quarta-feira, 29 de maio de 2024

O guia da Holanda na Euro 2024: Laterais


22-Denzel Dumfries (Internazionale-ITA)

Ficha técnica
Nome: Denzel Justus Morris Dumfries
Posição: Lateral direito
Data e local de nascimento: 18 de abril de 1996, em Roterdã
Clubes na carreira: Sparta Rotterdam (2014 a 2017), Heerenveen (2017 a 2018), PSV (2018 a 2021) e Internazionale-ITA (desde 2021)
Desempenho na seleção: 52 jogos e 6 gols, desde 2018
Torneios pela seleção: Liga das Nações (2018/19, 2020/21 e 2022/23), Eurocopa (2020+1 - 4 jogos, 2 gols) e Copa de 2022 (5 jogos, 1 gol)

(Para saber mais sobre Dumfries, clique aqui e leia texto sobre ele no guia da Holanda na Copa de 2022)

Certo, Dumfries cada vez mais está acossado na lateral-direita titular da seleção masculina da Holanda (Países Baixos) pelo impressionante desempenho de Jeremie Frimpong na temporada recém-encerrada. Além do mais, nem na Internazionale em que joga é titular absoluto: claro que tem seu espaço, jogou com frequência na campanha do título italiano da Inter, mas passou a ser mais alternado com Matteo Darmian. Ainda assim, como questionar que sua experiência torna Dumfries o favorito para ser o titular da Laranja na estreia contra a Polônia? Afinal, para começo de conversa, foi na Euro passada, há três anos, que seu estilo ofensivo começou a chamar a atenção no futebol europeu: quatro jogos, dois gols, eleito o melhor da partida contra a Ucrânia (estreia na Euro, Holanda 3 a 2), velocidade impressionante que o tornou constante válvula de escape da seleção holandesa quando o negócio é acelerar o jogo. Dumfries deixou o PSV rumo à Inter, ganhou experiência... e na Copa do Mundo passada, foi a mesma coisa. Que o digam os 3 a 1 contra os Estados Unidos, nas oitavas de final: dois cruzamentos para gol, um gol feito, o melhor daquela partida no estádio Khalifa Internacional, novamente impressionando pela rapidez. Contudo, Dumfries deixou na Copa a incômoda impressão de que só conseguia se destacar se tivesse liberdade para jogar - como se viu na eliminação para a Argentina, quando jogou mal.

De certa forma, Dumfries repetiu esses seus problemas em alguns momentos da Laranja em 2023. Grande exemplo disso se viu na decisão do terceiro lugar da Liga das Nações, contra a Itália, em junho: o terceiro gol da Azzurra na vitória por 3 a 2 surgiu do avanço de Federico Chiesa pelo lado esquerdo, totalmente livre pela falha de marcação dele. Ainda assim... como se importar com isso? Basta se lembrar de sua atuação nos 3 a 0 contra a Grécia, nas eliminatórias da Euro, em 7 de setembro de 2023, quando Dumfries fez dois cruzamentos para gol, mandou uma bola na trave... enfim, foi o nome do jogo. Na partida seguinte (difícil virada: 2 a 1 na Irlanda), a Holanda estava atrás, mas o empate surgiu de... um pênalti sofrido por Dumfries. E o gol da virada, de Weghorst, surgiu de um cruzamento do... camisa 22 - àquela altura, os quatro gols mais recentes da Laranja então tinham sempre a participação dele. Mais duas partidas, e contra a Grécia, na vitória que praticamente colocou a Laranja na Euro (1 a 0 em Atenas), quem sofreu o pênalti que seria convertido por Virgil van Dijk? Pois bem: por essas e outras, apesar da evolução de Jeremie Frimpong na temporada, quem será o títular da lateral direita na Holanda na Euro será mesmo Dumfries. Porque antiguidade e importância são postos...


12-Jeremie Frimpong (Bayer Leverkusen-ALE)

Ficha técnica
Nome: Jeremie Agyekum Frimpong
Posição: Lateral direito
Data e local de nascimento: 10 de dezembro de 2001, em Amsterdã
Clubes na carreira: Celtic-ESC (2019 a 2021) e Bayer Leverkusen-ALE (desde 2021)
Desempenho na seleção: 2 jogos, desde 2023
Torneios pela seleção: Copa de 2022 (não jogou)

(Para saber mais sobre Frimpong, clique aqui e leia texto sobre ele no guia da Holanda na Copa de 2022)

Se Jeremie Frimpong era apenas um nome promissor quando recebeu a confiança de Louis van Gaal e foi convocado à Copa de 2022 (na qual não teve nenhum minuto em campo pela Laranja), agora o ala direito holandês é uma das realidades mais claras que a temporada recém-encerrada apresentou no futebol europeu. Se o Bayer Leverkusen foi dos times mais impressionantes em 2023/24 - campeão alemão pela primeira vez (e logo invicto), campeão também na Copa da Alemanha, vice-campeão na Liga Europa, só uma derrota em todas as competições -, Frimpong foi um dos principais responsáveis por isso. Diante do desempenho que mostrou, veloz e ofensivo, era até reducionista chamá-lo de "lateral". Afinal de contas, só na Bundesliga, foram nove gols marcados e sete passes para gol. Somando-se todas as competições, foram 14 gols e 10 assistências pelo Leverkusen. Em qualquer outra seleção europeia - quiçá do mundo -, Frimpong seria dono do lado direito sem muitos questionamentos. Como lateral, como ponta ou como ala, indo e voltando. Contudo, isso ainda não aconteceu na Holanda (Países Baixos). Em parte, por um aborrecimento do próprio Frimpong. 

