sexta-feira, 30 de junho de 2023

A Holanda na Copa feminina - as 23 convocadas: Wilms

 
Wilms ainda é contestada aqui e ali. Até perdeu a titularidade. Porém, sua experiência crescente a torna figura certa nas convocações da Holanda, e a Copa prova isso (KNVB Media)

Ficha técnica
Nome: Lynn Anke Hannie Wilms
Posição: Lateral direita
Data e local de nascimento: 3 de outubro de 2000, em Tegelen
Clubes na carreira: Twente (2018 a 2021) e Wolfsburg-ALE (desde 2021)
Desempenho na seleção: 34 jogos e 1 gol, desde 2019
Torneios pela seleção: Torneio olímpico de 2020+1 (quatro jogos, nenhum gol) e Euro 2022 (quatro jogos, nenhum gol)

Lynn Wilms esteve presente em todo o ciclo pré-Copa feminina da Holanda (Países Baixos). O que não quer dizer que a lateral foi titular absoluta das Leoas Laranjas de 2019 até agora. Ocupando uma posição que passou a viver total lacuna após a saída definitiva de Desirée van Lunteren, Wilms sofreu com críticas durante todo aquele tempo. De fato, mostrou fragilidades aqui e ali. Por fim, já neste ano de Copa, perdeu a titularidade. Só que, em quatro anos de seleção, a defensora já adquiriu experiência e versatilidade suficientes para fazer jus à sua convocação para estar em Austrália/Nova Zelândia.

A nativa de Tegelen repetiu a história de várias de suas colegas de seleção - ou mesmo de futebol feminino na Holanda (Países Baixos). Primeiro, começou batendo bola num clube amador das redondezas, o Sportclub Irene, ao qual chegou junto do irmão, Rik. Ele está no Sportclub Irene até hoje, seguindo outra profissão. Já Lynn ficou por ali até os 15 anos de idade. Já mostrando algum talento, deu o previsível passo seguinte: foi para o CTO regional, se preparar rumo à carreira adulta no futebol feminino. Alojada no CTO da região de Eindhoven, Wilms começou a jogar na seleção regional organizada pela federação. Mais do que isso: pela mesma época, começou a jogar nas seleções femininas de base. Em 2015, a sub-15; no ano seguinte, a sub-16. 

Contudo, seria na seleção sub-17 da Holanda que Wilms começaria a despontar. Chegando a ela ainda em 2016, virou titular nas eliminatórias para a Euro da categoria. Já agradou a ponto de ser convocada para o torneio, disputado em 2017, e a ser titular nela. A boa campanha da Holanda naquela Euro feminina sub-17 - semifinalista, caindo para a Espanha - já deu o sinal de que Wilms estava pronta para dar os próximos passos. Em termos de seleção, deu já em 2017, indo para a equipe sub-19 dos Países Baixos. Em termos de clube, o passo foi dado em 2018: foi quando Wilms chegou ao Twente.

Na seleção sub-19, por volta de 2018, Wilms começou a ter atuações promissoras (Peter Lous/Soccrates/Getty Images)

Tanto num quanto noutro, os momentos não poderiam ter sido melhores. Wilms demorou pouco para já virar dona da lateral direita do Twente, que conseguiu o título holandês em 2018/19. Na seleção sub-19, seu desempenho foi ainda melhor: não só figurou em mais uma Euro jovem, como ainda fez dois gols na fase de grupos. A Holanda acabou caindo num grupo equilibradíssimo dentro daquele torneio (tendo Alemanha, Dinamarca e Itália, fez seis pontos, como alemãs e dinamarquesas, só que foi eliminada pelo menor saldo de gols). Ainda assim, Wilms deixou a melhor das impressões. E teve o maior dos prêmios: em setembro de 2019, nas primeiras datas FIFA após a histórica campanha do vice-campeonato mundial, Wilms foi convocada pela primeira vez para a seleção principal da Holanda (Países Baixos). E estreou por ela substituindo Desirée van Lunteren, nos 3 a 0 sobre a Turquia, pelas eliminatórias da Euro.

A temporada 2019/20 vinha muito promissora. Seguindo como titular, num Twente que dominaria o futebol feminino na Holanda, Wilms começou 2020 sendo novamente convocada para a seleção, para a disputa do Torneio da França. No quadrangular amistoso de março daquele ano, não só teve mais minutos, no 0 a 0 contra o Brasil, como fez sua primeira partida como titular, no 3 a 3 contra a França. Mais do que isso: fez seu primeiro, e até agora único, gol pela seleção, abrindo o placar naquele jogo. Só que ficaria naquilo, por alguns meses: dias depois do Torneio da França, a pandemia de COVID-19 eclodiu de vez pelo mundo. Partidas da seleção interrompidas, temporada holandesa também, só nos meses finais daquele ano Wilms pôde retomar o futebol. Pelo menos, a boa fase seguiu inabalável. Porque a lateral entrou em mais duas partidas nas eliminatórias da Euro - então já adiada para 2022. E terminou como titular da Holanda nos três últimos jogos dela em 2020: dois 7 a 0 contra Kosovo, ainda pela qualificação para a Euro, e o amistoso contra os Estados Unidos (derrota por 2 a 0).

