A Holanda decepcionou justamente quando não podia: na final da Copa de 1974. A Alemanha (Ocidental) foi justa campeã. Mas os holandeses perdoaram (Getty Images) |
Para além da vitória contra o Brasil, no jogo decisivo da segunda fase, chamava a atenção que a Holanda (Países Baixos) estivesse aliviada só de chegar à final da Copa de 1974. Na coluna que ditava a um jornalista para o diário De Telegraaf, Johan Cruyff já dava o título: "Objetivo alcançado". No diário que escreveu durante a Copa, Jan Jongbloed relaxava: "Pela primeira vez neste torneio, eu me sinto muito calmo. Não sei por quê, mas é provavelmente por termos chegado à final, e certamente não deixaremos escapar". Ruud Krol retomava a humildade: "Alcançamos a final com tudo, porque ninguém esperava isso da gente. Mesmo assim, espero que possamos superar a Alemanha". Para tanto, os desafios e os problemas aumentaram cada vez mais para a Laranja, embora ninguém soubesse: a badalação fosse grande na imprensa de todo o mundo.
Em primeiro lugar, não só Johan Cruyff continuava apenas melhorando da gripe que já o acometera antes do jogo contra o Brasil, como seguia precisando convencer a esposa Danny de que nada de errado acontecera na festa pós-jogo contra a Alemanha Oriental. Em segundo lugar, Robert Rensenbrink sofria com dores no fêmur, desde a vitória sobre a Seleção, e sua escalação era colocada sob (muita) dúvida - só foi aprovado e escalado após teste na manhã do dia da final. Em terceiro lugar, a delegação holandesa perdera um nome importante: auxiliar de Rinus Michels, Cor van der Hart fora dispensado nos dias anteriores ao domingo da final, em razão do mau comportamento na confraternização no Waldhotel. Van der Hart era importante: vinha dele o material para os jogadores sobre os adversários da Oranje naquela Copa, jogo a jogo. E em quarto lugar, por decisão de Rinus Michels, a mudança para Munique, sede da final, ocorreu um dia antes - para desagrado de alguns jogadores, que preferiam o Waldhotel-Krautkrämer, na cidade alemã de Hiltrup, com que já estavam acostumados. Não era à toa: Cruyff chegou à reta final da Copa se dizendo "exausto".
A Alemanha Ocidental subia na hora certa
De certa forma, a Holanda vinha em tendência interna diferente da Alemanha Ocidental rumo à final. A seleção da casa fizera uma primeira fase altamente criticada, mesmo com as vitórias sobre Chile (1 a 0, na estreia) e Austrália (3 a 0). A derrota para a "irmã" oriental, no jogo final da fase de grupos (1 a 0), causou controvérsia - alguns suspeitam da Mannschaft ter "aliviado" o caminho para a segunda fase, outras fontes garantem que a chateação da derrota foi grande entre os alemães ocidentais. E foi o ponto culminante para a virada: a partir dali, o técnico Helmut Schoen (1915-1996) e Franz Beckenbauer (1945-2024), o grande comandante da equipe em campo (e um pouco fora dele também), decidiram ser mais pragmáticos.
Nomes que já não rendiam na Copa - como os meio-campistas Jupp Heynckes e Günter Netzer, destaques no título da Eurocopa em 1972 - foram para a reserva na segunda fase. A preferência seria dada ao resultado. E a Alemanha, se não brilhou, foi inegavelmente mais firme na busca da vaga na final: 2 a 0 na Iugoslávia, 4 a 2 na Suécia, 1 a 0 na Polônia, lugar garantido na decisão. De quebra, o clima entre o grupo foi melhorando progressivamente, de Malente (concentração alemã durante a maior parte da Copa, na cidade de Hamburgo) até Grünwald, pequeno clube em Munique onde a delegação ficou, nos dias anteriores à final da Copa. Aliás, dias ensolarados, ao contrário do que se viu no torneio.
A Alemanha Ocidental, preparada para a final da Copa de 1974: ao contrário da Holanda, o ânimo crescia na reta final (AFP) |
E foi em Grünwald que a Alemanha se preparou definitivamente para encarar a Laranja. Ali Helmut Schoen definiu: Cruyff teria de encarar marcação individual. Afinal de contas, sabiam que o grande nome holandês tivera mais dificuldades contra a Alemanha Oriental ao ser perseguido pelo zagueiro Konrad Weise. Bastou o técnico alemão pedir a Berti Vogts que fizesse isso - logo a Vogts, órfão de pai e mãe, que tratava os técnicos importantes em sua carreira como se fossem os pais que lhe faltaram -, que o defensor alemão aceitou imediatamente. Não faria outra coisa nos 90 minutos, a não ser marcar o "Número 14" incessantemente, para que ele não ditasse o jogo como costumava fazer.
