Mais um Campeonato Holandês acabado, em sua fase regular de 34 rodadas. O que significa dizer que é hora de mais uma repescagem (ou "Nacompetitie", como os holandeses falam) pelo último lugar da Holanda em competições europeias, na segunda fase preliminar da Liga Europa. Se no ano passado, os play-offs premiariam a reação de algumas equipes ao longo da temporada, agora o cenário é diferente.
Porque os quatro times que disputarão a vaga a partir deste sábado, com os jogos de ida do mata-mata, fizeram boas temporadas. O único caso de ascensão vertiginosa rumo aos play-offs foi o Groningen - mas mesmo quando penava nas últimas posições, o time do norte holandês já dava a impressão de que tinha capacidade de reagir. Se em 2017/18, a vaga na Liga Europa coroava a reação, agora ela será uma espécie de "título" de consolação para quem a ganhar no próximo dia 28.
Vitesse x Groningen
Jogo de ida: neste sábado, às 15h45 de Brasília, em Groningen
Jogo de volta: terça-feira, 21 de maio, às 15h45 de Brasília, em Arnhem
Vitesse (5º colocado na temporada regular)
Tão logo o campeonato começou, demorou um pouco até o técnico Leonid Slutsky achar o jeito certo de fazer o seu time jogar, com os nomes à disposição. Para piorar, um importante nome do começo da campanha foi perdido: o atacante Tim Matavz, por fratura na fíbula. Mas logo Slutsky conseguiu acertar a equipe. E os jogadores aproveitaram bem a chance, no 4-4-2. Na defesa, Danilho Doekhi e Jake Clarke-Salter (fora do jogo de ida, por lesão) mostraram firmeza, enquanto Vyacheslav Karavaev e Max Clark avançavam sem descuidarem da defesa.
No meio-campo, enquanto Thulani Serero cuidou bem da marcação e Alexander Büttner pôde enfim só atacar, como fazia já nos tempos da lateral, Martin Odegaard chegou à grande fase da carreira: muito ofensivo pela direita, o norueguês está comumente mencionado como um dos destaques da Eredivisie. No ataque, enquanto Matavz se recuperava da lesão, Thomas Buitink foi grata surpresa. Houve percalços, logo resolvidos - no gol, o português Eduardo, de atuações inconstantes, deu lugar a Remko Pasveer. E mesmo com momentos turbulentos, como a sequência de quatro empates na reta final, o Vites conseguiu se manter na quinta posição. Chega muito bem à repescagem, para tentar repetir o feito da temporada passada.
Groningen (8º colocado na temporada regular)
No primeiro turno, havia uma notícia boa e uma ruim para o Groningen. A ruim: o time penava para sair das últimas colocações (nas dez primeiras rodadas, foram nove derrotas). A boa: já havia perspectivas de que a equipe poderia melhorar. Era só ter paciência. A diretoria teve, mantendo o trabalho do técnico Danny Buijs. A torcida teve, apoiando os jogadores. E os frutos vieram no returno: uma sequência de sete jogos sem derrotas - cinco vitórias e dois empates - levaram o time do norte holandês a rondar a zona de classificação para os play-offs.
No gol, após um começo de temporada turbulento, que o fez perder vagas nas convocações da seleção holandesa e a braçadeira de capitão da equipe, Sergio Padt voltou a demonstrar segurança. No meio-campo, Ritsu Doan se consolidou como o nome dos Groningers na temporada: técnico na direita, preciso nos chutes colocados, o japonês certamente será cobiçado por clubes de outros centros. E no ataque, enquanto Mimoun Mahi voltou a viver boa fase na reta final de sua passagem (rumará para o Zürich-SUI), Kaj Sierhuis aproveitou bem seu empréstimo, e Paul Gladon, vindo da reserva e fazendo gols, se tornou titular. Assim, o time alviverde superou a disputa com Willem II e ADO Den Haag, alcançando os play-offs. E chega motivado para tentar coroar sua reação.
Utrecht x Heracles Almelo
Jogo de ida: neste sábado, às 13h30 de Brasília, em Almelo
Jogo de volta: terça-feira, 21 de maio, às 13h30 de Brasília, em Utrecht
Utrecht (6º colocado na temporada regular)
Não que o Utrecht tenha sido decepcionante na primeira metade da temporada: desde o começo, já era time para a zona dos play-offs por vaga na Liga Europa - quando nada, porque chegou à decisão da vaga na temporada passada (perdeu) e na retrasada também (ganhou). Porém, algo levava a crer que os Utregs estavam estagnados, precisando de uma mudança. Até por isso, ainda na fase inicial da temporada, veio a demissão do técnico Jean-Paul de Jong. E o veterano Dick Advocaat chegou. Se foi cauteloso como sempre na montagem do time (às vezes, mais do que devia), Advocaat também impôs sua experiência para trabalhar com os jogadores. Estes, por sua vez, melhoraram de desempenho.
