segunda-feira, 22 de julho de 2024

A Holanda na Euro 2024: a análise sobre quem jogou

Se oscilou ao longo de toda a Eurocopa, pelo menos a seleção masculina da Holanda mostrou grande competitividade na Eurocopa (KNVB Media/Divulgação)

Como na Copa de 2022, a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) nunca convenceu totalmente quem assistiu a seus jogos. Se houve melhora, ela foi mais no resultado - após 20 anos, a Laranja voltou às semifinais de um torneio europeu - do que no desempenho, pouca coisa mais ofensiva e empolgante do que no Mundial anterior. No entanto, diante de uma seleção vista com desconfiança antes da Euro, estar entre as quatro melhores do torneio traz perspectivas positivas para o que pode vir por aí. Até porque alguns problemas já são compensados dentro da própria convocação.

Se Matthijs de Ligt vive fase tão problemática na carreira que não teve nenhum minuto em campo, Lutsharel Geertruida ainda pode evoluir (mesmo que tenha mostrado problemas em suas atuações). Se Virgil van Dijk começa a entrar na reta final de sua trajetória na seleção, Nathan Aké dá a impressão de que pode segurar essa peteca. No meio-campo, se Frenkie de Jong pena preocupantemente com seu tornozelo, a dupla Jerdy Schouten-Tijjani Reijnders mostrou bons momentos. E no ataque, se Memphis Depay decai, Cody Gakpo sobe cada vez mais, tendo em Xavi Simons alguém com possibilidade de melhorar, e em Wout Weghorst, um coadjuvante dedicado. De quebra, no gol, Bart Verbruggen parece ter se firmado. 

Enfim, Ronald Koeman vive em 2024 o que viveu em 2018/19: após um período de adaptação, começou a formar um time competitivo. E com a Liga das Nações vindo aí, com mais possibilidade de dar chances a nomes como Ian Maatsen (outro sem minutos na Euro), Joshua Zirkzee, nomes "pedidos" como Crysencio Summerville... as perspectivas são positivas para a Laranja. "Só" falta ganhar das grandes seleções, barreira ainda não superada... Fica, então, a análise sobre a seleção dos Países Baixos nesta Eurocopa, nome por nome.

Verbruggen confirmou as boas expectativas antes da Eurocopa: parece que a Laranja, enfim, ganhou um goleiro titular de vez (Image Photo Agency/Getty Images)

GOLEIROS

1-Bart Verbruggen (6 jogos, 7 gols sofridos): terceiro goleiro titular mais jovem da história da Eurocopa, dizia-se nos Países Baixos que Verbruggen "caiu do céu", antes mesmo do torneio começar. Afinal de contas, o arqueiro do Brighton aproveitou a oportunidade de ser titular da Laranja com calma incomum para sua idade, além de segurança debaixo das traves e com a bola nos pés. E de certa forma, o camisa 1 mostrou isso pela Holanda na Euro. Quando foi exigido, mostrou competência. Mostrou autocrítica naquele que, talvez, tenha sido seu único erro no torneio - o gol de Marcel Sabitzer, na derrota para a Áustria, quando deixou seu ângulo descoberto. E quando foi necessário, fez seus "milagres". No começo, contra a Polônia, salvou o que seria o empate, nos acréscimos; e no fim, nas quartas de final, contra a Turquia, quando evitou outro empate, rebatendo à queima-roupa o desvio de Semih Kiliçsoy. Se não foi o melhor goleiro da Eurocopa (até por ter tomado sete gols), Verbruggen mostrou talento para entrar numa eventual "convocação" dos 23 melhores da Euro, com três goleiros. E confirmou a boa expectativa pré-torneio: parece que a roda-viva de goleiros na seleção masculina da Holanda (Países Baixos), enfim, acabou. E que ele deve ser titular para muitos anos, se tudo der certo.

