficiência ofensiva das donas da casa em Het Kasteel, o popular estádio do Sparta Rotterdam.

Só restava acelerar cada vez mais as jogadas ofensivas. Foi assim, inclusive, que o empate saiu, aos 66', numa boa jogada entre nomes que se destacaram entre as novatas: Lotte Keukelaar ajeitou na entrada da área, Chimera Ripa apareceu rápida para cruzar, e Wieke Kaptein (começando a mostrar algum protagonismo) completou na pequena área para o 1 a 1. Jogo empatado, mais titulares saíram do banco de reservas para jogarem: Daniëlle van de Donk, Jill Roord, Esmee Brugts... e aí, a virada ficou clara. Roord já virou três minutos após entrar em campo, num chute da entrada da área; Beerensteyn estufou a rede para o terceiro gol das Leoas Laranjas; e Brugts virou o grande destaque final, transformando a vitória em goleada com um tremendo chute, de primeira, acertando o ângulo esquerdo da goleira Xu Huan. Certo, as titulares tinham ajudado. Mas os nomes menos falados aproveitaram suas chances.

A Holanda pressionou até conseguir o empate contra a China. Daí, vieram as titulares. E a goleada, completada num grande chute de Esmee Brugts (Divulgação/KNVB Media)

Todavia, se sabia: a prova definitiva de respeito seria a equipe dos Países Baixos vencer a seleção feminina dos Estados Unidos, que começa a retomar seu domínio habitual na modalidade (até pela medalha de ouro olímpica que ostenta), pela primeira vez desde 1996. Aí, sim, se viu a escalação titular da Holanda. Que começou bem, muito bem. Com três chances de Jill Roord, pressionando um "Team USA" que se equilibrava entre uma homenageada - a goleira Alyssa Naeher, fazendo sua última partida pela equipe da América do Norte -, algumas velhas conhecidas (Lindsey Horan, Rose Lavelle) e as novatas que recebem espaço pela orientação da técnica Emma Hayes, como a lateral esquerda Jenna Nighswonger e a meio-campista Yazmeen Ryan.

Nem demorou tanto assim para o gol holandês sair. E saiu da novata que mais impressiona: zagueira destacada no Mundial Sub-20 feminino, já com transferência garantida para o Chelsea em 2025/26, Veerle Buurman fez 1 a 0, de cabeça. Mais do que isso: Buurman mostrava segurança na zaga, detendo Ryan e Jaedyn Shaw sem muitos problemas. Na frente, as chances se avolumavam: Van de Donk quase fez o segundo de cabeça aos 28', Beerensteyn acertou a trave pouco depois... ao mesmo tempo em que tais oportunidades simbolizavam o domínio das Leoas Laranjas no estádio em Haia, também mostravam um desperdício preocupante, quando o adversário são os Estados Unidos. A consequência foi dolorosa. Até por vir justamente do destaque: Buurman tentou afastar a bola para a linha de fundo, de cabeça, após cobrança de falta... e acabou encobrindo a goleira Daphne van Domselaar e cometendo o gol contra do 1 a 1.

Veerle Buurman (número 4) recebeu outra chance importante. E até aproveitou, fazendo gol e indo muito bem na zaga. Só o gol contra era dispensável... (KNVB Media/Divulgação)

Era o que os Estados Unidos desejavam. Nomes mais experientes entraram, com Emily Sonnett e Lynn Williams vindo a campo. E houve leve melhora das visitantes no Bingoal Stadion. Ainda assim, as holandesas tentavam aqui e ali: com Romée Leuchter, por exemplo, em chute (fraco) aos 54'. Tiveram outra grande chance aos 69', quando Leuchter ajeitou a bola para Van de Donk bater muito perto do gol. Outra chance perdida holandesa? Bastou: no minuto seguinte, Lily Yohannes (recém-entrada em campo, agora definitivamente com a seleção norte-americana como sua escolha) roubou a bola, passou-a a Yazmeen Ryan, e esta cruzou para Lynn Williams entrar e, de carrinho, virar o jogo para o 2 a 1 final. No qual, talvez, tenha faltado mais ousadia de Andries Jonker, que só fez uma alteração.

Certo, nem tudo estava perdido. Longe disso: as atuações da Holanda foram agradáveis em campo. Van de Donk até se surpreendeu, à ESPN holandesa ("Não esperáva que jogássemos tão bem. O primeiro tempo que fizemos merece parabéns. Eles [Estados Unidos] tiveram sorte que a bola entrou para eles, por isso saíram com a vitória"). E o técnico Andries Jonker enfatizou: "Foi um dos melhores jogos que a seleção da Holanda já fez. Teve esforço, ganhamos as divididas, tivemos boas jogadas individuais, criamos chances". Só que, na hora de "tirar o dez"... o próprio treinador reconheceu: "No futebol, o importante é marcar". A Holanda precisará desta eficiência. E muito, já que o grupo que virá na Eurocopa - sorteio no dia 16 - deverá ser difícil.


Amistosos

Holanda 4x1 China
Data: 29 de novembro de 2024
Local: Het Kasteel (Roterdã)
Árbitra: Ugne Smitaite (Lituânia)
Gols: Jin Kun, aos 34', Wieke Kaptein, aos 66', Jill Roord, aos 72', Lineth Beerensteyn, aos 81', e Esmee Brugts, aos 84'

HOLANDA
Lize Kop; Chasity Grant (Lynn Wilms, aos 69'), Ilse van der Zanden, Sherida Spitse e Dominique Janssen; Jackie Groenen (Esmee Brugts, aos 69'), Wieke Kaptein e Nina Nijstad (Daniëlle van de Donk, aos 69'); Romée Leuchter (Renate Jansen, aos 89'), Lotte Keukelaar (Lineth Beerensteyn, aos 70') e Chimera Ripa (Jill Roord, aos 69'). Técnico: Andries Jonker

CHINA
Xu Huan; Li Meng Wen, Wu Hai Yan, Yao Wen e Chen Qiao Zhu; Wang Yanwen (Fangxin Sun, aos 85'), Zhang Rui (Gao Chen, aos 61'), Zhang Xin (Yuexin Huo, aos 61') e Liu Jing (Shen Mengyu, aos 85'); Tang Jiali (Wu Chengshu, aos 71') e Jin Kun (Wang Shuang, aos 71'). Técnico: Ante Milicic

Holanda 1x2 Estados Unidos
Data: 3 de dezembro de 2024
Local: Bingoal Stadion (Haia)
Árbitra: María Eugenia Gil Soriano (Espanha)
Gols: Veerle Buurman, aos 15' e aos 44' (contra), e Lynn Williams, aos 70'

HOLANDA
Daphne van Domselaar; Kerstin Casparij (Chasity Grant, aos 85'), Veerle Buurman, Dominique Janssen e Esmee Brugts; Jackie Groenen, Daniëlle van de Donk e Wieke Kaptein; Jill Roord; Romée Leuchter e Lineth Beerensteyn. Técnico: Andries Jonker

ESTADOS UNIDOS
Alyssa Naeher; Emily Fox, Naomi Girma, Tierna Davidson e Jenna Nighswonger (Emily Sonnett, aos 46'); Corbin Albert (Hal Hershfelt, aos 66') e Sam Coffey; Yazmeen Ryan (Ally Sentnor, aos 85'), Lindsey Horan (Lily Yohannes, aos 66') e Rose Lavelle (Alyssa Thompson, aos 66'); Jaedyn Shaw (Lynn Williams, aos 46'). Técnica: Emma Hayes

Nenhum comentário:

Postar um comentário