Muito veloz no ataque, Gyrano Kerk foi o melhor dos Utregs na temporada regular, trabalhando bem com quaisquer dos parceiros na frente, fosse Sander van de Streek (mais finalizador), Othman Boussaid (também móvel pela esquerda) ou Nick Venema (revelação do clube na temporada, querido pela torcida). No meio-campo, a chegada de Riechedly Bazoer fortaleceu um setor que já contava com a técnica de Simon Gustafson e a experiência de Urby Emanuelson. Na defesa, Willem Janssen seguiu como esteio da equipe, mostrando a liderança que sempre teve, enquanto o lateral direito Sean Klaiber era a opção de surpresa nos avanços. Assim, o Utrecht conseguiu bons resultados, como o empate contra o PSV e a vitória sobre o Feyenoord. E por mais que Dick Advocaat negue o favoritismo, o time alvirrubro chega mais experiente, para tentar buscar a vaga na Liga Europa.
Heracles Almelo (7º colocado na temporada regular)
Do jeito como iniciou sua campanha, o Heracles deu a impressão de que nem precisaria dos play-offs para alcançar uma vaga em competições europeias: chegaria a elas pela quarta ou pela terceira posições. Nas dez primeiras rodadas, foram sete vitórias e dois empates (uma das igualdades, contra o Ajax, em Amsterdã, na estreia). De certa forma, essa estreia fulgurante confirmava o bom começo do técnico alemão Frank Wormuth no clube. E premiava a firmeza da defesa, com o goleiro Janis Blaswich como destaque. No ataque, Brandley Kuwas e Kristoffer Peterson, já destaques na temporada passada, recebiam um companheiro de igual talento com a chegada do espanhol Adrián Dalmau.
No decorrer do Campeonato Holandês, as inconstâncias no desempenho se apresentaram. No final do mesmo primeiro turno em que começaram brilhando, os Heraclieden amargaram seis derrotas. Caíram de posição e chegaram até a temer a perda do lugar na zona da repescagem, com as subidas de Groningen, Willem II e ADO Den Haag. O começo do returno não foi muito melhor: três jogos, três derrotas. Aí entrou o talento. Frank Wormuth fez algumas mudanças na defesa, que deram certo: no miolo de zaga, Maximilian Rossmann e Dario van den Buijs se entrosaram, enquanto Kuwas e Dalmau seguiram muito bem no ataque. Valeu para uma vitória sobre o futuro campeão Ajax (aliás, o time de Almelo foi o único a não ter sido derrotado pelos Ajacieden nesta Eredivisie). Valeu para Dalmau se manter como homem-gol da equipe. E valeu para o Heracles se segurar, manter a regularidade e chegar aos play-offs. Resta ver se o clima de despedida já estabelecido no clube - Kuwas, por exemplo, já anunciou que sai para o Al Nasr-EAU - perturbará em algo contra o Utrecht.
Vitesse x Groningen
Jogo de ida: neste sábado, às 15h45 de Brasília, em Groningen
Jogo de volta: terça-feira, 21 de maio, às 15h45 de Brasília, em Arnhem
Bryan Linssen pode até ter feito mais gols, mas a técnica que Odegaard exibiu fez dele o destaque do Vitesse, mostrando que ainda pode ser bom jogador (BSR Agency) |
Tão logo o campeonato começou, demorou um pouco até o técnico Leonid Slutsky achar o jeito certo de fazer o seu time jogar, com os nomes à disposição. Para piorar, um importante nome do começo da campanha foi perdido: o atacante Tim Matavz, por fratura na fíbula. Mas logo Slutsky conseguiu acertar a equipe. E os jogadores aproveitaram bem a chance, no 4-4-2. Na defesa, Danilho Doekhi e Jake Clarke-Salter (fora do jogo de ida, por lesão) mostraram firmeza, enquanto Vyacheslav Karavaev e Max Clark avançavam sem descuidarem da defesa.
No meio-campo, enquanto Thulani Serero cuidou bem da marcação e Alexander Büttner pôde enfim só atacar, como fazia já nos tempos da lateral, Martin Odegaard chegou à grande fase da carreira: muito ofensivo pela direita, o norueguês está comumente mencionado como um dos destaques da Eredivisie. No ataque, enquanto Matavz se recuperava da lesão, Thomas Buitink foi grata surpresa. Houve percalços, logo resolvidos - no gol, o português Eduardo, de atuações inconstantes, deu lugar a Remko Pasveer. E mesmo com momentos turbulentos, como a sequência de quatro empates na reta final, o Vites conseguiu se manter na quinta posição. Chega muito bem à repescagem, para tentar repetir o feito da temporada passada.
Ao pegar a bola na direita, o japonês Ritsu Doan sempre deu razão para a torcida do Groningen confiar que viriam jogadas perigosas para os adversários. Pode continuar assim (BSR Agency) |
No primeiro turno, havia uma notícia boa e uma ruim para o Groningen. A ruim: o time penava para sair das últimas colocações (nas dez primeiras rodadas, foram nove derrotas). A boa: já havia perspectivas de que a equipe poderia melhorar. Era só ter paciência. A diretoria teve, mantendo o trabalho do técnico Danny Buijs. A torcida teve, apoiando os jogadores. E os frutos vieram no returno: uma sequência de sete jogos sem derrotas - cinco vitórias e dois empates - levaram o time do norte holandês a rondar a zona de classificação para os play-offs.
