Romée Leuchter justificou a compra rumo ao PSV: é o símbolo do Ajax líder da Eredivisie feminina (Orange Pictures) |
Há pelo menos cinco anos, o Ajax é um dos clubes que mais investe no futebol feminino dentro da Holanda (Países Baixos). Tem uma diretora específica para a modalidade - de grande história: Daphne Koster, ex-zagueira, ex-capitã da seleção holandesa. Teve muitos nomes de destaque nos campos. Naquela época, os títulos estavam vindo: bicampeonato nacional (2016/17 e 2017/18), tricampeonato da Copa da Holanda (2016/17, 2017/18, 2018/19). Porém, era pouco, para o tamanho das ambições Ajacieden entre as mulheres. E ver Twente e PSV, os rivais no futebol de mulheres, ganhando destaque e levando os títulos mais vistos, andava ferindo a autoestima do clube de Amsterdã. Pois bem: o turno da temporada 2021/22 do Campeonato Holandês feminino indica que a hora do Ajax (líder, com 25 pontos) voltar a comemorar pode estar perto.
Não que a equipe treinada por Danny Schenkel domine o campeonato longe disso. Na verdade, passou por mudanças ao longo das primeiras 14 rodadas antes de embalar, a partir da 9ª rodada. Algumas, à força: no gol, a titular Lize Kop se machucou em outubro, Isa Pothof tomou o lugar, mas logo foi desbancada por Regina van Dijk, titular da seleção holandesa sub-19. Outras, por necessidade: Marjolijn van den Bighelaar até começou jogando na temporada, mas perdeu espaço (ganho pela vida pessoal: está grávida). O que não mudou foram os destaques Ajacieden ao longo da Vrouwen Eredivisie. Não se fala aqui de veteranas como Stefanie van der Gragt ou Sherida Spitse, mas sim de duas novatas. Enfim, Victoria Pelova ganha o espaço que promete há algum tempo: no meio ou na ponta-esquerda, onde começou a atuar mais frequentemente, a camisa 23 lidera tecnicamente o Ajax.
Mas o grande símbolo que leva as Amsterdammers à ponta é Romée Leuchter. Contratada antes da temporada, junto ao PSV, a atacante de 21 anos chegava com a grande oportunidade de sua carreira. Por enquanto, Leuchter está justificando tal contratação. Com velocidade e boa finalização, ela é a revelação do campeonato, por ora: ostenta a respeitável marca de 11 gols em 12 jogos. Tão respeitável que já fez dela uma convocada por Mark Parsons para a seleção - com boas chances de ficar para os próximos jogos e até estar na Euro que vem por aí, dependendo da continuação de sua excelente fase.
O Feyenoord faz bonito em sua estreia até aqui, com um bom desempenho defensivo - simbolizado em Van Diemen (Yannick Verhoeven/VK Sportphoto) |
Se o Ajax lidera a liga neerlandesa, agora, se valendo do seu ataque, a surpresa mais agradável desta Eredivisie até agora tem a defesa como sua grande qualidade. Sim, o Feyenoord é um clube grande e tradicional... no futebol masculino. Na sua temporada de estreia com um time de mulheres, contudo, o Stadionclub faz melhor do que se esperava. Em primeiro lugar, manteve a liderança por muitas rodadas - agora, é 4º colocado, com 22 pontos. Em segundo lugar, no primeiro "Klassieker" da história do futebol feminino nos Países Baixos, goleou o arquirrival Ajax - 4 a 1, na 5ª rodada. Em terceiro lugar, a força defensiva (junto do Ajax, é a zaga menos vazada da liga - só 13 gols sofridos) já rendeu a uma das defensoras a estreia na seleção - a lateral direita Samantha van Diemen -, e alguns pedem chance até a mais jogadoras Feyenoorders, como a goleira Jacintha Weimar. Há destaques na frente - Sophie Cobussen, Pia Rijsdijk -, mas o Feyenoord se notabiliza, por enquanto, pelos gols que evita.
Só que, na frente do Feyenoord, estão os outros dois clubes tradicionais do futebol feminino da Holanda. Em segundo lugar, um ponto atrás do Ajax, vem o Twente. E o atual campeão da Eredivisie aposta no que sempre faz: na regularidade, com um time de destaques que brilham pouco mas acrescentam (e jogam) muito. A começar pelo gol: com as constantes lesões de Lize Kop, Daphne van Domselaar assumiu o lugar de reserva imediata para Sari van Veenendaal na seleção. Na zaga, Kika van Es é a experiência, enquanto Caitlyn Dijkstra é outra novata que aparece bem e já teve chance nas Leoas Laranjas. E o ataque traz o de sempre: uma Renate Jansen que desafia o tempo e continua confiabilíssima mesmo pouco notada, acrescentando ao crescimento fulgurante de Fenna Kalma, goleadora máxima da Eredivisie (20 gols em 12 jogos), forte fisicamente, com notável capacidade de finalização, uma revelação conhecida implorando para virar realidade - até em termos de seleção.
Fenna Kalma segue na temporada atual como veio na passada: fazendo gols, sendo garantia de bola na rede para o Twente (Orange Pictures) |
Já no PSV (3º lugar, com 23 pontos), há um problema: a dependência insistente nas veteranas. Sim, há jogadoras mais jovens capazes de ajudar, principalmente no ataque, possuindo Esmee Brugts, Naomi Pattiwael e a brasileira Letícia. Só que de nada isso adianta quando se vê que a goleadora e principal destaque dos Boeren na liga feminina é a boa e velha Desirée van Lunteren, recém-chegada do Ajax para monopolizar as ações ofensivas a partir da direita. Muito menos ao ver que Van Veenendaal prossegue titular no gol do time de Eindhoven - ainda que em má fase, diga-se de passagem.
No mais, entre os clubes menores, Zwolle e ADO Den Haag mostraram mais capacidade de sonhar com uma surpresa - com destaque para o clube de Haia, ostentando uma boa atacante em Kirsten van de Westeringh, e mostrando confiança nas palavras do técnico Sjaak Polak: "Não jogamos menos do que Ajax, PSV ou Twente". Cabe a eles tentarem comprovar tal capacidade em campo. Lá dentro, até agora, por ora, o Ajax está mais perto de conseguir o título grande que persegue com tanto investimento.
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