Entre os clubes holandeses que ora participam da Liga Europa na temporada atual, a situação era melhor para uns (AZ) e pior para outros (PSV) quando a quarta rodada da fase de grupos começou. Impossível dizer que houvesse uma uniformidade de níveis de atuação em campo. Mas a rodada mostrou uma qualidade comum aos dois supracitados, mais o Feyenoord: coragem. Talvez tenha sido por ela que todos eles tenham conseguido resultados que, se não foram perfeitos, mantêm as chances de classificação à segunda fase, a duas rodadas do fim.
O PSV poderia ter se baqueado com a desvantagem precoce para o PAOK. Mas o ataque se fortaleceu - com Malen, entre outros -, e a virada foi merecida (Soccrates/PSV) |
E não houve melhor exemplo dessa coragem demonstrada em campo do que o PSV. Afinal de contas, as circunstâncias da fase inicial da partida contra o PAOK foram as piores possíveis: mesmo em Eindhoven, o time da casa revelou uma defesa lenta nas pontas e desatenta no miolo. Prato cheio para Christos Tzolis, Andrija Zivkovic e quem mais ajudasse colocassem o time grego na frente em apenas 13 minutos de jogo. No primeiro gol, aos 4', o desvio insuficiente da defesa deixou a bola nos pés de um Fernando Varela livre para chutar; e no segundo, aos 13', novamente houve espaço para Zivkovic levantar a bola na cabeça de Tzolis - que surgiu por trás, sem ninguém a acompanhá-lo. Para piorar, dois minutos antes do PAOK fazer 2 a 0, quando o PSV foi competente, um erro de arbitragem lhe tirou o gol de empate: Donyell Malen estava em posição legal ao cabecear para as redes, mas um impedimento foi marcado. Só que, se alguém dos Boeren estava em posição irregular, era Eran Zahavi - que não estava participando da jogada. Parecia tudo perdido.
Mas a partir do meio do primeiro tempo, o PSV se recompôs. Se Zahavi não jogava bem, o trio Noni Madueke-Cody Gakpo-Donyell Malen compensava isso, acelerando as jogadas de ataque. Foi exatamente com rapidez que veio o primeiro gol, aos 20': Madueke tocou rápido, e Gakpo entrou livre na área para finalizar. E no restante da primeira etapa, os anfitriões criaram muitas chances de empate: com Malen, com Ibrahim Sangaré (boa atuação), até mesmo com Olivier Boscagli. A desvantagem seguia no intervalo, mas o PSV parecia destinado ao empate. E logo que o segundo tempo começou, o time de Eindhoven fez até melhor: seguiu rápido, e fez o PAOK provar do próprio veneno. Com rapidez nos avanços pelas pontas, assim surgiu o gol de empate, aos 51', com Madueke. E já dois minutos depois, a esperteza de Malen o deixou livre para aproveitar o rebote de arremate de Zahavi e virar o placar. E no resto do jogo, o PSV seguiu alerta. Sofreu pouco na defesa. E voltou à disputa pelas vagas na segunda fase: com 6 pontos, é vice-líder do grupo E. Terá dificuldades na quinta rodada, indo à Espanha para pegar o líder Granada. Mas voltou a falar grosso.
Com onze em campo, o Feyenoord até atacou, com Toornstra ajudando nos contragolpes. Após a expulsão de Jorgensen, a defesa deu conta do recado contra o CSKA Moscou (Getty Images/UEFA) |
Se o PSV se valeu do ataque para se recuperar do mau começo contra o PAOK, o Feyenoord foi corajoso exatamente ao não ser corajoso. Até porque, no início do jogo contra o CSKA Moscou, fora de casa, o time moscovita é que trouxe mais perigo, nas chances de Nikola Vlasic (8') e Ivan Oblyakov (16'), que passaram rente ao gol. Todavia, o Feyenoord mostrava rapidez no contra-ataque, graças às boas atuações de Jens Toornstra e Orkun Kökcü. Até por isso, também fez o goleiro Igor Akinfeev trabalhar vez por outra - como não podia deixar de ser, com Steven Berghuis (aos 24' e 35'). E mesmo se o CSKA Moscou reaparecesse na área, o goleiro Nick Marsman estava a postos para boas defesas, como fez no arremate de Fyodor Chalov, aos 40'. Até mesmo o lateral direito Bart Nieuwkoop teve sua chance de gol - até a mais perigosa de todas do Stadionclub, nos acréscimos da etapa inicial.