Wilms foi titular absoluta no Twente desde a sua chegada, e fez parte do início de uma era de domínio, com dois títulos holandeses (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

No Twente, seu melhor momento ainda viria. Wilms continuou absoluta na lateral direita, ou mesmo deslocada para o miolo de zaga - afinal, colegas como Caitlin Dijkstra e Kerstin Casparij ganhavam as primeiras chances. E terminou mais uma vez campeã holandesa, com o Twente levando a Vrouwen Eredivisie 2020/21. Com a festa servindo de uma honrosa despedida: Wilms estava deixando o clube, rumo ao Wolfsburg. E antes de partir para a Alemanha, a jovem teve mais um ponto alto: foi convocada para o torneio olímpico de futebol feminino. 

Wilms ganhou espaço gradativo na seleção, mesmo na fase mais aguda da pandemia de COVID-19. Começou a coroar isso com a presença nos Jogos Olímpicos (Zhizhao Wu/Getty Images)

Na seleção holandesa que jogou no Japão, a lateral teve alternâncias entre o banco de reservas e o campo. Mas esteve em todos os minutos das duas principais partidas daquela campanha - o 3 a 3 contra o Brasil, na fase de grupos, e a queda para os Estados Unidos, nas quartas de final olímpicas (5 a 3, após 2 a 2 nos 120 minutos). E participou ativamente das jogadas de ataque - foi dela o passe para Vivianne Miedema fazer o primeiro gol no Brasil, por exemplo. Parecia a senha para Wilms ocupar a lateral direita da Holanda pelos próximos anos. 

Não foi. Wilms voltou do Japão direto para a mesa de cirurgia: em agosto de 2021, antes mesmo de estrear pelo Wolfsburg, teve de remover uma hérnia de disco. Que já lhe causara problemas nos Jogos Olímpicos, como ela confessou ao site do Sportclub Irene em que começou: "Apesar da dor que começava nas costas e se espalhava para as pernas, eu joguei nas Olimpíadas. A dor só crescia. Eu sabia que não estava certo [jogar], mas eu queria tanto". A operação retardou seu começo e sua adaptação no Wolfsburg: Wilms só estreou pelo clube em 5 de dezembro de 2021, num jogo contra o Carl Zeiss Jena, pelo Campeonato Alemão de mulheres. E a ausência pesou, como ela confessou ao site do Wolfsburg: "O clube me apoiou. Mas eu não estava feliz, porque eu tinha dores, e sabia que não poderia jogar por um longo tempo".

Wilms chegou ao Wolfsburg no meio de 2021. Mas uma hérnia de disco - e a cirurgia para retirá-la - fizeram com que ela só pudesse ter mais sequência nas Lobas em 2022 (Gerrit van Keulen/ANP/Getty Images)

Quando pôde jogar, mais focada na lateral direita, Wilms voltou a se alternar entre o campo e o banco de reservas no Wolfsburg. Conseguiu fazer parte da "dupla coroa" das Lobas, que levaram a copa e o campeonato da Alemanha em 2021/22, e além disso, figurou na campanha de semifinalista da Liga dos Campeões feminina. Mais importante: se restabeleceu na seleção, manteve a confiança do técnico Mark Parsons e foi convocada para a Euro de mulheres. Nela, jogou quase todos os minutos da campanha da Holanda - só foi substituída aos 115' das quartas de final contra a França, o ponto final da campanha das Leoas Laranjas. Ainda assim, foi criticada, pelo excesso de fragilidade defensiva, deixando espaços para avanço adversário. De todo modo, o recomeço foi valorizado pela jogadora, em declarações ao diário Omroep Venlo: "Eu ainda não estou aonde quero. Sou jovem e ainda não atingi o meu topo".

Wilms ocupou plenamente seu espaço na Holanda pela Euro feminina do ano passado. Porém, foi criticada pelas atuações ao longo do torneio (Joris Verwijst/BSR Agency/Getty Images)

De volta ao Wolfsburg, Wilms teve mais espaço na temporada 2022/23. Foi titular em grande parte da campanha do bicampeonato alemão feminino das Lobas. Mais importante: foi titular do time em mais uma campanha na Liga dos Campeões, na qual o Wolfsburg chegou à final. Contudo, a lateral errou quando não poderia: mesmo com o time alemão abrindo 2 a 0 na decisão da Women's Champions League, Wilms viu o Barcelona empatar. E ainda falhou no gol decisivo da virada do time espanhol para o título continental.

Na seleção, sob Andries Jonker, as habituais fragilidades defensivas também custaram seu posto na lateral direita. Wilms ainda terminou as eliminatórias da Copa como titular, mas foi para o banco logo depois delas. De todo modo, jamais deixa de ter seus minutos nas partidas das Leoas Laranjas, por mais que Kerstin Casparij hoje seja a titular. E muito provavelmente, terá (muita) chance de jogar na Copa. Será até esperado, para uma jovem que já tem seu espaço estabelecido na seleção de seu país. E que deseja mais, como falou no começo do ano, ao diário De Limburger: "Sempre preciso trabalhar duro para ficar em destaque - geralmente pensam mais nas atacantes. Não levo a mal, mas quero ser vista, e uso esse desejo para trabalhar ainda mais duro".

(Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

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