Era assim, apostando também em nomes que subiram de produção durante a Copa (como Wolfgang Overath, o meio-campo que recebeu a preferência sobre Netzer, e o ponta-esquerda Bernd Hölzenbein, conhecido pela habilidade em jogar... e em cavar faltas) e nos nomes de sempre (Sepp Maier, Beckenbauer, Gerd Müller) que a Alemanha tentaria impor sua maior tradição sobre a Holanda, favorita para muitos. Até porque alguns jogadores ali tinham o que vingar, em relação a clubes: nas quartas de final da antiga Copa dos Campeões 1972/73, o Ajax aplicara 4 a 0 no Bayern de Munique, no jogo de ida. Era ver o que aconteceria no Estádio Olímpico de Munique, no domingo, 7 de julho de 1974.
O golpe certeiro e o arrependimento
O juiz inglês John Keith "Jack" Taylor estava preocupado em prestar atenção a todos os detalhes da decisão que apitaria naquela Copa. Sem falar espanhol e sem que seus auxiliares (o mexicano Benito Archundia e o uruguaio Ramón Barreto) falassem inglês, Taylor combinou: deu dois cartões a cada um, amarelo e vermelho, e lhes pediu que os cartões fossem mostrados, caso ele não visse um lance em que teria de agir. Pediu que escrevessem os números de camisa dos jogadores, a inicial dos países ("N", de "Netherlands", o inglês para Holanda/Países Baixos; "G", de "Germany", para Alemanha), e agiria de acordo com a cor dos cartões. Taylor só não prestou atenção a um detalhe insólito, logo no apito inicial, num Estádio Olímpico previsivelmente com mais alemães do que holandeses: a falta das bandeirinhas de escanteio, retiradas do gramado para a festa de encerramento da Copa. Bandeirinhas colocadas, a final da Copa de 1974 podia começar. E começou.
E como começou, para a Holanda. Cruyff tentou avançar, não teve espaço, recuou a bola para Rijsbergen, que também tentou avançar, não conseguiu, recuou para Haan no campo de defesa, deste para Krol... a Laranja ficou com a bola por 56 segundos. Até que Cruyff viu espaço. Escapou da marcação de Vogts. Seguiu veloz até a beira da área. E levou o carrinho de Uli Hoeness, caindo na área. "Jack" Taylor marcou imediatamente: pênalti. Há como desconfiar de que a falta tinha sido cometido antes da linha demarcatória da grande área, mas de todo modo, ela foi inquestionável e foi marcada. Indo para a cobrança, Johan Neeskens pensava em bater no canto esquerdo. Só que ouviu Franz Beckenbauer gritar para Sepp Maier: "Sepp, rechts von du!" ("Sepp, é na sua direita!", em alemão). Justamente o canto em que Neeskens pensava. No limite, no apito do juiz inglês, o camisa 13 holandês decidiu bater no meio. Pegou mal na bola. Mas Sepp Maier pulou mesmo no canto esquerdo, e ela entrou. Holanda 1 a 0, na final da Copa de 1974, aos dois minutos de jogo em Munique. Sem que a Alemanha tivesse tocado na bola. Um golpe certeiro.
O pênalti de Hoeness em Cruyff: em dois minutos, sem que jogadores da Alemanha tocassem na bola, a Holanda fazia 1 a 0 na final da Copa (Bert Verhoeff/Anefo) |
De quebra, aos 4', Vogts (já perseguindo Cruyff) levou o cartão amarelo. E em vantagem - até mais precoce do que fizera contra Argentina e Alemanha Oriental, na segunda fase -, a Holanda decidiu esfriar o ritmo do jogo. A torcida alemã vaiava, mas a Laranja começou a trocar passes e mais passes. De chances, a Alemanha só teve um chute de Paul Breitner, aos 9', por cima do gol de Jan Jongbloed. Aos 21', num escanteio, Rainer Bonhof (nascido em Niederhein, território dentro da fronteira neerlandesa) cabeceou, e Jongbloed até afastou, mas sem muitos problemas. No mais, até pelos problemas de Cruyff com a marcação de Vogts e a má forma do machucado Rensenbrink, a Holanda mantinha a bola com passes lentos. Para muitos, era uma tentativa de humilhar os alemães ocidentais. Para outros, além disso, era tentativa de humilhar os alemães por tudo feito nos Países Baixos fora dos campos, durante a invasão na Segunda Guerra Mundial - Van Hanegem assumia ter "ódio" dos alemães na época, já que uma explosão causada por nazistas matara seu pai e um dos seus irmãos.
