O Ajax sofreu de novo num jogo eliminatório. Mas Tadic não se acanhou com o pênalti perdido: converteu outros dois, e os Amsterdammers seguiram na Liga dos Campeões (SCS/Sander Chamid) |
Depois do empate árduo no jogo de ida, na cidade grega de Tessalônica, o Ajax sabia duas coisas: o 2 a 2 lhe dava uma vantagem razoável em Amsterdã, mas convinha não menosprezar o bom time helênico. Dito e feito: a maior qualidade técnica fez com que os Ajacieden superassem os problemas e conseguissem a classificação aos play-offs da Liga dos Campeões, Mas a vaga não veio sem uma boa dose de sofrimento contra os visitantes alvinegros. Lembrou, ainda que levemente, o sofrimento de alguns jogos na trajetória marcante da Champions passada.
Tal lembrança aconteceu, principalmente, porque os Ajacieden exibiram tanto a melhor qualidade vista em 2018/19 quanto o pior defeito. A melhor qualidade foi nas trocas de passes precisos, curtos ou longos, principalmente entre Hakim Ziyech, Donny van de Beek e Dusan Tadic, os três se sobressaindo na parte ofensiva. Só faltava o gol: Van de Beek teve chances aos 7' e aos 11', mas o arqueiro Alexandros Paschalakis começou a se sobressair, saindo bem do gol para defender. Já o pior defeito foi o espaço gigante que o time de Amsterdã deixava às suas costas, para os contra-ataques do PAOK.
E logo o time grego começou a seguir o conselho dado por José Mourinho, após a final da Liga Europa 2016/17, quando o Manchester United (treinado pelo português) inviabilizou qualquer chance Ajacied: "Para superar o Ajax, é só deixar o jogo desconfortável para eles". Os visitantes de Tessalônica se impunham nas bolas aéreas, pelo porte físico proeminente; mantinham mais a bola no ataque, pela capacidade de Dimitrios Pelkas; e se valiam da velocidade nas pontas, com Léo Jabá e... Diego Biseswar. Coube justamente ao holandês - ex-Feyenoord, sempre útil lembrar - aproveitar isso e fazer 1 a 0, aos 23', ao ter espaço para bater da entrada da área.
Como no jogo de ida, Biseswar perturbou bastante o Ajax (Erwin Spek/Soccrates/Getty Images) |
Sim, o gol assustou o Ajax. Assim como perder o primeiro pênalti do jogo, sofrido por David Neres aos 30', após carga um tanto exagerada de Badr El Kaddouri: Tadic bateu, mas Paschalakis confirmou seu destaque no PAOK, espalmando para a direita. Os Amsterdammers insistiam, rondavam a área, mas não havia como entrar na defesa da equipe helênica, muito bem fechada. Para tanto, só um outro pênalti: Daley Blind tentou o lançamento curto, a bola bateu no punho de Biseswar, e o juiz inglês Craig Pawson marcou o pênalti - marcação um tanto quanto exagerada, mas é o que diz a nova regra. E Tadic voltou a bater, desta vez sem problemas, para o 1 a 1.
No segundo tempo, Erik ten Hag tentou corrigir os erros na defesa, com uma alteração: a entrada de Sergiño Dest devolveu Joël Veltman, mal na zaga, à lateral direita, enquanto Noussair Mazraoui ia para o meio. Em parte, ajudou: de fato, o PAOK chegou menos ao ataque. Até porque o Ajax manteve mais a posse de bola, esteve mais perto da área, criou chances - como a bola de Ziyech que quase encobriu Paschalakis aos 47', ou o arremate torto de David Neres aos 63'. Porém, a equipe grega lembrava que estava no jogo, em momentos como o cruzamento de Biseswar que passou por pouco de Pelkas, aos 54'.
Havia tensão. A defesa do Ajax estava mais firme - em grande parte, pela boa atuação de Lisandro Martínez, dominando a zaga com a bola nos pés. Mas nada impedia o PAOK de pensar em manter mais a bola no ataque (até por isso, a entrada de Pawel Swiderski), e, quem sabe, fazer o gol que o aproximaria da vida. Até que, aos 79', Nicolás Tagliafico se viu livre num escanteio - e aproveitou a chance, de cabeça, para a virada. O gol do 2 a 1 quase aliviava o Ajax, mesmo com o oponente cansado: a fragilidade da defesa seguia, porque aos 80', a bola ficou solta no meio da área, até que Veltman a afastasse. Confiança plena de que a vaga viria, só aos 84', em outro pênalti: Léo Matos chegou forte, derrubou Tagliafico na área, e Tadic bateu para o 3 a 1. Resolvido? Nada disso: era Biseswar batendo para Onana defender, era Chuba Akpom mandando a bola na trave aos 90' + 3, e finalmente, era o mesmo Biseswar arriscando de novo, diminuindo para 3 a 2, trazendo o fantasma de outra eliminação nos segundos finais.
Mas Craig Pawson aliviou o Ajax, apitando o fim de jogo pouco depois. Mas ficou o aviso, antes dos play-offs por um lugar na fase de grupos, contra o APOEL, do Chipre: o time de Amsterdã ainda precisa de muitos cuidados. E ainda pode passar por fortes emoções. Esta foi só o começo.
Liga dos Campeões - terceira fase preliminar (jogo de volta)
Ajax 3x2 PAOK
Local: Johan Cruyff Arena (Amsterdã)
Data: 13 de agosto de 2019
Árbitro: Craig Pawson (Inglaterra)
Gols: Diego Biseswar, aos 23', e Dusan Tadic, aos 43'; Nicolás Tagliafico, aos 79', Dusan Tadic, aos 85', e Diego Biseswar, aos 90' + 4
Ajax
André Onana; Noussair Mazraoui, Joël Veltman, Lisandro Martínez e Nicolás Tagliafico; Razvan Marin (Sergiño Dest), Donny van de Beek (Dani de Wit) e Daley Blind; Hakim Ziyech, Dusan Tadic e David Neres (Klaas-Jan Huntelaar). Técnico: Erik ten Hag
PAOK
Alexandros Paschalakis; Léo Matos, José Ángel Crespo, Fernando Varela e Dimitrios Giannoulis; Léo Jabá (Dimitris Limnios), Anderson Esiti (Josip Misic), Badr El Kaddouri e Diego Biseswar; Dimitris Pelkas e Chuba Akpom (Pavel Swiderski) Técnico: Abel Ferreira
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