13-Justin Bijlow: não jogou 

23-Mark Flekken: não jogou

Nathan Aké começou fulgurante na estreia laranja (jogando de azul) na Eurocopa. Caiu um pouco, mas ainda assim, é cada vez mais confiável para Koeman (Masashi Hara/Getty Images)

DEFENSORES

22-Denzel Dumfries (5 jogos): para o bem e para o mal, Dumfries mostrou o que costumeiramente mostra ao jogar pela Holanda (Países Baixos). E no nível que costumeiramente mostra. Quando tinha espaço para jogar, avançar com velocidade, ser opção de jogada de ataque pela direita, o camisa 22 era sempre útil. Que o digam suas boas atuações na estreia contra a Polônia e nas oitavas de final, contra a Romênia. Entretanto, por vezes, suas falhas defensivas (que também são constantes) apareceram em horas decisivas. Nas quartas de final, contra a Turquia, Dumfries foi superado na corrida pelo zagueiro Samet Akaydin, que cabeceou para abrir o placar. E na semifinal contra a Inglaterra, por mais que o pênalti marcado contra a Laranja tenha sido polêmico, Dumfries assumiu o risco - e reconheceu - ao solar o pé de Harry Kane, na jogada de pênalti flagrada pelo VAR. Com tudo isso, o ala direito ainda se mostrou mais seguro do que seus reservas na marcação. Por isso, e por seguir como opção constante e confiável de jogadas, foi aprovado na Euro. Mesmo sem se mostrar diferente do habitual em campo.

2-Lutsharel Geertruida (2 jogos): "Lutsha" teve sua utilidade na preparação para a Eurocopa, sendo titular na goleada sobre o Canadá (e jogando bem contra a Islândia). Já na Euro, teve lá sua responsabilidade num primeiro momento, substituindo Jeremie Frimpong contra a França para proteger mais a direita na reta final do jogo - e cumprindo bem sua tarefa no 0 a 0. Todavia, quando o defensor recebeu a sua grande chance na competição... falhou. Geertruida foi escalado como lateral direito titular contra a Áustria, na fase de grupos, com a Laranja já assegurada nas oitavas de final, e decepcionou. Sem se posicionar direito, deixou a lateral descoberta demais, sem proteger a zaga - e tendo demérito direto na jogada do primeiro gol austríaco. Mesmo sem ter sido "queimado", ficou visado e não saiu mais da reserva na Euro. Geertruida ainda merece confiança, é jovem, ainda pode melhorar. Entretanto, sua participação na competição europeia de seleções deixou claro: ainda não está pronto para ser opção real ao titular Dumfries.

4-Virgil van Dijk (6 jogos): para todos os efeitos, o zagueiro e capitão da Laranja mostrou na Euro um nível de atuação parecido ao que exibira na Copa, dois anos atrás. Foi titular em cada segundo dela no torneio, jogou bem, mas esse adjetivo ficou dentro de um padrão, nada que impressionasse dentro do torneio europeu de seleções. Às vezes, Van Dijk ficou abaixo do que pode - por exemplo, na derrota para a Áustria, quando sua posição deu condição de jogo para que Marcel Sabitzer entrasse livre na área e fizesse 3 a 2, num erro até incomum para um zagueiro de sua qualidade. Às vezes, contudo, Virgil também deu mostras de sua qualidade, sempre liderando, sempre mantendo a concentração dos colegas de defesa - e do time, de modo geral. Até mesmo avançava para tentar gols na frente: quase conseguiu, nas oitavas contra a Romênia (bola na trave) e na semifinal contra a Inglaterra (Jordan Pickford pegou seu desvio). Enfim, se não chegou a brilhar, o camisa 4 também não comprometeu. Entretanto, pelos 33 anos que fez durante a Euro, é possível que ela tenha sido seu capítulo final pela Laranja - Van Dijk terminou o torneio dizendo que usaria as férias para "pensar em sua condição", na Oranje e no Liverpool. Se quiser continuar, seu lugar e sua importância seguem intactos, mesmo sem preponderância.

