Dirk Kuyt começará a ser técnico para valer no ADO Den Haag. E tem uma tremenda responsabilidade: ajudar o time de Haia a voltar à primeira divisão (Pro Shots) |
Bastaria lembrar a decisão da repescagem de acesso, entre Excelsior e ADO Den Haag, na temporada passada - 4 a 4 após 120 minutos, Excelsior garantindo o retorno à Eredivisie nos pênaltis -, para se ter uma ideia da emoção e do equilíbrio que normalmente rege a Eerste Divisie (com o patrocinador, uma empresa que produz móveis de cozinha, Keuken Kampioen Divisie), a segunda divisão dos Países Baixos. Pode até faltar técnica, em alguns momentos: emoção, jamais. E o que se verá a partir desta sexta, quando os 20 participantes começam a busca pelo título e pelas três vagas de promoção - uma para o campeão, mais uma para o vice-campeão, e a última via repescagem -, é um equilíbrio ainda maior. Tanto pelos clubes já tradicionais na disputa, que não sobem há um bom tempo, quanto pelos três rebaixados, que obviamente disputam o retorno mais rápido possível.
Dentre os tradicionais, o ADO Den Haag talvez seja o clube mais falado. Em primeiro lugar, por ter chegado tão perto e fracassado na repescagem passada - dor tão grande que foi extravasada com violência de alguns torcedores, detidos em campo. Em segundo lugar, e até principalmente, pelo clube de Haia dar a primeira chance a Dirk Kuyt como treinador de uma equipe adulta. Egresso do Feyenoord (onde esperava que a chance inicial viesse, diga-se de passagem), o ex-atacante de 42 anos foi trazido por outro nome com passagem pelo Stadionclub - mas que surgiu no Den Haag, lá parou de jogar, e lá também começa em outra função: o diretor técnico Daryl Janmaat. Com o clube mais pacificado externamente por um novo dono, Kuyt terá como destaques o goleiro Luuk Koopmans e os atacantes Amar Catic e Thomas Verheydt, além de alguns nomes com passagem pelo... Feyenoord, como o lateral Denzel Hall (emprestado) e o meio-campo Jordy Wehrmann (com passagem por De Kuip).
Porém, os rebaixados chegam com volúpia ainda maior para tentarem o acesso. O Heracles Almelo, então, teve sua preparação até perturbada pela queda que lhe foi inesperada. Afinal, já estava programada a vinda de Carles Vicens, auxiliar de "Pep" Guardiola no Manchester City, para comandar os Heraclieden após a saída de Frank Wormuth para o Groningen. Veio o rebaixamento, e o negócio foi desfeito, em comum acordo. Caberá a John Lammers ser o treinador do time de Almelo, que pelo menos tem a vantagem de obter um grupo relativamente entrosado de jogadores (só saíram o goleiro Janis Blaswich, o lateral direito Noah Fadiga e o zagueiro Mats Knoester). Além do mais, Thomas Bruns é uma contratação que traz ganhos técnicos inegáveis para os Almeloers.
Willem II e Zwolle, os outros que caíram, têm receitas parecidas: alguns remanescentes que tentarão devolver os respectivos times à primeira divisão, com contratações até mesmo da Eredivisie. Foi o caso do Zwolle, que mantém velhos conhecidos (o defensor e capitão Bram van Polen, os meio-campistas Thomas van den Belt e Dean Huiberts, o atacante Gervane Kastaneer), com algumas contratações tecnicamente qualificadas (no caso dos "Dedos Azuis", o atacante Lennart Thy, de volta após passar pelo Sparta Rotterdam), com Dick Schreuder - irmão de Alfred, hoje treinando o Ajax - se mantendo como treinador, após o rebaixamento. Do Zwolle, por sinal, veio um goleiro para o Willem II: o grego Kostas Lamprou, de volta aos Tricolores de Tilburg. Que apostam nos atacantes Jizz Hornkamp e Elton Kabangu, mas também conseguiram nomes que preferiram a disputa árdua pelo acesso a ficar na Eredivisie: o zagueiro Erik Schouten e o atacante Nick Doodeman, ambos vindos do Cambuur. E Kevin Hofland, vindo para tentar a salvação na Eredivisie (sem sucesso), ganhou a chance de ser o técnico na tentativa de volta à divisão de elite.
O que não quer dizer que a concorrência e o favoritismo se restringem ao ADO Den Haag, que quase chegou, e aos três rebaixados. Há o FC Eindhoven, apostando na repetição da boa campanha do ano passado - esteve na repescagem de acesso -, com o atacante Naoufal Bannis emprestado pelo Feyenoord. O NAC Breda, já há alguns anos na Eerste Divisie, busca sair dela com alguns nomes experientes, como o defensor Ruben Ligeon e o atacante Jarchinio Antonia. Roteiro semelhante vive o Roda JC, que desfalcou o De Graafschap, concorrente potencial, ao trazer o zagueiro Ted van de Pavert, e ter nomes como o atacante Mohamed Mallahi. E não se pode esquecer dos times B: mesmo sem poderem disputar o acesso à Eredivisie, por razões óbvias, Jong Ajax (treinado por John Heitinga), Jong PSV (Adil Ramzi sucederá Ruud van Nistelrooy no comando), Jong AZ e Jong Utrecht sempre darão vazão às categorias de base respectivas.
Como se vê, muito clube para apenas três vagas. Será uma disputa tremendamente equilibrada. Nesta temporada que começa, isso raramente ficou tão claro.
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