quarta-feira, 28 de agosto de 2019

A primeira tarefa está cumprida

O Ajax de Tadic entrou em campo favorito contra o APOEL, mas sob alguma tensão. Mas ela logo se dissipou: a vaga nos grupos da Liga dos Campeões veio sem sustos (Erwin Spek/Soccrates/Getty Images)

Por melhor que o Ajax tivesse começado no Campeonato Holandês (até começou - sete pontos -, mas tem algo a melhorar ainda), por mais que já tivesse conquistado a Supercopa da Holanda, por mais que tivesse mantido boa parte de seus jogadores de destaque na temporada 2018/19, se sabia: ficar de fora da fase de grupos da Liga dos Campeões seria um golpe duro na visibilidade ganha pelo clube, e até no projeto da diretoria para tornar os Ajacieden ainda mais soberanos do que já são no futebol da Holanda. E o jogo de ida dos play-offs, contra o APOEL, acendera o sinal de alerta, com o 0 a 0. Nesta quarta, os Amsterdammers puderam respirar: afinal, alcançaram o primeiro objetivo principal. O nome do Ajax está entre os 32 clubes que serão divididos em oito grupos de quatro times, no sorteio da UEFA, nesta quinta, em Mônaco para a próxima Champions League.

Havia uma tensão no ambiente da Johan Cruyff Arena: o Ajax tinha favoritismo, mas mostrara fragilidade. E já começava sob dúvida, pela ausência do lesionado Donny van de Beek. Por essas e outras, as mudanças de Erik ten Hag na escalação: Daley Blind voltava à zaga, Lisandro Martínez começava no meio-campo (na intenção de ter aproveitado sua qualidade no passe), o mexicano Edson Álvarez estreava na equipe também no meio-campo, Klaas-Jan Huntelaar era premiado com a titularidade no ataque, Sergiño Dest enfim recebia a chance pedida por muitos na lateral direita (substituindo o suspenso Noussair Mazraoui).

Mas foi o jogo começar para se notar que o problema estava mais no adversário do que nos Godenzonen. Ao contrário do que se vira em Nicósia, o APOEL renegava qualquer ousadia no ataque: se concentrava numa barreira fechada, com as linhas de meio-campo e defesa se misturando, quase dentro da área de defesa, povoada com nove jogadores, só deixando Suleiman Al-Tamari na frente para puxar contra-ataques. Tudo para impedir que o Ajax trocasse passes, acelerasse o ataque, chegasse ao gol.

Deu certo, por algum tempo: se o APOEL não criou chances (André Onana só viu a bola quando ela era recuada a ele), o Ajax também não. Até houve algumas oportunidades: aos 9', Dusan Tadic estendeu a bola a Huntelaar, mas o goleiro Vid Belec defendeu, ao antecipar a saída. Mas o time da casa só fazia Belec trabalhar em chutes de fora da área (como fizeram Hakim Ziyech, aos 23', e Tadic, aos 30'). De resto, Ziyech tentava criar jogadas, Dest e Nicolás Tagliafico ajudavam nas laterais, David Neres se mexia na direita... mas nada de causar problemas reais. Isso, até os 43 minutos, quando o gol de Álvarez abriu o placar para o Ajax e tranquilizou as coisas - numa bola parada, o único jeito que parecia possível para abrir a cerrada defesa dos visitantes do Chipre.

Álvarez (de frente) estreou - e estreou bem, dando segurança no meio e marcando gol (VI Images)

Imediatamente após sofrer o gol, o APOEL começou a buscar o empate. Mas visivelmente se mostrava incapaz, até decepcionando: a defesa marcava melhor Al-Tamari, destaque na ida, e se virava bem contra a força física de Andrija Pavlovic. Já no segundo tempo, se o gol de Klaas-Jan Huntelaar, aos 50', tivesse sido validado (outra bola parada!), seria possível dizer que a vaga estava garantida. Mas o VAR avisou o alemão Felix Zwayer, juiz de campo, sobre o pequeníssimo impedimento de Joël Veltman, e Zwayer anulou o gol marcado.

Voltava a meia tensão. Tensão, porque um empate já daria a vaga ao APOEL - e Pavlovic chegou até a balançar as redes, mas seu gol também foi anulado por impedimento. Meia tensão, porque o Ajax mostrava controle do jogo. Álvarez e Martínez aumentavam a marcação no meio, impedindo os avanços e dando mais liberdade para Ziyech controlar o jogo e a posse de bola, com a ajuda de David Neres e Dest. Tadic aparecia pouco. Mas quando apareceu, foi para decidir: aos 80', ajeitando belíssimo lançamento de Huntelaar e chutando para o 2 a 0 definitivo.

Era a vitória desejada. Porque o Ajax ainda tem muita coisa a fazer na temporada 2019/20. Mas pelo menos, sua primeira tarefa está cumprida. E ela já vale. Inclusive pelos 48,3 milhões de euros que cairão no cofre do clube da estação Bijlmer Arena...

Liga dos Campeões - play-offs (jogo de volta)

Ajax 2x0 APOEL
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 28 de agosto de 2019
Árbitro: Felix Zwayer (Alemanha)
Gols: Edson Álvarez, aos 43', e Dusan Tadic, aos 80'

Ajax
André Onana; Sergiño Dest, Joël Veltman, Lisandro Martínez e Nicolás Tagliafico; Edson Álvarez (Razvan Marin), Hakim Ziyech (Dani de Wit) e Daley Blind; David Neres, Klaas-Jan Huntelaar e Dusan Tadic. Técnico: Erik ten Hag

APOEL
Vid Belec; Antonio Jakolis (Tomás de Vincenti), Giorgos Merkis, Nicolas Ioannou, Joãozinho e Dragan Mihajlovic;Suleiman Al-Tamari (André Vidigal), Uros Matic (Linus Hallenius), Lucas Souza e Roman Bezjak; Andrija Pavlovic. Técnico: Thomas Doll

Nenhum comentário:

Postar um comentário