6-Stefan de Vrij (6 jogos, 1 gol): no guia deste blog para a participação da Holanda (Países Baixos) na Eurocopa, comentava-se que a experiência do zagueiro só encontrava paralelo em Daley Blind, Georginio Wijnaldum e Memphis Depay. Talvez por isso, talvez pela inconstância que Matthijs de Ligt mostrou na temporada passada, Ronald Koeman decidiu fazer de De Vrij o titular da dupla de zagueiros, ao lado de Van Dijk. Escolha que se mostrou das mais acertadas. Também sendo titular em todos os minutos holandeses na Euro, o camisa 6 foi tão discreto quanto seguro, em boa parte de suas atuações na Euro, quase sempre sendo confiável na marcação - até por isso, Nathan Aké sentia liberdade para poder avançar mais pela esquerda. Quando foi necessário avançar para o ataque, De Vrij foi até decisivo, com seu cabeceio que empatou as quartas de final contra a Turquia, justamente quando a adversária parecia mais próxima do segundo gol. Foi até uma pena que a última impressão de De Vrij tenha sido sua lentidão, permitindo a Ollie Watkins passar à sua frente, no giro, para chutar e dar a vitória à Inglaterra na semifinal, com o 2 a 1. Porque De Vrij, seguramente, foi dos melhores holandeses na Eurocopa. Enquanto quiser, seu espaço no grupo segue. E como titular.

5-Nathan Aké (6 jogos): quando Aké jogou seus primeiros 90 minutos de Eurocopa, na estreia da Holanda (Países Baixos) contra a Polônia, a opinião era unânime: havia aparecido um forte candidato a melhor lateral esquerdo da Euro. Aké cuidara bem da marcação, sendo preciso no apoio: sempre que atacou naquela vitória por 2 a 1, o camisa 5 acertou, mostrou capacidade, e teve precisão no momento mais necessário, ao acertar passe para Wout Weghorst marcar o gol da vitória. Se continuasse mostrando o nível de atuação visto em Hamburgo, de fato, ele tinha tudo para ser o melhor holandês na Euro. Não chegou a tanto: nas quartas de final e na semifinal, o ala esquerdo teve lá suas dificuldades com Arda Güler e Bukayo Saka, respectivamente. Ainda assim, Aké teve segurança até maior do que se viu dele na Copa do Mundo. Consolidou-se como nome tão firme na lateral esquerda como Denzel Dumfries é na direita. Mesmo sem voltar a exibir o nível técnico primoroso visto na estreia contra a Polônia, Aké sai como um dos melhores da Holanda (Países Baixos) na Euro.

15-Micky van de Ven (4 jogos): zagueiro ou lateral esquerdo? Por mais útil que fosse, Van de Ven estava sem sua posição muito definida antes da Euro começar. Começou a ter a definição nos dois amistosos de preparação: tanto contra o Canadá, como titular, como contra a Islândia (entrou aos 66'), o defensor jogou preferencialmente como lateral. Foi bem, com velocidade e ofensividade. Como Nathan Aké começou a copa europeia de seleções mostrando muita qualidade, as chances do camisa 15 jogar foram poucas. Ainda assim, ele tomou a frente do experiente Daley Blind como opção principal para a ala canhota. Além do mais, sua velocidade foi útil numa hora decisiva: bloquear uma finalização turca, na reta final das quartas, quando a Holanda (Países Baixos) já haviam virado o placar. Enfim, no cômputo geral, se não impressionou, Van de Ven se fortaleceu como opção dentro do grupo costumeiramente convocado e escalado por Ronald Koeman. Sua sequência de jogos a partir do segundo semestre certamente será maior, salvo lesão.

17-Daley Blind (1 jogo): Por mais que a experiência do defensor de 34 anos seja indubitável, o ritmo dos jogos da Eurocopa acabou exigindo uma intensidade que Blind já não consegue dar mais (faz algum tempo). Ele até se mostrou bem integrado ao grupo, participou normalmente dos treinos... mas na hora de jogar, os amistosos de preparação já deixaram claro que Micky van de Ven seria a opção preferida, numa defesa com quatro jogadores. Na Euro, Blind só teve aparição nos acréscimos contra a Romênia, nas oitavas de final, substituindo Memphis Depay. E a impressão aumenta: por mais que um jogador com 108 partidas pela seleção masculina holandesa - quinto com mais aparições vestindo laranja - sempre possa ser útil, o tempo está passando. E o espaço de Daley Blind na Laranja, diminuindo.

