sexta-feira, 30 de junho de 2023

A Holanda na Copa feminina - as 23 convocadas: Casparij

 
Casparij começou há menos tempo na seleção feminina da Holanda (Países Baixos). Mas escolhas certas e seu talento a fizeram virar titular da equipe na reta final da preparação para a Copa (KNVB Media/Divulgação)

Ficha técnica
Nome: Kerstin Yasmijn Casparij
Posição: Lateral 
Data e local de nascimento: 19 de agosto de 2000, em Alphen aan den Rijn (Holanda)
Clubes na carreira: Heerenveen (2015 a 2017 e 2018 a 2020), VV Alkmaar (2017 a 2018), Twente (2020 a 2022) e Manchester City-ING (desde 2022)
Desempenho na seleção: 22 jogos e nenhum gol, desde 2021
Torneios pela seleção: Euro 2022 (3 jogos, nenhum gol)

Em tese, Kerstin Casparij poderia ainda disputar posição na seleção feminina da Holanda (Países Baixos), estando longe de ser titular absoluta. Todavia, a lateral de 22 anos de idade - a fazer 23 em 19 de agosto - fez opções decisivas e acertadas para a carreira nos últimos tempos. Jogando num campeonato mais competitivo, evoluiu tecnicamente. Mostra capacidade de atuar nas duas laterais - algo muito valioso, para a mudança tática de Andries Jonker na seleção, fazendo-a jogar com três zagueiras. E por isso, Casparij chega à primeira Copa da carreira em ótima fase. Seja na esquerda ou na direita (o mais habitual), ela deverá figurar entre as titulares na estreia contra Portugal, no dia 23 de julho, na cidade neozelandesa de Dunedin.

Ao contrário de outras jogadoras, Casparij teve um começo de carreira mais direto, por assim dizer. Não passou por clubes amadores, e nem esteve nos centros públicos para o esporte de alto rendimento. Quando tinha 15 anos, ela chegou ao Heerenveen. Lá mesmo, no clube da Frísia, ela começou nos times de base. E por falar nesta, foi defendendo o Fean que Casparij começou nas seleções inferiores da Holanda (Países Baixos): em 2015 mesmo, ela foi chamada para a equipe sub-15, estreando num amistoso contra a Bélgica. Finalmente, a precocidade foi comprovada no time principal feminino do Heerenveen: já no ano de sua chegada, Casparij participou da campanha no Campeonato Holandês - foram 13 jogos na trajetória do penúltimo lugar do Heerenveen naquela Vrouwen Eredivisie.

O começo de carreira de Casparij foi rápido: sem clubes amadores, ela chegou direto ao Heerenveen - e lá começou ainda adolescente (grootheerenveen.nl)

Mais um ano, mais avanços. Em seleções de base, a lateral progrediu para o time sub-16 da Holanda - e no mesmo 2016, já começou no sub-17. E era catapultada para isso por seguir jogando no time principal do Heerenveen. Apesar disso, ainda como adolescente, Casparij via os altos escalões do futebol feminino com distância. No título da Holanda na Euro 2017, por exemplo, foi uma torcedora como qualquer outra pessoa. E iniciaria ainda uma fugaz experiência naquele ano: transferiu-se para o VV Alkmaar, onde passou a temporada 2017/18 do Campeonato Holandês. Também como titular, até marcou dois gols, jogando mais avançada, como volante - outra posição em que pode ser escalada.

Mudança feita, contudo, Casparij quis voltar ao cenário que melhor conhecia, como comentou anos depois: "Uma das minhas melhores amigas, que estava no Heerenveen, me convenceu. E eu também queria passar por ali de novo". Resultado: em 2018, ela retornava ao clube das camisas alviazuis com folhas de lírio, para a temporada 2018/19. Pelo Heerenveen, foram cinco gols em 23 jogos na liga holandesa. Pelas seleções de base, não só esteve na Euro sub-19 de 2019, em que a seleção foi semifinalista, como já começou na equipe sub-21, as "Jovens Leoas", considerado o último passo antes da equipe nacional principal.

E nem a interrupção abrupta da temporada 2019/20, pela pandemia de COVID-19, minorou a ascensão de Casparij. Porque, em 2020, ela chamou a atenção do Twente, que vinha do título nacional em 2018/19. O interesse logo se tornou mútuo, como Casparij se lembrou em janeiro deste ano: "Eu já tinha uma boa relação com Tommy Stroot, que era o treinador de lá. Conversei com ele e René Roord, diretor técnico do futebol feminino, e foi muito bom". Bastou: quando o futebol pôde ser retomado, Casparij começou a temporada 2020/21 já no Twente.

