segunda-feira, 12 de junho de 2023

Análise da temporada: Ajax

Dusan Tadic teve sua utilidade, como de costume. Mas desta vez foi pouco, para evitar uma derrocada impressionante do Ajax no Campeonato Holandês (Marcel ter Bals/BSR Agency/Getty Images)

Colocação final: 3º lugar, com 69 pontos
No turno havia sido: 5º lugar, com 33 pontos
Time-base: Rulli (Pasveer); Rensch (Sánchez), Timber, Álvarez (Bassey) e Wijndal; Kudus (Berghuis), Klaassen e Taylor; Bergwijn, Brobbey e Tadic
Técnico: Alfred Schreuder (até a 18ª rodada) e John Heitinga
Maior vitória: Ajax 7x1 Excelsior (10ª rodada)
Maior derrota: PSV 3x0 Ajax (30ª rodada)
Principal jogador: Mohammed Kudus (meio-campista)
Artilheiro: Brian Brobbey (atacante), com 13 gols
Quem deu mais passes para gol: Dusan Tadic (meio-campista/atacante), com 18 passes 
Quem mais partidas jogou: Jurriën Timber (zagueiro) e Dusan Tadic (meio-campista/atacante), que jogaram todas as 34 partidas
Copa nacional: Vice-campeão
Competições continentais: Liga dos Campeões (eliminado na fase de grupos) e Liga Europa (eliminado pelo Union Berlin-ALE, na segunda fase)

Já se sabia: o Ajax viveria uma temporada de reestruturação. Após os vitoriosos anos recentes, as perdas eram muitas: o técnico Erik ten Hag, Noussair Mazraoui, Ryan Gravenberch, Sébastien Haller. Além disso, a saída do diretor de futebol Marc Overmars, ainda em meio à temporada passada, sinalizava mais dificuldades de planejamento no então campeão holandês. Ainda assim, acreditava-se que o time daria conta de manter o domínio na Eredivisie, com o técnico Alfred Schreuder à frente. Porém, a final da Supercopa da Holanda que abriu os trabalhos em 2022/23 já sinalizou problemas defensivos, com os Ajacieden tomando 5 a 3 do PSV. E no início da liga, mesmo com seis vitórias em seis jogos (alguns com goleada, como os 6 a 1 no Groningen, logo na 2ª rodada), vieram mais transferências que o Ajax não esperava. Esperava-se manter Lisandro Martínez: ele rumou para o Manchester United. Desejava-se manter Antony: mas ele tanto quis, tanto pressionou, que o Ajax preferiu aproveitar a oportunidade para conseguir a maior transferência da história do futebol do Reino dos Países Baixos, fazendo o citado Manchester United gastar 100 milhões de euros pelo brasileiro. O dinheiro foi usado para trazer alguns nomes: Steven Bergwijn, Owen Wijndal, Calvin Bassey... esperava-se que fosse o suficiente para que o bom começo no Campeonato Holandês fosse mantido. Só que, na sétima rodada, veio a primeira derrota (2 a 1 para o AZ, de virada). Mais uma rodada, e um inesperado empate em casa com o Go Ahead Eagles (1 a 1). Mas foi um resultado pela Liga dos Campeões - 6 a 1 sofridos para o Napoli em plena Johan Cruyff Arena, na terceira rodada da fase de grupos, a pior derrota da história do Ajax em torneios europeus - que deixou claro: esta temporada não seria como aquelas que passaram. Seria pior. 

Jogadores como Bassey e Bergwijn não saíam a contento. Jogos que pareciam controlados na Eredivisie eram desperdiçados - que o mostre o empate contra o Emmen, na 14ª rodada, quando o Ajax tinha 3 a 1 de vantagem, que virou 3 a 3. Transferências como o empréstimo de Lucas Ocampos, encerrado sem muito alarde, eram mostras de um fracasso. Internamente, Alfred Schreuder vinha perdendo respaldo, com problemas como as discordâncias com Daley Blind, que levaram o defensor, verdadeiro estandarte do Ajax, à rescisão do contrato antes do returno.  E neste, acumular sete jogos seguidos sem vitória (recorde negativo na história do clube na Eredivisie) foi a gota d'água que fez o copo de Schreuder transbordar, levando à sua demissão. Restou a promoção apressada de John Heitinga, treinando o time B na segunda divisão neerlandesa, para a equipe principal. E algumas contratações, como a de Gerónimo Rulli, vindo para o gol, tendo de dar a agilidade que Remko Pasveer, embora correto, ja não consegue dar. Contudo, mesmo com alguma estabilização, bem como raros nomes de desempenho sempre confiável em campo (Jurriën Timber, Mohammed Kudus, Dusan Tadic), o Ajax seguiu longe do destaque a que se acostumara, nas últimas temporada. Até mesmo seu goleador no campeonato, Brian Brobbey, era mais criticado pelas tantas chances perdidas do que pelos 13 gols que marcou. O fato de só ter obtido dois pontos nos confrontos contra Feyenoord, PSV e AZ começava a simbolizar o tamanho do desastre. Confirmado com os 3 a 0 sofridos para o PSV, na 30ª rodada, tirando de vez as chances do terceiro título seguido. Na semana seguinte, mesmo empatando em 120 minutos na final da Copa da Holanda, mais uma derrota - de novo para os rivais de Eindhoven, agora nos pênaltis. E na última rodada, sofrer 3 a 1 do Twente definiu, de vez: após 14 anos, o Ajax ficará fora da Liga dos Campeões. Se faltava alguma prova, a saída do diretor geral Edwin van der Sar, anunciada recentemente, demonstrou: o Ajax vive o fim de uma era. Está fragilizado. E a Eredivisie decepcionante que fez indica que há muito a ser mudado. Pelo menos, a esperança vem da juventude, como sempre: o zagueiro/lateral Jorrel Hato, o meio-campista Silvano Vos...

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