Johnny Rep participou disso. 30 anos depois, em depoimento ao jornalista Auke Kok, publicado no livro "1974: wij waren de besten" ("1974: nós éramos melhores"), o atacante lamentou: "A cada minuto, você via que os alemães ficavam mais irritados. Eles realmente ficaram irados. Tudo isso, por nossa culpa. Acho que aquela troca de passes foi o pior erro da minha carreira. Depois do primeiro gol, achávamos que já tinha acabado. A gente tinha mesmo era de matar o jogo".
De fato, o que aconteceu a partir dali deu razões para o arrependimento de Rep, tanto tempo depois.
A Alemanha reage para o título
Bastou um momento para a Alemanha se reanimar, como já fizera em tantos momentos de sua seleção no futebol até ali - a virada na final da Copa de 1954, os empates tardios no tempo normal da final da Copa de 1966 e na semifinal da Copa de 1970. Aos 22', Gerd Müller (1945-2021) caiu num giro para se livrar da marcação de Rijsbergen, na entrada da área. Reclamou, pedindo pênalti. Com o jogo parado (Rijsbergen torceu o tornozelo e estava sendo atendido), o atacante alemão caiu teatral no gramado, após toque de Van Hanegem, como se tivesse sido atingido duramente. Müller tinha fingido, mas o auxiliar Benito Archundia viu tudo. Como pediu o juiz, o chamou, anotou "N3" no cartão amarelo, sem falar nada. "Jack" Taylor não teve dúvidas: cartão amarelo para Van Hanegem.
Vogts gritou a Beckenbauer: "Franz, agora vai mudar tudo!". De fato, mudou. Começou só dois minutos depois, aos 26': Overath passou a bola a Breitner, na esquerda. O lateral deixou com Hölzenbein, livre de marcação para avançar até a área. Foi o que fez. Bastou passar por Jansen e sentir a aproximação do pé do meio-campista para que o ponta alemão caísse. Sua fama de "cavador de faltas" ("Eu não sabia de nada disso", lamentou Haan ao jornalista Auke Kok) dava resultado: pênalti marcado. Overath chegou a pensar em bater, mas Breitner foi definitivo ao pegar a bola. Bastou Jongbloed se mover levemente para a esquerda, que o lateral alemão bateu no canto direito. O goleiro holandês nem se mexeu: 1 a 1.
Breitner empata: 1 a 1. A Alemanha ainda não virara o placar, mas virava o jogo e ficava cada vez mais à vontade (STAFF/AFP/Getty Images) |
Num lance, a Alemanha conseguia o ânimo que precisava para reagir. E começou a fazer isso acelerando cada vez mais os passes e as jogadas, forçando a Holanda a correr atrás. Começou aos 29', na única vez em que Berti Vogts ousou ir ao ataque: o lateral tabelou com Overath, dominou a bola, chegou à área, e bateu para boa defesa de Jongbloed. Depois, aos 33', Overath cruzou, e Jongbloed falhou ao tentar interceptar antes de repor a bola. Mais um minuto, Uli Hoeness chutou cruzado após chegar à área, e Rijsbergen tirou na pequena área. E aos 36', Beckenbauer cobrou falta e Jongbloed espalmou por cima. Sem ter espaço para avançar, a Holanda só teve chance aos 37': Cruyff escapou, passou a Rep, mas Sepp Maier antecipou a saída de gol e rebateu a finalização do atacante holandês.
