quarta-feira, 29 de maio de 2024

O guia da Holanda na Euro 2024: Zagueiros


4-Virgil van Dijk (Liverpool-ING)

Ficha técnica
Nome: Virgil van Dijk
Posição: Zagueiro 
Data e local de nascimento: 8 de julho de 1991, em Breda 
Clubes na carreira: Groningen (2010 a 2013), Celtic-ESC (2013 a 2015), Southampton-ING (2015 a 2018) e Liverpool-ING (desde 2018)
Desempenho na seleção: 66 jogos e 7 gols, desde 2015
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2018/19, 2022/23) e Copa de 2022 (5 jogos, nenhum gol)

(Para saber mais sobre Van Dijk, clique aqui e leia texto sobre ele no guia da Holanda na Copa de 2022)

O primeiro torneio importante de Virgil van Dijk pela seleção masculina da Holanda (Países Baixos) poderia ter sido a Euro passada. Não foi, pelo rompimento de ligamento cruzado anterior que o zagueiro sofrera em outubro de 2020 - e a Laranja sentiu falta de um nome tão preponderante para ela, já então. Ao voltar, seu lugar na zaga (e sua braçadeira de capitão) estavam incólumes à sua espera. Porém, na Copa de 2022, quando enfim o zagueiro pôde vestir laranja num grande torneio, Van Dijk teve atuações consideradas corretas e nada mais - até criticadas, como no gol sofrido no empate contra o Equador, quando se considerou que "faltou o bote", a queixa mais frequente quando se fala no zagueiro holandês. E na temporada 2022/23, algumas falhas periódicas trouxeram a pergunta: o tempo de Van Dijk tinha passado? Começara a decadência de um zagueiro que foi considerado, quase unanimemente, um dos melhores da Europa nos últimos cinco anos - já entrando entre os melhores da história, com algo de exagero, para alguns?

Nada como uma temporada após a outra (com férias no meio). Em 2023/24, Van Dijk voltou a exibir a forma tão velha quanto elogiável no Liverpool. Capitão indubitável e seguro nos Reds, 36 das 38 partidas jogadas no Campeonato Inglês, tempo de bola recuperado, 76% das divididas ganhas, 81% das divididas aéreas ganhas, incluído na seleção da temporada da Premier League sem muitos questionamentos. Se foi assim no Liverpool, que dirá na Holanda... Virgil foi o único jogador presente em todas as partidas da campanha nas eliminatórias da Euro (só perdeu o segundo tempo dos 6 a 0 contra Gibraltar, na última rodada, substituído para ser poupado). Justificável: foi o comandante da defesa, tanto com dois quanto com três zagueiros, sempre ostentando voz de comando e liderança. Colocou-se à disposição em momentos cruciais - como no jogo fora de casa, contra a Grécia, na oitava rodada, quando a Laranja precisava da vitória para ficar perto da vaga na Euro. Um pênalti aos 44 minutos do segundo tempo (sendo que Wout Weghorst já perdera um pênalti no primeiro tempo), e Van Dijk assumiu a responsabilidade, bateu, fez 1 a 0 e deu o triunfo que praticamente garantiu a classificação. Mesmo tendo de voltar a jogar com três zagueiros - sempre manifestou preferência que a Holanda jogue no 4-3-3 velho de guerra -, Van Dijk chega à primeira Euro de sua carreira com sua importância inquestionável e inalterada na Holanda. Se houver uma boa campanha, certamente terá a liderança dele dentro de campo.


3-Matthijs de Ligt (Bayern de Munique-ALE) 

Ficha técnica
Nome: Matthijs de Ligt
Posição: Zagueiro
Data e local de nascimento: 12 de agosto de 1999, em Leiderdorp
Clubes na carreira: Ajax (2016 a 2019), Juventus-ITA (2019 a 2022) e Bayern de Munique-ALE (desde 2022)
Desempenho na seleção: 4 jogos e 2 gols, desde 2017  
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2018/19, 2020/21, 2022/23), Euro (2020+1 - 3 jogos, nenhum gol) e Copa de 2022 (2 jogos, nenhum gol)

(Para saber mais sobre De Ligt, clique aqui e leia texto sobre ele no guia da Holanda na Copa de 2022)

A desconfiança sobre as capacidades de Matthijs de Ligt andava grande - para alguns, ainda anda. Se parecia nome pronto para marcar época como zagueiro nas aparições da marcante campanha do Ajax na Liga dos Campeões 2018/19, as inconstâncias e erros vistos já na passagem pela Juventus - como amenizar a constante tendência a cometer pênaltis com mão na bola? - baixaram muito da expectativa que havia sobre De Ligt. Pela seleção, o sinal amarelo acendeu justamente na Euro passada: a expulsão no jogo da eliminação, contra a República Tcheca, nas oitavas de final, sendo algo afobado (e colocando a mão na bola), abalaram um pouco sua imagem e até sua titularidade, com a evolução de Jurriën Timber desde então. Nem a mudança para o Bayern de Munique ocorria sem problemas, por lesões no joelho. E a aparição decepcionante na Copa de 2022 - hesitante na estreia contra Senegal, perdeu gradativamente a titularidade para Timber - fazia De Ligt se aproximar cada vez mais do lamentável estigma de "decepção". Isso, para os mais educados.