20-Ian Maatsen: não jogou

Schouten começou mal, mas terminou (muito) bem a Eurocopa (Sportinfoto/DeFodi Images/DeFodi via Getty Images)

MEIO-CAMPISTAS

14-Tijjani Reijnders (6 jogos): antes da Eurocopa começar, Reijnders era considerado o principal candidato a ser parceiro de Frenkie de Jong, no meio-campo da Holanda (Países Baixos). Com o corte do principal meio-campista da Laranja, coube a ele ser o "termômetro" de como ela estaria em campos alemães. E ele fez isso satisfatoriamente, mesmo sem brilhar. Enquanto Jerdy Schouten oscilava no começo, Reijnders se afirmava como o controlador do jogo, mantendo a posse de bola, acelerando quando necessário, com passes em profundidade. Mesmo em um dia ruim, como na derrota para a Áustria, o camisa 14 ainda criava algumas chances. E em dias bons, como nas oitavas de final, contra a Romênia, ele foi preponderante para a quantidade de chances de ataque criadas. Reijnders não chegou a ser dos melhores meio-campistas da Euro (tarefa complicada, em comparação com os meias da campeã Espanha...), mas se afirmou como o mais confiável holandês convocável do setor, sem Frenkie de Jong. Consolidou-se como titular. E deverá continuar assim por um bom tempo, a julgar pelas complicações no tornozelo de Frenkie...

24-Jerdy Schouten (6 jogos): se a primeira impressão fosse a definitiva, Jerdy Schouten teria motivos para se preocupar com sua continuidade na seleção da Holanda (Países Baixos). Vindo à titularidade com o corte de Frenkie de Jong, Schouten nem comprometeu nos amistosos de pré-temporada, nem nos dois primeiros jogos da fase de grupos da Euro. Porém, nos 3 a 2 da Áustria... Schouten foi lento, sem ajudar uma defesa que já ficou frágil por si só. Sua demora para marcar, na jogada do segundo gol austríaco (bem, sua atuação como um todo) deixou sérias dúvidas sobre a capacidade do camisa 24 cumprir com sua principal função tática: evitar que a defesa da Laranja ficasse ainda mais frágil. Porém, se era necessário mudar, Schouten mudou no mata-mata. Para muito melhor: foi um dos melhores em campo contra a Romênia, nas oitavas, não só auxiliando a defesa, mas também acelerando a saída de bola, com passes de primeira. Na semifinal, contra a Inglaterra, se houve a derrota, pelo menos o meio-campo foi estável o suficiente para impedir que as chances inglesas fossem maiores, protegendo o miolo de zaga. Se a última impressão for a que fica, para muitos, Schouten ganhou até a imagem de ser um parceiro perfeito para Frenkie de Jong, quando ele voltar de suas renitentes lesões. Na dupla do PSV que jogou na Euro, ele ficou por cima.

7-Xavi Simons (6 jogos, 1 gol): inegavelmente, Xavi tentou. Responsável por ser o criador de jogadas da Laranja no meio-campo, o jovem procurou fazer isso quando tinha a bola nos pés. Se a dupla Schouten-Reijnders apostava nos passes em profundidade, cabia ao camisa 7 dos cabelos encaracolados tentar trazer a bola com ele até o ataque. Só que quase sempre, Simons era vencido por sua própria afobação. Quando tinha de passar a bola, perdia; quando tinha de finalizar, quase sempre errava - que o digam os tantos gols perdidos contra a Romênia, nas oitavas de final. Ainda assim, é justo dizer: teve sua importância, teve sua utilidade, e quase foi protagonista de dois grandes momentos da Laranja na Euro. Coube a ele, na Leipzig que tão bem conhece, fazer um gol contra a França, na fase de grupos - porém, corretamente anulado. E coube a ele conseguir abrir o placar na semifinal contra a Inglaterra, num grande momento (roubar a bola de Declan Rice, avançar e arriscar chute preciso, no ângulo direito). A Inglaterra acabou virando o jogo. Ainda assim, Xavi Simons colaborou, e deverá seguir titular. Só precisa se aprimorar em relação à afobação que ainda mostra. Nada que o tempo não ajude...