Contudo, a Holanda seguia pressionada. E a Alemanha, enfim, virou. Com espaço aberto pelo mau posicionamento de Krol, Bonhof dominou a bola na direita, passou por Haan (o zagueiro temeu marcar mais forte e fazer pênalti) e cruzou. Gerd Müller dominou a bola. Fez com Krol o que já fazia muitas vezes nos treinos no Bayern de Munique (certa vez ele descreveu: "A única coisa que eu faço nos treinos é receber a bola na área, com Schwarzenbeck me marcando, girar e chutar no canto que o goleiro não possa alcançar"). Muller dominou, girou tirando Krol da jogada e bateu cruzado, no contrapé de Jongbloed, no canto direito: 2 a 1, virada no placar.
Gerd Müller fazia o que sabia imensamente: gols decisivos. A Alemanha chegava perto do título (STAFF/AFP via Getty Images) |
Intervalo apitado, Van Hanegem chutou a bola perto do juiz. "Jack" Taylor chegou perto dele e pressionou: só não lhe daria o amarelo porque já era intervalo. Johan Cruyff, capitão, fez isso. Não com a bola, mas com a boca: não parou de reclamar, até tomar ele mesmo o cartão amarelo. Dois fatos que davam a mostra de como a Holanda sentiu os gols que tomara. Sentiu que o jogo não era mais dela.
Tentou mas não deu
No intervalo, Rinus Michels tinha ainda mais coisas com que se preocupar do que a derrota de momento. Rensenbrink falou ao técnico no vestiário: não aguentava mais, as dores no fêmur estavam insuportáveis. Ao mesmo tempo, Rijsbergen ainda sentia dores no tornozelo. E Michels não queria desperdiçar as duas alterações a que tinha direito de uma vez só, no intervalo. Perguntou ao zagueiro se ele aguentava. Ouvindo um "sim", só aí o técnico da Holanda autorizou: "René, vá se aquecer". René van de Kerkhof, atacante do PSV, que não tivera um minuto em campo naquela Copa de 1974, seria o substituto de Rensenbrink. Para irritação de Piet Keizer: mesmo sem ter aproveitado sua chance contra a Suécia, na fase de grupos, o ponta esperava ter a chance na final. Ser ignorado por Rinus Michels foi impacto tão duro que Keizer nunca mais falou com o técnico - e encerrou sua carreira no fim de 1974.
Mudança feita, ela pareceu ser infrutífera no começo da etapa final: aos 48', em escanteio, Bonhof quase fez o terceiro gol alemão, mandando a bola rente à trave direita. Contudo, aos poucos, a entrada de René van de Kerkhof acelerou mais o ataque holandês. E as chances começaram a aparecer: aos 52', em escanteio, Sepp Maier rebateu mal a bola, e Breitner precisou afastar para novo escanteio. Aos 54', numa bola parada, quase o empate: Cruyff cobrou falta, Van Hanegem cabeceou, e Sepp Maier pegou, mesmo caindo.
Mesmo se retraindo mais, a Alemanha seguia perigosa. E aos 59', poderia ter feito o terceiro gol: Gerd Müller recebeu a bola de Grabowski, livre na área, e tocou na saída de Jongbloed, para as redes - o gol foi anulado (Haan, Rijsbergen e Krol fizeram a linha de impedimento), mas há quem sustente que Müller estava em posição legal. De todo modo, aos poucos ficou notável: já que Cruyff era apagado pela marcação individual perfeita de Berti Vogts, a Holanda apostaria mais nos avanços de Suurbier e Krol pelos lados, pela boa entrada de Van de Kerkhof, pelas tentativas de Neeskens e Rep.
A pressão pelo empate aumentou. Aos 73', Van de Kerkhof cruzou da esquerda, Neeskens pegou a bola de voleio do outro lado da área e Sepp Maier fez uma das grandes defesas de sua carreira. Mais um minuto, e Maier precisou trabalhar de novo, pegando firme chute de Theo de Jong (este veio a campo, para substituir Rijsbergen, que sucumbiu às dores no tornozelo desde o primeiro tempo). Depois, Johnny Rep tentou duas vezes: aos 77', desviando cruzamento de Neeskens para fora, e aos 79', em arremate cruzado que saiu pela linha de fundo. E veio de Neeskens a última chance da Laranja, aos 86', batendo de longe, rente à trave direita de Maier.
A Holanda tentou, mas não deu. A Alemanha se segurou, povoando a área de defesa e mostrando atenção máxima. Teve em Sepp Maier, talvez o melhor goleiro de sua história, fazendo a partida de sua carreira. Teve em Berti Vogts o que Helmut Schoen queria que ele fosse: alguém a anular Cruyff, já previamente desgastado, que fez sua pior partida naquela Copa justamente na decisão. Teve em Bonhof e Overath dois nomes fundamentais no meio-campo. Teve Gerd Müller, mais uma vez, como um goleador de decisão. Teve Beckenbauer como um líder tão discreto quanto fundamental. E teve o segundo título mundial de sua história.