Mas é justo reconhecer: de lá para cá, De Ligt melhorou um pouco. É certo que, antes da melhora, algumas coisas aconteceram em 2023. No Bayern de Munique, durante o começo do trabalho de Thomas Tuchel, o zagueiro era constantemente barrado por Kim Min-jae na equipe titular dos bávaros. Na seleção da Holanda, a princípio, Ronald Koeman preferiu um esquema com dois zagueiros, e a dupla Virgil van Dijk-Nathan Aké era absoluta nele. No Bayern, a mudança de técnico (saiu Julian Nagelsmann, chegou Thomas Tuchel) lhe foi prejudicial: De Ligt foi constantemente barrado por Kim Min-jae na equipe titular dos bávaros. Para piorar, constantes lesões no joelho o faziam ir e vir do clube e das convocações da seleção. Mas o tempo passou. A grave lesão de Jurriën Timber - ligamento cruzado anterior do joelho - voltou a abrir espaço para o zagueiro, que passou a disputar posição com Stefan de Vrij e Lutsharel Geertruida. 2023 passou, 2024 chegou, e "Matta" deu mais um passo em sua reação, retomando a titularidade no Bayern. Mesmo em meio a um ano de incomuns decepções no clube de Munique, De Ligt até fez bonito, aparecendo bem, principalmente, na campanha de semifinalista na Liga dos Campeões. Pela seleção, apareceu em jogo grande, estando nos 90 minutos do amistoso contra a Alemanha. E o zagueiro vai para a sua segunda Eurocopa da carreira indicando uma reação. Se foi um dos bodes expiatórios da eliminação há três anos, quem sabe De Ligt tenha na Euro uma catapulta para estabilizar, enfim, sua carreira.


5-Nathan Aké (Manchester City-ING)

Ficha técnica
Nome: Nathan Benjamin Aké
Posição: Zagueiro/lateral esquerdo
Data e local de nascimento: 18 de fevereiro de 1995, em Haia 
Clubes na carreira: Chelsea (2012 a 2017), Reading-ING (2015, por empréstimo), Watford-ING (2015 a 2016, por empréstimo), Bournemouth-ING (2016, por empréstimo, e de 2017 a 2020), Manchester City-ING (desde 2020) 
Desempenho na seleção: 44 jogos e 5 gols, desde 2017 
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2018/19, 2020/21, 2022/23), Euro (2020+1 - 2 jogos, nenhum gol) e Copa de 2022 (5 jogos, nenhum gol)

(Para saber mais sobre Aké, clique aqui e leia texto sobre ele no guia da Holanda na Copa de 2022)

De certa forma, Aké vive agora o auge de sua carreira. E um auge consistente, construído com paciência. Porque, se era apenas um reserva que entrava de vez em quando nos jogos da Euro 2020+1 - e, naquela época, apenas era um coadjuvante no grupo no Manchester City -, atualmente sua importância para a defesa da seleção masculina da Holanda só fica abaixo de Virgil van Dijk, no trio de zagueiros. E atualmente, Aké é um titular bem mais presente no City. Se não chega a ser absoluto na equipe como os Rodri e Erling Haaland da vida, é nome bem mais importante e considerado nas escalações do tetracampeão inglês e campeão mundial de clubes (aliás, teve boa participação no Mundial de Clubes). Passou a ser um defensor mais preponderante, jogando tanto no miolo de zaga quanto, às vezes, na lateral esquerda, onde costuma ser confiável na marcação, mesmo que não avance tanto.

