O Ajax sofreu sustos dentro e fora de campo contra o Midtylland, mas pôde respirar ao fim de tudo: a primeira vitória abre possibilidades na Liga dos Campeões (EPA) |
O medo estava no ambiente do Ajax, antes do jogo contra o Midtjylland, terceiro compromisso dos Ajacieden pelo grupo D da Liga dos Campeões. Afinal de contas, na segunda-feira da véspera, a ameaça constante do novo coronavírus caiu no meio do grupo de jogadores: do nada, o clube só relacionara 17 jogadores (apenas um deles, goleiro) para a viagem à cidade dinamarquesa de Herning. Sem confirmação oficial do Ajax, restou à imprensa holandesa noticiar que as ausências - incluindo André Onana, Davy Klaassen, Ryan Gravenberch e Dusan Tadic - se davam por testes positivos para o vírus. Sem contar o medo de um resultado negativo em campo, que poderia prejudicar muito o clube na Champions League. Fora dos gramados, o Ajax tentou se resolver às pressas. E dentro de campo, pelo menos, conseguiu a vitória buscada - que o deixa bem vivo, até pela goleada sofrida pela Atalanta para o Liverpool, que prejudicou o saldo de gols da equipe italiana.
Para se resolver após o surto de infecções, entre segunda e terça, o Ajax viveu uma roda-viva nada recomendável. Primeiro, a situação ficou ainda mais confusa pela diferença dupla de protocolos: entre os procedimentos de Holanda (Países Baixos) e Dinamarca em relação a viagens, e entre o modo de testes de Ajax e UEFA. Tal diferença causou estremecimentos, como deixaram claro Erik ten Hag, na entrevista coletiva da segunda, e o diretor geral Edwin van der Sar, já na terça, antes do jogo, ao diário De Telegraaf. O clube de Amsterdã se apressou: fez exames em vários dos inicialmente ausentes. Tão logo o resultado saiu negativo, Onana, Tadic e Gravenberch viajaram à Dinamarca já na noite de segunda-feira; também liberados, Klaassen e o goleiro reserva Maarten Stekelenburg pegaram o avião horas antes da partida, e já foram do aeroporto direto para o estádio.
Pelo menos, o Ajax não estaria tão combalido em campo. E quando Antony complementou a triangulação com Quincy Promes (cruzou) e Tadic (ajeitou), com apenas 48 segundos de bola rolando, para fazer 1 a 0, parecia que os visitantes teriam um final feliz para uma história de sofrimentos. Está certo que havia sustos na defesa já naquele momento inicial do jogo, principalmente nos avanços de Anders Dreyer pela esquerda, mas o Ajax se controlava, para tentar construir o resultado nos contra-ataques. Nem precisou se esforçar tanto para conseguir o segundo gol, vindo aos 13', após um erro de iniciante do Midtjylland: o lateral-esquerdo Paulinho recuou a bola, o goleiro Mikkel Andersen pegou, o juiz marcou o tiro livre indireto, e Tadic bateu forte.
Só que, como já indicado, o Midtjylland já assustava o Ajax. E os Leões conseguiram diminuir pouco depois, quando enfim Dreyer teve espaço para chutar, aos 18', mandando a bola no canto esquerdo de Onana. Por sinal, tal lance mostrou como o jogo ofensivo que é a bênção do Ajax é também sua maldição - eram sete jogadores Ajacieden no campo de ataque. Foi a senha para o crescimento do time dinamarquês: puxado por Dreyer e Jens Cajuste, com o crescimento de Pione Sisto e Sory Kaba, o Midtjylland começou a rondar a área do Ajax. Com as más atuações de Jurgen Ekkelenkamp, que não conseguia segurar a bola no meio, e Perr Schuurs, errando passes demais e dando espaço perto da área, a equipe da casa teve chances de empatar. Só não empatou por sua própria incompetência (aos 30', sozinho na área, Dreyer mandou por cima do gol) ou por méritos de Onana (o goleiro camaronês defendeu bem arremates de Dreyer, aos 21', e Sisto, aos 31').
Com o gol precoce e muita movimentação na direita, Antony confirmou seu papel preponderante no Ajax (Getty Images) |
O fim do primeiro tempo trouxe alívio ao Ajax. Para diminuir o ritmo frenético do Midtjylland e fazer o time neerlandês ficar mais com a bola, Davy Klaassen saiu do banco. Só que nem isso deu muito certo: embora a pressão em busca do empate tivesse diminuído, os Ajacieden estavam mais concentrados na defesa - até porque, no ataque, só Antony e Tadic colaboravam, com Quincy Promes em outro dia de pouquíssimas aparições. Falando em Antony, quase coube a ele o lance do alívio, chegando a colocar a bola nas redes num contra-ataque acelerado pelo bom passe de "Nous" Mazraoui, aos 65'. O gol foi anulado pelo VAR (impedimento de Antony existiu, de fato), mas o Ajax se acalmou mais a partir dali. Até voltou a chutar mais - como com Mazraoui, aos 74'. E só teve mais dois sustos: em cabeceio de Kaba, aos 75', e em defesa de Onana aos 90' + 1, espalmando a falta cobrada por Evander, substituto de Cajuste.
E o Ajax conseguiu uma vitória que pode lhe catalisá-lo para se credenciar ao avanço para as oitavas de final, caso consiga vencer a volta sobre o Midtjylland em Amsterdã - tudo rumo ao duelo da última rodada, que deve ser decisivo contra a Atalanta, em casa. Parafraseando um pouco a expressão: entre (falsos?) testes positivos e sustos, salvaram-se todos.
Liga dos Campeões - fase de grupos - Grupo D
Midtjylland 1x2 Ajax
Local: Arena Herning/MCH Arena (Herning)
Data: 3 de novembro de 2020
Árbitro: Bobby Madden (Escócia)
Gols: Antony, a 1', Dusan Tadic, aos 15', e Anders Dreyer, aos 18'
Midtjylland
Mikkel Andersen; Joel Andersson (Dion Cools), Erik Sviachenko, Alexander Scholz e Paulinho; Frank Onyeka e Jens-Lys Cajuste (Evander); Anders Dreyer (Bozhidar Kraev), Pione Sisto e Awer Mabil; Sory Kaba (Lasse Vibe) Técnico: Brian Priske
Ajax
André Onana; Noussair Mazraoui (Sean Klaiber), Perr Schuurs (Edson Álvarez), Lisandro Martínez e Nicolás Tagliafico; Ryan Gravenberch, Jurgen Ekkelenkamp (Davy Klaassen) e Daley Blind; Antony (Lassina Traoré), Dusan Tadic e Quincy Promes. Técnico: Erik ten Hag
André Onana; Noussair Mazraoui (Sean Klaiber), Perr Schuurs (Edson Álvarez), Lisandro Martínez e Nicolás Tagliafico; Ryan Gravenberch, Jurgen Ekkelenkamp (Davy Klaassen) e Daley Blind; Antony (Lassina Traoré), Dusan Tadic e Quincy Promes. Técnico: Erik ten Hag
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