16-Joey Veerman (6 jogos): 25 de junho, a Áustria vencia a Holanda (Países Baixos) por 1 a 0, 35 minutos do primeiro tempo... e Joey Veerman foi escolhido como o "bode expiatório" da péssima atuação da Laranja até aquele momento. Sem conseguir acelerar o jogo holandês com passes em profundidade, como está acostumado a fazer no PSV; sem ajudar muito na marcação, como Jerdy Schouten tentava fazer (sem sucesso, mas tentava); Veerman foi a vítima escolhida por Ronald Koeman, sendo substituído por Xavi Simons. Por mais que fosse desagradável ver Veerman lamentar sua sorte, compreensivelmente, com lamentos no banco de reservas, era impossível defendê-lo: para o melhor jogador do Campeonato Holandês 2023/24, Veerman decepcionava demais, se mostrando tímido. Aquela alteração precoce, no pior jogo da campanha da Laranja na Euro, deixou o camisa 16 "queimado" para muitos (os mais precipitados até cogitavam que ele deixaria a seleção). Pelo menos, dali por diante, Veerman ainda foi considerado para ajudar a seleção. Nas oitavas e nas quartas de final, veio a campo no segundo tempo e cumpriu seu papel. E na semifinal, foi um fator de estabilidade: quando Memphis Depay se machucou, aos 35' (coincidência...), a entrada de Veerman ajudou o meio-campo holandês a proteger mais o time, diante de um momento em que a virada da Inglaterra parecia iminente. Contudo, mesmo seguindo com alguma utilidade, o meio-campo sai da Euro por baixo. Perdeu o respaldo que tinha para tentar uma transferência, por exemplo. Só outra boa temporada pelo PSV para recuperá-lo.

8-Georginio Wijnaldum (1 jogo): "Gini" esteve e saiu da Eurocopa na mesma situação de Daley Blind: por mais útil que possa ser, o tempo já passa, e seu espaço na seleção da Holanda (Países Baixos) diminui de maneira aparentemente definitiva. Prova disso foi ver um jogador convocado pelo papel de liderança que poderia ter dentro do grupo jogando somente 28 minutos, mais acréscimos, em todo o torneio, substituindo Xavi Simons na vitória contra a Polônia, na estreia. No mais, Wijnaldum apenas treinou e acompanhou a Euro do banco, sem ser considerado para entrar em campo. Talvez porque também já tenha um ritmo de jogo lento demais para a atualidade. A ver se continuará sendo considerado para a nova fase da Laranja no segundo semestre, com a Liga das Nações. Se não for, será previsível.

26-Ryan Gravenberch: não jogou

Cody Gakpo ainda não é o jogador decisivo que falta à seleção dos Países Baixos. Mas mostra talento para ser isso, algum dia, artilheiro da Euro que foi ( Jürgen fromme/Firo sportphoto/Getty Images)

ATACANTES

11 - Cody Gakpo (6 jogos, 3 gols): Certo, Cody Gakpo não é um craque. Só que vontade não lhe falta. Talento, de certa forma, também não. E a Euro deixou isso claro: Gakpo foi dos melhores atacantes do torneio. Quase sempre que a Holanda (Países Baixos) precisou dele, ele apareceu, sempre se oferecendo como opção para jogadas de ataque. Começou na estreia contra a Polônia: a Laranja tinha muitas chances, sem acertar nenhuma delas, até que ele dominou o passe de Nathan Aké, chutou e, com desvio, fez 1 a 1. A atuação contra a Áustria era abaixo da crítica? Coube a Gakpo tentar dar alguma esperança, empatando o jogo. Contra a Romênia, nas oitavas de final? O começo era preocupante, mas o gol do camisa 11 fez o time neerlandês, enfim, despontar para seu melhor jogo na Euro. Contra a Turquia, nas quartas? O 1 a 1 era nervoso, até Gakpo aparecer para ajudar a bola a entrar e ser o 2 a 1 de virada, em dividida com Mert Müldur. Só nas semifinais é que ele decepcionou um pouco: ficou sem ser acionado pelo ataque, e teve mais de cuidar de Bukayo Saka. Ainda assim, terminando como um dos goleadores da Euro, Gakpo deixou claro: se algum jogador holandês pode chegar ao status de "decisivo", atualmente, é ele. A ver o que virá nos próximos anos.