E mesmo quando avança, Aké colabora. A Holanda que o diga: contra Gibraltar, em março de 2023, na segunda rodada das eliminatórias da Euro, coube ao zagueiro minorar as críticas pela falta de pontaria (52 chutes da Laranja a gol, só 3 a 0 no placar), marcando dois gols na vitória. Mesmo dentro das oscilações vividas pela equipe neerlandesa ao longo da campanha de qualificação, ele se converteu no principal parceiro de Van Dijk, enquanto o esquema tático tinha dois zagueiros. Com a mudança para o esquema com trio de zaga, a parte esquerda do trio de defesa ficou sempre com ele, que mostrou o mesmo alerta e a mesma segurança vistos na boa aparição na Copa de 2022. Aliás, tendo em vista as dúvidas que existem para a lateral canhota da Laranja na Euro (Daley Blind, mesmo lento? Experimentar Micky van de Ven, que jamais jogou assim na seleção?), até nisso Aké pode colaborar. Enfim, sem causar alarde, o defensor se tornou mais um nome importante para os planos de Ronald Koeman. Do melhor jeito possível: provando isso dentro de campo.


2-Lutsharel Geertruida (Feyenoord)

Ficha técnica
Nome: Lutsharel Geertruida
Posição: Zagueiro/Lateral direito
Data e local de nascimento: 18 de julho de 2000, em Roterdã
Clubes na carreira: Feyenoord (desde 2017)
Desempenho na seleção: 7 jogos, desde 2023
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2022/23)

"No Luts, no glory" ("Sem Luts, sem glória"). Tal faixa, exposta pela torcida do Feyenoord em todos os jogos do time em De Kuip, deixam claro o quanto Lutsharel Geertruida, para eles o "Lutsha" ou o "Luts", defensor nascido e crescido em Roterdã - e no Feyenoord, futebolisticamente falando - já se converteu num ídolo, mesmo com pouca idade e com timidez (acentuada pela disfemia, a popular "gagueira", que só agora Geertruida começa a corrigir). Tudo por causa, principalmente, do esforço inesgotável que o nativo da zona sul de Roterdã, na periferia da cidade, sempre deixa em campo nas suas aparições pelo Stadionclub. Esse esforço, aliado à versatilidade defensiva de Geertruida (pode jogar na lateral direita, sua posição de origem, ou na zaga, sempre num papel cauteloso), o tornou nome confiável para Ronald Koeman desde o começo de seu trabalho na volta ao comando da seleção masculina da Holanda (Países Baixos). Tanto que na primeira partida, o 4 a 0 sofrido para a França nas eliminatórias da Euro, Geertruida já teve o desafio de precisar marcar Kylian Mbappé, em sua estreia pela Laranja.

Foi problemático. Assim como foi problemático para Geertruida jogar como um volante, na semifinal da Liga das Nações passada, sem conseguir frear a fluidez que a Croácia impôs naquela vitória. Nada que impedisse Geertruida de continuar no radar das convocações de Koeman: o zagueiro continuou sendo nome frequente não só nas listas, como no time titular. Foi assim nas eliminatórias da Euro - fez mais três partidas - e nos amistosos de março, quando jogou nos 4 a 0 contra a Escócia. Às vezes, ainda comete falhas: na derrota por 2 a 1 para a França (outubro, qualificação para a Euro), foi facilmente superado por Mbappé (sempre ele...). Ainda assim, Geertruida compensa mostrando solidez até incomum para um jogador jovem, no Feyenoord. Foi nome certo na campanha de finalista na Conference League (2021/22), no título holandês de 2022/23, na recente conquista da Copa da Holanda pelo Stadionclub... e por ser um jogador mais protetor, pode ser útil a Koeman, dentro de uma disputa com Matthijs de Ligt e Stefan de Vrij para ver quem seria o titular na direita do trio de zagueiros que jogará pela Laranja na Euro. Até porque uma boa participação no torneio continental pode abrir caminho para uma transferência: Geertruida quer, para ter maior experiência, e o Feyenoord idem, para conseguir algum dinheiro em meio ao contrato.


15-Micky van de Ven (Tottenham-ING)

Ficha técnica
Nome: Micky van de Ven
Posição: Zagueiro
Data e local de nascimento: 19 de abril de 2001, em Wormer 
Clubes na carreira: Volendam (2019 a 2021), Wolfsburg-ALE (2021 a 2023) e Tottenham-ING (desde 2023)
Desempenho na seleção: 2 jogos e nenhum gol, desde 2023
Torneios pela seleção: nenhum

Mesmo sem figurar na seleção adulta da Holanda (Países Baixos), nem sequer nas convocações, Van de Ven já estava no radar laranja desde os tempos de Louis van Gaal. A tal ponto que até esteve na lista preliminar para a Copa de 2022. Ficou de fora dos 26 convocados que efetivamente foram ao Catar, mas já vivia ali bom momento no Wolfsburg, mostrando suas grandes qualidades: além de segurança na zaga, rapidez na saída de bola. Ganhou mais espaço na seleção sub-21 da Holanda (Países Baixos), sendo titular na Euro da categoria, no ano passado. E enfim, ostentando destaque numa temporada um pouco mais estável dos Lobos, Van de Ven foi premiado com a contratação pelo Tottenham. E se tornou outro caso de zagueiro holandês que passou em brancas nuvens quando jogava na terra natal, evoluiu ao ir para um centro mais competitivo e, como quem não queria nada, "explodiu" na Premier League. Afinal de contas, nos Spurs, rapidamente Van de Ven se tornou fundamental no esquema tático do técnico Ange Postecoglou. 

