Na temporada passada, o Twente foi o único felizardo com acesso direto à Eredivisie, como campeão da segunda divisão. Agora, o vice-campeão também comemorará (Eric Verhoeven/Soccrates/Getty Images) |
Se o Campeonato Holandês já começou (aliás, nesta sexta será aberta a segunda rodada da Eredivisie), este 9 de agosto marca o início da Eerste Divisie, a segunda divisão holandesa - ou falando o nome oficial do campeonato, a Keuken Kampioen Divisie, baseado na loja de móveis para cozinha que patrocina a liga. De certa forma, marca uma nova fase também no torneio. Afinal de contas, aparentemente, o caminho ficou mais fácil para chegar à primeira divisão. Mas pode ter ficado mais difícil, dependendo do ponto de vista.
Para quem acha que a trajetória rumo à Eredivisie ficou mais simples, há o que justifique tal opinião. Afinal, a partir desta temporada, são duas vagas diretas de acesso: o campeão da Eerste Divisie continua subindo diretamente, mas agora o vice-campeão também será promovido à primeira divisão. Faz sentido: se o vice-campeão em 2018/19 (Sparta Rotterdam) subiu via repescagem, e se o vice de 2017/18 (Fortuna Sittard) ganhou de presente a vaga direta - o campeão de então foi o Jong Ajax, a equipe B dos Ajacieden, que não subiria por razões óbvias -, é melhor já considerar que o segundo colocado da segunda divisão tem nível bom o suficiente para poder disputar a Eredivisie sem passar pela temível repescagem.
Aliás, a repescagem de acesso/descenso (temível não só pela dificuldade ou pela tensão, mas pelo regulamento complicado - já há um texto sobre ela aqui) também ficou um pouco mais simples de ser compreendida. Só um nome a vencerá e garantirá, ou manterá, a terceira vaga na primeira divisão. Pegando o que se disse no link citado há duas linhas, explique-se rapidamente: da 3ª à 38ª rodadas, a Eerste Divisie é dividida em quatro períodos. Os quatro "periodekampioenen" - literalmente, "campeões de período" em holandês - se garantem na repescagem, junto aos dois melhores colocados que não tenham sido "campeões de período" e ao 16º (antepenúltimo) colocado da Eredivisie. Aí, os seis que jogaram a segunda divisão se dividem em dois, para três decisões, em ida e volta. Os três classificados se unem ao egresso da Eredivisie que lutará para manutenção, e aí acontecerão as semifinais e finais pela vaga na divisão de elite. Ficou mais fácil, aparentemente.
Por outro lado, é possível dizer que a segunda divisão da Holanda também ficou mais difícil. Se há duas vagas diretas, a disputa por elas - e consequentemente, pelo título - será ainda mais árdua. Dos rebaixados da primeira divisão, o De Graafschap terá nomes bem vistos pela torcida (como o goleiro Hidde Jurjus e o zagueiro Ted van de Pavert) e outros que dão a técnica necessária (como o ponta-de-lança Youssef El Jebli e o atacante Ralf Seuntjens). No Excelsior, o técnico Ricardo Moniz, que chegara na reta final da temporada passada, ganhou um crédito de confiança - e se perdeu nomes como o zagueiro Jürgen Mattheij, mantém destaques como o meio-campista Luigi Bruins e o atacante Elias Mar Ómarsson. Além do rebaixamento, o NAC Breda perdeu vários destaques, e vive uma crise financeira, só podendo esperar de nomes como o meio-campista Mounir El Allouchi e o recém-chegado Finn Stokkers. Já o Roda JC, também tradicional, sofre com a crise financeira.
E há aqueles times que já estão na segunda divisão há algumas temporadas. Até por isso, andam cada vez mais sedentos pelo acesso. O Go Ahead Eagles já entra pressionado por sua torcida, depois da dramática perda da vaga na Eredivisie (contra o RKC, ganhava por 4 a 3 na repescagem, até os 88', e tomou a virada em casa nos acréscimos) Após uma temporada passada turbulenta, com três técnicos, o NEC vai para esta Eerste Divisie num clima de "agora ou nunca": um trio de técnicos (François Gesthuizen, Adrie Bogers e Rogier Meijer) terá de conduzir o time tricolor de Nijmegen ao acesso, com nomes como o zagueiro Rens van Eijden e o atacante Sven Braken. O Volendam ganha muitas apostas: o técnico Wim Jonk comandará um time promissor, com o atacante Zakaria El Azzouzi como destaque. Habituais nomes na repescagem das temporadas recentes, Almere City e MVV Maastricht seguem em busca do acesso: o time de Almere nunca esteve na Eredivisie, e a equipe de Maastricht já não a joga desde 2000.
Isso, sem contar os quatro times B de equipes da primeira divisão, que certamente darão tempo a jovens talentos, "preparados" para serem promovidos ao time principal. No Jong Ajax, os atacantes Lassina Traoré e Danilo Pereira (brasileiro, vindo da base do Santos) terão mais chances; no Jong PSV, as apostas principais irão para os atacantes Joël Piroe e Zakaria Aboukhlal; Jong AZ e Jong Utrecht também têm nomes que merecem atenção.
Por tudo isso, dá para dizer que a segunda divisão holandesa ficou mais difícil. Ou ficou mais fácil, por ter mais vagas diretas? A resposta começa a partir desta sexta.
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