Porém, qualquer ofensividade do Feyenoord foi forçosamente cortada logo no princípio do segundo tempo. Afinal, de novo o time perdeu um jogador por expulsão: aos 48', Nicolai Jorgensen acertou o rosto de Magnusson com o cotovelo e recebeu um cartão vermelho quase indiscutível. Aí entraram os méritos da defesa: se as laterais mostravam alguma fragilidade (principalmente a esquerda, com Lutsharel Geertruida), elas ficaram mais fechadas. No miolo de zaga, Marcos Senesi e Uros Spajic justificaram a confiança cada vez maior que recebem da torcida: foram seguros na marcação dos atacantes. Na única vez que o CSKA Moscou entrou na área e balançou as redes, aos 65', Ilya Shkuryn estava impedido. No mais, só tentativas infrutíferas pelas pontas e chutes de fora, tão inofensivos quanto. É fato: as partidas contra a equipe russa reabilitaram o Feyenoord na Liga Europa, segundo colocado do grupo H que é, agora. Mas vencer o Wolfsberger austríaco, fora de casa, na próxima rodada, ainda é imperativo para o Stadionclub se fortalecer de vez no torneio.
O AZ foi mais ofensivo contra a Real Sociedad. Mas lamentou muitas chances perdidas (ANP) |
Se há um time que tem o que lamentar na rodada, mesmo com atuação elogiável, é o AZ. Afinal de contas, não só o time voltou a mostrar alguma firmeza na defesa contra a Real Sociedad: ao contrário do que se vira na rodada passada, em San Sebastián, os Alkmaarders tiveram um pouco mais de coragem na frente. O que resultou em mais chances trocadas no primeiro tempo: Jonas Svensson (22', voleio torto para fora) e Teun Koopmeiners (30', chute desviado e defendido por Àlex Remiro) tentaram de um lado, Adnan Januzaj (24', por cima do gol) e Mikel Oyarzábal (arremate pego por Marco Bizot) tentaram do outro.
No segundo tempo, o equilíbrio pode até ter seguido, mas o AZ criou mais chances do que os visitantes da Espanha. Duas delas, em menos de um minuto. Aos 59', Dani de Wit cabeceou em cima de Remiro, na pequena área, e o goleiro rebateu; a jogada seguiu, e Koopmeiners acertou o travessão, num chute de média distância. Se a Real Sociedad rondava o gol, tinha a barreira segura da defesa - Bizot espalmou a maior chance, em falta de Roberto López aos 81'. E aos 88', a bola do jogo foi à cabeça de Zakaria Aboukhlal, vindo do banco - só que o marroquino foi desajeitado no cabeceio, e ela encobriu a meta de Remiro. E mesmo com o empate, o AZ caiu para a terceira posição do grupo F (embora com 7 pontos, como a Real Sociedad, tem saldo de gols menor). Claro, a classificação ainda é possível, ainda mais tendo em vista que o jogo da última rodada tem o Rijeka croata, frágil. Mas, se o time de Alkmaar quiser se fortalecer mais no grupo, precisará de um ponto - ou três - contra o Napoli, na próxima rodada.
Ainda assim, vencendo ou empatando, ofensivos ou defensivos, os times holandeses mostraram mais coragem nesta rodada da Liga Europa. Têm um prêmio momentâneo: continuam, todos eles, com chances de classificação à segunda fase do torneio. A ver se continuarão assim na penúltima rodada, para continuarem com chances.
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