Ignorado por Ronald Koeman no início do trabalho, em 2023, o jogador foi convocado para a seleção... mas para a sub-21 da Holanda, que disputaria a Euro da categoria no ano passado. Descontente - preferia estar na principal -, pediu dispensa da Euro jovem. A federação (leiam-se Nigel de Jong, diretor de futebol da entidade, e Ronald Koeman) retaliou: Frimpong foi dispensado, mas ficou longe das convocações da Laranja adulta por alguns meses. Sem nenhuma partida por ela, começou-se até a falar, quem sabe, em chance de "migração" para outras duas seleções: Gana (país de seus pais) ou Inglaterra (onde passou infância e adolescência - é mais fluente em inglês do que em holandês, até). Antes que os boatos ficassem mais fortes, Frimpong recebeu o "perdão" de Koeman, voltou a ser convocado e estreou, enfim, pela Laranja, contra a França (derrota por 2 a 1, outubro de 2023), nas eliminatórias da Euro. Com o crescimento vertiginoso de suas atuações no Bayer Leverkusen, foi titular pela primeira vez, no amistoso contra a Escócia, em março, jogando como ponta-direita, num esquema com três atacantes. Não saiu muito a contento, é verdade. Na Euro, é bem provável que Denzel Dumfries ainda comece como titular. No entanto, pelo que jogou na temporada, Frimpong pode tomar a posição de uma hora para outra. Seja como ala direito (com três zagueiros) ou ponta direita (com três atacantes).


17-Daley Blind (Girona-ESP)

Ficha técnica
Nome: Daley Blind
Posição: Zagueiro/lateral-esquerdo
Data e local de nascimento: 9 de março de 1990, em Diemen
Clubes na carreira: Ajax (2009 a 2014 e 2018 a 2023), Groningen (2010, por empréstimo), Manchester United-ING (2014 a 2018), Bayern de Munique-ALE (2023) e Girona-ESP (desde 2023)
Desempenho na seleção: 106 jogos e 3 gols, desde 2013
Torneios pela seleção: Copa de 2014 (7 jogos e 1 gol), Liga das Nações (2018/19, 2020/21, 2022/23), Euro (2020+1 - 4 jogos, nenhum gol) e Copa de 2022 (5 jogos e 1 gol)

(Para saber mais sobre Blind, clique aqui e leia texto sobre ele no guia da Holanda na Copa de 2022)

Os cães ladraram... e Daley Blind passou. Teve uma Copa do Mundo digna em 2022, é verdade - até gol fez, contra os Estados Unidos, nas oitavas de final. Ainda assim, a saída turbulenta do Ajax (do qual era um verdadeiro símbolo), logo após a Copa, em meio a problemas com o técnico Alfred Schreuder, parecia um indicativo do começo da decadência. Mesmo convocado por Ronald Koeman, Daley ficava mais no banco de reservas do que em campo. E uma passagem "de passagem" pelo Bayern de Munique, no primeiro semestre de 2023, com apenas cinco jogos oficiais - quatro pelo Campeonato Alemão, um pela Copa da Alemanha -, completada com saída discreta, tornava justo pensar que logo Blind começaria a perder espaço na seleção masculina da Holanda (Países Baixos), logo só teria espaço em clubes de menor visibilidade... enfim, tornava justo pensar que o fim de sua carreira estava mais perto do que longe. Ledo engano. Blind recebeu a aposta do Girona, que o contratou para a temporada 2023/24. No clube espanhol, teve espaço, sequência e respaldo do técnico Michel para por em prática sua conhecida versatilidade e sabedoria tática. 

Jogando como zagueiro, às vezes como lateral esquerdo, o veterano foi titular na maior parte da excepcional campanha que levou os gironistas a serem a melhor surpresa do Campeonato Espanhol recém-encerrado, com o 3º lugar e a vaga na Liga dos Campeões. A forma recuperada no Girona manteve Blind nas convocações de Ronald Koeman, mesmo na reserva de Quilindschy Hartman, titular da ala esquerda da Laranja na metade final de 2023. Começou 2024, e Hartman teve péssima surpresa (assim como Koeman): rompimento de ligamento cruzado anterior do joelho direito, fim de temporada, nada de Euro para ele. Quem estava a postos para ser titular, no amistoso contra a Alemanha? Daley Blind. Que, é verdade, tem pouca velocidade. Que terá concorrência até de Micky van de Ven na lateral esquerda. Que, na defesa, torna-se coadjuvante, com a ótima fase de Nathan Aké. Ainda assim, sua presença na segunda Euro da carreira premia a experiência de alguém que já tem mais de cem jogos pela seleção. Que pode virar o terceiro jogador com mais partidas pela Oranje, caso ela chegue às semifinais do torneio europeu. E que sempre merecerá a confiança dos técnicos, pela experiência e pela capacidade de jogar (bem) em posições defensivas. Pois é: em 2024, Daley Blind continua muito útil à seleção masculina da Holanda (Países Baixos). 


