O Ajax vinha bem, no caminho do que seria uma ótima vitória. Mas quis ampliar a vantagem. E por querer isso, desperdiçou-a: empate melhor para a Atalanta (EPA) |
Havia expectativas tremendas sobre o que dois times como Ajax e Atalanta, francamente ofensivos, poderiam fazer em suas segundas partidas na Liga dos Campeões. E a partida na cidade italiana de Bérgamo, de fato, foi agradável. Desagradável, para quem simpatiza com o Ajax, foi ver a equipe repetir o seu mesmo pecado original - surgido a partir de uma bonança. Porque o time de Amsterdã abriu vantagem que poderia ser valiosa, durante o primeiro tempo, jogando bem melhor do que a equipe da casa. Mas no segundo, buscando o terceiro gol, deixou espaço para a Atalanta também ser perigosa e, por fim, decretar o 2 a 2. Um ponto, que poderiam ter sido três para os Ajacieden.
E poderiam ter sido três porque, novamente, a maneira tática como o Ajax começou a partida deu certo. Escalados nas pontas, Antony e David Neres (este, trocando de lugar no meio-campo com Dusan Tadic) trocavam constantemente de posição. Finalizações de Antony, aos 4', Tadic, aos 6', e Noussair Mazraoui, aos 10', já eram sinais saudáveis de que o time holandês estava bem na criação de chances. Sim, a Atalanta também causou alguns problemas - pela esquerda, Duván Zapata dava o que trabalhar a Perr Schuurs, e tanto Papu Gómez (aos 14') quanto Josip Ilicic (aos 16') chutaram aqui e ali. Porém, as laterais eram as únicas alternativas do time italiano para o ataque: pelo meio, a dupla Schuurs-Daley Blind conseguia frear as entradas, e tanto Davy Klaassen quanto Ryan Gravenberch ajudavam no meio-campo. A única coisa que atrapalhava, para o Ajax, era o alto número de cartões amarelos - foram três.
Mas bastaria ser eficiente no ataque, como não fora contra o Liverpool, para o Ajax conseguir os gols que buscava. E nem foi necessário buscar a primeira chance: ela veio com o pênalti sofrido por Lassina Traoré, que Tadic converteu aos 30', se tornando o terceiro jogador com mais gols pelo Ajax na história do clube na Liga dos Campeões. Com Antony cada vez melhor pela esquerda, superando Hans Hateboer naquele momento, encontrava-se um caminho para o ataque. Por ali veio o segundo gol, aos 38', quando David Neres cruzou, e Traoré aproveitou o rebote do goleiro Marco Sportiello para o 2 a 0. Era uma vantagem valiosa. Convinha cuidar bem dela.
No primeiro tempo, Antony personificou o bom ataque do Ajax: deu trabalho a Hateboer (Getty Images) |
Porém, o Ajax não sabe cuidar de suas vantagens. Não sabe porque... não quer que elas se mantenham. Quer ampliá-las: fazer três, quatro gols. Quase conseguiu isso aos 51', numa bonita jogada individual de Schuurs, evitada por boa defesa de Sportiello. Porém, tantos avanços deixam espaços. E a Atalanta tinha um atacante que saberia aproveitá-los: Zapata. Foi o que o colombiano fez aos 54', superando Schuurs no posicionamento para diminuir a vantagem que o Ajax tinha. E que não teria mais aos 60', em outro erro defensivo: com amplo espaço para contragolpe (David Neres perdera a bola facilmente), Mario Pasalic levou a bola rapidamente até o ataque. Blind foi tentar cobrir o espaço do croata... mas este acertou o passe. E Zapata ficou livre para entrar na área, chutar na diagonal e fazer 2 a 2.
Começou, então, o que sempre acontece com o Ajax quando a vantagem que parecia segura é perdida: o time se amedronta, por não saber se defender bem de um ataque insistente e forte. Foi exatamente o que a Atalanta fez na metade do segundo tempo: Pasalic tentou o chute aos 68', e o trio "Papu" Gómez-Duván Zapata-Josip Ilicic tinha a bola, era rápido, atrapalhava os Ajacieden. Só aos poucos o Ajax se recompôs para voltar ao ataque, com tentativas individuais - Schuurs teve um chute bloqueado aos 76', e Antony exigiu outra boa defesa de Sportiello aos 84'. Contudo, as alterações que Erik ten Hag fez enfraqueceram o lado ofensivo do Ajax: Quincy Promes, por exemplo, entrou e foi pior do que David Neres. Pior ainda foi ver Antony, nos acréscimos, deixar o campo sentindo dores fortes, após forte falta cometida por Ruslan Malinovskyi. Todavia, a Atalanta também não chegou a pressionar incansavelmente o gol de André Onana, mesmo com a entrada de Luis Muriel, sempre perigoso.
Se vencer era necessário, o Ajax conseguia isso. Mas por seus próprios erros, jogou fora um resultado que poderia ter deixado sua situação no grupo D bastante promissora. Se a classificação às oitavas de final da Liga dos Campeões ainda é o objetivo, vencer as duas partidas contra o Midtjylland dinamarquês é absolutamente imperativo. E para isso, convém não repetir os erros cometidos na defesa. De novo, e de novo, e de novo.
Liga dos Campeões - fase de grupos - Grupo D
Atalanta 2x2 Ajax
Local: Atleti Azzurri d'Italia/Gewiss Stadium (Atalanta)
Data: 27 de outubro de 2020
Árbitro: Damir Skomina (Eslovênia)
Gols: Dusan Tadic, aos 30', e Lassina Traoré, aos 38'; Duván Zapata, aos 54' e aos 60'
Atalanta
Marco Sportiello; Rafael Tolói, Cristián Romero e Berat Djmsiti; Hans Hateboer, Mario Pasalic, Remo Freuler e Robin Gosens; Alejandro "Papu" Gómez (Luis Muriel); Josip Ilicic (Ruslan Malinovskyi) e Duván Zapata. Técnico: Gian Piero Gasperini
Ajax
André Onana; Noussair Mazraoui (Sean Klaiber), Perr Schuurs, Daley Blind e Nicolás Tagliafico; Ryan Gravenberch, Davy Klaassen e David Neres (Quincy Promes); Antony (Zakaria Labyad), Lassina Traoré e Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag
André Onana; Noussair Mazraoui (Sean Klaiber), Perr Schuurs, Daley Blind e Nicolás Tagliafico; Ryan Gravenberch, Davy Klaassen e David Neres (Quincy Promes); Antony (Zakaria Labyad), Lassina Traoré e Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag
Nenhum comentário:
Postar um comentário