Não só pela segurança na zaga, mas (até principalmente) pela velocidade com a bola nos pés. Reconhecida publicamente: as medições determinaram que o zagueiro é o jogador mais rápido da Premier League na atualidade - chegou a atingir 37,38 km/h jogando contra o Brentford, em janeiro passado. Àquela altura, já tinha sido o suficiente para que Ronald Koeman o incluísse regularmente nas convocações, fazendo-o estrear nos jogos contra França e Grécia, nas eliminatórias da Euro. Mesmo com alguma hesitação, Van de Ven passou sem problemas. Só não foi mais experimentado pelas lesões musculares que teve no começo do ano. Mas as atuações altamente satisfatórias que teve pelo Tottenham já tiveram um primeiro reconhecimento, com sua eleição pelos torcedores dos Spurs como o melhor jogador do clube na temporada 2023/24. De quebra, algumas experiências já o colocam até como lateral esquerdo do time, tentando aproveitar sua velocidade. Tal versatilidade pode aumentar suas chances de entrar nos titulares da Laranja. E se afirmar nela, como já se afirmou em clubes.


6-Stefan de Vrij (Internazionale-ITA)

Ficha técnica
Nome: Stefan de Vrij
Posição: Zagueiro
Data e local de nascimento: 5 de fevereiro de 1992, em Ouderkerk aan den Ijssel
Clubes na carreira: Feyenoord (2009 a 2014), Lazio-ITA (2014 a 2018) e Internazionale-ITA (desde 2018)
Desempenho na seleção: 62 jogos e 3 gols, desde 2012
Torneios pela seleção: Copa de 2014 (7 jogos, 1 gol), Liga das Nações (2018/19, 2020/21, 2022/23), Euro (2020+1 - 4 jogos, nenhum gol) e Copa de 2022 (não jogou) 

(Para saber mais sobre De Vrij, clique aqui e leia texto sobre ele no guia da Holanda na Copa de 2022)

Dos convocados costumeiros da seleção masculina da Holanda (Países Baixos), talvez só a experiência de Georginio Wijnaldum e Daley Blind se equivalha à de Stefan de Vrij. Em forma, o zagueiro mostra plena capacidade pela direita da zaga, e tem alguma liderança para até ser capitão, em caso de ausência de Virgil van Dijk. O seu problema é este: estar em forma. Porque, nos últimos anos, De Vrij sofreu com muitas lesões. Nada grave a ponto de tirá-lo por muitos meses dos campos, mas insistente a ponto de frear seu caminho na Laranja. Desde a Copa de 2022, por sinal: se ainda teve quatro partidas pela Liga das Nações naquele ano, De Vrij teve uma lesão muscular durante o Mundial do Catar, e acabou ficando para trás de Jurriën Timber e de Matthijs de Ligt, sem muitas condições de jogar na Copa.

2023 começou, e De Vrij continuou a via-crúcis. Na Internazionale-ITA, perdera a titularidade ao longo da temporada 2022/23: mesmo ficando no grupo que alcançou a final da Liga dos Campeões, ou só entrava na reta final dos jogos, ou nem entrava (foram só dez jogos como titular interista). Na Holanda, sequer vinha sendo convocado. Porém, no segundo semestre do ano passado, a situação começou a melhorar. Até pelas renitentes lesões de Matthijs de Ligt - e o grave problema no joelho de Jurriën Timber -, De Vrij voltou às convocações de Ronald Koeman. Na reta final das eliminatórias da Euro, teve lá sua importância: começou com uma boa saída de bola dele o lance do gol do 1 a 0 na Irlanda, na penúltima rodada, garantindo a vaga da Laranja no torneio continental. De quebra, na rodada seguinte (um "amistoso de luxo" contra Gibraltar - 6 a 0 Holanda), De Vrij até capitão foi. A reabilitação também continuou pela Internazionale: foram 25 jogos, 17 como titular, na campanha dominante que rendeu mais um título italiano à equipe nerazzurra, E mesmo que mais uma lesão - muscular, na virilha - o tenha tirado dos amistosos da Holanda neste ano, De Vrij segue com importância e experiência suficiente para ser opção confiável. Em campo ou no banco.

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