Análise da temporada: Groningen

Os gols de Ricardo Pepi foram apenas leves ânimos, num rebaixamento recheado de péssimos momentos para o Groningen, o último colocado do Campeonato Holandês (Cor Lasker/ANP/Getty Images) 

Colocação final: 18º lugar, com 18 pontos - rebaixado diretamente

No turno havia sido: 15º lugar, com 12 pontos

Time-base: Verrips; Dankerlui (Van Gelderen), Blokzijl (Bech), Balker e Määttä; Duarte e Valente; Krüger (Antman), Irandust (Oratmangoen) e Suslov; Pepi

Técnico: Frank Wormuth (até a 14ª rodada) e Dennis van der Ree (a partir da 15ª rodada)

Maior vitória: Groningen 4x2 PSV (11ª rodada)

Maior derrota: PSV 6x0 Groningen (21ª rodada) e Vitesse 6x0 Groningen (33ª rodada)

Principal jogador: Ricardo Pepi (atacante)

Artilheiro: Ricardo Pepi (atacante), com 12 gols

Quem deu mais passes para gol: Daleho Irandust (meio-campista), com 4 passes

Quem mais partidas jogou: Isak Määttä (ala esquerdo), com 32 partidas

Copa nacional: eliminado pelo Dordrecht (segunda divisão), na primeira fase

Competições continentais: nenhuma

Poucos clubes, em todo o futebol europeu, viveram uma decadência tão assustadora quanto o Groningen. Não que o clube do norte dos Países Baixos impressionasse nas temporadas recentes, mas bem ou mal, é um time cuja base é tradicional (revelou os irmãos Koeman, Erwin e Ronald, e Arjen Robben), é receptivo a jovens talentos (foi o primeiro clube da Europa em que jogou Luis Suárez, e de lá Virgil van Dijk tomou o impulso decisivo na carreira), era um habitual frequentador do meio de tabela, chegou a vencer a Copa da Holanda em 2014/15... mas nada disso serviu, numa temporada que começou errada e terminou terrível. Já a partir do planejamento: a saída do técnico Danny Buijs, lamentada pela torcida, foi sucedida pelo alemão Frank Wormuth, vindo do Heracles Almelo. Pois Wormuth nunca chegou a se entender com a diretoria, que o considerou inflexível demais. De quebra, o grupo de jogadores se mostrou sem o mesmo talento de outras temporadas - sofrer um 6 a 1 para o Ajax, já na segunda rodada, começou a indicar isso. Apenas um nome escapou disso: o atacante norte-americano Ricardo Pepi. Emprestado pelo Augsburg-ALE, Pepi foi o único jogador com atuações confiáveis. Provou isso no único bom momento dos Groningers nas primeiras 17 rodadas: a vitória por 4 a 2 no PSV, na 11ª rodada.  Contudo, obviamente, o time não podia contar com Pepi fazendo tudo. E a pausa de inverno serviu para a diretoria demitir Frank Wormuth... sem ter um substituto em mente. Restou efetivar o auxiliar Dennis van der Ree. Que fez algumas mudanças, dando chances a novatos do Groningen, como o zagueiro Thijmen Blokzijl e o meio-campo Thom van Bergen. Já num relativo desespero, a diretoria trouxe vários reforços em janeiro: alguns deles experientes, como Jetro Willems e Elvis Manu. 

De nada adiantou. Na retomada da temporada, em janeiro, cinco derrotas seguidas na Eredivisie, mais a eliminação para o semiamador Spakenburg na Copa da Holanda, escancararam a crise. Na 21ª rodada, o PSV derrotado no turno se vingou com juros e correção monetária (6 a 0). E nem mesmo vencer o Excelsior num jogo direto contra as últimas posições (3 a 0, na 23ª rodada) aprumou o Groningen. Que se deprimiu de vez, e irritou perigosamente a torcida, com as sete derrotas seguidas entre a 24ª e a 30ª rodadas. No empate em 1 a 1 com o Go Ahead Eagles, nada de consolo - o resultado confirmou que o Groningen estava rebaixado, após 23 anos seguidos na elite. Foi o bastante para a ala mais violente da torcida explodir. Já protagonizando casos lamentáveis, como agressão a Jetro Willems (nos 2 a 0 sofridos para o Heerenveen, na 26ª rodada), os ultras do Groningen passaram dos limites contra o Ajax, na 32ª rodada: jogando bombas e sinalizadores ao gramado, fizeram a partida ser suspensa em dez minutos. Punição? Fora as prisões, um fim de temporada depressivo. Na 32ª rodada, 3 a 2 para o Ajax - no jogo retomado, sem torcida, dois dias depois. 33ª e penúltima rodada? A pior goleada sofrida: 6 a 0 para o Vitesse. E na última rodada, num estádio sem a torcida, por punição da federação, outra goleada: 5 a 0 para o Sparta Rotterdam. O Groningen virava o último colocado da temporada. A defesa mais vazada da temporada (75 gols tomados). O segundo pior mandante, o segundo pior visitante, o pior time do returno... enfim, faltam linhas para explicar como o rebaixamento do Groningen foi dramático. E como o clube precisa mudar de cima a baixo, para a segunda divisão.