quarta-feira, 22 de maio de 2024

Play-offs pela Conference League: aumentam as novidades

O Campeonato Holandês da temporada 2023/24 acabou... pelo menos para 14 clubes. Afinal, como é comum, ano após ano, quatro clubes holandeses ainda jogarão a repescagem que vale vaga na segunda fase preliminar da próxima Conference League. Como também é comum, a repescagem que originalmente incluiria do 4º ao 7º lugar foi "rebaixada" pelos bons resultados de clubes melhor colocados: o vice-campeão Feyenoord ganhou a Copa da Holanda (que dá um lugar direto na fase de grupos da Liga Europa), mas já tinha vaga na Liga dos Campeões - e com isso, legou sua vaga ao AZ, 4º colocado da Eredivisie. A vaga na terceira fase preliminar da Europa League, então, foi para o Ajax, quinto colocado. E aí, a repescagem ficará entre o 6º e o 9º colocados da liga dos Países Baixos.

E entre esses quatro times, há mais novidades do que costuma acontecer nos play-offs que fecham a temporada holandesa masculina no futebol. Certo, nem tantas: o Utrecht se aprumou após muitos sustos no começo da Eredivisie, e voltou ao cenário que já conhece tanto (é a oitava participação seguida dos Utregs nos play-offs). O Sparta Rotterdam, se é menos frequente, deu sequência à boa fase, retornando à repescagem após decidi-la em 2022/23. Mas dois participantes menos frequentes ganharam direito a sonhar com a volta a torneios europeus. O NEC se valeu de um ótimo fim de temporada para ser o melhor dos quatro (6º colocado) e ganhar um lugar na repescagem. E o Go Ahead Eagles já coroou sua incrível evolução nos últimos três anos ao ser um dos quatro participantes. 

Quatro participantes que terão a resolução bem mais dinâmica: afinal de contas, não haverá jogo de volta na repescagem, pelas limitações do calendário. As semifinais ocorrem nesta quinta-feira; e a decisão da vaga na Conference League, no próximo domingo, com o time melhor colocado na temporada regular como mandante. Sendo assim, é bom saber como entram os quatro clubes holandeses que ainda têm algo a aspirar.

NEC x Go Ahead Eagles
23 de maio, às 13h45 de Brasília, em Nijmegen

O NEC deixou de lado a incômoda fama de ser time "de empates" para embalar na metade final da temporada. Já foi vice-campeão da Copa da Holanda, e tem boas chances na repescagem (Broer van den Boom/BSR Agency/Getty Images)

NEC (6º colocado na temporada regular)

Ah, é, o NEC era o time dos empates até a temporada passada? Pois mudou essa realidade no returno. Quando nada, porque foi o único time, entre os 18 da Eredivisie, a ter vencido o campeão PSV (3 a 1, na 27ª rodada). Mas não foi só por isso. O time de Nijmegen contou com nomes experientes que engrenaram na hora certa: o goleiro Jasper Cillessen - voltou a jogar bem, após inconstâncias em 2022/23 -, o zagueiro Bram Nuytinck, o meio-campo Lasse Schöne (mais na reserva, mas ainda valioso para entrar no decorrer do jogo). Falando em meio-campo, Dirk Proper e Mees Hoedemakers formam uma dupla bem entrosada no setor. E em meados da temporada, ainda chegou o ponta-de-lança Tjaronn Chery, para ajudar um ataque rápido em praticamente todos os jogadores: os pontas Sontje Hansen, Rober González (direita), Kodai Sano (esquerda), o atacante Koki Ogawa... tudo isso rendeu um time que embalou na metade final da temporada. Não só pelos bons resultados conseguidos na Eredivisie, mas também, e principalmente, por chegar à final da Copa da Holanda. Perdeu para o Feyenoord, é verdade. Mas alcançar a repescagem é uma "segunda chance" para os Nijmegenaren voltarem a uma competição europeia, após 15 anos. Uma chance merecida.

Desde 2022 no Go Ahead Eagles, Willumsson simboliza em campo um time firme dentro e fora de campo, que superou o orçamento pequeno com muita sabedoria ao usá-lo (Vincent Jannink/ANP/Getty Images)

Go Ahead Eagles (9º colocado na temporada regular)

Parece incrível pensar que, há três anos, as Águias apenas subiam para a Eredivisie, voltando a ela como vice-campeões da segunda divisão em 2020/21. Por outro ponto de vista, porém, talvez tenha sido essa humildade que fez com que o "Kowet" subisse tanto, nesta temporada. Começando pelo lado de fora do campo, onde o diretor geral Jan Willem van Dop e o diretor esportivo Paul Bosvelt (ex-jogador, com passagem pelo Manchester City e duas Eurocopas defendendo a Holanda no caminho) trabalham muito bem com pouco dinheiro. Indo para dentro do gramado, o técnico René Hake já tem um trabalho bem desenvolvido, com dois anos no clube de Deventer. E finalmente, os jogadores estão muito entrosados. Para começo de conversa, há pelo menos dois anos a torcida (fanática) já decorou a linha defensiva, com o goleiro Jeffrey de Lange tendo à sua frente o quarteto Mats Deijl-Jamal Amofa (ou Gerrit Nauber)-Joris Kramer-Bas Kuipers. Mais à frente, há várias opções de volante, sem que o time perca seu nível razoável para os padrões da Eredivisie. E no ataque, o islandês Willum Willumsson costuma ser bom na armação, e o que lhe falta em velocidade é compensado pelos pontas Bobby Adekanye (mais) e Oliver Edvardsen (menos), para que o atacante Victor Edvardsen - sem parentesco com Oliver - faça seus gols. Tamanha solidez fez com que o GAE superasse times como Heerenveen e Fortuna Sittard, entrando na repescagem em busca de uma participação em torneio europeu, que não tem há nove anos. O respaldo da torcida já está garantido sem a vaga. Com ela, então...