Era doloroso para a Holanda, mas a Alemanha merecera plenamente a vitória na final (Paul Popper/Popperfoto/Getty Images) |
À Laranja, restava a dor daquela que ficou conhecida como a "Mãe de Todas as Derrotas". Justamente na final da Copa do Mundo, o cansaço de todos - principalmente de Cruyff - foi sentido, na mais vulnerável atuação no torneio. O momento em que "Jack" Taylor apitou o fim do jogo, aos 45 minutos e 16 segundos, é daqueles em que cabe o clichê: cada holandês vivo então se lembra de onde estava, e da tristeza que sentiu.
Tudo bem
A tristeza não passou nem no jantar oferecido pela FIFA às três primeiras seleções da Copa do Mundo, com Cruyff recebendo sisudo o prêmio de segundo melhor jogador do torneio. Ela só foi amenizada na volta da delegação holandesa ao país natal. Quando o avião da Transavia abriu suas portas no chão, os 22 jogadores e a comissão técnica se surpreenderam: não era o caso de dizer que o saguão do aeroporto Schiphol, em Amsterdã, estava lotado. Era o caso de dizer que as proximidades da pista já estavam lotadas de torcedores.
A rainha Juliana com Cruyff, Neeskens, Rijsbergen, os irmãos Van de Kerkhof... sim, a delegação da Holanda foi plena e justamente saudada no retorno da Copa (Keystone/Hulton Archive/Getty Images) |
Houve mais festa, no trajeto até o almoço na casa real, com a rainha Juliana. Depois, o ápice: num palco na Leidseplein, uma das principais praças de Amsterdã, todos os homenageados viram uma multidão a gritar "Holland wint de wereldcup, la-la-la" ("Holanda venceu a Copa do Mundo"). Mas pelo menos um dos jogadores não estava ligando muito: Jan Jongbloed. Como sempre, o goleiro titular (talvez o símbolo daquele conto de fadas holandês) estava mesmo era com saudades de casa. Somente a homenagem dos vizinhos de sua casa, em Amsterdã, o aliviou. Tanto quanto as palavras finais do diário do goleiro: "Estou feliz por ter acabado. Saudações, Jan Jongbloed".
O mais importante, ele e seus colegas já tinham feito: colocar o Reino dos Países Baixos no mapa do futebol mundial. Graças à Laranja Mecânica. A primeira e única.
COPA DO MUNDO FIFA 1974 - FINAL
Alemanha Ocidental 2x1 Holanda
Data: 7 de julho de 1974
Local: Estádio Olímpico (Munique)
Árbitro: John Keith "Jack" Taylor (Inglaterra)
Gols: Johan Neeskens, aos 2', Paul Breitner, aos 26', e Gerd Müller, aos 43'
ALEMANHA OCIDENTAL
Josef "Sepp" Maier; Hans-Georg Schwarzenbeck, Berti Vogts, Franz Beckenbauer e Paul Breitner; Rainer Bonhof, Wolfgang Overath e Uli Hoeness; Bernd Hölzenbein, Gerd Müller e Jürgen Grabowski Técnico: Helmut Schoen
HOLANDA
Jan Jongbloed; Wim Suurbier, Arie Haan, Wim Rijsbergen (Theo de Jong, aos 69') e Ruud Krol; Wim Jansen, Willem van Hanegem e Johan Neeskens; Johan Cruyff; Robert Rensenbrink (René van de Kerkhof, aos 46') e Johnny Rep. Técnico: Rinus Michels
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BIBLIOGRAFIA
- KOK, Auke. 1974: Wij waren de besten. Amsterdã, Uitgeverij Thomas Rap, 2006
- BETING, Mauro. As melhores seleções estrangeiras de todos os tempos. São Paulo, Contexto, 2010.
- VERKAMMAN, Matty. VISSER, Jaap. HOIJTINK, Henk. Oranje Toen en nu - Deel 10 (1974-1976, 2010). Roterdã, De Buitenspelers, 2010
- Coleções dos jornais De Telegraaf, Algemeen Dagblad, De Volkskrant
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