9-Wout Weghorst (6 jogos, 1 gol): Como criticar? É unânime para quem acompanhe a seleção da Holanda (Países Baixos): o que talvez falte em técnica para Weghorst, sobra em dedicação, em esforço, em vontade vestindo laranja. E a aparição do atacante na Eurocopa foi prova até mais forte disso do que na Copa do Mundo passada, mesmo vindo do banco em todos os jogos da Laranja na Euro. Logo na estreia contra a Polônia, a consagração: o camisa 9 substituiu Memphis Depay aos 81', e dois minutos depois, fez o gol da virada e da vitória por 2 a 1, sendo saudado massivamente pela torcida neerlandesa em Hamburgo. Dali por diante, na fase de grupos, sempre entrando para os minutos finais, Weghorst fazia seu papel - mesmo na derrota para a Áustria, coube a ele ajeitar a bola para Memphis empatar. Prêmio a tanta dedicação: nas fases eliminatórias, ele teve mais minutos em campo, ficando nele o segundo tempo inteiro contra Turquia (quartas de final) e Inglaterra (semifinal). No 2 a 1 de virada sobre os turcos, novamente Weghorst mostrou sua dedicação: salvou uma jogada na pequena área, quando a adversária ainda vencia por 1 a 0. Ali também se mostrou emotivo: após a classificação para as semifinais, o atacante se emocionou em entrevistas, ao comentar o apoio da torcida. Por essas e outras, a imagem de Weghorst melhora cada vez mais para imprensa e torcida. Entre titular e reserva, é nome certo nas próximas convocações. E não só pelos gols às vezes salvadores que faz...

10-Memphis Depay (6 jogos, 1 gol): sempre tão autoconfiante, Memphis Depay reconheceu, após o 0 a 0 contra a França na fase de grupos: estava mal, decepcionava, não fazia jus à titularidade que sempre recebeu de Ronald Koeman. De fato, foi difícil defender a opção do técnico da Laranja por sempre manter o camisa 10 como titular - "ele é meu atacante", Koeman deixou claro após as quartas de final. Mesmo só sendo substituído nos minutos finais (contra a Polônia, aos 81'; contra a França, aos 79'), Memphis foi lento, desperdiçou vários contra-ataques, raramente foi eficiente quando teve a chance de gol ao longo desta Eurocopa. Tanto que só fez um gol nela, contra a Áustria, empatando o jogo que os austríacos ainda venceriam. Nas oitavas e nas quartas, a mesma coisa: Depay perdeu chances, mas só foi substituído no final (contra a Romênia, no último minuto; contra a Turquia, aos 87'). E nas semifinais, nem conseguiu ajudar muito após o empate inglês, nem teve tempo para isso: logo aos 35', sofreu mais uma lesão no músculo posterior da coxa. Saiu da partida, saiu da Euro... e tendo em vista que está sem clube - o contrato com o Atlético de Madrid acabou no mês passado - e que há vários concorrentes melhor vistos para o ataque da Holanda (Países Baixos), o espaço de Memphis Depay está ameaçado na Laranja como fazia tempo que não estava.