No gol, após um começo de temporada turbulento, que o fez perder vagas nas convocações da seleção holandesa e a braçadeira de capitão da equipe, Sergio Padt voltou a demonstrar segurança. No meio-campo, Ritsu Doan se consolidou como o nome dos Groningers na temporada: técnico na direita, preciso nos chutes colocados, o japonês certamente será cobiçado por clubes de outros centros. E no ataque, enquanto Mimoun Mahi voltou a viver boa fase na reta final de sua passagem (rumará para o Zürich-SUI), Kaj Sierhuis aproveitou bem seu empréstimo, e Paul Gladon, vindo da reserva e fazendo gols, se tornou titular. Assim, o time alviverde superou a disputa com Willem II e ADO Den Haag, alcançando os play-offs. E chega motivado para tentar coroar sua reação.
Utrecht x Heracles Almelo
Jogo de ida: neste sábado, às 13h30 de Brasília, em Almelo
Jogo de volta: terça-feira, 21 de maio, às 13h30 de Brasília, em Utrecht
A torcida do Utrecht se acostumou com esta cena na temporada regular: ao correr com a bola e marcar, Kerk (à esquerda) é saudado pelos companheiros (BSR Agency) |
Não que o Utrecht tenha sido decepcionante na primeira metade da temporada: desde o começo, já era time para a zona dos play-offs por vaga na Liga Europa - quando nada, porque chegou à decisão da vaga na temporada passada (perdeu) e na retrasada também (ganhou). Porém, algo levava a crer que os Utregs estavam estagnados, precisando de uma mudança. Até por isso, ainda na fase inicial da temporada, veio a demissão do técnico Jean-Paul de Jong. E o veterano Dick Advocaat chegou. Se foi cauteloso como sempre na montagem do time (às vezes, mais do que devia), Advocaat também impôs sua experiência para trabalhar com os jogadores. Estes, por sua vez, melhoraram de desempenho.
Muito veloz no ataque, Gyrano Kerk foi o melhor dos Utregs na temporada regular, trabalhando bem com quaisquer dos parceiros na frente, fosse Sander van de Streek (mais finalizador), Othman Boussaid (também móvel pela esquerda) ou Nick Venema (revelação do clube na temporada, querido pela torcida). No meio-campo, a chegada de Riechedly Bazoer fortaleceu um setor que já contava com a técnica de Simon Gustafson e a experiência de Urby Emanuelson. Na defesa, Willem Janssen seguiu como esteio da equipe, mostrando a liderança que sempre teve, enquanto o lateral direito Sean Klaiber era a opção de surpresa nos avanços. Assim, o Utrecht conseguiu bons resultados, como o empate contra o PSV e a vitória sobre o Feyenoord. E por mais que Dick Advocaat negue o favoritismo, o time alvirrubro chega mais experiente, para tentar buscar a vaga na Liga Europa.
Kuwas (ao centro) e Adrián Dalmau (direita) fizeram o companheiro Breukers (esquerda) festejar muitos gols do Heracles. E a torcida também (BSR Agency) |
Do jeito como iniciou sua campanha, o Heracles deu a impressão de que nem precisaria dos play-offs para alcançar uma vaga em competições europeias: chegaria a elas pela quarta ou pela terceira posições. Nas dez primeiras rodadas, foram sete vitórias e dois empates (uma das igualdades, contra o Ajax, em Amsterdã, na estreia). De certa forma, essa estreia fulgurante confirmava o bom começo do técnico alemão Frank Wormuth no clube. E premiava a firmeza da defesa, com o goleiro Janis Blaswich como destaque. No ataque, Brandley Kuwas e Kristoffer Peterson, já destaques na temporada passada, recebiam um companheiro de igual talento com a chegada do espanhol Adrián Dalmau.
No decorrer do Campeonato Holandês, as inconstâncias no desempenho se apresentaram. No final do mesmo primeiro turno em que começaram brilhando, os Heraclieden amargaram seis derrotas. Caíram de posição e chegaram até a temer a perda do lugar na zona da repescagem, com as subidas de Groningen, Willem II e ADO Den Haag. O começo do returno não foi muito melhor: três jogos, três derrotas. Aí entrou o talento. Frank Wormuth fez algumas mudanças na defesa, que deram certo: no miolo de zaga, Maximilian Rossmann e Dario van den Buijs se entrosaram, enquanto Kuwas e Dalmau seguiram muito bem no ataque. Valeu para uma vitória sobre o futuro campeão Ajax (aliás, o time de Almelo foi o único a não ter sido derrotado pelos Ajacieden nesta Eredivisie). Valeu para Dalmau se manter como homem-gol da equipe. E valeu para o Heracles se segurar, manter a regularidade e chegar aos play-offs. Resta ver se o clima de despedida já estabelecido no clube - Kuwas, por exemplo, já anunciou que sai para o Al Nasr-EAU - perturbará em algo contra o Utrecht.
Nenhum comentário:
Postar um comentário