quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Holandês (não) quis apito

A primeira rodada da fase de grupos da Liga Europa inverteu a "gangorra" que se esperava entre os clubes holandeses - o AZ com vitória elogiável contra o Napoli, enquanto o Feyenoord amargava um empate que podia ser vitória contra o Dinamo Zagreb, e o PSV decepcionara pela virada sofrida para o Granada espanhol. E a situação seguiu a mesma na segunda rodada, nesta quinta: o time de Alkmaar mostrou ampla superioridade em relação ao adversário, enquanto as equipes de Roterdã e Eindhoven sofreram demais - os Boeren ainda superaram seus problemas, ao passo que o Stadionclub sofreu goleada lamentável. No entanto, tais problemas não ocorreram só por demérito: também vieram da arbitragem.

Sim, o Feyenoord mereceu a derrota duríssima para o Wolfsberger, em casa. Mas as decisões polêmicas do juiz Srdjan Jovanovic prejudicaram ainda mais (BSR Photo Agency)

Principalmente no caso do Feyenoord. O trio de arbitragem da Ucrânia que apitaria o jogo contra o Wolfsberger, da Áustria, precisou ser trocado às pressas: o juiz Mykola Balakin e os auxiliares Andriy Skrypka e Semen Shlonchak testaram positivo para o novo coronavírus. Eis que o árbitro sérvio Srdjan Jovanovic foi para o jogo em De Kuip. Com quatro minutos, um aparente tropeço de Christopher Wernitzig em Eric Botteghin (titular no lugar do suspenso Marcos Senesi) virou pênalti no apito de Jovanovic: Michael Liendl, capitão do Wolfsberger, bateu e fez 1 a 0. Ainda no início do primeiro tempo, aos 13', outra queda de Wernitzig, após leve empurrão de Bart Nieuwkoop, rendeu o mesmo fim: pênalti, Liendl, gol. Uma desvantagem de dois gols já era pesada demais para os Feyenoorders. 

Mas se o juiz errou, o ataque do time da casa também errou demais em De Kuip. No primeiro tempo, pela troca de passes infrutífera, sem achar espaço algum na defesa do Wolfsberger; no segundo, logo após Steven Berghuis diminuir para 2 a 1 aos 54', tanto Bryan Linssen quanto Mark Diemers perderam várias chances de gol. Fizeram falta. Porque, aos 60', de tanto atacar, o Feyenoord deixou espaço à vontade para o contra-ataque que rendeu o terceiro gol do adversário - e o terceiro gol de Liendl. E aos 66', no pênalti mais "marcável" que o Wolfsberger teve a seu favor (de fato, o goleiro Justin Bijlow foi duro demais na dividida aérea), Dejan Joveljic fez o 4 a 1 de uma goleada vexatória. Sim, a arbitragem foi polêmica - sem o VAR na fase de grupos da Liga Europa, pelo menos dois pênaltis muito duvidosos foram confirmados. Ainda assim, tanto Berghuis quanto o técnico Dick Advocaat reconheceram calmamente à FOX Sports holandesa: o Feyenoord fora goleado por seus próprios erros (para o atacante, o Feyenoord "começou mal o jogo; já o técnico foi definitivo ao comentar que "foi por nossa própria culpa"). Com apenas um ponto no grupo K, os jogos contra o CSKA Moscou, um dos mais fortes da chave, viram decisivos.

O PSV viu um erro de arbitragem render um gol belíssimo do Omonia Nicósia. E sofreu, mas Malen conseguiu trazer a vitória importante, nos acréscimos (AP)

O PSV não tinha tanta culpa assim dos problemas que o vitimaram antes da viagem ao Chipre, para o jogo contra o Omonia Nicósia. Problemas que residiam principalmente num problema: o surto de infecções pelo novo coronavírus, tanto pelos desfalques (Denzel Dumfries, Pablo Rosario, Cody Gakpo) quanto pelos recuperados que viajaram a Nicósia mas foram barrados (Eran Zahavi e Jordan Teze tiveram de voltar à Holanda - o zagueiro Teze foi liberado para retornar ao Chipre apenas nesta mesma quinta, horas antes do jogo). Ainda assim, os Eindhovenaren tiveram mais posse de bola e foram francamente superiores ao Omonia. Só não chutavam muito a gol. E amargaram um erro de arbitragem ao ver o time cipriota fazer 1 a 0, ainda que de forma belíssima - aos 29', o juiz até marcara falta, mas a bola seguiu rolando levemente, e Jordi Gómez aproveitou para cobrar, antes do meio-campo. Com o VAR, seria irregular. Sem ele, a cobrança do meio-campo espanhol pegou o goleiro Yvon Mvogo desnecessariamente adiantado, e configurou um golaço para o 1 a 0 do Omonia.

Pelo menos, o PSV não demorou para empatar rapidamente - ainda no primeiro tempo, Noni Madueke (titular e boa atuação) cruzou rasteiro para Donyell Malen escorar às redes, aos 40'. Na etapa complementar, os visitantes holandeses até criaram algumas chances vez por outra, mas esbarraram ou na própria lentidão, ou na própria incompetência para furar a barreira do Omonia na área. Basta lembrar a chance que Mohamed Ihattaren perdeu aos 73', chutando da pequena área em cima de dois zagueiros. Ou então, Malen, que só errou na má conclusão de uma boa jogada, aos 84'. Todavia, uma hora o time de Eindhoven acertou: na última hora, aos 90' + 3, quando Mario Götze (novamente titular, jogou os 90 minutos) deixou Malen livre para marcar o 2 a 1 de uma vitória que recoloca o PSV na disputa do grupo E. Só resta agora mais atenção, diante do traiçoeiro PAOK, adversário das próximas rodadas.

Gudmundsson (à esquerda) e Koopmeiners impulsionaram a goleada do AZ: o time dominante e esforçado da Liga Europa nem parece o mesmo que tropeça no Campeonato Holandês (ANP)

Após as duas primeiras rodadas, quem mais está relaxado por enquanto é o time que mais era considerado candidato à eliminação: o AZ. Também, pudera: a dureza vista contra o Napoli foi trocada por uma partida sossegada contra o Rijeka croata. Já aos 6', o pênalti marcado foi a favor, após Dani de Wit ser derrubado - e Teun Koopmeiners converteu para o 1 a 0. Aos 20', um passe preciso de Fredrik Midtsjo, em profundidade, alcançou Albert Gudmundsson, que fez 2 a 0.

A vitória dos Alkmaarders já estava encaminhada. E ficou mais facilitada ainda no segundo tempo, quando o sueco Jesper Karlsson confirmou seu ótimo começo pelo clube holandês ao fazer 3 a 0, aos 51', e Gudmundsson confirmou sua excelente atuação ao marcar o quarto gol, seu segundo na partida, completando ótimo ataque iniciado por Koopmeiners e continuado por Calvin Stengs, aos 60'. Nem mesmo o gol de honra do Rijeka (Sandro Kulenovic, aos 72') atrapalhou a sensação de que o AZ se fortaleceu, como líder de momento no grupo F da Liga Europa, prometendo equilíbrio nos jogos contra a Real Sociedad. Nem parece o mesmo AZ que desperdiça vitórias tão facilmente na Eredivisie...

Mas o AZ foi o único a conseguir vencer sem problemas. De resto, Feyenoord e PSV lamentaram, além dos próprios problemas, os erros de arbitragem. Nesta quinta-feira, holandês quis apito - ou não. Se não derem nas próximas partidas, o pau pode comer, citando a antiga marchinha de carnaval. 

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