18-Donyell Malen (4 jogos, 2 gols): Malen entrou na Eurocopa como um coadjuvante, mesmo em boa fase no Borussia Dortmund. E foi outro jogador a temer sair do torneio com más lembranças: após jogar 28 minutos no segundo tempo da estreia contra a Polônia, o atacante teve sua primeira chance como titular, contra a Áustria, na fase de grupos. Contudo, não só cometeu o gol contra que abriu o caminho da vitória austríaca, como também perdeu grande chance de gol no primeiro tempo, falhou no trabalho de marcação... enfim, Malen teve a ameaça de também ficar marcado em mais uma Euro. Resolveu isso da melhor maneira possível. Se na edição de 2020-jogada-em-2021, ele ficou marcado na eliminação para a República Tcheca, nas oitavas de final, ao perder outra grande chance, Malen voltou às oitavas de uma Euro, substituindo Bergwijn para o segundo tempo contra a Romênia. Teve sucesso: aproveitou duas das tantas chances que a Laranja teve, fez dois gols, e apagou os traumas ao roubar a cena naquele 3 a 0. Mesmo sem chamar a atenção na sua entrada contra a Inglaterra, nas semifinais, Malen se afirmou como opção válida e experiente para o ataque, nas próximas convocações. Dependendo do que ocorrer, pode até virar titular. 

12-Jeremie Frimpong (3 jogos): com a velocidade que Frimpong exibiu nos amistosos contra Canadá e Islândia (duas goleadas por 4 a 0 - até marcando gol contra os canadenses), ficou claro que o lateral direito seria opção das mais válidas para o ataque da Holanda durante a Eurocopa. Porém, para desagrado de muitos que seguem a Laranja, seria isso: opção. Frimpong poderia fazer e acontecer, mas Denzel Dumfries seguiria titular na lateral direita - e mesmo na ponta, onde o camisa 12 poderia jogar, a preferência de Ronald Koeman foi para mais nomes ao longo da campanha na Euro. Na única vez em que teve a oportunidade de começar como titular, o ala direito quase se fez notar para valer: começou o jogo contra a França já criando chance de gol em um minuto de jogo. Mesmo assim, foi substituído aos 73' (Lutsharel Geertruida entrou para proteger a defesa), e só voltou a campo para os três minutos finais - mais acréscimos - contra a Turquia, nas quartas de final. E o dilema de Koeman segue: como fazer Frimpong ter a sequência de jogos como titular? Afinal de contas, ele faz por merecer, há tempos. Só não teve tanta chance de mostrar isso na Euro. 

25-Steven Bergwijn (2 jogos): vindo de uma temporada apagada pelo Ajax, vendo nomes como Jeremie Frimpong e Joshua Zirkzee mais pedidos pela torcida, Bergwijn era dos convocados mais anônimos dos Países Baixos nesta Eurocopa. Além do mais, vindo de uma lesão muscular, mesmo já recuperado, convinha escalar o atacante com cuidado. Por isso, ele viu os três jogos da fase de grupos do banco de reservas. E também por isso, a surpresa foi grande quando foi ele o escolhido para começar como titular contra a Romênia, nas oitavas de final. Talvez nem devesse ser tão grande. Primeiro, porque Donyell Malen ainda atraía desconfiança pela má atuação contra a Áustria; depois, porque Bergwijn foi bem no primeiro tempo, ajudando a acelerar as jogadas pela direita, fazendo triangulações com Xavi Simons e Denzel Dumfries. Mas ficou nisso: no primeiro tempo, já que Malen o substituiu no intervalo. Contra a Turquia, nas quartas de final, a mesma coisa, com atuação mais discreta. E não se sabe se ele terá continuidade nas convocações, com a concorrência no ataque crescendo. Ainda assim, Bergwijn teve seu papel na Euro. Já é algo, diante das baixas expectativas.

