A seleção da Holanda esperava, pelo menos, que o entrosamento levasse a uma melhor atuação contra a Itália. Só viu uma desorganização que preocupa ainda mais para o futuro (Getty Images) |
Já decepcionada pela derrota na semifinal da Liga das Nações, a seleção masculina da Holanda (Países Baixos) tinha apenas uma única intenção: tentar ganhar um pouco de entrosamento, diante da Itália, na decisão de 3º e 4º lugares do torneio, para quem sabe minorar um pouco a impressão de desorganização deixada na semifinal contra a Croácia. Por isso, o técnico Ronald Koeman escalou time titular. Nem assim adiantou: mesmo com a melhora progressiva no decorrer do jogo, os erros gritantes cometidos no primeiro tempo - até piores do que contra a Croácia - cobraram o preço. E a derrota por 3 a 2 só aumenta a intensidade das dúvidas sobre o trabalho de Koeman.
Quando a partida começou, a curiosidade seria ver se Noa Lang, de entrada elogiada na quarta passada, mostraria a mesma habilidade e a mesma autoconfiança vistas contra os croatas. Uma chance perdida por Denzel Dumfries (cabeceio para fora, aos 3', após escanteio de Gakpo) pareceu indicar isso. Mas só pareceu, mesmo. Se Ronald Koeman alertou, na entrevista coletiva do sábado, que queria mais esforço na marcação entre os zagueiros, viu exatamente o contrário. Pela esquerda, Federico Dimarco teve espaço total, com as falhas de Dumfries e também de Donyell Malen, no começo. Cruzou, os italianos puderam trocar passes, Wilfred Gnonto cruzou, Mateo Retegui tentou uma puxeta... mas o próprio Dimarco fez 1 a 0, em chute preciso e forte, logo aos 6'. Este, sim, foi um sinal forte do que seria - e foi - o primeiro tempo em Enschede.
No ataque, pouquíssima criatividade holandesa: Noa Lang desperdiçava sua chance entre os titulares, Xavi Simons era inapetente na esquerda, novamente Frenkie de Jong tinha pouco espaço para seus avanços e passes em profundidade, Mats Wieffer aparecia menos do que fez contra a Croácia. Pior ainda era ver uma defesa frágil, lenta, deixando campo livre para constantes avanços da Itália. Principalmente na lateral esquerda. Foi onde Dimarco, o destaque dos primeiros 45 minutos, apareceu de novo para cruzar. Gnonto tentou finalizar, a bola não ficou para ninguém na disputa dele com Mats Wieffer na entrada da área, e Davide Frattesi entrou livre e em posição legal para fazer o segundo gol (primeiro dele pela Azzurra). De quebra, Dimarco chutou perigosamente, aos 27'. Mesmo com um time misto, a Itália mostrava velocidade e eficiência bem maiores do que uma apática Holanda - que só teve chance real com uma bola que Cody Gakpo recebeu na área e mandou para fora, aos 40'.
Ou algo mudava no segundo tempo, ou a derrota holandesa poderia ser pior do que a de quarta-feira. Mudou, de fato. Com Georginio Wijnaldum entrando em campo no lugar de Lutsharel Geertruida, o meio-campo ganhou alguém mais acostumado àquela posição, para ajudar Wieffer e De Jong. E se foi estranho ver Dumfries recuando de vez para a zaga, as entradas de Steven Bergwijn e Wout Weghorst tornaram o ataque, pelo menos, mais movimentado - como mostraram chances que Gakpo perdeu, aos 47' e aos 52', além de tentativa de Bergwijn bloqueada por Dimarco, aos 51'. Claro que a defesa deixava espaços, claro que a Holanda estava desorganizada - e a Itália lembrou isso ao tentar vez por outra, como num arremate de Gnonto aos 49'. Contudo, a Laranja buscava mais o gol. E afinal o conseguiu, por Bergwijn, aos 68', até driblando bem Dimarco antes de concluir.
As entradas de Wijnaldum e Bergwijn ajudaram, pelo menos, a acelerar um pouco mais a Laranja no segundo tempo (Rico Brouwer/Soccrates/Getty Images) |
O ânimo crescia... só que a Holanda estava desorganizada. E poucos momentos exemplificaram isso tão bem quanto o terceiro gol italiano. Federico Chiesa, recém-entrado em campo, já tivera uma boa chance aos 70', ao passar por Dumfries, cruzar para o meio e ver Virgil van Dijk afastando a bola. Aos 73', Dumfries avançou, caiu após disputa... e reclamou, pedindo falta. Enquanto o lateral da camisa 22 reclamava, havia um espaço gigante à esquerda da defesa da Holanda. Espaço que Chiesa teve para avançar com a bola, driblar Van Dijk e tocar no canto para o 3 a 1, devolvendo a calma à Itália. E ainda teve boa chance, aos 78', chutando por cima. À Holanda, só restou ampliar a tentativa do "abafa". Quase deu certo no gol anulado de Weghorst, aos 82' - estava impedido, em cobrança de falta de Koopmeiners que desviou num defensor. Deu certo com Wijnaldum, que diminuiu para 3 a 2 aos 89' após triangulação que contou com Joey Veerman, enfim estreante na seleção. Mas... ficou nisso.
A Holanda (Países Baixos) sonhava em conquistar um título, após 35 anos. Termina a Liga das Nações assustando com a desorganização vista em campo. Não, Ronald Koeman não será demitido - até porque não há nenhuma opção imediata e capacitada para o seu lugar. Porém, já há motivos para preocupação, como Van Dijk reconheceu na entrevista pós-jogo. Se voltar em setembro, nas eliminatórias da Euro 2024, para enfrentar Grécia e Irlanda (seleções tradicionalmente aguerridas, mesmo sem brilho técnico), a Laranja pode se colocar em apuros ainda mais sérios.
Liga das Nações da UEFA - Decisão de 3º/4º lugares
Holanda 2x3 Itália
Data: 18 de junho de 2023
Local: De Grolsch Veste (Enschede)
Árbitro: Glenn Nyberg (Suécia)
Gols: Federico Dimarco, aos 6', Davide Frattesi, aos 20', Steven Bergwijn, aos 68', Federico Chiesa, aos 72', e Georginio Wijnaldum, aos 89'
HOLANDA
Justin Bijlow; Denzel Dumfries, Lutsharel Geertruida (Georginio Wijnaldum, aos 46'), Virgil van Dijk e Nathan Aké; Mats Wieffer (Joey Veerman, aos 76'), Frenkie de Jong e Noa Lang (Wout Weghorst, aos 46'); Donyell Malen (Steven Bergwijn, aos 46'), Cody Gakpo e Xavi Simons (Teun Koopmeiners, aos 63'). Técnico: Ronald Koeman
ITÁLIA
Gianluigi Donnarumma; Rafael Tolói, Francesco Acerbi, Alessandro Buongiorno e Federico Dimarco (Leonardo Spinazzola, aos 74'); Davide Frattesi, Bryan Cristante e Marco Verratti (Nicolò Barella, aos 85'); Wilfred Gnonto (Nicolò Zaniolo, aos 64'), Mateo Retegui (Lorenzo Pellegrini, aos 86') e Giacomo Raspadori (Federico Chiesa, aos 63'). Técnico: Roberto Mancini
A verdade, que ninguém quer dizer, é que essa seleção holand... neerlandesa é fraquinha. Longe de ser pacheco, mas se o Brasil de atualmente enfrentar a Holanda, o Brasil ganha.
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