Encontrou ali o espaço para despontar de vez. Jogando na lateral direita (alternada com Caitlin Dijkstra), ou no miolo de zaga, ou mesmo adiantada como volante, Casparij foi titular da equipe campeã holandesa em 2020/21, fazendo três gols em 20 jogos. Com a mudança de comando na seleção holandesa, sendo uma das principais novatas da geração, ela já entrou imediatamente no alvo de Mark Parsons, novo técnico das Leoas Laranjas. E terminou estreando em 22 de outubro de 2021, na goleada por 8 a 0 sobre o Chipre, pelas eliminatórias da Copa, substituindo Daniëlle van de Donk aos 83'.

No Twente, Casparij aumentou sua versatilidade - e se confirmou de vez como um bom nome da nova geração de jogadoras na Holanda (NESImages/DeFodi Images/Getty Images)

Se o Twente vinha construindo uma hegemonia no futebol feminino holandês, Kerstin Casparij era parte forte dessa hegemonia na defesa. Tanto que comemorou mais dois títulos na temporada 2021/22: o bicampeonato holandês, mais a Eredivisie Cup (espécie de "copa da liga" no país). Na entrevista citada em janeiro deste 2023, Casparij comemorou a ótima fase vivida no Twente: "Tudo deu certo lá. O que eu tinha de objetivo, consegui. Tive a chance de me desenvolver em alto nível, na Holanda. Jogar bastante, disputar títulos. Acho que os dois anos pelo Twente foram muito importantes para a minha carreira".

De fato. Tanto que Casparij já começou 2022 sendo titular da seleção da Holanda (Países Baixos). Foi convocada para a Euro. E no torneio continental, mesmo começando na reserva, foi das jogadoras mais usadas por Mark Parsons. Começou entrando aos 63', contra Portugal, na fase de grupos, substituindo Marisa Olislagers e ajudando a diminuir problemas defensivos das holandesas naquela difícil vitória por 3 a 2. No jogo seguinte, contra a Suíça, a mesma coisa: agora no lugar de Aniek Nouwen, Casparij foi para o miolo de zaga e ajudou a estancar a sangria na vitória por 3 a 1. Bastou para que ela começasse as quartas de final como titular. E na eliminação para a França, se teve dificuldades marcando Kadidiatou Diani, Casparij pelo menos jogou bastante: só foi substituída no intervalo da prorrogação. Saindo da Euro como titular da seleção, Casparij arriscou a evolução na carreira com uma transferência para um centro mais competitivo: logo após a competição, em julho, anunciou a ida para o Manchester City.

A participação na Euro serviu para Casparij mudar de posição na seleção: de reserva no começo, terminou como titular - e para ficar (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images)

Se arriscou, Casparij petiscou. Logo na primeira temporada pelas Citizens, terminando na quarta colocação do Campeonato Holandês, a holandesa foi titular. Mais do que isso, uma titular elogiada, pela capacidade mostrada nos desarmes - até mostrando alguma capacidade no apoio (foram três passes para gol ao longo da Women Super League 2022/23). Falando ao diário De Telegraaf, em fevereiro, Casparij reconheceu como a ida para um dos países mais badalados do futebol feminino no mundo ajudou em seu desenvolvimento: "Desde que a Inglaterra ganhou a Euro [no ano passado], o futebol feminino deu um salto incrível aqui. E estou nessa onda. (...) Você sente a grandeza do clube. Quando eu entrei no centro de treinamento pela primeira vez, nem sabia para onde olhar. Incrível. Comparado aos clubes em que joguei na Holanda, eu entrei em outro mundo".

Casparij buscava um salto no desempenho ao se transferir para o Manchester City. Conseguiu: num campeonato de melhor nível técnico, foi titular e foi bem (Mike Morese/MI News/NurPhoto/Getty Images)

Um mundo que a ajudou a ganhar de vez a titularidade na seleção da Holanda. Afinal, com a saída de Mark Parsons, o técnico Andries Jonker chegou e mudou, com pouco tempo, o esquema tático para três zagueiras. Com isso, a preferência era ter pelo menos uma atacante funcionando como ala, em um dos lados - Victoria Pelova pela direita, ou Esmee Brugts na esquerda. Podendo atuar nas duas laterais, Casparij ganhou aí a vaga de Lynn Wilms. E já começou o ano da Copa como titular, nos amistosos das datas FIFA em fevereiro e abril.

E estará, provavelmente, como titular na Copa. Mostrando precocidade. Como foi desde o começo da carreira, aliás.

(Oliver Kaelke/DeFodi Images/Getty Images)

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