21-Joshua Zirkzee (2 jogos): é bom deixar claro: Ronald Koeman queria ter dado chances ao atacante, antes mesmo da Eurocopa. E é bom lembrar: nos amistosos de março, contra Escócia e Alemanha, Zirkzee estava convocado. Certamente teria alguma chance. Mas se machucou, foi cortado, e sem ter partidas jogadas pela seleção, ficou de fora da convocação inicial. Aí, o destino deu duas "ajudas". Primeiro, o corte de Frenkie de Jong abriu espaço na lista, mas não seria usado. Nos primeiros treinos na Alemanha, porém, Brian Brobbey sofreu leve problema muscular. Nada grave, mas por via das dúvidas, Koeman preferiu tirar Zirkzee das férias que já passava na Disney para ter, enfim, o lugar na Euro que muitos pediam a ele. No torneio, porém, ele jogou pouco. E em duas situações difíceis: os últimos três minutos contra a Turquia, que tentava desesperadamente o empate nas quartas de final, e os acréscimos da semifinal contra a Inglaterra, quando Ronald Koeman "esperou" a Inglaterra punir sua falta de ousadia para tentar o empate, no desespero dos acréscimos. Ainda assim... não, Zirkzee não tem nada que o impeça de jogar mais pela seleção dos Países Baixos (pelo menos, nada público). E tem tudo para receber pela Laranja a chance que tanto fez e faz por merecer. Agora, sem urgência.

19-Brian Brobbey (1 jogo): há pouco a dizer sobre Brobbey em seu primeiro torneio importante pela Holanda (Países Baixos). Em primeiro lugar, porque nos primeiros treinos em Wolfsburg (quartel-general da delegação na Euro), o atacante teve uma lesão muscular. Nada sério, mas o suficiente para causar algum temor de corte, a integração tardia de Joshua Zirkzee aos convocados e a perda maior de espaço do jovem, que já não teria muitas chances na Euro. Quando teve, foi só na infelicidade de Ronald Koeman: Brobbey foi outro atacante a entrar às pressas, nos acréscimos da semifinal contra a Inglaterra, logo após a virada dos ingleses no placar, quando a "porta" da Laranja tinha sido "arrombada" e só restava tentar trocar a fechadura. Sem sucesso. Brobbey é mais um a entrar na cota de jogadores que deverão ter mais chances ao longo da Liga das Nações e do próximo ano.

Ronald Koeman falhou num momento decisivo na Eurocopa. Ainda assim, começa a tornar a Holanda (Países Baixos) competitiva, como foi na primeira passagem (Getty Images)

TÉCNICO

Ronald Koeman: se a Holanda oscilou nesta Eurocopa masculina, nada mais previsível do que a oscilação ter sido crônica por parte do técnico da Laranja. Se treinou constantemente a equipe com três zagueiros desde o ano passado, Koeman preferiu mudar para quatro na defesa, na reta final de preparação. Até deu certo, com um jogo ofensivo na estreia contra a Polônia e um digno empate contra a França. Ainda assim, para um time badalado pela qualidade de seus defensores, mostrar alguma fragilidade até surpreendia. A surpresa ruim foi ainda pior contra a Áustria: já podendo experimentar (seleção classificada), Koeman escalou Lutsharel Geertruida na lateral direita, Joey Veerman no meio, Donyell Malen na ponta direita... e todas essas experiências deram errado, numa derrota criticada por 3 a 2. O susto foi tanto que se pensou até em eliminação da Holanda nas oitavas de final - e Koeman, perguntado se corria risco de demissão nesse caso, foi enigmático ("Perguntem-me depois das oitavas", desconversou à emissora NOS). 

A sorte ajudou, contudo. O caminho holandês foi mais fácil do que se supunha, a ofensividade maior que a equipe mostrava ajudou na vitória sobre a Romênia, e na virada para cima da Turquia. Ainda assim, na semifinal contra a Inglaterra, Koeman repetiu o pior de seus defeitos nesta segunda passagem: a falta de ousadia. Na reta final da partida, enquanto Gareth Southgate arriscou nas alterações, o holandês preferiu apostar na prorrogação que poderia vir, num cansaço inglês (decorrente das duas prorrogações)... mas Ollie Watkins fez o gol, a Inglaterra venceu, e as duas entradas de Brian Brobbey e Joshua Zirkzee, apenas para os acréscimos, foram uma mostra de como o treinador da Laranja tinha errado em sua aposta. Terminou a Euro por baixo. Ainda assim, no geral, Koeman conseguiu fazer o time ser agora o que já fora em sua primeira passagem: competitivo. E um pouco mais movimentado do que na Copa passada. Chegar às semifinais oferece um pouco de crédito para o treinador seguir o trabalho rumo à Copa de 2026.

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