Apoio não faltou à seleção masculina da Holanda (Países Baixos): tanto nas 110 mil pessoas que lotaram as ruas de Dortmund no caminho até o Signal Iduna Park, quanto nas que efetivamente estiveram no estádio. Esforço, também não faltou: para uma seleção que jogou a Euro 2024 praticamente sem o seu meio-campo titular, chegar às semifinais já foi uma campanha digna de aplausos, indicando que se encontrou um caminho. Todavia, ainda falta a esta geração da Laranja o jogador capaz de ser decisivo em momentos importantes. Coisa que a Inglaterra tem, de sobra. Assim como alguma ousadia a mais. E por isso, os ingleses impuseram mais uma decepção à Oranje, eliminada nas semifinais da Euro com um gol nos acréscimos do segundo tempo.
Com Donyell Malen começando como titular, na direita, a Laranja pensava em ter alguma velocidade com a bola nos pés, para tentar aproveitar os espaços que a Inglaterra desse. E tudo isso deu certo, do melhor jeito possível: aos 7', Xavi Simons roubou a bola de Declan Rice, carregou-a um pouco mais, arriscou o chute de fora e... petiscou, acertando o ângulo direito do goleiro Jordan Pickford e fazendo 1 a 0 para o selecionado dos Países Baixos. Um começo tão promissor que parecia bom demais para ser verdade. Até porque o resto da etapa inicial mostrou que não era. Pouco depois, a Inglaterra é que começou a aproveitar mais os espaços que o time holandês lhe dava.E os seus destaques começaram a trazer mais perigo. Começou com Harry Kane, aos 13', num chute de média distância espalmado por Bart Verbruggen.
Paralelamente, Bukayo Saka tinha muito espaço às costas de Cody Gakpo - e na frente de Nathan Aké, preocupado com o miolo de zaga. Bastou uma jogada dele, aos 18', para que Kane tentasse finalizar de voleio, sendo atingido no tornozelo por Denzel Dumfries. O juiz Felix Zwayer até deixou passar num primeiro momento, mas o VAR, não: pênalti, cartão amarelo para Dumfries, Kane cobrou, 1 a 1. Era só o começo da superioridade inglesa. Além dos dois citados, Phil Foden começou a se impor, quase fazendo o segundo gol aos 23', após passar por Aké, Tijjani Reijnders e Verbruggen (Dumfries salvou rigorosamente em cima da linha). Após um rápido sinal de vida holandês - Dumfries cabeceou a bola no travessão aos 30' -, os espaços e a posse de bola ingleses seguiam. Assim como os chutes colocados de Foden. O primeiro, aos 32', na trave; o segundo, aos 39', defendido por Verbruggen. Para piorar a situação holandesa, as dores crônicas de Memphis Depay no músculo posterior da coxa voltaram, na mais imprópria das horas. Já aos 35', ele precisou ser substituído, com Joey Veerman tentando recompor o meio-campo, tirando indiretamente as capacidades ofensivas já pequenas da Holanda.
A Laranja vinha sem lesões no decorrer da Euro... mas os problemas de Memphis Depay com o músculo posterior da coxa voltaram, na pior hora possível. E o ataque sofreu (Koen van Weel/ANP/Getty Images) |
Seria uma partida "longa". Ainda mais porque Wout Weghorst já veio a campo, no intervalo, substituindo Malen e indicando: a Holanda seria bem mais reativa. Esperaria as chances para que Weghorst aproveitasse. Seria bem mais... lenta. A tal ponto que, por boa parte do segundo tempo, parecia até que a Laranja tivera um jogador expulso, de tão retraída que estava em campo. Contudo, a Inglaterra também não pressionava tanto quanto no primeiro tempo, com o meio-campo mais fechado - e, faça-se destaque, Jerdy Schouten foi quem mais ajudou nisso, evitando que muitos ataques chegassem à defesa. Com isso, em algumas poucas chances, até que a Holanda teve esperanças. Como aos 64', quando Joey Veerman cobrou falta, Virgil van Dijk desviou, e Jordan Pickford teve de espalmar para escanteio. Ou mesmo aos 78', quando Weghorst ajeitou um cruzamento com a cabeça, e Xavi Simons chutou de voleio - mas chutou fraco, sem trazer muitos problemas.
Entretanto, outro problema que a Holanda tem apareceu na pior das horas: a falta de ousadia de Ronald Koeman nas substituições. Na reta final do jogo, o técnico neerlandês manteve o time sem alterações. Já Gareth Southgate, mesmo contestado, mesmo vendo a Inglaterra ter no segundo tempo a lentidão que mostrou na maior parte da Euro... arriscou. Tirou Kane e Foden, talvez seus dois melhores jogadores na partida, para acelerar o ataque com Cole Palmer, no meio, e Ollie Watkins, na frente. Foi premiado. Porque coube a Palmer fazer o lançamento em profundidade, já nos acréscimos (90' + 1). E coube a Ollie Watkins ser mais rápido do que Stefan de Vrij para chutar cruzado e fazer o gol tardio que colocou a Inglaterra na segunda final seguida de Eurocopa.
Porque, no fim das contas, a Holanda se esforçou, fez uma Euro até além das expectativas... mas lhe faltou nomes decisivos. Nomes que a Inglaterra tem. Por isso ela está classificada.
UEFA Euro 2024 - Semifinal
Holanda 1x2 Inglaterra
Local: Signal Iduna Park/BVB Stadion (Dortmund)
Data: 10 de julho de 2024
Árbitro: Felix Zwayer (Alemanha)
Gols: Xavi Simons, aos 7', Harry Kane, aos 18', e Ollie Watkins, aos 90' + 1
HOLANDA
Bart Verbruggen; Denzel Dumfries (Joshua Zirkzee, aos 90' + 3), Stefan de Vrij, Virgil van Dijk e Nathan Aké; Jerdy Schouten e Tijjani Reijnders; Donyell Malen (Wout Weghorst, aos 46'), Xavi Simons (Brian Brobbey, aos 90' + 2) e Cody Gakpo; Memphis Depay (Joey Veerman, aos 35'). Técnico: Ronald Koeman
INGLATERRA
Jordan Pickford; Bukayo Saka (Ezri Konsa, aos 90' + 3), Kyle Walker, John Stones, Marc Guéhi e Kieran Trippier (Luke Shaw, aos 46'); Declan Rice, Kobbie Mainoo (Conor Gallagher, aos 90' + 3), Phil Foden (Cole Palmer, aos 81') e Jude Bellingham; Harry Kane (Ollie Watkins, aos 81'). Técnico: Gareth Southgate
Se fosse pra prorrogação, os ingleses estariam em desvantagem física...mas o "se" não ajuda
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