20-Ian Maatsen (Borussia Dortmund-ALE)

Ficha técnica
Nome: Ian Ethan Maatsen
Posição: Lateral-esquerdo
Data e local de nascimento: 10 de março de 2002, em Vlaardingen
Clubes na carreira: Chelsea-ING (desde 2019), Charlton Athletic-ING (2020 e 2021, por empréstimo), Coventry City-ING (2021 e 2022, por empréstimo), Burnley-ING (2022 e 2023, por empréstimo) e Borussia Dortmund-ALE (desde 2024, por empréstimo)
Desempenho na seleção: não jogou
Torneios pela seleção: nenhum

Na Euro, Maatsen pode viver o auge de uma evolução notável vivida nesta temporada 2023/24 - a estreia contra a Polônia pode ser a sua estreia geral na seleção masculina da Holanda (Países Baixos). Um cruzamento de melhora técnica com alguma sorte. Porque até a temporada atual, Maatsen não aparecia tanto na carreira, que começou com idas e vindas na base: iniciado no Feyenoord, foi dispensado por ser considerado "baixo demais", passando então por Sparta Rotterdam e PSV, até chegar, em 2018, ao Chelsea a que até hoje está ligado. Ainda assim, começou a "fase adulta" da carreira sem ter espaço nos Blues. E começaram os empréstimos: foi cedido ao Charlton Athletic na temporada 2020/21, ao Coventry City na temporada 2021/22, sem chamar a atenção a ponto de voltar e ficar definitivamente no grupo do Chelsea. A situação só começou a mudar na temporada passada, 2022/23, nas duas frentes. Em clubes, o empréstimo do Chelsea foi ao Burnley - e nos Clarets, o lateral esquerdo tomou a titularidade desde o começo, ajudando muito com sua ofensividade na campanha que fez do Burnley o campeão da Championship, a segunda divisão inglesa, levando-o de volta à Premier League (com Maatsen incluído na seleção da temporada na Championship). Na seleção, o descendente de surinameses e indonésios também se estabeleceu na equipe sub-21: mesmo participando da malograda eliminação na fase de grupos da Euro da categoria, no ano passado, Maatsen teve lá seus minutos jogando pela Laranja Jovem. E valeu para ser incluído numa convocação da seleção adulta, para as partidas contra Grécia e Irlanda, em setembro, pelas eliminatórias da Euro, mesmo sem jogar.

Com as ótimas atuações no Burnley, enfim Maatsen foi considerado no Chelsea, ficando no grupo de jogadores com o qual Mauricio Pochettino trabalharia no clube de Stamford Bridge. Até teve suas aparições em 2023/24 por lá (12 partidas no Campeonato Inglês), mas o embalo só voltaria de vez quando o holandês foi cedido ao Borussia Dortmund, em janeiro passado, para jogar por lá os últimos seis meses da temporada. E o que ninguém esperava aconteceu: Maatsen foi tomando seu espaço na lateral esquerda do Dortmund, foi se impondo como titular importante com seus principais pontos fortes (a velocidade nos avanços, por exemplo), e se tornou nome certo e lembrado num time que, se fez campanha discreta na Bundesliga, compensou isso plenamente ao ser um finalista até inesperado da Liga dos Campeões - com direito a gol de Maatsen na campanha, nos 4 a 2 sobre o Atlético de Madrid, na volta das quartas de final da Champions. Paralelamente a isso, na lateral esquerda da seleção da Holanda (Países Baixos), Quilindschy Hartman vinha dando a velocidade e a ofensividade que passaram a ser desejáveis por lá desde a mudança do esquema para três zagueiros. Contudo, não só Hartman perdeu as chances de vaga na Euro com a grave lesão no joelho, como as alternativas de Nathan Aké e Daley Blind pareceram lentas e defensivas demais a uma seleção que desejava ter na esquerda o que Denzel Dumfries e Jeremie Frimpong são na direita. Contudo, Maatsen ficou de fora da lista final, a princípio. Para piorar, ainda falhou na decisão da Liga dos Campeões. Só com o corte de Frenkie de Jong é que Koeman se lembrou de Maatsen. Que estreará pela Laranja logo no fogo de uma grande competição. Pode até parecer pressão. Mas uma daquelas pressões desejáveis para todo jogador...

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