O gol de Van de Beek foi o começo de um bom segundo tempo da Holanda contra a Espanha. Ainda é pouco (BSR Agency) |
O amistoso contra a Espanha serviria para duas coisas na seleção masculina da Holanda (Países Baixos): dar chance a reservas e tentar se aproximar da garantia da vaga no pote 1 do sorteio das eliminatórias da Copa de 2022. Porém, o mau nível técnico mostrado pela Laranja nos três jogos sob o comando de Frank de Boer tornava a possibilidade de uma derrota muito grande e preocupante. Pois bem: a derrota não veio. E a reação vista no segundo tempo foi até promissora. Só que a melhora vista no empate em 1 a 1 foi leve. Até demais.
Porque, no primeiro tempo, o que se viu foi uma Holanda repetindo o principal erro visto até aqui sob Frank de Boer: a lentidão excessiva na defesa. Prato cheio para a Espanha atacar - e nem era necessário contar com o apoio do meio-campo: bastava o trio Gerard Moreno-Álvaro Morata-Marco Asensio acelerar os ataques com a bola nos pés para colocar sob riscos a defesa holandesa. Piorando a situação, Nathan Aké foi mais uma vítima da roda-viva de jogos na Europa, sofrendo lesão muscular com cinco minutos de jogo.
Restou a Daley Blind entrar, para fazer a dupla de zaga com Joël Veltman. Uma dupla de zaga lenta demais. E que ainda errou no gol de Sergio Canales, aos 18': o passe de Morata em profundidade enganou Veltman, que deixou o lado direito completamente aberto para Canales entrar na área e finalizar cruzado ao gol. De quebra, Asensio tinha pleno espaço pela esquerda, em outra má atuação de Hans Hateboer no aspecto de marcação.
Aké se lesionou com apenas cinco minutos de jogo: como se já não faltassem zagueiros à Holanda (AP) |
No meio-campo, Georginio Wijnaldum estava sem espaço para avançar, diante da rápida volta espanhola para a defesa. Frenkie de Jong também via poucos lugares para lançar em profundidade. Resultado: restavam só cruzamentos, de Owen Wijndal (já melhor na esquerda) ou de Hateboer (mais raros). E o ataque quase não causou problemas à Espanha - só se viu um chute a gol da Holanda nos primeiros 45 minutos, com Luuk de Jong. A Espanha rondou bem mais a área. Teve uma boa chance com Morata, aos 34', rebatida por Marco Bizot, goleiro estreante. E a desvantagem de momento deixava claro: ou a Holanda melhorava, acelerava, ou a derrota era praticamente inevitável.
Frank de Boer notou tudo isso: a fragilidade defensiva, a lentidão do meio-campo, a inação do ataque. E as quatro mudanças feitas no intervalo foram precisas. Principalmente no ataque: no lugar de Steven Berghuis, Calvin Stengs se mexeu mais na frente. Atraiu mais a marcação. E isso já ajudou no lance do empate neerlandês em Amsterdã, aos 47': no meio da área, junto a Depay, Stengs possibilitou que Donny van de Beek estivesse livre para ajeitar a bola cruzada por Wijndal, chutando rasteiro para o 1 a 1.
Na defesa, Stefan de Vrij mostrou mais firmeza ao lado de Veltman, no miolo de zaga, permitindo que Blind avançasse ao meio-campo para auxiliar o setor. Foi necessário, porque o ar mais ofensivo da Holanda causou o efeito colateral esperado: mais espaço para os contra-ataques da Espanha. Aí, Bizot mostrou algum serviço, defendendo chutes de Hector Bellerín (aos 61') e Adama Traoré (aos 66'). E quando nem Bizot conseguiu pegar, Koke errou a finalização, aos 60'.
De quebra, no meio-campo, Klaassen mostrou ser promissor, com muitos lançamentos precisos para acelerar contra-ataques. Pela direita, Stengs e Denzel Dumfries também aumentava o ritmo de jogo da Holanda. E tudo isso levou a pelo menos três chances valiosas que a Holanda teve para ganhar. Aí, houve demérito de quem poderia colocar a esférica no filó adversário. Tanto Memphis Depay (aos 69') quanto Luuk de Jong (aos 88') ficaram na frente do gol, sozinhos na área, após cruzamentos bem medidos de Dumfries. Mas faltou força ao arremate de Memphis, e Unai Simón fez boa defesa. Luuk de Jong fez pior ainda: dominou, quis driblar Simón... e perdeu ângulo para chutar.
De todo modo, essa reação vista no segundo tempo ainda foi pouca para evitar que a Holanda seguisse sem vitórias, no quarto jogo sob Frank de Boer (marca histórica). E já deixa preocupação sobre o que será feito na Liga das Nações, com duas rodadas em que a vitória é necessária para manter alguma chance de avanço às semifinais.
Amistoso
Holanda 1x1 Espanha
Data: 11 de novembro de 2020
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Árbitro: Davide Massa (Itália)
Gols: Sergio Canales, aos 18'; Donny van de Beek, aos 47'
Holanda
Marco Bizot; Hans Hateboer (Denzel Dumfries), Joël Veltman, Nathan Aké (Daley Blind) e Owen Wijndal; Georginio Wijnaldum (Davy Klaassen), Donny van de Beek e Frenkie de Jong (Stefan de Vrij); Steven Berghuis (Calvin Stengs), Luuk de Jong e Memphis Depay (Ryan Babel). Técnico: Frank de Boer
Espanha
Unai Simón; Héctor Bellerín, Eric García, Iñigo Martínez (Sergio Ramos) e José Luis Gayà (Sergio Reguilón); Koke, Rodri e Sergio Canales (Marcos Llorente); Gerard Moreno (Ferrán Torres), Álvaro Morata (Dani Olmo) e Marco Asensio (Adama Traoré). Técnico: Luis Enrique
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