Utrecht x Sparta Rotterdam
23 de maio, às 16h de Brasília, em Utrecht

O Utrecht correu risco de nem chegar à repescagem que conhece tão bem. Mas se recuperou para chegar novamente a ela, contando com os gols de Sam Lammers (Gerrit van Keulen/ANP/Getty Images)

Utrecht (7º colocado na temporada regular)

Disputar de novo a repescagem pela vaga na Conference League - e mesmo antes, quando a vaga era para a Liga Europa - é pouco para o tamanho da ambição que o Utrecht tem, há algumas temporadas. Mas se esta temporada regular serviu para alguma coisa, foi para os Utregs reconhecerem: pior que ficar sempre no mesmo patamar é correr o risco de ficar abaixo dele. Foi o que aconteceu em grande parte do primeiro turno, quando o clube patinou em posições perto de outra repescagem (a de acesso/descenso), demitiu o técnico Michael Silberbauer e continuou sem decolar mesmo com a contratação de Ron Jans, vindo de trabalho primoroso no Twente. Pelo menos, a paciência continuou pelos lados do estádio De Galgenwaard. E boas contratações também: pelo menos, na figura do atacante Sam Lammers, que veio de várias passagens apagadas (Atalanta-ITA, Eintracht Frankfurt-ALE, Rangers-ESC) para ter uma chance nos Utregs. Pois bem: Lammers foi o primeiro jogador a fazer gols em oito jogos seguidos do Utrecht no Campeonato Holandês. Fez isso, também, porque o time que negava fogo enfim, ganhou a organização esperada sob Ron Jans. Com segurança atrás - o goleiro grego Vassilis Barkas, ex-Celtic, é dos melhores da Eredivisie, sem contar a experiência dos zagueiros Mark van der Maarel (que faz na repescagem as últimas partidas da carreira) e Nick Viergever. Mais à frente, o volante Ryan Flamingo mostra versatilidade - além do meio, pode jogar na lateral direita - e vigor físico, a tal ponto de interessar ao campeão PSV. E mais à frente, pontas rápidos (Victor Jensen, Taylor Booth, Othmane Boussaid) criam as jogadas que Sam Lammers está finalizando. Enfim, o Utrecht teve de correr um pouco mais desta vez. Até por isso, valoriza a disputa da repescagem que antes seria tão somente repetitiva.

Ah, o Sparta Rotterdam não iria repetir a repescagem da temporada passada? Pois a dupla japonesa Koki Saito (à esquerda)-Shunsuke Mito ajudou os Spartanen a seguirem o bom momento (Pieter Stam de Jonge/ANP/Getty Images)

Sparta Rotterdam (8º colocado na temporada regular)

No caminho de volta da decisão da repescagem da temporada passada pela vaga na Conference League, perdida para o Twente, o grupo do Sparta Rotterdam ficou sabendo: o técnico Maurice Steijn, comandante da primorosa campanha em 2022/23 (6º lugar), deixaria o clube, aceitando a proposta do Ajax. Poderia ter sido um tremendo solavanco à grande e melhor surpresa que o Campeonato Holandês tivera na época anterior. A diretoria tratou de minorar esse solavanco promovendo a treinador Jeroen Rijsdijk, auxiliar de Steijn. Teve, de certa forma, a sorte de perder poucos destaques: seguiram por lá o goleiro Nick Olij (também dos melhores da Eredivisie, pré-convocado para a Holanda que disputará a Euro 2024), o lateral direito Saïd Bakari, o experiente volante Jonathan de Guzman. Alguns contratados logo saíram a contento: se o japonês Koki Saito, que tão certo dera em 2022/23, sofreu durante parte da temporada com uma lesão muscular, seu compatriota Shunsuke Mito justificou ter sido a revelação da J-League na temporada passada, logo virando titular, com Camiel Neghli e Charles-Andreas Brym também ajudando. Na frente, Tobias Lauritsen seguiu fazendo gols. E os Spartanen provaram nesta temporada que a firmeza continua: das 34 rodadas, só ficaram fora da zona da repescagem pela Conference League em nove delas. Reencontrarão na "semifinal" o Utrecht, que eliminaram exatamente na mesma fase da repescagem passada. E só esperam que, desta vez, a volta da final seja mais alegre. Com título e com técnico...

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